sexta-feira, 25 de abril de 2008

quinta-feira, 24 de abril de 2008

25 DE ABRIL DE 1974 - 2008! 34 ANOS DEPOIS!

*
NÃO ESTAREI POR CASA NESTE DIA 25 DE ABRIL DE 2008 MAS DEIXO AQUI BEM VINCADA A MINHA VOZ! 25 DE ABRIL SEMPRE!
António Inglês

O SEXTA–FEIRA DA ELVIRA FAZ UM ANO! QUE SOBRE OS DOIS CAIA O MANTO DA FELICIDADE E DO AMOR FRATERNO!

*

Há cerca de 120 minutos que ando à procura das palavras que lhe quero dedicar neste dia tão especial do seu blog. Especial para ele e para si, pois falando da Elvira fala-se do Sexta-Feira e falando do Sexta-Feira fala-se da Elvira. E não me esqueço do Coisas Minhas também.

Este mundo da blogosfera, dá-nos coisas que não imaginamos receber quando nele entramos. Apareci no seu seio, por mero acaso, pois através de uns amigos fui desafiado a fazer parte de um blog de cariz político, o qual acabei por abandonar.

Depois veio o “bichinho” com as postagens e os comentários e acabei por criar o meu próprio blog.

Sem pretenciosismos, lá vim caminhando, tropeçando aqui e ali, umas vezes com vontade de continuar caminho, outras em que a vontade se diluía no desânimo.

Escrever para o blog, ou procurar artigos que interessem para nele postar, é fácil, e quando lá fora nos vai faltando a coragem, é aqui que encontramos o “escape” para desabafar, isentos que estamos de ter de ouvir lamurias e criticas de imediato.

Aqui tudo é diferente e o curioso é que acabamos por encontrar amigos, que embora virtuais de inicio, se tornam quase inseparáveis, pois são eles que estão connosco nas horas boas e más, sem nada pedirem em troca.

Conversamos diariamente e vamos sabendo uns dos outros, quase sem disso dar-mos conta, mas vamos cimentando esse tão nobre sentimento que dá pelo nome de AMIZADE.

Dia em que não passemos por cá, não é dia. Precisamos de saber se estamos todos bem e quando assim não é, andamos numa ansiedade tremenda até que tudo se acalme.

Atravessamos períodos melhores e menos bons, e nestes aparece sempre a mão amiga que nos é lançada de forma decidida, sincera e amiga.

Nem todos nascemos com esse maravilhoso dom de transmitir aos outros a coragem que nos falta em muitas circunstâncias da vida. Por isso não somos todos iguais. Por isso alguns são especiais.

Hoje dia 24 de Abril de 2008, véspera de mais um aniversário da libertação de um povo, uma dessas amigas especiais, autora do blog Sexta-Feira, comemora com ele um ano de existência.

Devo-lhe a ela, particularmente pois foi a primeira a incentivar-me, o facto de me ter mantido neste mundo virtual em tão boa hora, pois nele vim encontrar uma parte importante da humanidade da qual andava afastado há uns tempos.

Que Deus lhe dê a força e a coragem de continuar a ser o Farol de todos nós, ponto de referência habitual entre os nossos amigos, e minha especial guia, e que a vida lhe entregue todos os dias e durante muitos anos, o carinho e o amor que a Elvira merece

Não é só o seu Sexta-Feira que está de parabéns, minha amiga. Também a Elvira e seus pais estão envolvidos nesse abraço de aniversário. Nele envolvo também seu filho e seu marido. Que se mantenham firmes e bravos como sempre foram perante a vida.



Deixo-lhe um poema que encontrei na net, do qual desconheço o seu autor.

Hoje não lhe deixo só um abraço, nele deixo envolvido e embrulhado um beijinho de muito respeito e amizade que lhe dedico.

É o raio de sol quando tudo é tempestade.
Você sempre está lá quando eu chamo,
E se mostra feliz por poder ajudar,
E toda vez que eu precisar
"Não há problema", você me dirá.

Por isso, eu quero que você
Procure por mim quando precisar
E espero que eu seja o que você tem sido para mim.
Porque esse é o sentido da palavra "amizade".

Confiança, carinho e compreensão sem fim.
Agradeço a você por sua amizade tão especial,
E por me fazer sentir que sou alguém
Com quem você se importa.



António Inglês

quarta-feira, 23 de abril de 2008

23 DE ABRIL DE 1974

*

Entre as 18 e as 20 horas, num banco do Parque Eduardo VII, em Lisboa, Otelo distribui os sobrescritos com a Ordem de Operações aos delegados que os hão-de distribuir pelas unidades revoltosas. "As equipas são formadas por dois elementos", conta este militar no seu livro, que temos vindo a seguir ao longo desta evocação jornalística, iniciada em 16 de Março. Cada um seguirá na sua viatura, "percorrendo, se possível, itinerários diferentes". Deste modo, "se um fosse apanhado, o outro poderia vir a cumprir a missão".

O frio obriga Otelo a recolher-se no carro, estacionado na Avenida Sidónio Pais. Com os sobrescritos vai um exemplar do jornal marcelista "Época", que funciona, por ironia dos golpistas, como identificador dos elementos de ligação.

Os fuzileiros fazem saber que no mínimo serão neutrais, para alívio dos conjurados. A informação é dada por um eufórico Vítor Crespo a Vítor Alves e Otelo, que, em casa do primeiro, efectuam uma rápida reunião com elementos da Armada. A hora H fora entretanto marcada, em definitivo, para as três da madrugada.



"O mês de Abril, tal como sucedera com o de Março, foi, praticamente todo ele, constituído por dias muito confusos. (...) Sentiu o chefe do Estado o perigo e a possibilidade de que alguma coisa de mais grave poderia suceder, embora longe de supor o que, de facto, viria a acontecer. Transmitia frequentemente (...) a sua inquietação e as suas apreensões a quem estava governando o País e não só. Mas apenas em meia dúzia de pessoas, quando muito, encontrava pleno acordo para esse seu estado de espírito. (...) De quanto estaria em curso, o chefe do Estado sentia que o maior risco vinha do chamado movimento dos capitães, cuja evolução no sentido político se tinha acentuado. (...) Os alarmes que chegavam ao chefe do Estado vinham em maior grau do jornalista Luís Lupi e, também, do almirante Henrique Tenreiro, mas, além desses, chegavam-lhe também doutras fontes, sobretudo os oriundos do general Kaúlza de Arriaga e do professor Soares Martinez. Acontecia, porém, que os governantes mais responsáveis pela política e pela defesa da ordem e da Nação lhe afirmavam que o que mais temiam era um golpe da direita e não da esquerda! E encabeçavam esse golpe (...) na pessoa do general Kaúlza de Arriaga e de alguns outros oficiais generais seus amigos, entre os quais o general Luz Cunha, seu cunhado (...)"

http://ideiasemescabeche.blogspot.com


CONTRIBUTOS PARA A REVOLUÇÃO

A Administração das colónias custava a Portugal um aumento percentual anual no seu orçamento e tal contribuiu para o empobrecimento da Economia Portuguesa, pois o dinheiro era desviado de investimentos infraestruturais na metrópole. Até 1960 o país continuou relativamente frágil em termos económicos, o que estimulou a emigração para países em rápido crescimento e de escassa mão-de-obra da Europa Ocidental, como França ou Alemanha principalmente após a Segunda Guerra Mundial. Para muitos o Governo português estava envelhecido, sem resposta aparente para um mundo em grande mudança cultural e intelectual.



A guerra colonial gerou conflitos entre a sociedade civil e militar, tudo isto ao mesmo tempo que a fraca economia portuguesa gerava uma forte emigração. Em Fevereiro de 1974, Marcelo Caetano é forçado pela velha guarda do regime a destituir o general António Spínola e os seus apoiantes, quando tentava modificar o curso da política colonial portuguesa, que se revelava demasiado dispendiosa para o país. Nesse momento, em que são reveladas as divisões existentes no seio da elite do regime, o MFA, movimento secreto, decide levar adiante um golpe de estado. O movimento nasce secretamente em 1973 da conspiração de alguns oficiais do exército, numa primeira fase unicamente preocupados com questões de carreira militar.

Wikipédia



PREPARAÇÃO

A primeira reunião clandestina de capitães foi realizada em Bissau, em 21 de Agosto de 1973. Uma nova reunião, em 9 de Setembro de 1973 no Monte Sobral (Alcáçovas) dá origem ao Movimento das Forças Armadas. No dia 5 de Março de 1974 é aprovado o primeiro documento do movimento: "Os Militares, as Forças Armadas e a Nação". Este documento é posto a circular clandestinamente. No dia 14 de Março o governo demite os generais Spínola e Costa Gomes dos cargos de Vice-Chefe e Chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas, alegadamente, por estes se terem recusado a participar numa cerimónia de apoio ao regime. No entanto, a verdadeira causa da expulsão dos dois Generais foi o facto do primeiro ter escrito, com a cobertura do segundo, um livro, "Portugal e o Futuro", no qual, pela primeira vez uma alta patente advogava a necessidade de uma solução política para as revoltas separatistas nas colónias e não uma solução militar. No dia 24 de Março a última reunião clandestina decide o derrube do regime pela força.

Wikipédia



MOVIMENTAÇÕES

No dia 24 de Abril de 1974, um grupo de militares comandados por Otelo Saraiva de Carvalho instalou secretamente o posto de comando do movimento golpista no quartel da Pontinha, em Lisboa.

Às 22h 55m é transmitida a canção ”E depois do Adeus”, de Paulo de Carvalho, pelos Emissores Associados de Lisboa, emitida por Luís Filipe Costa. Este foi um dos sinais previamente combinados pelos golpistas e que desencadeou a tomada de posições da primeira fase do golpe de estado.

O segundo sinal foi dado às 0h20 m, quando foi transmitida a canção ”Grândola Vila Morena“, de José Afonso, pelo programa Limite, da Rádio Renascença, que confirmava o golpe e marcava o início das operações. O locutor de serviço nessa emissão foi Leite de Vasconcelos, jornalista e poeta moçambicano.

Wikipédia



ESCOLA PRÁTICA DE CAVALARIA

À Escola Prática de Cavalaria, que partiu de Santarém, coube o papel mais importante: a ocupação do Terreiro do Paço. As forças da Escola Prática de Cavalaria eram comandadas pelo então Capitão Salgueiro Maia. O Terreiro do Paço foi ocupado às primeiras horas da manhã. Salgueiro Maia moveu, mais tarde, parte das suas forças para o Quartel do Carmo onde se encontrava o chefe do governo, Marcello Caetano, que ao final do dia se rendeu, fazendo, contudo, a exigência de entregar o poder ao General António de Spínola, que não fazia parte do MFA, para que o "poder não caísse na rua". Marcello Caetano partiu, depois, para a Madeira, rumo ao exílio no Brasil.

A revolução resultou na morte de 4 pessoas, quando elementos da polícia política (PIDE) dispararam sobre um grupo que se manifestava à porta das suas instalações na Rua António Maria Cardoso, em Lisboa.

Wikipédia



CAPITÃO SALGUEIRO MAIA

Militar de méritos reconhecidos, dotado de uma inteligência superior e de uma coragem e lealdade invulgares, dele se diz "ter sido o melhor de entre os melhores dos corajosos e generosos Militares de Abril". Natural de Castelo de Vide, fez os estudos secundários no Colégio Nun' Álvares, em Tomar e no Liceu Nacional de Leiria. Entrou para a Academia em 1964 e em 1966 ingressou na Escola Prática de Cavalaria de Santarém. Combateu na Guiné e em Moçambique, já com a patente de capitão. Foi um dos elementos activos do MFA. No dia 25 de Abril de1974, comandou a coluna militar que saiu da EPC de Santarém e marchou sobre Lisboa, ocupando o Terreiro do Paço. Horas mais tarde comanda o cerco ao Quartel do Carmo que termina com a rendição de Marcelo Caetano. Foi membro activo da Assembleia do MFA, durante os governos provisórios, mas não aceitou qualquer cargo político no pós 25 de Abril. Faleceu em Santarém, a 3 de Abril de 1992, vítima de cancro.
Salgueiro Maia, representa para mim, o militar do povo que serve o povo, e que como tal coloca acima de todos os interesses políticos e económicos a defesa da democracia e da liberdade. Salgueiro Maia comanda no terreno a coluna militar que tinha uma das missões mais importantes da revolução portuguesa que se operou no dia 25 de Abril de 1974, tinha a missão de ocupar o Terreiro do Paço, onde se situavam a maioria dos ministérios e varias direcções militares. Tinha ainda que conseguir a rendição da GNR no Quartel do Carmo, assim como a demissão e rendição do presidente do conselho de ministros Dr. Marcelo Caetano, que entretanto se viria a refugiar no referido quartel.


Eu estava lá, junto daqueles militares, junto daquele povo sedento de liberdade que enchia o Largo do Carmo apoiando os militares, exigindo a queda do governo e dando vivas à liberdade. Aqueles homens, comandados por um Capitão que de megafone em punho exigia a rendição de Marcelo Caetano e das forças da Guarda Nacional Republicana que o protegiam, eram a nossa esperança. Já mais me poderei esquecer quando o Capitão Salgueiro Maia deu ordem para abrir fogo, várias rajadas de armas automáticas foram disparadas, fazendo com que todos nós nos lançasse-mos para o chão e rastejando procurasse-mos abrigo. No entanto a expressão que cada um de nós tinha estampada no rosto, não era de medo mas sim de alegria, compreendemos que a determinação daquele Capitão e dos homens que comandava, faria com que a revolução triunfasse. Estas imagens ficaram gravadas na minha memória para sempre. Como aconteceu com muitos outros militares de Abril, homens que pela sua integridade e frontalidade eram incómodos, a hierarquia militar acabou por afastar o Capitão Salgueiro Maia do Continente e das suas tropas. Foi colocado nos Açores, de onde regressou em 1979, para comandar o Presídio Militar de Santa Margarida. Por fim, em 1984 regressou à sua unidade EPC. Faleceu em 4 de Abril de 1992. Está sepultado em Castelo de Vide, no talhão dos combatentes.
Logo após o 25 de Abril, o então largo Oliveira Salazar em Castelo de Vide passou a ser designado por Largo Capitão Maia.
***** Somos Livres! Muito obrigado Capitão Salgueiro Maia! *****

António Lemos / http://marevolto.blogs.sapo.pt/5467.html


OS CRAVOS

O cravo tornou-se o símbolo da Revolução de Abril de 1974; Com o amanhecer as pessoas começaram a juntar-se nas ruas, solidários com os soldados revoltosos; alguém (existem várias versões, sobre quem terá sido, mas uma delas é que uma florista contratada para levar cravos para a abertura de um hotel, foi vista por um soldado que pôs um cravo na espingarda, e em seguida todos o fizeram), começou a distribuir cravos vermelhos para os soldados, que depressa os colocaram nos canos das espingardas.

Wikipédia

“25 de Abril sempre!”

António Inglês


segunda-feira, 21 de abril de 2008

RESCALDO DE UM FIM DE SEMANA!

*

Pois meus amigos, este fim de semana andámos numa de descompressão da lufa-lufa do dia a dia. Aceitámos um antigo convite de amigos e como o filhote estava fora, lá fomos até aos Estoris. Deu para confraternizar, assistir a bons espectáculos, satisfazer uma boa conversa à hora das refeições e sobretudo, deleitar a vista por locais de que há muito andávamos afastados.

Pois é, a verdade é que estes fins-de-semana deixam-nos sempre de água na boca e uma promessa de que a aventura será repetida. No fim, fica o rescaldo de tudo o que se viu e viveu.

Há muito que me apetecia desabafar, evocando a educação e os conceitos que me foram transmitidos por meus pais e que sempre defendi como exemplos de dignidade, tendo deles feito uso com os meus filhos, e creio que posso afirmar que não me dei mal.

Tenho andado muito atento às noticias constantes que nos vão deixando de rastos, sobre a segurança das nossas crianças. Os raptos, os assassínios, as violações, enfim, um sem número de crimes que nos trazem preocupados e que não me parece, sejam combatidos com a eficácia que todos esperávamos. As noticias são diárias e preocupantes. Estão em causa os nossos filhos, a sua segurança, a sua educação e formação enquanto homens e mulheres de bem do amanhã.

Foi assim que dei comigo a pensar, como as coisas andam mudadas realmente e como todos nós temos afinal responsabilidade nestas mudanças... queiramos ou não.



Pois este programa de fim-de-semana era aliciante, e para além da componente amizade, recheada com uns almoços e umas jantaradas, previa também cinema e teatro. Foi diversificado e agradável.

O filme, O amor e a vida real, foi interessantíssimo e contou-nos uma história complicada de um amor quase impossível de um viúvo, (Steve Carrel) pai de três meninas de quem cuidava com o carinho de pai e mãe, que se apaixona pela namorada ( Juliette Binoche) do irmão (Dane Cook). Quase instintivamente adivinhei qual seria o fim do filme e pensei para comigo, que quando assim é, dou normalmente por mal empregue o dinheiro do bilhete. Como estava enganado. É que o filme e os seus intervenientes deixaram-me pregado ao ecrã. Excelente sessão da meia-noite de Sexta-Feira.



A peça de teatro, A Gorda-Fat Pig, do dramaturgo norte-americano Neil LaBute, na reabertura do Teatro Villaret, numa homenagem a Raul Solnado seu fundador, onde já não ia há tanto tempo, teve excelentes momentos de bom teatro, alguns hilariantes, com quatro bons jovens actores, Ricardo Pereira, Carla Vasconcelos, Carlos António e Maria João Falcão, que me deixaram bastante identificado com o tema, ou não seja eu próprio, um Gordo.

A peça conta a história de Tomás, um rapaz magro e elegante que se apaixona por uma rapariga gorda, Helena.

Até aí, tudo corre bem: os problemas começam quando ele a apresenta aos colegas de trabalho e se vêem ambos confrontados com os preconceitos da sociedade contemporânea, obcecada com a imagem, que rejeita todos quanto fujam aos padrões de beleza instituídos. Mais uma vez os preconceitos. Excelente noite de Sábado.



Quanto aos almoços e jantares, bem por aí não me perco podem estar certos e dispenso-me de comentar onde e o que comemos. Garanto-vos que estou de “papo cheio”.

Mas, e porque o tempo isso permitiu, lá andei por alguns Shoppings, como não poderia deixar de ser... E foi num deles que dei por mim de repente, estupefacto com o que ia desfilando perante os meus olhos.

Talvez por ser fim de semana, encontrei dezenas de jovens em grupos, passeando e querendo apenas gozar os prazeres da vida numa fase em que ela mais lhes sorri.

Bandos e bandos de juventude, feliz, radiante e despreocupada, em amena cavaqueira em volta

das mesas que inundam os Centros Comerciais e onde todos nos juntamos ingerindo comida pouco saudável, ou bebendo um simples café, são fáceis de encontrar.

Até aqui não vem mal ao mundo, tudo normal e natural. Só que um olhar mais atento fez-me pensar duas vezes. Rapazes e raparigas de 13/14 anos eram quem mais por ali andava e sem problemas. No entanto, um pormenor me saltou à vista.

É que muitas dessas moças trajavam como se de miúdas de 17/18/19 anos se tratasse. Um traço bem marcante de atrevimento, normal e natural em idades mais próprias, mas menos apropriado em idades em que a única preocupação deveria ser uma sã camaradagem entre colegas, e um bom ocupar de tempo numa confraternização saudável e genuinamente feminino, mas ainda adolescente, próprio de quem tem 13/14 anos.

O preocupante, é que elas se “produzem”, como agora se diz, sem que se perceba muito bem, porquê e para quê. O jogo da sedução começa muito cedo...

Claro que penso que devem mostrar efectivamente, a preocupação na forma de se arranjarem, e isso demonstra auto-estima e cuidado na higiene pessoal. Será só isso?

Quando essa “produção” excede a normalidade, e assistimos a grupos de moças que, provocantemente vestidas ou nem tanto, demasiado maquilhadas e de cigarrito na boca.... se pavoneiam por entre a multidão, então desculpem-me mas aí eu fico completamente bloqueado.

Será que os pais saberão destas “produções”, e estão de acordo com elas? Não terão eles alguma responsabilidade na forma como as suas filhas se apresentam nestas idades no seus grupos de amizades?



Saberão quem são os amigos que com elas se encontram? Será que estou desajustado no tempo, meus amigos? Ou será que estas situações não porão em causa os equilíbrios que a nossa juventude deveria saber entender e pôr em prática?

Em que parte da vida dos nossos filhos falhamos? Não faltará tempo e diálogo entre pais e filhos?

Tenho para mim, que estas idades são decisivas na constituição da personalidade e no carácter dos nossos filhos, e penso também que eles necessitam de algum espaço e de alguma liberdade que os vá preparando para enfrentarem os perigos da vida, ou seja, responsabilização e um voto de confiança, mas controladamente, ou estarei errado?

Será que nos devemos divorciar dessa fase? Não será importante exercer-mos um papel decisório numa altura tão importante da vida dos nossos filhos?

É que quem se “produz” assim com 13/14 anos corre sérios riscos e nos dias de hoje o perigo espreita em qualquer esquina.

Depois os problemas acontecem e lá aparecem os pais aflitos, quando as coisas correm mal. E só se lembram disso depois?

Sinceramente, eu devo estar perfeitamente desajustado no tempo ou então não dei pelas alterações do comportamento do ser humano nestas últimas décadas...

Estarei enganado?

António Inglês

domingo, 20 de abril de 2008

RAFAEL BORDALO PINHEIRO

*


Rafael Bordalo Pinheiro
(Lisboa, 21 de Março de 1846 —; 23 de Janeiro de 1905) foi um desenhador e aguarelista, ilustrador português, de obra vasta dispersa por largas dezenas de livros e publicações, precursor do cartaz artístico em Portugal, decorador, caricaturista político e social, jornalista, ceramista e professor. Um nome que está intimamente ligado à caricatura portuguesa, à qual deu um grande impulso, imprimindo-lhe um estilo próprio levando a uma visibilidade nunca antes atingida. Autor da figura popular Zé Povinho que se veio a tornar num símbolo do povo português.



Biografia

Nascido Raphael Bordallo Pinheiro (grafia arcaica da época), filho de Manuel Maria Bordalo Pinheiro, cedo ganha o gosto pelas artes. Em 1860 inscreve-se no conservatório e posteriormente matricula-se sucessivamente na Academia de Belas Artes (desenho de arquitectura civil, desenho antigo e modelo vivo), no Curso Superior de Letras e na Escola de Arte Dramática, para logo de seguida desistir. Estreia-se no Teatro Garrett embora nunca venha a fazer carreira como actor.

Em 1863, o pai arranja-lhe um lugar na Câmara dos Pares, onde acabou por descobrir a sua verdadeira vocação, derivado das intrigas políticas dos bastidores.

Casa em 1866 com Elvira Ferreira de Almeida e no ano seguinte nasce o seu filho Manuel Augusto.

Começa por tentar ganhar a vida como artista plástico com composições realistas apresentando pela primeira vez trabalhos seus em 1868 na exposição promovida pela Sociedade Promotora de Belas-Artes, onde apresenta 8 aguarelas inspiradas nos costumes e tipos populares, com preferência pelos campinos de trajes vistosos. Em 1871 recebe um prémio na Exposição Internacional de Madrid. Paralelamente vai desenvolvendo a sua faceta de ilustrador e decorador.



Em 1875 cria a figura do Zé Povinho, publicada n'A Lanterna Mágica. Nesse mesmo ano, parte para o Brasil onde colabora em alguns jornais e a enviar a sua colaboração para Lisboa, voltando a Portugal em 1879 e lança O António Maria.

Experimenta em 1885 trabalhar o barro e começa o fabrico da louça artística das Fábrica de Faianças das Caldas da Rainha.

Morre a 23 de Janeiro de 1905 em Lisboa, no nº 28 da rua da Abegoaria (actual Largo Rafael Bordalo Pinheiro).



O desenhador

Bordalo Pinheiro deixou um legado iconográfico verdadeiramente notável,tendo produzido dezenas de litografias. Compôs inúmeros desenhos para almanaques, anúncios e revistas estrangeiras como El Mundo Comico (1873-74), Ilustrated London News, Ilustracion Española y Americana (1873), L'Univers Illustré e El Bazar. Fez desenhos em álbuns de senhoras, foi o autor de capas e de centenas de ilustrações em livros, e em folhas soltas deixou portraits-charge de diversas personalidades. Começou a fazer caricatura por brincadeira como aconteceu nas paredes dos claustros do edifício onde dava aulas o Professor Jaime Moniz, onde apareceram, desenhados a ponta de charuto, as caricaturas dos mestres. Mas é a partir do êxito alcançado pel'O Dente da Baronesa (1870), folha de propaganda a uma comédia em 3 actos de Teixeira de Vasconcelos, que Bordalo entra definitivamente para a cena do humorismo gráfico.



Dotado de um grande sentido de humor mas também de uma crítica social bastante apurada e sempre em cima do acontecimento, caricaturou todas as personalidades de relevo da política, da Igreja e da cultura da sociedade portuguesa. Apesar da crítica demolidora de muitos dos seus desenhos, as suas características pessoais e artísticas cedo conquistaram a admiração e o respeito público que tiveram expressão notória num grande jantar em sua homenagem realizado na sala do Teatro Nacional D. Maria II, em 6 de Junho de 1903 que, de forma inédita, congregou à mesma mesa praticamente todas as figuras que o artista tinha caricaturado.

Na sua figura mais popular, o Zé Povinho, conseguiu projectar a imagem do povo português de uma forma simples mas simultaneamente fabulosa, atribuindo um rosto ao país. O Zé Povinho continua ainda hoje a ser retratado e utilizado por diversos caricaturadores para revelar de uma forma humorística os podres da sociedade.



O ceramista

Após a constituição da fábrica de faiança das Caldas da Rainha, Rafael Bordalo Pinheiro dedica-se à produção de peças de cerâmica que, nas suas mãos, rapidamente, adquiriram um cunho original. Jarras, vasos, bilhas, jarrões, pratos e outras peças demonstram um labor tão frenético e criativo quanto barroco e decorativista, características, aliás, também presentes nos seus trabalhos gráficos. Mas Bordalo não se restringiu apenas à fabricação de loiça ornamental. Além de ter desenhado uma baixela de prata da qual se destaca um originalíssimo faqueiro que executou para o 3º visconde de S. João da Pesqueira, satisfez dezenas de pequenas e grandes encomendas para a decoração de palacetes: azulejos, painéis, frisos, placas decorativas, floreiras, fontes-lavatório, centros de mesa, bustos, molduras, caixas, e também broches, alfinetes, perfumadores, etc.

No entanto, a cerâmica também não poderia excluir as figuras do seu repertório. A par das esculturas que modelou para as capelas do Buçaco representando cinquenta e duas figuras da Via Sacra, Bordalo apostou sobretudo nas que lhe eram mais gratas: O Zé Povinho (que será representado em inúmeras atitudes), a Maria Paciência, a mamuda ama das Caldas, o polícia, o padre tomando rapé e o sacristão de incensório nas mãos, a par de muitos outros.



Embora financeiramente, a fábrica se ter revelado um fracasso, a genialidade deste trabalho notável teve expressão nos prémios conquistados: uma medalha de ouro na Exposição Colombiana de Madrid em 1892, em Antuérpia (1894), novamente em Madrid (1895), em Paris (1900), e nos Estados Unidos, em St. Louis (1904).



O jornalista

Rafael Bordalo Pinheiro destacou-se sobretudo como um homem de imprensa. Durante cerca de 35 anos (de 1870 a 1905) foi a alma de todos os periódicos que dirigiu quer em Portugal, quer nos três anos que trabalhou em terras brasileiras.

Semanalmente, durante as décadas referidas, os seus periódicos debruçaram-se sobre a sociedade portuguesa nos mais diversos quadrantes, de uma forma sistemática e pertinente.

Em 1870 lançou três publicações: O Calcanhar de Aquiles, A Berlinda e O Binóculo, este último, um semanário de caricaturas sobre espectáculos e literatura, talvez o primeiro jornal, em Portugal, a ser vendido dentro dos teatros. Seguiu-se o M J ou a História Tétrica de uma Empresa Lírica, em 1873. Todavia, foi A Lanterna Mágica, em 1875, que inaugurou a época da actividade regular deste jornalista sui generis que, com todo o desembaraço, ao longo da sua actividade, fez surgir e também desaparecer inúmeras publicações. Seduzido pelo Brasil, também aí (de 1875 a 1879) animou O Mosquito, o Psit!!! e O Besouro, tendo tido tanto impacto que, numa obra recente, intitulada Caricaturistas Brasileiros, Pedro Corrêa do Lago lhe dedica diversas páginas, enfatizando o seu papel.



O António Maria, nas suas duas séries (1879-1885 e 1891-1898), abarcando quinze anos de actividade jornalística, constitui a sua publicação de referência. Ainda fruto do seu intenso labor, Pontos nos ii são editados entre 1885-1891 e A Paródia, o seu último jornal, surge em 1900.

A seu lado, nos periódicos, estiveram Guilherme de Azevedo, Guerra Junqueiro, Ramalho Ortigão, João Chagas, Marcelino Mesquita e muitos outros, com contributos de acentuada qualidade literária. Daí que estas publicações constituam um espaço harmonioso em que o material textual e o material icónico se cruzam de uma forma polifónica.

Vivendo numa época caracterizada pela crise económica e política, Bordalo enquanto homem de imprensa soube manter uma indiscutível independência face aos poderes instituídos, nunca calando a voz, pautando-se sempre pela isenção de pensamento e praticando o livre exercício de opinião. Esta atitude granjeou um apoio público tal que, não obstante as tentativas, a censura nunca logrou silenciá-lo. E, todas as quintas-feiras, dia habitual da saída do jornal, o leitor e observador podia contar com os piparotes costumeiros, com uma crítica a que se juntava o divertimento. Mas como era natural, essa independência e o enfrentar dos poderes instituídos originaram-lhe alguns problemas como por exemplo o retirar do financiamento d'O António Maria como represália pela crítica ao partido do seu financiador. Também no Brasil arranjou problemas, onde chegou mesmo a receber um cheque em branco para se calar com a história de um ministro conservador metido com contrabandistas. Quando percebe que a sua vida começa a correr perigo, volta a Portugal, não sem antes deixar uma mensagem:

".... não estamos filiados em nenhum partido; se o estivéssemos, não seríamos decerto conservadores nem liberais. A nossa bandeira é a VERDADE. Não recebemos inspirações de quem quer que seja e se alguém se serve do nosso nome para oferecer serviços, que só prestamos à nossa consciência e ao nosso dever, - esse alguém é um infame impostor que mente." ( O Besouro, 1878 )



O homem de teatro

Com 14 anos apenas, integrado num grupo de amadores, pisou como actor o palco do teatro Garrett, inscrevendo-se depois na Escola de Arte Dramática que, devido à pressão da parte do pai, acabou por abandonar. Estes inícios — se revelaram que o talento de Rafael Bordalo não se direccionava propriamente para a carreira de actor — selaram, porém, uma relação com a arte teatral que não mais abandonou.

Tendo esporadicamente desenhado figurinos e trabalhado em cenários, Bordalo foi sobretudo um amante do teatro. Era espectador habitual das peças levadas à cena na capital, frequentava assiduamente os camarins dos artistas, participava nas tertúlias constituídas por críticos, dramaturgos e actores. E transpunha, semana a semana, o que via e sentia, graficamente, nos jornais que dirigia. O material iconográfico legado por Rafael Bordalo adquire, neste contexto, uma importância extrema porque permite perceber muito do que foi o teatro, em Portugal, nessas décadas.

Em centenas de caricaturas, Rafael Bordalo faz aparecer o espectáculo, do ponto de vista da produção: desenha cenários, revela figurinos, exibe as personagens em acção, comenta prestações e critica gaffes. A par disso, pelo seu lápis passam também as mais variadas reacções do público: as palmas aos sucessos, muitos deles obra de artistas estrangeiros, já que Lisboa fazia parte do circuito internacional das companhias; as pateadas estrondosas quando o público se sentia defraudado; os ecos dos bastidores; as anedotas que circulavam; as bisbilhotices dos camarotes enfim, todo um conjunto de aspectos que têm a ver com a recepção do espectáculo e que ajudam a compreender o que era o teatro e qual o seu papel na Lisboa oitocentista.



Disse dele Ramalho Ortigão em 1891...

Rafael Bordalo Pinheiro ... Genuinamente português por constituição e por temperamento, de olhos pretos, nariz grosso, cabelo crespo, tendendo para a obesidade, ele é um sensual, um voluptuoso, um dispersivo, um desordenado. Uma das mais belas virtudes que ele não tem, é a que consiste em vencer os impulsos da natureza. Desgraçadamente, observa-se com frequência que os homens rígidos, que mais exemplarmente triunfam das próprias paixões, não triunfam de mais nada.

Ramalho Ortigão, 1891

... E EM AS FARPAS, 1892

"(…) retratos muito mais vivos, muito mais parecidos com o original do que as próprias fotografias das personagens que representam, desenhou-os êle de um só jacto na pedra litográfica ou no papel autógrafo, entre a meia-noite e as cinco horas da madrugada, em pé à banca, sob a luz crua e mordente do gás, sempre à última hora, febricitante de pressa, escorrendo suor, com a testa e o nariz manchado de prêto pelas dedadas de craião, fumando àvidamente cigarretes, falando sempre, cantando, assobiando ou deitando complacentemente a língua de fora às figuras (…)"



MUSEU BORDALO PINHEIRO - LISBOA

O Museu tem origem na importante colecção bordaliana reunida pelo poeta e panfletário republicano Cruz Magalhães, grande admirador da obra de Bordalo, que em 1913, encomenda o projecto para a moradia do Campo Grande, iniciando aí a instalação da colecção

O Museu abre ao público em 1916, ainda confinado ao primeiro andar, mas em 1922 havia já sofrido remodelações, designadamente a criação de novas salas expositivas. Nesta data era já significativo o número de actividades de divulgação da obra do artista, entre exposições temporárias temáticas, conferências, criação do Grupo de Amigos Defensores do Museu e iniciativas para legar o museu ao Município de Lisboa, ideia que o fundador do museu acalentava desde a sua criação e que se veio a concretizar em 1924.

Reabre em 1926, já na posse da Câmara Municipal de Lisboa, remodelado e ampliado ao rés-do-chão, oferecendo ao público, para além da obra gráfica, uma importante colecção de cerâmica e uma biblioteca, a que se sucedem novas incorporações fruto de aquisições e de doações de obras até então na posse de familiares de Bordalo e de coleccionadores particulares.



A morte do fundador do museu, em 1928 deixando a Julieta Ferrão a direcção e ao Grupo de Amigos Defensores o papel de promoção da obra bordaliana, dita definitivamente a efectiva tutela desta instituição museológica por parte do Município de Lisboa. Em 1942, o Museu é integrado no Serviço de Museus, então criado, e em 1962 passa a ser gerido em conjunto com o Museu da Cidade e com o Museu Antoniano.

A construção, em 1992, de um edifício construído de raiz na zona posterior do edifício do museu, constituiu uma tentativa de colmatar os problemas de exiguidade de espaço da moradia, permitindo a realização de exposições temporárias, relacionadas com a obra bordaliana, e deixando à exposição permanente o seu carácter monográfico e biográfico centrado na figura de Rafael Bordalo Pinheiro.

Em 1999, o museu sofre graves problemas estruturais, devido à construção de um edifício em terrenos contíguos, tendo que encerrar para obras de consolidação.

Reabre ao público em 2005, após intervenção global de reabilitação e valorização de todo o conjunto edificado e área envolvente, com um novo programa museológico, baseado na actualização da investigação realizada. Os suportes expositivos foram concebidos de forma a permitir a rotatividade da colecção, habilitando assim a renovação cíclica da exposição permanente e simultaneamente a divulgação deste vasto acervo ao público.



O Museu Bordalo Pinheiro reúne a mais completa colecção bordaliana: 1200 peças de cerâmica; 3500 exemplares de gravura; 3000 originais, entre desenho e pintura; 900 fotografias de época; mais de 3000 publicações; um significativo acervo documental composto pelo espólio privado de Cruz Magalhães e do Grupo de Amigos relacionado com a história da constituição da colecção e da fundação do Museu, e pelo de Julieta Ferrão, primeira directora da instituição.



A BIBLIOTECA

A Biblioteca do Museu mantém a estrutura original de 1926, data em que já integrava mais de 3000 espécies, tendo sido enriquecida ao longo dos anos com a incorporação de novas publicações.

Especialmente vocacionada para investigadores, disponibiliza nos seus reservados os originais de alguns dos mais importantes periódicos editados pelo artista, bem como publicações de referência para o estudo da temática bordaliana e do contexto histórico e artístico da época em que viveu e produziu a sua obra.



ESPÓLIO DOCUMENTAL

Os conteúdos presentes na obra gráfica e cerâmica de Bordalo Pinheiro, assumem a dupla valência de objecto de arte e documento, de múltiplos conteúdos e significações, os quais são complementados pelo manancial informativo presente no Espólio Documental do museu, praticamente inédito e presentemente ainda em fase de estudo e catalogação, que vem alargar o potencial temático ao estudo da obra e da vida do artista.

O Espólio Documental integra um significativo conjunto de correspondência pessoal e profissional, documentos oficiais, retratos de época e objectos pessoais do artista, que nos reportam ao seu universo íntimo e biográfico, pouco explorado, mas nem por isso menos aliciante.

O acervo documental conta ainda com toda a documentação proveniente do espólio privado de Cruz Magalhães, fundador do museu [1914/1928], do Grupo de Amigos Defensores do Museu Rafael Bordalo Pinheiro [1920/1945] e de Julieta Ferrão, primeira directora da instituição, fontes primárias por excelência para o estudo da história do museu e da colecção.




ANIMAÇÃO E PEDAGOGIA

Apesar do seu carácter monográfico, o Museu abarca uma pluralidade de domínios no contexto artístico e cultural suscitando, por essa razão, o interesse de um público heterogéneo, que esperamos possa vir a ser igualmente atraído pelo conjunto de actividades já programadas relacionadas com a obra e vida de Bordalo.

VISITA ORIENTADA - CONHECER O MUSEU BORDALO PINHEIRO


Visitas programadas para diversos tipos de públicos, de diferentes faixas etárias, com objectivos adequados a cada uma delas.




VISITA ORIENTADA - O SÉCULO XIX NA OBRA DE RAFAEL BORDALO PINHEIRO


Orientada para um público estudantil, fomentando a interpretação crítica do espólio, o papel do artista e da sua arte como forma de intervenção social e política.




LABORATÓRIO DE VIDRADOS - CRIAR A COR


Criar a Cor é uma actividade de laboratório, de experimentação e composição de vidrados, inserida no ano mundial da Física – 2005. Esta iniciativa destina-se aos alunos de Física e de Oficina de Artes. O objectivo desta actividade é fomentar a compreensão da Arte por meio da Ciência e ainda sensibilizar para a Arte através da obra de Bordalo no âmbito da cerâmica.



CURSO PÓS-LABORAL DE CERÂMICA BORDALIANA

Este curso tem como tema a cerâmica de Bordalo Pinheiro e a sua contextualização na produção caldense, apresentando um cariz teórico-prático, designadamente a aprendizagem de técnicas de construção de vidrados e a criação de peças de cerâmica.



VAMOS FAZER TIGELAS COM “BICHOS”


Para um público-alvo do 1º ciclo do Ensino Básico visa explorar os motivos de animais na obra cerâmica de Bordalo, incentivando à criação de peças de decoração idêntica.
Passa pela aprendizagem das técnicas de modelagem, cozimento e vidragem.



O PERFUMADOR ÁRABE - UMA PEÇA DE RAFAEL BORDALO PINHEIRO


Centrada numa das obras mais emblemáticas de Bordalo, o “Perfumador Árabe”, esta actividade centra-se na identificação dos estilos, através da interpretação dos motivos decorativos, e relacionamento com outras formas de expressão artística. Público-alvo: alunos do 2º e 3º ciclos do ensino básico.




“OS PONTOS NOS II”


Dirigida a alunos 2º e 3º ciclos do ensino básico e ensino secundário visa desenvolver as capacidades de observação através da leitura de algumas caricaturas de Bordalo, com espaço de debate sobre a actualidade da obra de Bordalo.



OS GATOS DE RAFAEL BORDALO PINHEIRO


Esta iniciativa destina-se aos alunos do ensino pré-escolar, que deverão identificar as principais características do animal preferido de Bordalo, através da observação das suas obras que integram este tema, e dos desenhos que são convidados a fazer.




OFICINA DE MODELAÇÃO DE AZULEJOS - AZULEJOS RELEVADOS


Esta oficina terá início com a observação (táctil no caso de participantes cegos) de azulejos com relevo criados pelo artista, que representam frutos, flores e animais, seguida da aprendizagem das técnicas e produção de azulejos de relevo. A actividade destina-se aos seniores e a pessoas com necessidades especiais.


Fábrica de Faianças das Caldas da Rainha

A criação da Fábrica de Faianças das Caldas da Rainha sob a direcção artística de Bordalo e a sua instalação na vila, em 1884, contribui decisivamente para a revitalização da ancestral cerâmica local, quer pela revolução das formas, quer pela gramática decorativa de raiz francamente naturalista e tantas vezes duma exuberância a desafiar a realidade. É a oportunidade de passar à argila a caricatura e o humor, entre muitos outros motivos criando os bonecos de movimento, como o Zé Povinho, a Velha Maria, a Ama das Caldas, o Cura, o Sacristão, o Polícia. Por outro lado, executa cerca de 60 figuras da Paixão de Cristo (1887-99) para as Capelas do Buçaco, esculturas em terracota de grande animismo, individualidade e movimento, uma encomenda do Governo português para 86 figuras, que não foi concluída, e se pode apreciar no Museu de José Malhoa, nas Caldas da Rainha. Mas não só a faiança das Caldas deve a Bordalo Pinheiro o desbravar de caminhos. Também a arte do barro portuguesa em geral colhe benéfico fruto da acção e da inspiração desse notável vulto da nossa cultura.



Pavilhão de Portugal na Exposição Universal de Paris de 1889

Dirige ainda a construção do Pavilhão de Portugal na Exposição Universal de Paris de 1889, empreendimento grandioso que reúne e valoriza os produtos nacionais, alcançando aí a cerâmica das Caldas notável sucesso e sendo o artista galardoado com medalha de ouro. Em 1892, em colaboração com Ramalho Ortigão (1836-1915), realiza outro importante projecto internacional: a decoração da secção portuguesa da Exposição Colombiana de Madrid, segundo programa de motivos náuticos de grande visibilidade.


Uma visita à obra de Rafael Bordalo Pinheiro


É uma animação a obra de Mestre Bordalo e outros ceramistas patentes na Sala de Cerâmica do Museu Malhoa. Poderão encontrar o Parque em miniatura e muitos pratos decorativos salpicados da fauna local: lagartos, búzios, rãs, cobras-de-água, peixes cágados, mexilhão...; à entrada e ao fundo estão dois jarrões com abelhas no topo em busca do néctar; parecem iguais mas são diferentes se bem observados; e há jarras, pratos, bules, paliteiros, cestos, compoteiras, garrafas, terrinas, mil e um objectos de uso corrente fantasiados com elementos da Natureza, animais e plantas. E painéis de azulejos e as figuras de movimento (Maria Paciência, o Polícia, a Ama das Caldas). E ainda, em tamanho quase natural, o friso de estátuas de barro sobre a Via Sacra.

Texto e fotos da Net

António Inglês