sexta-feira, 11 de julho de 2008

BRINCAR NA AREIA

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Embora sendo ideia e proposta da oposição há cerca de dois anos, a Junta de Freguesia de São Martinho do Porto com a colaboração da Câmara Municipal de Alcobaça, leva a efeito de 15 de Julho a 31 de Agosto de 2008 uma iniciativa de animação de praia denominada BRINCAR NA AREIA.



Durante mês e meio, a pequenada dos 5 aos 12 anos, pode dar largas à imaginação, brincando, pulando e jogando na praia de São Martinho do Porto, em recinto demarcado e vigiado, de segunda a sexta-feira, das 10 às 12 horas e das 14 às 17 horas, acompanhadas e orientadas por animadoras culturais.



Diversos jogos infantis farão as delicias das crianças que desta forma encontram nesta iniciativa, mil razões para que o Verão e as férias sejam alegres e inesquecíveis. Quantos de nós, menos jovens não lembra o jogo do prego, o jogo da mata e outros que na época estavam em voga, passados em grupos de amigos de infância na praia?



Esta lindíssima Baía em forma de concha, onde o mar de mansinho, se enrola na areia, deixando-lhe em cada bolha de espuma um beijo suave e ternurento, tem merecido muito justamente ao longo dos anos a denominação de Praia das Crianças, precisamente por não apresentar perigo de maior para miúdos e graúdos.



Recentes análises efectuadas à água, indicam que a qualidade da água é boa, estando assim reunidas condições excepcionais para que aqueles que nos visitam nesta época do ano, em gozo de férias ou apenas retemperando forças num dia de praia, possam gostar e voltar, que a Vila recebê-los-á de braços bem abertos.
São Martinho do Porto dá assim as BOAS-VINDAS a todos aqueles que nos visitam.




Esta iniciativa da Junta de Freguesia de São Martinho do Porto, abre uma nova janela para o futuro, que não se esgota num evento de animação de praia, mas que nos deixa a certeza de que quem nos governa começa a olhar mais seriamente para a vertente turística da Vila, ainda que forma meio envergonhada. Parabéns pois, à JFSMP



Algumas fotos foram tiradas da Net.

António Inglês

domingo, 6 de julho de 2008

INGRID BETANCOURT - SEIS PENOSOS ANOS DE CATIVEIRO QUE CHEGARAM AO FIM!

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Governo colombiano anunciou resgate de Ingrid Betancourt


Ingrid com os filhos após a libertação

O ministro da Defesa da Colômbia, Juan Manoel Santos, confirmou há pouco que a ex-candidata à Presidência colombiana Ingrid Betancourt foi resgatada numa operação militar do governo. Junto com ela, também foram resgatados três estado-unidenses e outros 11 militares colombianos que também eram reféns das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).

Seguiremos trabalhando na libertação dos demais sequestrados. Fazemos um apelo aos actuais líderes das Farc para que não matem, libertem os outros sequestrados e não sacrifiquem seus homens”

Ingrid Betancourt Pulecio, nasceu em Bogotá a 25 de Dezembro de 1961. É uma senadora e activista anti corrupção franco-colombiana. Foi raptada pelo grupo terrorista FARC em 23 de Fevereiro de 2002 enquanto fazia campanha para as eleições presidenciais. Betancourt permaneceu cativa e numa situação de saúde delicada, até o dia 2 de Julho de 2008, quando o ministro da Defesa colombiano, Juan Manuel Santos, anunciou a sua libertação juntamente com outros catorze reféns.


Ingrid Betancourt

Filha de um ex-senador e ex-embaixador colombiano com uma ex-miss Colômbia, Gabriel Betancourt e Yolanda Pulecio, viveu boa parte de sua juventude em Paris, onde o pai servia como embaixador da Colômbia junto à UNESCO. Estudou Ciências Políticas no Instituto de Estudos Políticos de Paris. Seu ambiente familiar propiciou-lhe o convívio com o poeta Pablo Neruda, o escritor Gabriel García Márquez e o pintor Fernando Botero. Teve dois filhos de seu primeiro casamento na França.

Após o assassinato de Luis Carlos Galán, (ex-candidato a presidência) com uma plataforma política anti-drogas, Íngrid decidira retornar à Colômbia (1989). Em 1990 ela trabalhou no Ministério das Finanças da Colômbia, posteriormente abandonou, para entrar na política. Na sua primeira campanha, Íngrid distribuíra preservativos que representavam como ela mesmo dizia: "um preservativo contra a corrupção". Combatia o tráfico de drogas e militava na causa ambiental.

Íngrid concorrera ao cargo de senadora na eleição de 1998 - a quantidade de votos que recebera fora a maior entre todos os candidatos ao senado daquela eleição. Durante seu mandato recebera ameaças de morte por uma organização militar desconhecida, forçando-a a enviar seus filhos para Nova Zelândia.

Na eleição presidencial seguinte, Íngrid concedera apoio a Andrés Pastrana em troca de concessões de seu interesse. Porém, após sua eleição ela reivindicara o não cumprimento das promessas por Andrés a ela feitas.

Após a eleição de 1998 Íngrid escrevera um livro, uma memória. Em princípio, seu livro não fora publicado na Colômbia , pois continha revelações polémicas, além de críticas e acusações contra o antigo presidente Samper e outros, por isso fora publicado inicialmente na França com o título: "La Rage au Coeur" (Raiva no coração).


Igreja em Ipiales na Colômbia

Em 2 de Julho de 2008, às 15h 16m (hora da Colômbia), o ministro da Defesa do país, Juan Manuel Santos, anunciou a libertação no sul do país, pelo exército colombiano, de quinze reféns, entre os quais Ingrid Betancourt, três cidadãos dos Estados Unidos e onze agentes policiais e militares colombianos, alguns dos quais eram reféns das FARC havia mais de dez anos. Ingrid Betancourt estava sequestrada havia 2323 dias. Este resgate ocorreu através da infiltração do exército no comando das FARC que tinha os reféns em seu poder, conseguindo convencer os sequestradores a reunir num só grupo os reféns. O resgate foi feito por helicóptero, sob o pretexto de levar os reféns para uma inspecção humanitária.

A operação foi a conclusão de uma vasta preparação de infiltração no mais alto nível das FARC. Os reféns só souberam que estavam a caminho da liberdade no helicóptero, pois toda a operação decorreu sem um único tiro e sem qualquer violência.


Ingrid no cativeiro

PELA LIBERDADE DE UMA MULHER

Olhos baixos, mãos cruzadas sobre o colo, cabelos muito compridos e rosto magro e afilado, a mulher transmite dor e desalento em sua imobilidade. Desde a selva, essa foi a "prova de vida" que mandaram a sua família. Vida, sim, mas vida que parece esvair-se na tristeza e no desalento de quem se sente vencida pelo prolongado tempo de sofrimento dos últimos seis anos.

Na cidade, outra mulher todos os dias manda uma mensagem para a mulher triste que se encontra na selva. Às 5 horas da manhã, Yolanda Pulecio faz chegar pelas ondas do rádio a própria voz até sua filha Ingrid Betancourt. E na comunicação diária das duas a esperança consegue abrir um caminho, titubeante e frágil, mas o suficiente para manter acesa uma chama por seis longos anos.

Ingrid Betancourt Pulecio nasceu em Bogotá, Colômbia, em 25 de Dezembro de 1961, filha do ex-senador e ex-embaixador colombiano Gabriel Betancourt e de Yolanda Pulecio, ex-miss Colômbia. Passou parte de sua juventude em Paris, pois o pai era embaixador na UNESCO. Com uma infância e uma juventude especialmente agraciada cultural e existencialmente, a bela Ingrid habituou-se a conviver com gente do nível do poeta Pablo Neruda, do pintor Fernando Botero e do escritor Gabriel García Márquez, amigos da família. Fez seus estudos no Instituto de Estudos Políticos de Paris, onde se licenciou em Ciências Políticas.

Mãe de dois filhos do primeiro casamento com um francês, volta à Colômbia e entra na vida política, para lutar contra a máquina de corrupção movida pelo dinheiro do narcotráfico. O crime organizado colombiano logo a colocou sob sua alça de mira. Ingrid sofreu um atentado a bala e várias ameaças para que abandonasse sua luta. Determinada e cheia de coragem, seguiu em frente, sempre combatendo o tráfico e pregando a causa ambiental. Eleita deputada, depois senadora, em 2002 foi sequestrada como candidata à presidência quando visitava uma zona de combates intensos entre o exército e a organização terrorista das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC).

Há seis anos a selva é a morada desta franco-colombiana de 40 anos de idade. Em recente carta a sua mãe, narra que sobrevive em uma rede posta entre duas estacas, coberta com uma lona. Os poucos objectos que a deixam ter estão sempre prontos para a fuga que se repete incessantemente, buscando outro esconderijo. Entre essas pobres mudas de roupa e objectos pessoais está a Bíblia, diz ela, "seu único luxo".


Maria Clara Lucchetti Bingemer, autora deste texto

Só mesmo a fé e a intimidade com a Palavra de Deus podem sustentar essa mulher, que se vê cada vez mais frágil, esgotada, sem comer, sem dormir, em permanente sobressalto. Não consegue alimentar-se, seu corpo vacila, seus cabelos caem. Permanece, porém, inteira naquilo que crê e deseja, pedindo comovedoramente à mãe notícias de seus filhos, cuja vida vai passando sem sua participação.

Só mesmo a fé que a faz celebrar missas pelo mundo afora e ir falar com governadores, presidentes e o próprio Papa pode manter Yolanda Pulecio em pé, lutando pela libertação da filha. A bela Miss Colômbia agora é a mãe coragem que anda com a foto de Ingrid pelos quatro cantos do planeta, a fim de que não a esqueçam e saia do cativeiro. A cada manhã, quando o dia amanhece e na selva são 5 horas, Yolanda fala à filha querida. Para que ela não se sinta abandonada, não desanime, se alimente, mantenha acesa a ténue e bruxuleante chama da esperança.

No Dia Internacional da Mulher é belo ver, na situação limite de um cruel sequestro que parece não ter fim, a força do amor materno maior que qualquer outra coisa. Duas mulheres, mãe e filha, do fundo de sua dor ainda encontram forças para amar e declarar seu amor.

Enquanto Yolanda diz a sua filha que se alimente, para que possa manter a saúde e voltar ao convívio da família, transcende sua dor para manter viva aquela que um dia trouxe em seu ventre e deu à luz. Por seu lado, Ingrid, em meio ao desalento e à exaustão em que se encontra, escreve longamente à mãe, única que sabe não poder viver sem ela.

Que toda essa dor não seja em vão. E que a violência não tenha a última palavra. Que o longo suplício dessas duas mulheres chegue ao fim e possa ser redenção para elas mesmas e para o povo pelo qual lutam.

Maria Clara Lucchetti Bingemer


Marc Gonçalvez

Marc Gonçalvez, soldado resgatado é de ascendência lusa

Um dos militares norte-americanos salvos das garras das FARC tem ascendência lusa. Marc Gonçalvez foi sequestrado em 2003, depois de o avião onde viajava com mais quatro pessoas ter sofrido um acidente. Marc cumpria uma missão de vigilância do cultivo de droga na selva colombiana de Caquetá, a serviço de uma companhia privada contratada pelo governo norte-americano. Os pais Josephine Rosano e George Gonçalves, nunca baixaram os braços para encontrar o filho, até escreveram uma carta a José Sócrates. O primeiro-ministro ficou sensibilizado e abordou o tema dos reféns na Colômbia com Hugo Chavez, numa visita oficial à Venezuela. Josephine e George viram agora as suas preces atendidas.

“O sangue português continua espalhado pelos quatro cantos do mundo”


Após a libertação

Seis longos anos de cativeiro

Candidatar-se às eleições na Colômbia, ainda para mais mulher já é obra de coragem, mas ficar detida seis anos pelas FARC, em condições precárias, sofrendo de hepatite, segundo o seu ex-marido, ainda é obra de maior vulto.

São de Homens e Mulheres desta estirpe que se vão escrevendo páginas de história que perdurarão durante os séculos para exemplo da humanidade.

Ao fim de estes seis anos, Ingrid Betancourt foi finalmente libertada sem que se tenha disparado um só tiro, coisa estranha num país de problemas complicados. Mas foi e está já junto dos filhos, cujo crescimento ela não pôde acompanhar durante os seis longos anos de cativeiro, e do actual marido, o publicitário Juan Carlos Lecompte.

"Aqui vivemos como mortos" afirmava Ingrid em carta enviada a sua mãe em Dezembro de 2007. "Estou mal fisicamente. Não consigo alimentar-me. Meu apetite está bloqueado. Meus cabelos estão caindo aos montes". “Durmo no chão coberta apenas por um mosquiteiro e as longas caminhadas nocturnas para mudar de refúgio são um martírio”. “ A presença de uma mulher no meio de tantos prisioneiros que estão cativos há oito ou dez anos é um problema...”.

Estas frases ilustram bem a verdadeira tortura por que passou Ingrid Betancourt, apenas porque um dia teve a coragem de se afirmar como activista e anticorrupção e concorrer às eleições do seu país.

Depois de tanto tempo presa, Ingrid volta a provar que a mulher de coragem não morreu na selva e já garantiu que a sua luta vai continuar: contra a corrupção e contra o cativeiro de activistas políticos em terras colombianas.


Ingrid Betancourt, mais uma mulher coragem

Tiro-lhe o meu chapéu e presto-lhe a minha homenagem!

Fontes: Wikipédia e imprensa diária, nomeadamente "Jornal 24 horas" Fotos da Net. António Inglês