domingo, 10 de junho de 2007

PROCISSÃO DO CORPO DE DEUS EM CAMINHA



No passado dia 7 de Junho de 2007, a Vila de Caminha viveu momentos solenes em redor da sua procissão do Corpo de Deus.
Para além de toda a beleza que as ruas de Caminha apresentam, e da devoção que o povo minhoto emprega nestas alturas, entendo realçar a acção desenvolvida pelos moradores das diversas ruas que servirão de "passadeira" para que a procissão passe.
Assim, na noite anterior, os moradores concentram-se na "sua" rua à hora marcada e começam os trabalhos. O desenho, que tem fervilhado na mente dos envolvidos, é debatido e depois de aprovado, é posto em prática.
São dezenas de moradores. E os desenhos vão nascendo noite dentro, não sem que diversas alterações sejam introduzidas à ultima hora, mas sempre de acordo entre todos. E a envolvência de todos, novos e velhos, ricos e pobres mistura-se por entre flores, dores de costas e no retemperador lanchinho que aquece as almas quando o tapete está pronto ou quase.
São horas e horas em que ninguém arreda pé sem que a rua fique pronta para receber condignamente a "sua" procissão. A noite vai alta normalmente,duas, três, quatro, cinco da manhã e ninguém regateia esforços.
Lindas ficam depois as ruas e à hora marcada do dia seguinte, mais coisa menos coisa, lá vem a procissão com o estandarte dos bombeiros locais à frente empunhado por uma garbosa menina, gordinha, mas garbosa e senhora do seu papel.
E a procissão passa, e volta a passar e as ruas até então primorosamente decoradas com os seus tapetes, ficam apenas com os tons misturados das milhares de flores que as decoraram e os seus desenhos deixaram de importar.
Meia hora chegou para a procissão passar e aqueles lindíssimos tapetes que tanto fervor e tanto trabalho deram a conceber desfizeram-se.
É assim todos os anos, mas de cada ano que passa, as gentes de Caminha redobram na sua vontade de se curvarem embelezando de novo as suas artérias para uma nova procissão.
José Gonçalves