sábado, 12 de janeiro de 2008

A TODOS OS AMIGOS, MESMO OS QUE NÃO ME VISITAM HABITUALMENTE!

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Vou estar encerrado durante o fim de semana, por isso aqui ficam os meus votos!
José Gonçalves

POR FALAR EM HISTÓRIA

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OS ÚLTIMOS EXECUTADOS NA FORCA EM VIANA

PARTE II

A segunda e última execução ocorrida em Viana, teve lugar, como já se disse, no Campo do Castelo, a 22 de Março de 1843, sendo enforcado Jacinto José da Silva, de 37 anos, natural da freguesia de Giela, concelho de Arcos de Valdevez, casado com Antónia Maria, filho de João da Silva e de Maria Angélica

Era acusado de ter assassinado Maria Gaia, solteira, que na altura estava em estado de gravidez, e um rapaz de três anos de idade, filho de ambos.

Esta mulher, muito pobre, que vivia na freguesia de Ázere, concelho de Arcos de Valdevez, tinha desaparecido desde o dia 3 de Fevereiro de 1840, ignorando-se o seu destino. Uma ausência tão prolongada induziu os vizinhos a suspeitar de algo de anormal. E então, alguns deles mais chegados, encontrando a chave da porta de casa no sítio que ela tinha por costume deixá-la, entraram com o cabo da polícia. O estado desta dava a entender que a sua moradora a havia deixado por pouca demora.

Entretanto, vozes correram então de que a mencionada Maria Gaia fora assassinada por Jacinto José da Silva, o qual, segundo ela dissera na véspera do dia em que desapareceu, a mandara aparecer em determinado sítio que não revelou.

Tendo tudo isto sido levado ao conhecimento do Administrador do Concelho, mandou este proceder às necessárias buscas nos locais das redondezas e nas freguesias circunvizinhas. Em resultado destas diligências conseguíram encontrar, no dia 5, a infeliz grávida e o filho de três anos mortos dentro de uma furna num sítio ermo bastante altaneiro, densamente arborizado e coroado por alguns colossais rochedos, denominado S. Miguel o Anjo, da freguesia de Ázere.

Instaurado o respectivo processo jurídico pelo Juiz de Direito da Comarca, e em virtude dos indícios e das bem fundadas suspeitas, foi preso o dito Jacinto.

Julgado e condenado à pena capital em 2 de Agosto de 1840, pelo mesmo juiz dos Arcos de Valdevez, que três anos antes condenara a igual pena o afamado Antoninho, viu a sentença confirmada pelo Tribunal da Relação do Porto, em 17 de Fevereiro de 1841.

Por fim, foi por Portaria de 15 de Fevereiro de 1843, participado ao presidente do Tribunal de Relação do Porto que Sua Majestade a Rainha D. Maria II, não se dignou usar a sua real clemência em favor do réu, pelo que a sentença se cumpriu no citado dia 22 de Março de 1843, em forca erguida no Campo do Castelo, em Viana, procedendo-se a este terrível suplício todas as formalidades do costume e , ao qual assistiu grande quantidade de povo, sem contudo alterar, nem levemente, a tranquilidade pública.

Mas a forca tornara-se cada vez mais aos olhos de todos, um odiosos instrumento de morte chocante, cruel e desumano.

Por tal motivo, e sendo os portugueses um povo de profundo sentimento de paz e de uma moral forte assente nos ensinamentos doutrinários da religião, levou a que os movimentos humanistas oriundos da Europa viessem a repercutir tanto os seus ideais em Portugal que levaram mesmo o nosso país a ser o primeiro a tomar a histórica e honrosa decisão de abolir a Pena de Morte, inicialmente, no reinado de D. Maria II, por Lei de 5 de Julho de 1852, para os crimes políticos e, finalmente, em 1 de Julho de 1867, já no reinado de D. Luís, para todos os crimes civis, tendo obviamente a partir desta data. Deixado de existir para sempre a forca em Viana do Castelo como em todo o país.


Documento de autoria de ANTÓNIO DE CARVALHO, investigador da história local e autor de várias obras sobre o Concelho, com especial relevo para Viana do Castelo.

Este documento faz parte de um livro intitulado “Acontecimentos Que Viana Sentiu II” e editado pela Junta de Freguesia de Viana do Castelo, Santa Maria Maior em 2005.

José Gonçalves

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

POR FALAR EM HISTÓRIA

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OS ÚLTIMOS EXECUTADOS NA FORCA EM VIANA

PARTE I


Na nossa pacata Viana de outros tempos, era ali naquela pequena elevação de terreno junto do qual se ergue hoje o famoso santuário da Senhora da Agonia, que ficava o Morro da Forca ( há referências que já existia no século X ), um morro com rochedos e sombreado por meia dúzia de pinheiros mansos onde eram executados os condenados à morte.

Já no século XVIII e XIX, a forca era usualmente montada junto do antigo cais do rio Lima, em frente à Alfândega, embora a última execução ocorrida em Viana tivesse lugar no amplo Campo do Castelo.

Dizem-nos destacados historiadores do século XIX, que depois de constituído o Tribunal de Viana, nunca ele lavrou sentença de morte que se cumprisse, mas, já a partir de 1838, aqui se cumpriram duas, lavradas pelo mesmo juiz dos Arcos de Valdevez, de nome Alexandre Fortunato Vilaça, natural daquela Vila.

A primeira dessas execuções efectuou-se na forca erguida junto ao antigo Cais da Alfândega, do rio Lima, em 21 de Setembro de 1838, na pessoa de António Manuel Barreto, de 27 anos, solteiro, moço de lavoura, natural e residente no Couto de Capareiros ( actual Vila de Barroselas ).

Este homem extremamente simples que ficaria popularmente conhecido por Antoninho, era acusado de ter cometido um tenebroso assalto em 18 de Janeiro de 1836, de que resultou um avultado roubo e de ter assassinado com um tiro, João Pereira Saraiva, contratador de gado, natural da Apúlia, concelho de Esposende, e acusado também de ter resistido à Justiça, crimes esses ocorridos no alto da estrada do Faro de Anha, no local onde hoje se ergue um pitoresco conjunto granítico de cruzeiro, lápide e alminhas em memória desse triste acontecimento.

O juiz na sua sentença proferida em 14 de Junho de 1837, condenou o Antoninho a ser levado pelas principais ruas de Viana até ao cais e a ser sentenciado ali na forca e , depois de morto – para exemplo – a ser-lhe decepadas a cabeça e as mãos, que ficariam expostas até que o tempo as consumisse, a cabeça no local da forca e as mãos no do crime e a pagar pesada coima ao Tesouro Público e uma indemnização aos herdeiros da vítima.

Desta sentença foi apresentado recurso para o Tribunal de Relação do Porto que, por acórdão de 28 de Novembro do mesmo ano, a confirmou, apenas a alterando para suprimir a decepção da cabeça e das mãos porque a lei vigente fora entretanto alterada e tal já não permitia.

Um outro recurso se fez. Desta vez para o Supremo Tribunal de Justiça que, em 9 de Julho de 1838, confirmou também a sentença.

Apelando-se por fim para a clemência da Rainha D. Maria II, também esta diligência não resultou, sendo participado por portaria de 27 de Agosto do mesmo ano que Sua Majestade, ouvido o Conselho de Ministros, não usara a sua real clemência em favor do réu.

E assim, no fatídico dia 21 de Setembro do mesmo ano, enfiada a simples vestimenta dos condenados à morte dada pela Santa Casa da Misericórdia, pelo meio dia, o infeliz Antoninho percorre as principais ruas de Viana até à beira-rio, junto do Cais da Alfândega onde estava instalada a forca e aí, perante multidão, a corda cingiu-lhe o pescoço e a sentença cumpriu-se.

No entanto, deve ser referido que os contornos deste enforcamento geraram um sentimento popular tão profundo que ficaria ligado a uma curiosa história que em Viana se contava de geração em geração conhecida pela história do “Antoninho Enforcado”, em que era sempre narrada dando destaque que o povo não acreditou na justiça, e como tal, o Antoninho foi executado inocente.

Diz essa voz do povo que quase no derradeiro momento da sua execução, o Antoninho viu de entre a multidão os verdadeiros assassinos e proferiu em voz alta:

- Estou inocente! Os assassinos são aqueles, e apontou! Mas o Padre que pouco antes tinha ouvido o sentenciado em confissão e, (continua a dizer a voz do povo) ficou verdadeiramente estupefacto com as revelações do confessado que comprometiam determinadas pessoas suas amigas «gente de bem da terra» embora reconhecida como muito dada a jogos a dinheiro, mentalizou o Antoninho de que os padecimentos sofridos inocentemente neste Mundo, seriam a melhor garantia de entrar no Reino dos Céus, e abraçando-o diz-lhe em voz ainda mais alta, abafando a sua: Cala-te Antoninho! Não percas a tua alma! Não percas num minuto, o muito que em todos estes dias já ganhas-te!

De toda esta história nunca se conseguiu distinguir com precisão quanto de irreal ela contém. Mas uma coisa é certa. O povo não acreditou na Justiça, e o conceito de inocência generalizou-se tão impressionantemente pelo burgo que o Antoninho ficou tão popularmente conhecido por “Antoninho Inocente” que até se lhe reconheceu «cheiro de santidade» e , como tal, naquela época. Alguns milagres lhe foram atribuídos.


Documento de autoria de ANTÓNIO DE CARVALHO, investigador da história local e autor de várias obras sobre o Concelho, com especial relevo para Viana do Castelo.

Este documento faz parte de um livro intitulado “Acontecimentos Que Viana Sentiu II” e editado pela Junta de Freguesia de Viana do Castelo , Santa Maria Maior em 2005.
José Gonçalves

Amanhã segue a Parte II

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

ACONTECIMENTO HISTÓRICO

Mapa Cor-de-Rosa



11 DE JANEIRO DE 1890

Ultimato britânico a Portugal


A 11 de Janeiro de 1890, o governo britânico entrega a Portugal um memorando exigindo a retirada das forças militares existentes no território compreendido entre Moçambique e Angola. Esta zona era reclamada por Portugal, que a havia incluído no célebre Mapa cor-de-rosa.

O chamado Mapa cor-de-rosa seria o documento representativo da pretensão de Portugal de soberania sobre os territórios sitos entre Angola e Moçambique, nos quais hoje se situam a Zâmbia, o Zimbabwe e o Malawi.

A disputa com a Grã-Bretanha sobre estes territórios levou ao ultimato britânico de 1890, a que Portugal cedeu, causando sérios danos à imagem do governo monárquico português.

Face ao crescente interesse das potências europeias pela África, ao final do século XIX, tornou-se claro que Portugal deveria também definir uma nova política africana já que a crescente presença inglesa, francesa e alemã naquele continente ameaçava a tradicional hegemonia portuguesa nas zonas costeiras de Angola e Moçambique.

Com base no chamado direito histórico, alicerçado na primazia da ocupação europeia, Portugal reclamava vastas áreas do continente africano, embora, de facto, apenas dominasse feitorias costeiras e pequeníssimos territórios ao redor dessas. Contudo, a partir da década de 1870 ficou claro que apenas o direito histórico não seria suficiente e que a presença portuguesa dependia do alargamento para o interior das possessões reclamadas.

Após o desfecho do ultimato britânico de 1890 foi afirmado que o governo português em 1888 não assumia por completo as pretensões do "mapa cor-de-rosa", tendo-o utilizado apenas como base para negociações com Londres. Estaria então disposto a ceder à Grã-Bretanha o norte do Transvaal (o país dos Matabeles), retendo apenas o sul do lago Niassa e o planalto de Manica, por temer que a cedência daqueles territórios, para além de impedir a ligação costa a costa, conduzisse à livre navegação no rio Zambeze, podendo retalhar Moçambique.

O resultado foi o ultimato britânico de 11 de Janeiro de 1890 sendo exigido a Portugal a retirada de toda a zona disputada sob pena de serem cortadas as relações diplomáticas. Isolado, Portugal protestou mas seguiu-se a inevitável cedência e recuo. E assim acabou o "mapa cor-de-rosa", mas não sem que antes tivesse deixado um legado de humilhação nacional e frustração (bem patente no Finis Patriae de Guerra Junqueiro) que haveria de marcar Portugal durante muitas décadas. Na sequência deste episódio, Alfredo Keil compôs a portuguesa.

Fonte Wikipédia.
Foto Internet


Estes nossos eternos amigos ingleses...

José Gonçalves

NÃO ME TOQUEM


Não me toquem, não me falem, não me

peçam para cantar,

não me peçam nada,

queimem o alecrim quando a noite cai

sobre as aldeias,

chamem os cães da montanha,

os cordeiros brancos da ressurreição,

levem-me desta cidade que destrói, ano

após ano,

a bondade que trouxe um dia,de uma

ilha amada,

dos seus canteiros alucinados,

das suas flores brutais,

do seu cais onde vi o Cruzeiro do Sul, o Arado,

o Leão,

José Agostinho Baptista ( 1948 )

Esta voz. É quase o vento

José Gonçalves

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

UM OUTRO NATAL

*

Numa pequena aldeia do interior de Portugal, João Afonso, rapazola de trinta e cinco anos bem medidos, pintor da construção civil, sai do trabalho ao fim da tarde de um dia de intensa actividade, depois de um retemperador banho que lhe retirou do corpo os pingos de tinta que ao longo do dia se foram nele acumulando.

De passo apressado, sacola da merenda bem presa na mão, João Afonso dirige-se para o pequeno carrito comprado a crédito já lá vão dez anos, era ainda solteiro. Quando o comprara usado, tinha ele uns bons cinco anos e nesta altura mostrava no roncar do motor o desgaste do uso.

João Afonso cuidava-o com o carinho próprio de quem sabe que do resultado do seu trabalho dificilmente teria possibilidade de comprar outro nos tempos mais próximos, nem isso lhe merecia atenção pois ainda hoje, muitos dos amigos lhe cobiçavam o “carocha”, como carinhosamente o tratava.

E é no seu “carocha” que se dirige à Escola Primária da terra, uma daquelas Vilas em que ainda existe escola primária, para ir buscar o pequenito Ricardo Afonso, fruto do grande amor que João e Rosa tinham começado nos bancos da escola, a mesma onde andava agora o rebento.

Casaram cedo e dois anos depois do enlace, o Ricardo abria os olhitos para a vida. Era a razão de viver daquelas duas almas que com coragem enfrentavam as dificuldades que todos os casais jovens enfrentam quando unem os seus destinos e querem continuar pela terra que os viu nascer.

Fora difícil a vida da família, mas com o trabalho dos dois, a Rosa era operária fabril, lá foram aguentando o “barco” e mercê de uma vida cuidada e modesta a coisa ia dando para viverem condignamente.

A casita que habitavam, tinha sido construída pelo João com a ajuda dos cunhados, que partilhavam a mesma profissão, num terreno pertença de seus pais e que lhe fora deixado em herança.

Apesar das dificuldades, conseguíam ser felizes porque o amor enchia o lar e a vida ia sendo levada com o sorriso nos lábios entre os três numa cumplicidade que só vista.

Um dia, o destino tramou-lhes as voltas e a Rosa, a alma e a alegria daquela casa caiu à cama de forma irreparável. Uma doença fatal e galopante acabou por a levar, deixando pai e filho entregues à dor que teimosamente os consumia.

Desde esse dia João desdobrou-se em pai e mãe e assumiu nos ombros a tarefa de cuidar do seu Ricardo sozinho e das lides da casa. O filho era o laço forte onde João se agarrava com todas as forças da vida, e que o mantinha unido à sua Rosa, que não conseguía esquecer.

Naquele dia, João encostou o carrito ao passeio da escola e aguardou serenamente o toque da campainha, que tantas vezes ouvira tocar nos seus tempos de garoto naquele mesmo local. Quando as portas da escola se abriram já o João estava ao portão de braços abertos para receber o seu pequenito que ao vê-lo, correspondia ao gesto e lhe saltava para o colo num abraço que parecia nunca mais acabar.

Seguíram para casa num repente, tão repente quanto o “carocha” lhes permitiu e o nosso homem recomeçou a tarefa de todos os dias. O Ricardo agarrou-se aos trabalhitos da escola e o João ao preparo da janta e da casa.

Estavam perto do Natal e já na sala os enfeites da quadra compunham o ambiente que o João cuidadosamente preparara para que o Ricardo sentisse a magia da época.

Mas a falta da Rosa era difícil de colmatar e por mais que João se esforçasse a sua ausência sentia-se em todo o lado. Nem a visita da família e dos amigos atenuavam aquele vazio que silenciava cada canto onde a sua Rosa deixara o seu perfume.

Na véspera de Natal, Ricardo olhou o pai e perguntou-lhe:

- Está triste Pai?

- Um bocadinho filho...

- É por causa da mãezinha Pai?

- É Ricardo, a mãezinha faz-nos muita falta, mas olha vamos falar de outra coisa, está bem?

- De que queres falar Paizinho? De carros?

- Não Ricardo. Estamos no Natal, podemos falar do Pai Natal se quiseres...

- Para quê paizinho?

- Ora Ricardo, não gostas do Pai Natal? Olha que ele se esforça muito para vir até nossa casa deixar o teu presente!

- Eu sei pai, mas ele não me tráz o que lhe peço há tanto tempo...

- Olá... que foi que lhe pedis-te que ele ainda não te trouxe? Olha que o Pai Natal fala sempre comigo antes de vir e eu confirmo-lhe tudo o que lhe pedes... Lembras-te daquela pista que lhe pedis-te por carta no ano passado?

- Lembro, mas o que lhe tenho pedido sempre ele não me tráz e contigo nem fala nisso para não te deixar triste. Eu peço-lhe para nos trazer a mãezinha de volta mas ele diz-me que não pode ser e que fique descansado porque um dia nos voltaremos a encontrar. É verdade Pai?

- É filho.... um dia.... voltaremos a ver-nos os três. Mas olha isso vai demorar muito tempo. Não queres mesmo falar de outra coisa? E não sabia que falavas com o Pai Natal...

-Pois falo, mas vamos falar do que tu quiseres. Olha antes disso limpa os olhos que estão cheios de lágrimas. Estás a chorar paizinho?

- Não Ricardo, é alergia às tintas que o pai usa nas pinturas das obras...

- Está bem, mas se calhar vais ter de mudar de trabalho porque andas muitas vezes com os olhos cheios de água!

- Vamos pensar nisso filho, só que vai ser difícil.

- Olha, está na hora de irmos para a deita e temos de deixar que o Pai Natal sinta que ninguém o vê para te deixar o presente. Vamos, o pai leva-te à cama.

- Está bem paizinho, vamos dormir e depressa!

E lá foram para aquela noite cheia de magia e de tristeza que se repetia ano após ano.

João pegou no filho ao colo e preparava-se para o ir deitar quando reparou que num canto, bem debaixo da árvore de Natal, estava um papel branco cheio de traços de muitas cores. Era um desenho do Ricardo.

- Que é aquilo filho? Não é um desenho teu?

- É sim pai.

- E que faz ali?

- É a minha prendinha para a mãe. Sabes ela vem buscá-la e leva-a com ela...

- É? Perguntou o João com os olhos embaciados das lágrimas que ia abafando conforme podia. E como sabes que isso acontece filho?

- Eu sei pai, é sempre assim!

A situação revelou-se complicada mas lá se foram deitar, que o silêncio da noite ajudá-lo-ia a recompor-se e a arranjar maneira para durante a noite, sem que o Ricardo sentisse, dar um pulinho à sala e guardar o desenho para que o filho acreditasse que a sua Rosa, a mãe o tinha mesmo vindo buscar.

Deixou o tempo rolar, fechou-se no seu quarto e encostou-se na cabeceira da cama, repousando os olhos no lado onde tantas noites a Rosa se deitara e a ele se aconchegara. Esperava que o Ricardo adormecesse profundamente para que nada ouvisse ou sentisse, quando lá fosse buscar o desenho.

Mas o cansaço da profissão ditou as suas leis e o nosso João adormeceu assim mesmo sem que disso se desse conta.

Habituado a levantar cedo para o trabalho, mal o dia clareou, saltou da cama ainda vestido, tal como tinha adormecido na noite anterior e num ansioso pulo até à sala, voou para guardar o desenho do Ricardo, no maior silêncio que conseguiu.

Não soube como entrou no quarto do filho, nem como conseguiu acordar o Ricardo naquela manhã.

As forças faltavam-lhe e a voz não saía com a mesma coragem.

É que o desenho que o Ricardo deixara para a mãe debaixo da árvore, feito com tanto amor, não estava lá.

Não encontrou resposta para o que se passara, mas o certo é que a partir daquele Natal também o João passou a deixar na sala debaixo da árvore uma prendinha para a sua Rosa.

José Gonçalves

Feet of Flames - Warriors

Circo del Sol

CIRCO ACROBÁTICO DE PEQUIM

BREVE REFERÊNCIA A ALGUNS QUE NOS DEIXARAM EM 2007

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Morre escritor americano Norman Mailer, por falência renal

Norman Mailer, o romancista e jornalista que marcou a literatura americana na segunda metade do século 20, com livros repletos de violência, sexo e provocação, morreu no Hospital Monte Sinai em Nova York, aos 84 anos, por falência renal.

Considerado um dos maiores autores americanos, Mailer escreveu 39 livros, entre eles 11 romances, e actuou em todo tipo de género artístico, incluindo teatro, poesia, cinema e o "new journalism", em que misturou a experiência pessoal com factos, utilizando técnicas de narrativa de ficção.

As obras do escritor foram aclamadas devido à originalidade do texto, à crueza da linguagem e ao poder hipnótico dos personagens.

Ao mesmo tempo, feministas criticavam a representação da mulher nos textos e outros rejeitavam a posição política do autor, um esquerdista. Alguns críticos consideravam as obras do romancista simplesmente ruins.

Mailer começou a escrever cedo e aos nove anos finalizou "An Invasion of Mars", uma história de 250 páginas.

Nascido em 1923 em Nova Jersey, o escritor era filho de um contador judeu sul-africano e uma "mulher incansável" - como ele a descrevia. Mailer foi criado num bairro de classe trabalhadora, no Brooklyn.

Além de literatura, tinha um grande interesse por aviões e chegou a cursar engenharia aeronáutica na Universidade de Harvard. Mas abandonou para sempre as leis da dinâmica após lutar na Segunda Guerra Mundial, na frente do Pacífico.

Ao retornar, escreveu "The Naked and the Dead", um romance com o qual surgiu na cena literária americana em 1948, aos 25 anos. Numa entrevista em 1991, Mailer afirmou que ter feito sucesso tão cedo, lhe estava deixando um grande peso. "Era jovem e sabia pouco. Uma vez que escrevi esse livro, não tinha nada mais sobre o que escrever", disse.

Tentou a sorte como roteirista em Hollywood, mas foi recebido friamente. As duas obras lançadas em seguida, "Barbary Shore"(1951) e "The Deer Park" (1955), foram consideradas um fracasso.

O escritor ganhou duas vezes o Pulitzer e também um Prémio Nacional do Livro.

Mailer casou seis vezes, teve nove filhos e esfaqueou a segunda mulher, Adele Morales, durante uma festa. Ela não apresentou queixas contra o marido e recuperou totalmente, após ter ficado à beira da morte.

O romancista protestava, bebia, fumava maconha e percorria os casinos clandestinos de Nova York.

Em "Um Sonho Americano" (1965) reflectiu a vida que levava através das lentes de Stephen Rojack, um personagem semi-autobiográfico que mata a mulher. Para ele, o outro sonho americano, com casa nos subúrbios, filhos, cachorro e passando os domingos na igreja, não funcionava. Mailer escreveu esse livro por encomenda da revista "Esquire", deixou-se levar por Rojack para uma vida de álcool, sexo e violência.

"Não gosto de escrever um livro quando sei qual vai ser o final, porque quero que meus personagens assumam o controle", disse o autor. "É muito perigoso para mim saber aonde vai um livro, porque uma vez que sei, emociono-me tanto que conto a outras pessoas, saio e bebo para comemorar e depois não trabalho", afirmou.

Talvez por isso, nunca tenha escrito uma autobiografia de verdade. "Cada vez que alguém passa por uma experiência muito intensa, é formado um cristal na personalidade", que projecta reflexos para escrever muitas histórias, afirmou Mailer. " Numa autobiografia provavelmente, um escritor destrói todos os cristais", acrescentou.

Mailer também fez sucesso com seu estilo pessoal de jornalismo. Ganhou Pulitzers por "The Armies of the Night: History as a Novel, the Novel as History", em 1968, sobre uma manifestação pacifista no Pentágono no ano anterior, e por "A Canção do Carrasco" (1979), sobre a execução do assassino Gary Gilmore. Nessa época também dirigiu filmes experimentais que passaram despercebidos.

Mailer chegou a ser preso algumas vezes por protestar contra a Guerra do Vietname. Em 1969 concorreu às eleições primárias do partido democrata para a Prefeitura de Nova York. Ele propôs que a cidade se transformasse no 51º estado da União.

O último romance do escritor, "The Castle in the Forest" foi publicado em 1997.

EFE/ÚLTIMO SEGUNDO



O jornalista Homero Serpa faleceu na madrugada de 31 de Dezembro, vítima de doença prolongada.

Com uma carreira sempre ligada ao jornalismo desportivo e considerado uma referência na sua geração, Homero Serpa era pai do actual director de ‘A Bola’, Vítor Serpa.

Homero Serpa destacou-se no jornal ‘A Bola’, para onde entrou em 1955. Nessa publicação desportiva, assumiu inicialmente as funções de redactor, ascendendo depois a sub-chefe de redacção, chefe-adjunto e chefe de redacção. Dedicado ao mundo desportivo, mesmo após a reforma manteve uma crónica semanal naquela publicação.

Durante a sua carreira, Serpa colaborou com vários jornais como o ‘Diário de Lisboa’, ‘Diário Popular’ e ‘República’. O seu mérito foi reconhecido por diversas ocasiões, nomeadamente o ‘Prémio de Reportagem’ atribuído pelo Clube de Jornalistas do Porto, a ‘Medalha de Mérito Desportivo’, o diploma de sócio honorário do Belenenses e o prémio ‘O Pepe’ (Belenenses).

Natural de Lisboa, Homero Serpa nasceu na freguesia de Belém em 1927. Ligado desde muito cedo ao Belenenses, chegou a ser treinador daquele clube desportivo entre 1970 e 1971, para o qual ajudou a fundar um jornal.

Textos e Fotos tirados da Net e da CS.


Estas duas personagens encerram as referências que me propus fazer neste espaço sobre aqueles que nos deixaram neste último ano de 2007. Muitos mais partiram e sobre eles poderia transcrever também as notícias que recolhi, mas foram estes os que me pareceram mais notáveis.

José Gonçalves

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

COIMBRA PRESENTE NESTE ESPAÇO!

BREVE REFERÊNCIA A ALGUNS QUE NOS DEIXARAM EM 2007

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Bob Woolmer
Mafia terá envenenado técnico do Paquistão


O seleccionador da equipa de críquete do Paquistão, Bob Woolmer, terá sido envenenado antes de ser estrangulado no Hotel Pegasus de Kingston, no decorrer do Mundial que decorreu em Março na Jamaica, revelou a BBC, citando o responsável da polícia encarregue do inquérito, Mark Shields.

A 18 de Março, Bob Woolmer, 58 anos, foi encontrado morto no quarto de hotel, um dia depois da surpreendente eliminação da equipa paquistanesa pela Irlanda, na primeira volta do campeonato do mundo.

O mistério da morte adensa-se com o desenrolar das investigações. A polícia seguiu uma pista que relacionava o seleccionador com uma organização sediada em Paris implicada na "compra e venda" de partidas de críquete. Porém, o ex-jogador sul--africano Allan Donald assegurou que o técnico "nunca teve nada a ver com práticas fraudulentas nem com apostas". Em declaração ao jornal inglês The Sun, Donald explicou que "alguns rumores apontam que Bob tinha recebido ameaças de morte". A polícia terá relacionado as chamadas do telemóvel do falecido com dados comprometedores.

Bob Woolmer foi encontrado inconsciente, com vestígios de ter vomitado, e chegou ao hospital já cadáver. Inicialmente, tudo indicava que tinha falecido vítima de um ataque cardíaco. Todavia, as forças de segurança procuraram outras pistas e o comissário da polícia local, Lucius Thomas, confirmou a morte por asfixia após estrangulamento .

Porém, "Bob Woolmer era grande e seria necessária muita força para o dominar", afirmou Mark Shields à BBC. "Foi provavelmente o trabalho de um indivíduo muito forte, ou mesmo de várias pessoas. Mas o facto de não existir qualquer ferida externa sugere que podem ter havido outros factores. É isso que nós estamos a estudar", sublinhou na altura.

Segundo o programa Panorama BBC, os resultados da análise toxicológica, que serão conhecidos na próxima semana, confirmam essa tese. |

DIÁRIO DE NOTICIAS ON LINE

CIPRIANO LUCAS


Desporto automóvel de luto - Colin McRae morreu

O antigo campeão do mundo de ralis perdeu a vida quando pilotava o seu helicóptero. A bordo seguíam mais três pessoas, entre elas o seu filho de cinco anos. Ninguém sobreviveu.

piloto escocês Colin McRae morreu ontem à tarde depois do seu helicóptero se despenhar perto de Lanark, onde morava com a família. As autoridades já confirmaram não haver sobreviventes do acidente.

Segundo o agente de McRae, Jean-Eric Freudiger, a bordo seguíam dois amigos do piloto e o seu filho de cinco anos. A mesma fonte confirmou ainda que a esposa e a filha do antigo campeão não estavam no helicóptero.

Continuam por desvendar as razões que terão levado à queda da aeronave que o próprio pilotava e que se incendiou logo após embater no solo, o que atrasou o reconhecimento imediato das vítimas.

Colin McRae de 39 anos foi o primeiro britânico a vencer o Campeonato Mundial de Ralis (CMR) em 1995 e o mais jovem de sempre a conseguir esse feito. Em 1996, 1997 e 2001 assegurou o segundo lugar. Desde que se iniciou, em 1987, o escocês venceu 25 corridas do CMR e subiu ao pódio 42 vezes.

Filho e irmão de pilotos

A velocidade estava-lhe na massa do sangue. Colin era filho do antigo campeão britânico de ralis Jimmy McRae e irmão de Alister McRae, igualmente veterano do desporto automóvel. Após deixar o CMR o escocês participou ainda no Paris-Dakar em 2004 e 2005 e nas 24 horas de Le Mans em 2005.

Nos últimos dois anos marcou presença nos X-Games na categoria de ralis e actualmente dedicava-se à construção de um centro mundial de treino para pilotos, que teria lugar em Are na Suécia.

Colin conseguiu o reconhecimento mundial com a sua condução arriscada e destemida, que muitas vezes não lhe garantia a vitória, mas trazia maior emoção às estradas. Talvez por isso os comuns mortais compraram em massa as várias edições do jogo Colin McRae, um dos mais vendidos em todo o mundo para vários suportes, desde o comum PC à portátil PSP.

Pedro Chaveca / Expresso


Morre Anna Nicole Smith, modelo e viúva de bilionário

MIAMI (Reuters) - A ex-modelo da Playboy norte-americana Anna Nicole Smith, que levou à Suprema Corte a sua luta para herdar a fortuna do seu marido idoso, morreu após desmaiar num quarto de hotel da Flórida, tinha 39 anos.

"Posso confirmar que ela faleceu. É tão chocante para mim quanto para você", disse o advogado de Smith, Ronald Rale, à Reuters. "Não sei nada além disso" disse Howard [K. Stern, marido e advogado dela] que está obviamente sem palavras e sofrendo".

A morte súbita de Smith ocorre apenas cinco meses depois de o filho dela, Daniel, morrer nas Bahamas, três dias depois de Anna Nicole dar à luz uma menina.

Bombeiros da região ainda tentaram realizar massagens toráxicas para reanimá-la, segundo o director do hotel-cassino em que ela estava hospedada, em Hollywood, na Flórida.

Smith havia recebido ordens para que sua filha de cinco meses fosse submetida a um exame de paternidade, como parte de uma acção movida por seu ex-namorado Larry Birkhead. Smith garantia que a filha era de Stern, seu advogado.

Vickie Lynn Hogan, seu nome real, cresceu na pequena Mexia, Texas, imitando a legendária Marilyn Monroe. Conheceu o bilionário do petróleo J. Howard Marshall quando dançava numa casa de strip-tease de Houston. Casaram-se em 1994 -- ela com 26 anos, ele com 89.

Marshall morreu no ano seguinte, e Smith passou grande parte do resto da sua vida disputando o espólio com a família do empresário. Em maio de 2006, a Suprema Corte dos EUA decidiu que Smith poderia prosseguir seu pleito numa corte federal.

Smith, que foi modelo da marca Guess Jeans, foi escolhida "A Playmate do Ano" da Playboy dos EUA em 1993, e participou de filmes como "Na Roda da Fortuna" e "Corra que a Polícia Vem Aí 33 1/3".

(Por Dan Whitcomb)/Reuters

Textos e Fotos tiradas da Net e da CS

José Gonçalves

A FESTA DOS REIS


Visto que a estrela

já é chegada,

que siga com os Reis

minha manada.


Vamos todos juntos

a ver o Messias,

pois vemos cumpridas

já as profecias.

Porque em nossos dias

é já chegada,

Siga com os Reis

minha manada.


Levemos-lhe prendas

de grande valor,

pois os Reis chegaram

com alto fervor.

Alegre-se hoje

a nossa zagala:

Siga com os Reis

minha manada


Não trates, Lourenço,

de buscar razão,

para ver que é Deus

aquele garção.

Dá-lhe o coração

e eu fique obrigada:

Siga com os Reis

minha manada.


Santa Teresa de Ávilla (1515 – 1582)

Seta de fogo

(Tradução de José Bento)

José Gonçalves

BREVE REFERÊNCIA A ALGUNS QUE NOS DEIXARAM EM 2007

*

Benazir Bhutto: paladina da democracia, mas aliada do ditador Musharraf


Benazir Bhutto, que nasceu em Karachi a 21 de Junho de 1953 e faleceu em Rawalpindi, 27 de Dezembro de 2007, foi uma política paquistanesa, duas vezes primeira-ministra de seu país, tornando-se a primeira mulher a ocupar um cargo de chefe de governo de um Estado muçulmano moderno.

Benazir Bhutto foi educada em Harvard e em Oxford, no Reino Unido, onde estudou Ciências Políticas e Filosofia. Filha do primeiro-ministro Zulfikar Ali Bhutto (1971-1977), ela voltou ao Paquistão em 1977, quando o general Muhammad Zia Ul-Haq aplicou um golpe de Estado e depôs seu pai, executado em 1979. Benazir assumiu, ao lado da mãe, a liderança do Partido Popular do Paquistão

. Bhutto foi presa e, depois de libertada, em 1984, seguiu para o exílio no Reino Unido, onde permaneceu até o fim da lei marcial no Paquistão e a legalização dos partidos políticos, ocorridos em 1986. Em 10 de Abril desse ano, Benazir retornou do exílio em Londres para liderar o PPP

Em 1 de Dezembro de 1988, seu partido venceu as eleições parlamentares e ela se tornou a primeira chefe de um Estado muçulmano. Dois anos depois, em 6 de Agosto, o presidente paquistanês Ghulam Ishaq Khan destituiu-a do cargo, alegando abuso de poder, nepotismo e corrupção. Seu partido foi derrotado nas eleições e ela passou a fazer oposição no parlamento.

Bhutto chegou a ser mantida em prisão domiciliar temporariamente em uma casa na cidade de Lahore, ficando impedida de liderar uma marcha contra o estado de emergência decretado por Musharraf em 3 de Novembro. Foi libertada seis dias depois, em 9 de novembro

Desde seu retorno ao Paquistão, Benazir Bhutto pediu a renúncia do general Pervez Musharraf da presidência do Paquistão, mesmo este sugerindo à líder oposicionista o cargo de primeira-ministra.

Benazir Bhutto foi morta no dia 27 de Dezembro de 2007, durante um atentado suicida em Rawalpindi, cidade próxima a Islamabad, quando retornava de um comício no Parque Liaquat (Liaquat Bagh). O parque é assim chamado em homenagem ao primeiro-ministro paquistanês Liaquat Ali Khan, também assassinado no local, em 1951.

O ataque ocorreu enquanto o carro da ex-primeira-ministra circulava, seguido por simpatizantes, e Benazir acenava para a multidão, pelo tecto solar do veículo Bhutto foi alvejada no pescoço e no peito, possivelmente por um homem bomba que, em seguida, se fez explodir próximo ao veículo, provocando a morte de cerca de 20 pessoas. Um dirigente da Al-Qaeda no Afeganistão reivindicou a responsabilidade pelo acto.


Morreu o antigo presidente do Sport Lisboa e Benfica, Ferreira Queimado


Ferreira Queimado, faleceu no dia em que comemorava o 94.º aniversário, 23 de Dezembro de 2007.

Natural de Olhalvo, Ferreira Queimado veio para Lisboa aos 8 anos e aos 12 tornou-se sócio do clube da Luz. Como empresário destacou-se no negócio da cortiça e no turismo.

Foi eleito presidente do Benfica em duas ocasiões: primeiro a 16 de Junho de 1966 e depois em 23 de Junho de 1978. Entre a obra feita no clube destaca-se o início da construção do antigo Pavilhão Borges Coutinho, entretanto demolido.

Em 1970 foi-lhe atribuída a categoria de sócio de mérito e, em 2004, recebeu a placa comemorativa de 75 anos de associado. Também foi membro integrante da Assembleia dos Representantes, em 1958-59, e fez parte da Comissão Central em 1965.

Um ano depois, quando foi eleito para o primeiro mandato, ainda chefiou a comissão de obras do parque de jogos. Era Águia de Ouro e sócio vitalício com o número 261.

Foi durante o segundo mandato de Ferreira Queimado que as águias começaram a apostar em jogadores estrangeiros. Na derradeira entrevista concedida a Record, no ano do centenário, o malogrado dirigente recordou o episódio com humor: “Estava em Paris e fui ao Brasil buscar o Jorge Gomes. Foi a primeira vez que andei no ‘Concorde’, que havia sido recentemente lançado.”

Manuel Damásio, antigo presidente do Benfica, sublinhou a "grande perda" que a morte de Ferreira Queimado significa para os benfiquistas. "Foi um grande presidente. Apesar da sua idade, custa-nos sempre perder uma pessoa que fazia parte de uma grande família", disse Damásio, que recorda o antigo dirigente como um homem de "ideias bem arrumadas". Também Adriano Afonso, antigo presidente da Mesa da Assembleia Geral do clube da Luz, se mostrou consternado com a morte do antigo presidente. "Foi o melhor presidente com quem já trabalhei no Benfica", disse, recordando que, "ao longo de 18 anos", sempre se deram bem. "Sempre foi um homem atento aos interesses de todos os benfiquistas"



Mohammed Zahir Shah, último rei do Afeganistão, morre aos 92 anos


O deposto rei do Afeganistão, Mohammed Zahir Shah, morreu em Cabul, aos 92 anos, no passado dia 23 de Julho de 2007.

Nascido em Cabul em 1914, Zahir foi educado na França e assumiu o trono depois que um estudante matou seu pai. Era da etnia pachtum, e membro do clã Durani, um dos principais ramos pachtuns do país.

Depois de manter o país neutro durante a Segunda Guerra Mundial, começou a modernizar o país, fundando uma nova universidade, estreitando os laços comerciais e culturais com a Europa e trazendo assessores estrangeiros para o acompanharem de perto neste processo de europeização.

Mohammed Zahir Shah reinou no Afeganistão de 1933 a 1973, ano em que foi deposto num golpe orquestrado pelo próprio primo, Mohammad Daoud, ministro da Defesa, que não aprovava a abertura e as relações com o Ocidente, instaurando a República. Depois disso, seguiu para um exílio de quase 30 anos em Roma, Itália.

De etnia pachtune, membro do clã Durani, um dos principais ramos pachtunes do país, a par dos Ghilzai, o último rei do Afeganistão regressou ao país em 2002, onde lhe foi atribuído o título de "pai da nação afegã".

Depois dos atentados de 11 de Setembro de 2001 nos EUA e na sequência da invasão do Afeganistão para desalojar do poder os talibãs, o antigo rei passou a ter um renovado protagonismo político no país aonde regressou. Foi-lhe atribuída uma missão pela comunidade internacional: inaugurar a Loya Jirga (assembleia tradicional) de emergência, para formar um novo executivo.

O ex-monarca faleceu no seu palácio da capital afegã, informou Karzai em entrevista colectiva, na qual declarou três dias de luto nacional durante os quais as bandeiras em todo o país e nas missões diplomáticas afegãs no exterior deverão ser hasteadas a meio mastro.

Era pai de oito filhos, dois dos quais já faleceram.

Textos e Fotos tirados da Net e Comunicação Social .
José Gonçalves

domingo, 6 de janeiro de 2008

LEMBRAS-TE-TE DE MIM E CHORASTE

*

“A nossa amiga Fernandinha do Fernanda & Poemas dedicou-me este poema que muito me honrou. Por dele ter gostado, resolvi “trazê-lo” comigo para o colocar nesta prateleira do meu canto onde irá perdurar ao longo dos tempos.

Bem haja minha amiga, que Deus lhe dê tudo de bom e que este poema sirva para a levar até onde a sua alma quer ir”.

Obrigado Fernandinha, e desculpe o abuso.


Lembras-te-te de mim e choraste
por me teres esquecido
durante tempos bem amargos, para mim...
Ouviste então um dia
( de sol talvez, ou mesmo de chuva triste e melancólica )
um sussuro lento, apagado,
que te dava a entender
meu nome já enterrado.

Teus olhos se fecharam
e meu nome tornou-se-te claro.
O remorso fez o teu coração
arrependido, mesmo amargurado,
gritar à tua alma piedade
por esta alma, que puseste ao lado.

Coragem surgiu como um trovão
depois de se ter iluminado
o pobre pensamento olvidado
das horas doces que ambos já vivemos.

Pegaste na caneta e no papel
e como fera meiga e ferida,
escreveste com raiva sentida, meu nome...
Mas algo de profundo renasceu
viste tarde o quanto me amavas,
não como dantes, mas como a alguém a quem tu davas,
não o amor da terra, mas o do céu...

Nosso sentimento do passado,
tornou-se agora em algo abençoado,
sublime, puro, iluminado.

Nascemos com o sol pela manhã,
tu és o sol e eu a tua luz.
Mas, quando o sol à noite se apagar,
eu serei lua e tu, o meu luar.
Amigo e irmão
nada mais existe, que amor fraterno,
acredita que para mim será eterno.

Fernanda

José Gonçalves

BREVE REFERÊNCIA A ALGUNS QUE NOS DEIXARAM EM 2007

*
Actriz Deborah Kerr morre aos 86 anos em Londres


Deborah Jane Kerr-Trimmer que nasceu em Helensburgh a 30 de Setembro de 1921, Suffolk, e faleceu a 16 de Outubro de 2007, por problemas decorrentes do Mal de Parkinson, deixando viúvo Peter Viertel, seu marido durante mais de 47 anos, foi uma actriz britânica. Recebeu um Óscar honorário por sua carreira, que sempre representou com perfeição, disciplina e elegância. Foi homenageada pela Rainha do Reino Unido com a Ordem do Império Britânico.

Sua estreia no filme britânico Contraband em 1940 terminou no chão da sala de edição. Mas a isso seguiu-se uma série de outros filmes, incluindo um papel triplo no filme The Life and Death of Colonel Blimp, de Michael Powell e Emeric Pressburger. Mas foi seu papel como uma freira com problemas em Narciso Negro , dos mesmos directores, em 1947, que chamou a atenção dos produtores de Hollywood.

Suas maneiras e sotaque britânicos conduziram a uma sucessão de papéis em que representava honoráveis, dignas, refinadas e reservadas senhoras inglesas. Contudo, Kerr frequentemente aproveitava uma oportunidade para descartar seu exterior tão reservado. No filme de aventuras As Minas do Rei Salomão, de 1950, filmado em locações na África com Stewart Granger e Richard Carlson, ela impressionou as audiências com tanta sexualidade e vulnerabilidade emocional que trouxe novas dimensões para um filme de acção orientado para o público masculino.

Como Karen em A um Passo da Eternidade / Até à Eternidade , de 1953, ela recebeu a indicação para o Óscar de Melhor Actriz. O American Film Institute reconheceu o carácter icónico da cena do beijo entre ela e Burt Lancaster numa praia do Havai, no meio das ondas. A organização colocou o filme na lista do "Cem mais românticos filmes" de todos os tempos.

Kerr recebeu o Globo de Ouro de melhor actriz de comédia/musical de 1957 com o filme O Rei e Eu, com Yul Brynner



Motociclista Evel Knievel morre aos 69 anos nos EUA


Robert Craig "Evel" Knievel, Jr. que nasceu a 17 de Outubro de 1938 e faleceu em 30 de Novembro, 2007, foi um duplo norte-americano muito famoso por seus truques automobilísticos nos anos 60.

Mais conhecido "Motorcycle Daredevil" (Motociclista Voador) da história, Evel Knievel morreu aos 69 anos, na cidade de Clearwater, nos Estados Unidos. Famoso nos anos 1970 por seus saltos entre autocarros e carros. Knievel, que sofria de problemas pulmonares, não conseguiu chegar a tempo de ser atendido no hospital. Desde então, o site www.evelknievel.com saiu de serviço.

Duplo de renome, o motociclista tinha suas performances entre os programas com maior audiência da televisão norte-americana. A sua tentativa de saltar sobre o Snake River Canyon, em 1974, da qual escapou por pouco da morte, é até hoje admirada. O namoro com o perigo deixou marcas no corpo do astro (que, inclusive, teve sua vida adaptada para o cinema): ele entrou no Guiness, o Livro dos Recordes, por já ter quebrado 40 ossos do corpo. Reformou-se da actividade em 1981.



Cineasta sueco Ingmar Bergman morre aos 89 anos


O director sueco Ingmar Bergman morreu no passado 30 de Julho de 2007, aos 89 anos.

O cineasta morreu em casa, mas a causa da morte não foi divulgada oficialmente pela família, segundo a agência de notícias sueca TT, que confirmou a notícia com a filha do cineasta, Eva Bergman.

Em sua longa cinematografia (que ultrapassa os 50 filmes), Bergman foi mestre em levar às telas temas existencialistas. Ao todo, ganhou sete prémios no Festival de Cannes e dois no de Berlim.

Entre seus longas estão os célebres "Morangos Silvestres" (1957), "O Sétimo Selo" (1957), "Gritos e Sussurros" (1972), "A Flauta Mágica" (1975), "O Ovo da Serpente" (1978) e "Fanny e Alexander" (1982).

Seu último filme como director foi "Saraband", rodado inicialmente para a TV. O longa, estrelado por Erland Josephson e Liv Ullman, retoma os personagens de "Cenas de um Casamento" (1973).

Bergman era também dramaturgo. Sobre as duas artes, afirmou: "O teatro é o começo, o fim, é tudo, enquanto o cinema pertence ao âmbito da prostituição".

O director nasceu no dia 14 de Julho de 1918 em Uppsala, ao norte de Estocolmo, filho de um pastor protestante. Foi educado de maneira severa e austera. Essa formação religiosa marcou seu carácter.

Estudou na Universidade de Estocolmo e aprendeu a arte da direcção com um grupo de teatro estudantil, levando para a tela grande obras de Strindberg e Shakespeare.

A partir de 1944, dividiu o teatro com o cinema. Bergman fez seu primeiro filme, "Crise", em 1945.

Em 1976 foi viver na Alemanha devido a problemas com o fisco sueco e em seguida estreou "O Ovo da Serpente", sobre a ascensão do Nazismo.

De volta à Suécia, filmou "Fanny e Alexander", uma obra sobre sua infância e sobre sua paixão pelo espectáculo que recebeu quatro Óscars.

Comandante da Legião de Honra, membro da Academia de Letras da Suécia e reputado dramaturgo, Bergman revelou sua vida privada e profissional nos livros "Lanterna Mágica" (1987), "Imagens" (1993) e "Crianças de Domingo" (1994), adaptado para as telas por seu filho Daniel.

Casado cinco vezes, Bergman teve nove filhos.

Fotos e Textos tirados da Net e da Comunicação Social.
José Gonçalves