A LENDA DE ALENQUER
Na manhã seguinte, apareceu no arraial cristão, vindo não se sabe de onde, um enorme cão, um alão como naquele tempo se lhe chamava.
Parou ao lado do Rei e quando sentiu sobre o pêlo a mão que o afagava, dando à cauda, começou a movimentar-se, lenta e seguramente, para os lados do castelo. E, subitamente, Afonso Henriques teve a intuição de que aquele era o sinal que pedira a Deus. Num entusiasmo, cheio de fé, gritou para os capitães:
- Vede, companheiros! O alão quer, o alão quer!...
Este é o sinal divino! Vamo-nos ao castelo! Aos ginetes!... Avante, por Sant'iago!
Num frémito de audácia e determinação, os cavaleiros montaram e, com o alão adiante, lançaram-se à conquista do castelo. Os mouros não conseguiram resistir ao ímpeto confiante dos sitiantes e horas depois da primeira espadeirada o castelo foi tomado e o guião de Afonso I hasteado no alto das muralhas.
Daí do alto, el-Rei, ainda eufórico da peleja, com a cota manchada de sangue e de espada erguida, bradou para todos os homens:
- De hoje em adiante, toda esta terra passará a chamar-se «Terra do Alão Quer»!
Assim foi.
Com o tempo, a linguagem popular foi transformando o epíteto até o tornar naquilo que hoje sabemos: Alenquer. E quem sabe se foi também para recordar esse facto que no brasão da cidade foram mandados desenhar o cão e o castelo da velha lenda.
Texto e Fotos da Net
Durante anos a fio, passei com meus pais por Alenquer, na antiga estrada Lisboa-Porto, a caminho de Rio Maior. Sempre que ali passávamos meu pai dizia: estamos a passar no Presépio de Portugal. E nós concordava-mos pois a configuração desta terra a isso se assemelha, em especial quando vista à noite iluminada.
António Inglês
10 comentários:
Mano Tó!
Depois de ler a linda da vila/ cidade de Alenquer, um presépio vivo, como dizem, deixo-te beijinhos e um abraço. Um excelente serviço nos vais prestando. De amizade, carinho e trabalho feito.
Bem hajas!
Mais um interessante post, meu amigo!
E assim se vai aumentando os saberes!
Os meus agradecimentos a rechear um abraço apertado.
Mais uma bela lenda. Gostei de gostei da espiga do outro post. Este ano o dia da espiga calhou no 1º de Maio. Comprei uma. Mas não é a mesma coisa da minha infância quando eramos nós que a colhia-mos.
Um abraço
Esta lenda faz todo o sentido.
Também eu quando era miúda e passava de carro com o meu pai a conversa era a mesma... e se fosse já noite, com as luzes acesas, parecia mesmo um presépio.
As autoestradas e vias rápidas são muito mais cómodas, mas tiram-nos a hipótese de olharmos as belezas por onde passam as estradas nacionais...
Obrigada, António.
beijinho
Isabel
Alenquer foi sempre uma referência para mim.
Foram anos a fio a passar por lá.
Beijinhos
António
São
Obrigado pelas tuas palavras. Vou andando a aprender e a ganhar bagagem cultural...
Um beijinho
António
Elvira
Pois a verdade é que as tradições já não são o que eram... pelo menos aquelas de que nos lembramos dos nossos tempos...
Mas também não somos assim tão "jurássicos" como isso minha cara amiga...
Um abraço
António
Maria
Pelos vistos andámos pelos mesmo caminhos. Andámos e andamos segundo me apercebo.
Mas Alenquer era realmente uma localidade que mesmo que eu fosse a dormir, os meus pais acordavam-me para me dizerem: Estamos a passar no Presépio!
Beijinhos
António
Outro local que conheço por influência profissional (quando tinha profissão...).
Lerei na 1ª oportunidade.
Beijinhos.
Filoxera
Nesta terra passei várias vezes pois era o trajecto que fazíamos quase todos os fins de semana.
Beijinhos
António
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