sábado, 8 de março de 2008

“QUINTA ESSÊNCIA” ABRUNHEIRA - SINTRA

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A Qe Sintra é um complexo residencial e pedagógico para pessoas com deficiência mental ligeira a partir dos 16 anos, localizada na Abrunheira, especificamente na Rua Humberto Delgado, N.º 52.



“A Qe Sintra é o primeiro projecto desenvolvido pela Quinta Essência, destinado a pessoas com atraso de desenvolvimento intelectual maiores de 16 anos. Olhamos para cada cliente de forma individualizada, sem paternalismos, conferindo uma dignidade única a cada área de actuação e às diferentes competências existentes. Eu posso não saber desmontar o motor de um carro, mas saber coser lindamente. Temos clientes que são perfeitamente capazes de desmontar o motor de um carro, mas que não sabem coser... A Qe Sintra é um projecto muito ambicioso, estudado ao pormenor ao longo de vários anos. Em breve, o público ouvirá falar, sobre temáticas diversas que pretendemos trazer ao seu conhecimento. É na lógica da iniciativa privada que actuamos mas, de forma inovadora. Por isso, pretendemos actuar também como agentes de divulgação da informação e estamos totalmente abertos a encontrar alternativas possíveis para que todos os nossos potenciais clientes possam ter acesso aos nossos serviços.”



Abrimos portas há 2 anos com o extraordinário objectivo de desenvolver a autonomia social, pessoal e profissional das pessoas com deficiência, permitindo o acesso destas pessoas tão especiais a um projecto de vida estruturado.
Na Qe olhamos para cada pessoa de forma individualizada, conferindo uma dignidade única a cada área de actuação e às diferentes competências existentes.
Como costumamos dizer, a Qe assume-se não como uma escola, mas sim como um simulador de vida.
O nosso centro pedagógico e residencial ocupa uma área total de 15.000 metros quadrados, com jardins, lagos e animais.
O Centro Pedagógico composto por 5 Ateliers (Atelier de Arte & Descoberta, Atelier OlhArte, Atelier ComunicArte, Atelier Espaço & Movimento e Atelier JardinArte) tem como objectivo estimular o desenvolvimento pessoal dos nossos alunos através de meios que promovam as suas capacidades, quer na sua vertente afectiva/ emocional quer no desenvolvimento de competências sociais, físicas e cognitivas.
A zona residencial é composta por duas residências (Residência Água e Residência Fogo) com capacidade para 24 residentes em regime temporário, ocasional ou permanente.
No sentido de potenciar uma maior integração social, temos estabelecido parcerias com a comunidade onde estamos inseridos, nomeadamente com a Associação de Reformados e Pensionistas da Abrunheira.
Neste momento temos duas actividades com a Associação de Reformados: uma das nossas alunas com diagnóstico de autismo, vai uma vez por semana durante cerca de 2 horas conviver com os idosos da Associação de Reformados e Pensionistas da Abrunheira



ENVOLVER PAIS E PARCEIROS

Em toda a QE Sintra há uma matriz tridimensional, que permite um aproveitamento superior. O princípio do simulador tem a ver com o princípio de utilização dos espaços, em que cada um tem de cumprir uma função económica, social e pedagógica. Como ilustra João Ribeiro, “temos um economato (função económica), mas com um layout de minimercado, que lhe confere uma dimensão social e pedagógica. Além disso, se algum destes alunos quiser ser repositor de supermercado, aprende ali o seu “ofício” (simulação).

Fontes:
Textos e Fotos da Net

António Inglês 8 de Março de 2008

HOJE É O TEU DIA MULHER, GOZA-O NA PLENITUDE!



A TODAS AS MULHERES UM DIA MUITO FELIZ!

8 DE MARÇO DIA INTERNACIONAL DA MULHER

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Um hino à mulher

Homem é a mais elevada das criaturas,

A mulher o mais sublime dos ideais,

Deus fez para o homem um trono, para a mulher, um altar.

O trono exalta, o altar santifica.

O homem é o cérebro, a mulher o coração.

O cérebro fabrica luz, o coração produz o Amor.

A luz fecunda, o Amor ressuscita.

O homem é forte pela razão, a mulher é invencível pelas lágrimas.

A razão convence, as lágrimas comovem.

O homem é capaz de todos os heroísmo;

A mulher é capaz de todos os martírios.

O heroísmo enobrece, o martírio sublima.

O homem tem a supremacia, a mulher a preferência.

A supremacia significa a forca, a preferência representa o direito.

O homem é um génio, a mulher um anjo.

O génio é imensurável, o anjo é indefinível.

A aspiração do homem é a suprema gloria.

A aspiração da mulher é a virtude extrema.

A glória tudo engrandece, a virtude tudo diviniza.

O homem é um código, a mulher, um evangelho

O código corrige, o evangelho aperfeiçoa.

O homem pensa, a mulher sonha.

Pensar é ter no crânio uma larva

Sonhar é ter na fronte uma auréola.

O homem é um oceano, a mulher é um lago.

O oceano tem dominar a pérola que adorna, o lago, a poesia que deslumbra.

O homem é a águia que voa, a mulher o rouxinol que canta.

Voar é o espaço, cantar e conquistar a alma.

O homem é um templo, a mulher o sacrário.

Ante o templo nós descobrimos, ante o sacrário nós ajoelhamos.

Enfim, o homem está colocado onde termina a Terra.

A mulher onde começa o Céu.

Victor Hugo



O Dia Internacional da Mulher é celebrado a 8 de Março. É um dia comemorativo para a celebração dos feitos económicos, políticos e sociais alcançados pela mulher.

A ideia da existência de um dia internacional da mulher foi inicialmente proposta na virada do século XX, durante o rápido processo de industrialização e expansão económica que levou aos protestos sobre as condições de trabalho. As mulheres empregadas em fábricas de vestuário e indústria têxtil foram protagonistas de um desses protestos em 8 de Março de 1857 em Nova Iorque, em que protestavam sobre as más condições de trabalho e reduzidos salários.

Este fato levou à uma versão distorcida dos fatos, misturando este evento com o incêndio na fábrica da Triangle Shirtwaist, que também aconteceu em Nova Iorque, em 25 de Março de 1911, onde morreram 146 trabalhadoras. Segundo esta versão, 129 trabalhadoras durante um protesto teriam sido trancadas e queimadas vivas. Este evento porém nunca aconteceu e o incêndio da Triangle Shirtwaist continua como o pior incêndio da história de Nova Iorque.



Muitos outros protestos se seguiram nos anos seguintes ao episódio de 8 de Março, destacando-se um outro em 1908, onde 15.000 mulheres marcharam sobre a cidade de Nova Iorque exigindo a redução de horário, melhores salários, e o direito ao voto. Assim, o primeiro Dia Internacional da Mulher observou-se a 28 de Fevereiro de 1909 nos Estados Unidos da América após uma declaração do Partido Socialista da América. Em 1910, a primeira conferência internacional sobre a mulher ocorreu em Copenhague, dirigida pela Internacional Socialista, e o Dia Internacional da Mulher foi estabelecido. No ano seguinte, esse dia foi celebrado por mais de um milhão de pessoas na Áustria, Dinamarca, Alemanha e Suíça, no dia 19 de Março. No entanto, logo depois, um incêndio na fábrica da Triangle Shirtwaist mataria 140 costureiras; o número elevado de mortes foi atribuído às más condições de segurança do edifício. Além disto, ocorreram também manifestações pela Paz em toda a Europa nas vésperas da Primeira Guerra Mundial.



Igualdade de Direitos entre Homens e Mulheres

A Constituição da República Portuguesa de 2 de Abril de 1976 representa um passo fundamental na consagração da igualdade de direitos entre mulheres e homens. O seu art. 13º consagra o princípio da igualdade:

“ Todos os cidadãos têm a mesma dignidade social e são iguais perante a lei. Ninguém pode ser privilegiado, beneficiado, prejudicado, privado de qualquer direito ou isento de qualquer dever em razão de ascendência, sexo, raça, língua, território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução, situação económica ou condição social.”



Mulheres

Elas sorriem quando querem gritar.
Elas cantam quando querem chorar.
Elas choram quando estão felizes.
E riem quando estão nervosas.

Elas brigam por aquilo que acreditam.
Elas levantam-se para injustiça.
Elas não levam "não" como resposta quando
acreditam que existe melhor solução.

Elas andam sem novos sapatos para
suas crianças poder tê-los.
Elas vão ao medico com uma amiga assustada.
Elas amam incondicionalmente.

Elas choram quando suas crianças adoecem
e se alegram quando suas crianças ganham prêmios.
Elas ficam contentes quando ouvem sobre
um aniversario ou um novo casamento.

Pablo Neruda

Textos e Fotos da Net
António Inglês 8 de Março de 2008

sexta-feira, 7 de março de 2008

RUBENS DE FALCO

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“O imenso turbilhão em que mergulhou a minha vida, fez com que eu nem sequer me tenha apercebido da morte desse excelente actor brasileiro, que a todos nós portugueses prendeu aos écrans de televisão, na novela “Escrava Isaura”, onde lhe seguimos os passos, num misto de admiração e raiva.

Presto-lhe hoje uma singela mas sentida homenagem pela grande admiração e respeito que tenho pelo homem e pelo actor que foi Rubens de Falco”.

AI



O actor brasileiro de telenovelas Rubens de Falco, nascido a 19 de Outubro de 1931, faleceu no passado dia 22 de Fevereiro de 2008, vítima de uma paragem cardíaca.
Falco, de 76 anos de idade, nunca foi casado nem teve filhos, pelo que estava há dois anos internado numa instituição para recuperar de um
AVC (acidente vascular cerebral).
Na altura do
AVC, a irmã do actor, Jurema Figueira da Silva, disse que Rubens de Falco estava melhor: “Não fala, mas vê novelas, reconhece as pessoas, enfim, ele está a fazer fisioterapia para voltar a andar.
A parada cardíaca sofrida por Falco foi provocada por uma embolia. Ele estava internado no Centro Integrado de Atendimento ao Idoso (CIAI), no Morumbi, em São Paulo - o mesmo local onde, cerca de dois anos atrás, fora hospitalizado para tratar de problemas decorrentes de um derrame.
Segundo Nydia Licia, amiga e biógrafa do actor, ele vinha sofrendo com os graves problemas de saúde. “Todo o lado direito do corpo dele estava paralisado e ele não falava. No início ainda tinha esperanças, mas depois as perdeu”, afirma Nydia.
Em Fevereiro último, tudo se precipitou.



O actor ficou especialmente conhecido pela personagem Leôncio que interpretou na novela “Escrava Isaura”, a primeira grande tele novela da televisão portuguesa, e que marcou o actor como "o grande vilão da teledramaturgia brasileira", nas palavras da actriz Lucélia Santos, que viveu a personagem título da novela
Outro papel de destaque foi em "Sinhá Moça" (1986), em que viveu o Coronel Ferreira. Benedito Ruy Barbosa, autor a novela, definiu o actor como um óptimo profissional. "Ele jamais me deu qualquer tipo de problema, sempre foi muito profissional, competente, ciente das suas responsabilidades e ia gravar com as falas na ponta da língua. Lamento profundamente a morte dele", disse o novelista.
Ao longo da carreira, ele actuou na redes de televisão Tupi, Excelsior, Bandeirantes, SBT e Record, além da Globo. No total, foram mais de 20 novelas e quatro mini-séries - a última das quais foi "Memorial de Maria Moura" (1994).



ÚLTIMO TRABALHO

No cinema, Rubens de Falco participou de mais de 30 filmes. Seu primeiro papel no cinema foi "Apassionata", de Fernando de Barros, em 1952. O último trabalho foi como o deputado Ernesto Alves em "Fim da linha", longa-metragem de Gustavo Steinberg que se estreou nos cinemas a 7 de Março. "“É uma honra saber que o Rubens de Falco vai continuar na memória como o deputado Ernesto Alves. Sou um pouco suspeito, mas, para mim, foi um dos grandes papéis da vida dele", afirmou Steinberg.



BIOGRAFIA

Rubens de Falco nasceu na capital paulista em 19 de Outubro de 1931. Foi em 1952 que ele apareceu em cinema em “Apassionata”; depois fez: “Esquina da Ilusão”; “Floradas na Serra”; “O Pão que o Diabo Amassou”; “O Capanga”; “Moral em Concordata”. Em 1961, Rubens de Falco entrou para a TV Excelsior, e participou da novela: “A Muralha”. Depois fez: “Conflito”, no S.B.T, e na Rede Globo fez: “O Rei dos Ciganos”; “A Rainha Louca”; “Damiam o Justiceiro”. Enquanto isso também fez os filmes: “Essa Gatinha é Minha”; “Engraçadinha Depois dos Trinta”; “A Dama de Branco”; “Passo dos Ventos”; “O Homem que Comprou o Mundo”; “Tempo de Violência”; “O Impossível Acontece”; “Anjos e Demónios”; “Uma Pantera em Minha Cama”; “Missão: Matar”; “A Difícil Vida Fácil”; “Café na Cama”; “O Mau Carácter”. Em televisão, nessa época fez:“Tempo de Viver”, e na Rede Globo fez: “Supermanoela”; “Escalada”; “Gabriela”; O Grito”. Mais uma vez fez uma série de filmes, tais como: “O Sósia da Morte”; “Nós, os Canalhas”; “O Homem da Cabeça de Ouro”. Foi aí que participou na novela de maior sucesso em sua vida: “Escrava Isaura”, onde Rubens fazia Leôncio. Essa novela foi sucesso no mundo inteiro. Depois, ainda na Globo fez: “Dona Xepa”; “O Astro”; “A Sucessora”. Aí fez os filmes: “O Coronel Delmiro Gouveia”; “Os Foragidos da Violência”. Foi então para a TV Bandeirantes: “Um Homem Muito Especial” e “Os Imigrantes”. Foi o momento de Rubens de Falco participou de um filme de muito sucesso: “Pixote: A Lei do Mais Fraco”. Mais uma vez na televisão, intercalou Band e Globo. Na Band: “Campeão”; “Maçã do Amor”. Na Globo: “Viver a Vida”; “Padre Cícero”; “Grande Sertão: Veredas”; “Sinhá Moça”; “Pacto de Sangue”; “Salomé”; “Memorial de Maria Moura”. Depois no S.B.T, fez: “Os Ossos do Barão”; “Sangue do Meu Sangue”. E na Manchete, “Brida”. Na TV Record, a reedição de “Escrava Isaura”. Rubens de Falco é um nome artístico nacional e internacional. Ele fez parte, por vários anos, do “Jograis de São Paulo”, conseguindo muito sucesso e respeito de todo público brasileiro.

E do público português também, acrescento eu.

Fontes:
Textos de Globo.com/ SIC On-line / Folha On-line
Fotos da Net

António Inglês



PORQUE NÃO UM POUCO DE HUMOR ?

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A postagem anterior foi um pouco pesada e resolvi introduzir um pouco de descontracção com um ou outro sorriso à mistura. Espero que entendam a brincadeira...


CHAMADA DO DUBAI

Transcrevo-vos uma chamada telefónica que recebi ontem do Zé Gonçalves, meu irmão. Pelas saudades que deixou e porque nos levanta um pouco a ponta do véu para sabermos que está bem e onde está, ela aqui fica.


De lá – Hello, mister Tony?

De cá – Yes...

De lá – This is a Dubai calling...

De cá – Yes....

......

De lá – Tou?

De cá – Estou... quem fala?

- Já não me conheces mano?

- Zé, que bom ouvir-te... estás bem?

- Sim está tudo bem... agora....

- Agora? Então houve azar?

- Não sei bem se foi azar, mas as coisas foram um bocado atribuladas desde que saí de Lisboa no avião...

- Então, mano que se passou?

- Olha, em primeiro lugar não havia viagem de avião directa de Lisboa para o Dubai, de forma que tive de vir via Paris e fiz escala em mais uns quantos países que nem me lembro quais foram, mas já cá estou...

- Começou mal então...

- Pois começou, e como sabes, para a viagem ser mais barata tive de a fazer de noite e acabei por não ver nada de nada.

- A vida está difícil mano, eu sei.

- Olha não ligues ao que este tipo que te falou antes te disse, porque isto não se chama Dubai..

- Não? Então?

- É Dubem porque eu acabei de chegar, Dubai é só quando se está de partida.... ehehe...

- Ah muito bem, vejo que estás bem disposto. E isso por aí é bonito? O aeroporto...

- O Aeroporto não me pareceu muito agradável... não vi torre de controlo e as pistas eram em terra batida... De hospedeiras nem sinal.... e o avião nem parou... tive de sair com ele em andamento, assim tipo o teleférico do Jardim Zoológico de Lisboa, ou o do Parque das Nações? Não param, o pessoal tem de sair em andamento...

- É mano isso foi complicado.... então e isso pode ser assim? Não te aleijás-te nem nada?

- Olha eu não sei se pode ser assim, eu fiquei desconfiado porque isto só me aconteceu depois de eu dizer a bordo que vinha de Portugal... A partir daí avisaram-me de que ia desembarcar e quando cheguei perto da porta, como vi o chão a passar muito depressa debaixo dos nossos pés, apanhei um bocado de medo e hesitei, mas houve logo alguém que me deu uma ajuda e bumba.... um empurrãozinho... Como vês até por aqui começo logo a fazer amigos...

- Bem.... faço uma pequena ideia do estado em que estás... ficás-te muito ferido?

- Assim assim, acabei por aterrar em cima de qualquer coisa viscosa que me aparou a queda... sujei-me um bocado mas tudo passou...

- Bolas mano... e que era isso onde aterras-te? Um poço de petróleo não?

- Nada disso mano, era uma charca com água estagnada... e o cheiro mano? Nem te conto...

- Apre isso foi muito mau... e nós a pensar que isso aí eram só arranha–céus e petróleo...

- Pois para já a única coisa que se arranhou foram as minhas costas e mais nada...

- Então e com estás a telefonar-me? Apanhas-te alguma boleia para a cidade ou quê?

- Não mano, tás maluco, por aqui por este deserto onde me deixaram não se vê ninguém, por isso meti os pés ao caminho e vim encontrar este posto de abastecimento onde me deixaram utilizar o telefone...

- Ah...e agora mano, que vais fazer? Para onde vais?

- Olha não te preocupes comigo, eu hei-de safar-me. Peço-te é que tomes bem conta do que te deixei para cuidares... da casa, dos miúdos, da mulher, dos netos, do jardim e dos amigos e amigas...

- Fica descansado Zé. Eu e a tua mulher estamos a dar-nos lindamente... nunca te disse mas sempre tive um fraquinho por ela... mas como era tua mulher... estas coisas de gémeos são sempre muito complicadas... sabes como é, os mesmos gostos, os mesmos desejos, as mesmas dores... os mesmos amores... enfim... tu sabes...

- Pois mano, eu compreendo-te e acredita que nem lhe disse que me ias substituir, aproveitei a tua chegada e calei-me, portanto não te preocupes que ela nem nota a diferença... somos tão iguais... e no teu peito bate o meu coração, por isso fica tudo bem..

- Mano... que raio de insinuações são essas? Estás tonto ou a queda fez-te mal à cabeça?

- Não te rales, tem calma, eu não devo mesmo voltar e tu vê se tratas bem dela e dos miúdos. E do resto claro... no fundo tu eras o real...

- Está descansado... se é assim que queres.... assim farei... e que mais Zé?

- E das minhas amigas e amigos do Porentremontesevales, ouvis-te? Não te esqueças...

- Está descansado. Já me apresentei e fiquei a saber que eras muito querido por aqui pela blogosfera... fiquei cheio de ciúmes sabes?

- É para que saibas mano.... eu sempre cuidei bem dos amigos e espero que me faças o mesmo, ok?

- Fica descansado Zé. Mas olha diz-me só mais uma coisa: Porque te foste embora, estavas assim tão farto de nós? Afinal tinhas tantos amigos e amigas... uma família linda...

- Olha mano, foram questões de asilo politico...

- É lá Zé.... nunca se me constou que tivesses problemas políticos... isso era assim tão grave?

- Não estás a entender, o exilado não sou eu...

- Não?

- Não, o exilado és tu por teres de continuar a viver em Portugal.... eu já me safei... Acorda mano que eu guardo-te o sonho para amanhã....

....pipipipipipi.......

... quando ia a responder-lhe de novo a chamada caiu....

Foi bom ter falado com o Zé e estou certo que ele um dia destes me volta a telefonar ou a escrever... ele sempre foi assim, meio louco, mas muito dado à família.

Ou será que sonhei? Já não sei....

Fiquem bem.

António Inglês

quinta-feira, 6 de março de 2008

Teste para detectar a probabilidade de vir a desenvolver a doença de Alzheimer já está disponível em Portugal

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Um teste para detectar qual a probabilidade de uma pessoa vir a desenvolver a doença de Alzheimer está disponível no Instituto de Medicina Molecular (IMM), em Lisboa, mas apenas as pessoas que reúnam um determinado conjunto de condições devem fazê-lo. «Para realizar o teste é necessário que exista uma indicação médica nesse sentido, o que geralmente ocorre apenas com pessoas que reúnem determinadas condições, como terem mais de 60 anos ou possuírem doentes de Alzheimer na família», explicou o investigador Tiago Fleming Outeiro à agência Lusa. Há cinco meses no IMM, depois de concluir um pós-doutoramento em Harvard, o investigador criou uma Unidade de Neuro ciência Celular e Molecular, que reúne diversos especialistas dedicados à pesquisa no campo das doenças neuro degenerativas. Segundo Tiago Outeiro, o teste agora disponível «consiste na determinação dos níveis de 18 proteínas no plasma sanguíneo em doentes em estádios iniciais da doença», quando os sintomas ainda não se manifestaram.



«Quando o teste dá um resultado positivo, a fiabilidade ronda os 85 por cento, pelo que a pessoa que o fez pode necessitar de acompanhamento psicológico», esclareceu Tiago Outeiro, acrescentando que entre o resultado e o surgimento dos primeiros sintomas podem passar até cinco anos. Todavia, e uma vez que não existe ainda cura para a doença de Alzheimer, obter um resultado positivo no teste não será apenas uma fonte escusada de angústia para quem o realizou? «A verdade é que, ao existir um conhecimento antecipado de que uma pessoa vai - quase garantidamente - sofrer da doença, podem-se colocar logo em curso terapias adequadas a cada caso», esclareceu o investigador do IMM. Tiago Outeiro declarou ainda à Lusa que não existe um preço fixo para o teste da doença de Alzheimer: «Não é possível falar em 100, 200 ou 300 euros pois o teste até pode ser feito a custo reduzido ou sem custos, se se comprovar que tem interesse para a investigação». Doutorado em Ciências Biomédicas no Instituto Tecnológico de Massachusetts, nos Estados Unidos, Tiago Fleming Outeiro publicou a 22 de Junho de 2007, um estudo sobre a doença de Parkinson na revista Science.




«Os próprios hábitos podem influenciar a doença de Alzheimer»


Uma dose diária de café poderá ajudar a prevenir a doença de Alzheimer, alertou uma investigadora da Universidade de Coimbra, citando um estudo que comparou pessoas que tomaram café ao longo da vida com outras que não o fizeram, noticia a Lusa. Grupos de investigadores da universidade de Coimbra, a exemplo do que acontece em outros centros de investigação internacionais, estão empenhados em desenvolver uma pesquisa básica para perceber os mecanismos da doença neuro degenerativa, identificar alvos terapêuticos e testar compostos para avaliar se são neuro protectores. Os estudos têm-se direccionado especialmente para a Alzheimer, uma doença neuro degenerativa que afecta no mundo 20 milhões de pessoas e em Portugal 70 mil, e que com o aumento da esperança de vida se prevê que venha a ter um crescimento acelerado.



«Esses estudos são importantes. Mostram que os próprios hábitos podem influenciar a doença de Alzheimer, como acontece com as cardiovasculares», declarou à agência Lusa Cláudia Pereira, investigadora do Centro de Neuro ciências da Universidade de Coimbra. Um desses grupos, de que faz parte Cláudia Pereira, vem-se dedicando nos últimos anos ao estudo da doença de Alzheimer e a avaliar a influência do café na prevenção da doença, procurando, por essa via, descobrir substâncias activas para a produção de fármacos. «Poderá eventualmente haver uma estratégia terapêutica para problemas associados à memória. Poderá ser um princípio activo de fármacos em doenças neuro degenerativas", considerou em alusão à cafeína, durante uma conferência que hoje proferiu no Museu da Ciência de Coimbra, intitulada "Quando a memória nos atraiçoa".
Para Cláudia Pereira, «uma dose diária de café, de certo modo, retarda o surgimento da doença». Isso foi concluído pela análise comparativa de pessoas que ao longo da vida tinham o hábito de tomar café, e outras que não o integravam na sua dieta. Laboratorialmente têm-se realizado testes com cafeína em ratinhos.



Doença demora mais tempo a aparecer em quem tem mais anos de escola


Os sintomas da doença de Alzheimer retardam em média 2,5 meses por cada ano de escolaridade, mas é nas pessoas com maior grau académico que a doença avança mais rapidamente, indica um estudo da Revista Neurology, noticia a Lusa. «Os indivíduos com um nível de habilitações literárias mais elevado ou com um alto coeficiente intelectual desenvolvem mais tardiamente os sintomas de perda da memória, em especial quando esta deriva da doença de Alzheimer», afirmou Charles Hall, especialista em bioestatística, que dirigiu o estudo realizado pelo Colégio de Medicina Albert Einstein. No entanto, o mesmo estudo adianta que após o aparecimento dos primeiros sintomas, as pessoas com um nível de educação superior registavam uma deterioração intelectual quatro por cento mais rápida por cada ano de educação. A doença de Alzheimer é uma doença neurológica que afecta, regra geral, pessoas com mais de 65 anos que vão perdendo progressivamente a memória, acabando por entrar em estado de demência. No entanto, uma vez iniciado o processo, a perda da memória avança rapidamente, acabando por atingir um nível equivalente ao dos indivíduos com menor escolaridade. Segundo o estudo, um indivíduo com 16 anos de escolaridade, após o aparecimento dos sintomas de perda de memória, apresenta um desenvolvimento 50 por cento mais rápido do que outro com apenas quatro anos de educação oficial. Esta conclusão foi retirada de um estudo realizado com 488 idosos, incluindo 117 que, mais tarde, desenvolveram a demência típica da doença de Alzheimer. Charles Hall afirmou que os investigadores estudaram o estado mental e físico dos participantes durante seis anos, utilizando uma série de testes de capacidade intelectual e de conhecimento. Os níveis de educação variavam entre os três anos de escolaridade e o estudo universitário completo.



Estudo revela que alimentação rica em colestrol potencia doença

O consumo de alimentos ricos em colesterol, como manteiga, carne vermelha ou queijo aumenta o risco de desenvolver Alzheimer, segundo um estudo realizado por cientistas australianos publicado, esta quinta-feira, no «Daily Express», informa a agência Lusa. Os especialistas, do Instituto de investigação Médica Príncipe de Gales, de Sidney, descobriram que esse tipo de alimentação favorece a fabricação no cérebro das proteínas beta-amiloides, associadas ao Alzheimer. Por outro lado, sabe-se que a ingestão de estatinas para reduzir o nível do colesterol no sangue também reduz a longo prazo o risco de vir a sofrer daquela doença, cujos sintomas são, entre outros, mudanças de humor, confusão e perda de memória. Os investigadores realizaram uma experiência com ratos de laboratório e constaram que, após alimentá-los durante algum tempo com uma dieta rica em colesterol, os seus cérebros produziam uma maior quantidade de beta-amiloides. Os cientistas realizaram depois vários testes com células cerebrais humanas e animais para analisar como estas regulavam os seus níveis de colesterol. Descobriram que as proteínas «ABC», responsáveis pela expulsão do colesterol das paredes arteriais, também estão presentes nas células do cérebro. Posteriormente, comprovaram que aumentando os genes destas proteínas nas células humanas e animais a fabricação de beta-amiloides decaía.




Segundo um dos autores do estudo, Brett Garner, os fármacos que aumentam a produção de proteínas ABC, que actualmente já se utilizam na investigação cardiovascular, poderão também contribuir para reduzir a progressão do Alzheimer. Em declarações ao jornal, a directora do departamento de investigação da Sociedade de Alzheimer do Reino Unido, Susanne Sorensen, afirmou que investigações como as de Brett Garner são importantes para ver como o colesterol pode contribuir para o desenvolvimento da doença de Alzheimer. «Existem já muitas provas de que ter níveis elevados de colesterol é um factor de risco para o desenvolvimento da doença de Alzheimer e da demência vascular», afirmou. «A nossa mensagem é a de que um coração são, através de uma dieta equilibrada, conduz a uma mente sã», acrescentou.

Lusa e Portugal Diário

Fotos da Net

António Inglês

quarta-feira, 5 de março de 2008

MANUEL DE ARRIAGA BRUM DA SILVEIRA (1840-1917) 91 ANOS DEPOIS DA SUA MORTE.

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Manuel de Arriaga

Nasceu na Horta, Faial em 8/7/1840 e faleceu em Lisboa, a 5/3/1917 .
Advogado, professor liceal, político, poeta e escritor. O primeiro Presidente da República foi eleito em 1911 e demitiu-se em 1915, sem ter completado o mandato, após a fracassada ditadura do general Pimenta de Castro. Com 71 anos, era um histórico do movimento republicano. O seu mandato presidencial foi controverso desde a eleição, quando, declaradamente, se iniciou o confronto entre as facções que compunham o Partido Republicano.



Manuel José de Arriaga Brum da Silveira nasceu na cidade da Horta em 8 de Julho de 1840. Era filho de Sebastião de Arriaga Brum da Silveira, oriundo de famílias aristocráticas e descendente de flamengos que se radicaram na Ilha do Faial no séc. XVII e de Maria Cristina Ramos Caldeira, natural de Lisboa, também descendente de nobre linhagem. Tiveram seis filhos Maria Cristina, a mais velha, viria a ser poetisa e a ela se refere Vitorino Nemésio em "Mau Tempo no Canal. Outros dois filhos do casal Arriaga vão distinguir-se também. José de Arriaga, que foi historiador ("História da Revolução Portuguesa de 1820", 4 v.,1889; "História da Revolução de Setembro", 3.v., 1892 e "Os Últimos 60 anos da Monarquia", 1911), foi viver para o Brasil, onde morreu; e Sebastião Arriaga Brum da Silveira Júnior, engenheiro agrónomo, que, depois de estudar no estrangeiro, tentou um programa inovador de recuperação do Alentejo, mas morreu com 39 anos sem acabar o seu projecto; por fim, Manuel, o quarto na linha de sucessão, mas que por morte do irmão e sendo o segundo varão deveria ser o herdeiro, optou muito cedo pela via política.
Foi durante o período em que estudava na Universidade de Coimbra para se "formar em leis", no contacto com outros estudantes e professores e na leitura de outras formas de pensamento, que aderiu ao ideário republicano. Para este jovem loiro e de olhos azuis a quem nada faltava, a opção política veio privá-lo de tudo aquilo que leva tantos outros a seguirem o mesmo caminho: ascensão social, prestígio e fortuna. Manuel de Arriaga perdeu tudo isso. O pai deixou de lhe pagar os estudos e deserdou-o. Manuel de Arriaga teve então de trabalhar, dando lições de inglês para poder continuar o curso.
Este jovem açoreano, calmo e arguto, estava longe de saber que viria a ser o primeiro Presidente da República Portuguesa.

Antes de ocupar a cadeira do poder (que nesse tempo era pouco), Arriaga passou cinquenta anos da sua vida como paladino de uma sociedade mais justa. Em 1876 fez parte do grupo que estudou o plano de reforma da instrução secundária. Foi membro do Directório do Partido Republicano depois de 31 de Dezembro de 1891.

Em 1882 fora deputado da minoria republicana. É com ardor que denuncia irregularidades no Governo, nomeadamente quando o ministro da Fazenda emprestou dos cofres do Estado elevadas quantias a sociedades particulares sem dar conhecimento ao Governo.

Casa, com mais de trinta anos, com Lucrécia de Brito Barredo Furtado de Meio Arriaga, de famílias conhe-cidas da Ilha do Pico. A cerimónia ocorreu numa capelinha perto de Valença do Minho onde o pai era general e governador da Praça (de Valença). Os noivos vão viver alguns anos em Coimbra onde o Manuel de Arriaga exercia a profissão de advogado. Tiveram seis filhos, dois rapazes e quatro meninas. A família tinha o costume de ir passar as férias de Verão para Buarcos. Como ilhéu, Manuel de Arriaga e a mulher adoravam o mar, as crianças e as flores, dizia-se na família.




A última casa em que viveu Manuel de Arriaga seria em Lisboa perto da Rua das Janelas Verdes, precisamente para poder ver os barcos no Tejo. O quarto em que morreu o primeiro Presidente tinha na parede retratos de dois homens que muito admirava - Vítor Hugo e Alexandre Herculano. Por cima da cabeceira, a imagem de Cristo.
A par da sua actividade profissional, Arriaga foi fazendo o seu percurso político sem ódios nem exageros, o que, desde logo, lhe granjeou simpatia por parte dos seus correlegionários e do povo, que se apercebia do seu empenhamento e carácter.
Era um orador admirado. Fizera comícios ainda durante a monarquia, como muitos outros, pugnando por uma sociedade mais justa, com menos privilégios e mais acesso ao ensino. Mais tarde, o Governo Provisório nomeou-o Procurador-Geral da República, "premiando assim um dos paladinos da propaganda republicana e que fora também um dos maiores causídicos portugueses" (J. Veríssimo Senão, "História de Portugal" vol. XII , p.l46).

A seguir à implantação da República, a 5 de Outubro de 1910, jovens republicanos estudantes de Coimbra entraram nas instalações do Senado e praticaram actos de vandalismo, tendo destruído parte do belíssimo mobiliário da secular Sala dos Capelos na Universidade, onde se efectuam as cerimónias dos doutoramentos, e numa atitude de selvajaria, balearam os retratos dos últimos Reis portugueses que estavam pendurados nas paredes. "Para obstar a outras depredações o Dr. António José de Almeida, (republicano também desde a primeira hora), convidou o Dr. Manuel de Arriaga para reitor da velha Universidade e foi dar-lhe posse a 17 de Outubro de 1910, em cerimónia sem aparato académico, mas que bastou para serenar os ânimos estudantis" (Joaquim Veríssimo Serrão, História de Portugal", v. XII,p.320).

Em Agosto de 1911, já com 71 anos, Manuel de Arriaga é eleito Presidente da República. O outro candidato era o Dr. Bernardino Machado (também presidente mais tarde). Foi António José de Almeida, da facção moderada do Partido Republicano, quem se lembrou de sugerir o nome de Manuel de Arriaga como candidato à presidência, findo o período do Governo Provisório liderado por Teófilo Braga. Isto porque, segundo ele, Arriaga "era um dos poucos se não o único homem do Partido que se dava com toda a gente e de quem Homem Cristo não dizia mal".





Ser Presidente naquela altura não era cargo invejável nem particularmente prestigiado, pois Manuel de Arriaga teve de mudar para uma casa maior, um palacete na Horta Seca, e teve de pagar o mobiliário do seu bolso. E mais curioso ainda pagava renda de casa. Não lhe era dado dinheiro para transportes, não tinha secretário, nem protocolo e nem sequer Conselho de Estado. Foi aconselhado a comprar um automóvel para as deslocações, mas teve de o pagar também do seu bolso. Na falta de um secretário, Arriaga vai chamar um dos filhos para essa função e escolheu para chefiar o seu primeiro Governo o político e jornalista João Chagas. Mas dentro do Partido Republicano já havia cisões. António José de Almeida virá a fundar o Partido Evolucionista e Brito Camacho a União Republicana. Afonso Costa mantém-se à frente do Partido Republicano.
O nosso Primeiro Presidente não vivia no Palácio de Belém, mas num anexo e a entrada fazia-se pelo Pátio das Damas. Foi aí que nasceu a neta com quem falámos para a elaboração deste artigo.
O mandato de Manuel de Arriaga desenrola-se, como é sabido, num período agitado. Os governos sucedem-se por escassos meses. Oito mudanças na presidência do Governo, desordens nas ruas, reacções violentas contra a Igreja e movimentos de monárquicos. Por fim Manuel de Arriaga convida o Dr. António José de Almeida para chefiar o governo, mas perante a recusa deste, opta então por Afonso Costa que até 1917, foi o político mais influente da vida portuguesa. Afonso Costa consegue reduzir o défice, mas a instabilidade e a luta entre os Partidos é constante, agora agravada com a tensão internacional de 1914, que iria desembocar na Primeira Grande Guerra (1914-1918), desencadeada pelo assassinato do arquiduque austríaco Francisco Fernando em Sarajevo. O assassino pertencia a uma organização terrorista que lutava pela integração da Bósnia no reino da Sérvia
Logo no começo da 1ª Grande Guerra, há forte pressão sobre as colónias portuguesas de África principalmente em Angola e Moçambique. E a jovem república portuguesa vê-se a braços com demasiados problemas. Tentando evitar o pior, Manuel de Arriaga escreve aos três lideres dos partidos (Camacho, Afonso Costa e António José de Almeida) para se entenderem, para que se consiga formar um "ministério extra partidário", mas Afonso Costa reagiu mal. O Presidente da República aconselha então a demissão do Governo presidido por Vítor Hugo de Azevedo e, para acalmar o exército, toma uma atitude, de que mais tarde se vai arrepender, ao chamar ao governo o general Pimenta de Castro, que já fora Ministro Guerra no tempo do governo chefiado por João Chagas. Arriaga conhecia-o e confiava nele. Joaquim Pereira Pimenta de Castro escolhe para os ministérios sete militares, não permite a reabertura do Parlamento, amnistia os monárquicos condenados, altera a lei eleitoral e vai governar como ditador. (Curiosamente em Lisboa há ainda uma rua com o seu nome.)



Os parlamentares, reunidos secretamente a 4 de Maio, no Palácio da Mitra, declaram Arriaga e Pimenta de Castro fora da lei e os seus actos nulos. A 14 de Maio de 1915 há uma revolta contra Pimenta de Castro, desencadeada pelo Partido Democrático, que conta com ao apoio da Marinha e começa uma autêntica guerra civil. Houve muitos mortos e feridos. Perante isto, o bondoso e pacifista Manuel de Arriaga só pode tomar uma atitude. Resignar do cargo. Escreve uma carta aos seus ministros e outra ao Congresso. Amargurado, o imponente tribuno de outros tempos (e também poeta, autor de "Cantos Sagrados" e "Irradiações") sai então da presidência, sem honra nem glória
Em política, as ingenuidades pagam-se caro. Manuel de Arriaga, que Raul Brandão definia com o um homem "profundamente altruísta e magnânimo de uma grande bondade e honradez", passou rapidamente a ser considerado um "criminoso político". Na época consideram-no culpado ou pelo menos conivente com as acções ditatoriais e violentas de Pimenta de Castro.
O deputado, escritor e jornalista, Augusto de Castro relata uma conversa com o ex-presidente Manuel de Arriaga pouco antes de este morrer, em 1917: "O velho, de admirável cabeleira de tribuno, de porte aristocrático e olhar romântico, que fora outrora um dos mais lindos rapazes do seu tempo, transformara-se em meia dúzia de meses, num velhinho curvado e triste (...) Arriaga contou-me os únicos prazeres do seu exílio - as flores, as suas telas, os seus poetas (...) Naquela tarde, sentado nessa saletazita que um raio de sol aquecia, contei ao pobre velho as minhas fáceis previsões. A política não fora feita para os idealistas e para os poetas, como ele - acrescentei. Arriaga escutou-me em silêncio, forçando um sorriso de comprazimento. Uma névoa de lágrimas velou-lhe o olhar. E como falando para si desenhando com a bengala no tapete pequenos traços trémulos, disse-me, com uma ironia em que procurou pôr altivez, mas em que apenas havia o fel de uma mágoa intraduzível: "Sou um criminoso político, meu amigo..." Quis consolá-lo e, para o fazer, lembrei-me de lisonjear o sentimento de popularidade e de justiça, que eu sabia ser a nota mais viva da sua velha alma de tribuno. "O povo que o estimou, continua, a despeito de tudo a amá-lo. Esteja certo disso. Ainda há pouco num teatro, o público, ao vê-lo caricaturado em cena, aliás sem o menor intuito desprimoroso, se levantou, numa manifestação de protesto e simpatia ao seu nome." E Augusto de Castro termina contando que, à saída de casa do primeiro Presidente da primeira República portuguesa, depois de comprar o jornal e ler que alguém se referia a Arriaga como "renegado e traidor", pensou: "Nunca, como nessa tarde, a política me pareceu uma tão cruel e sinistra coisa" (citado por João Medina, "História Contemporânea de Portugal", p. 257 e 258).

Texto de Maria Luísa V. de Paiva Boléo

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António Inglês