quarta-feira, 17 de outubro de 2007

AGNES GONXHA BOJAXHIU


Foi a 17 de Outubro de 1979 que o Prémio Nobel da Paz foi atribuído a Agnes Gonxha Bojaxhiu, mais conhecida por Madre Teresa de Calcutá

O início de uma jornada

Partiu para a Índia em 1931, para a cidade de Darjeeling, onde fez o noviciado no colégio das Irmãs de Loreto

No dia 24 de maio de 1931, fez a profissão religiosa, e emitiu os votos temporários de pobreza, castidade e obediência tomando o nome de "Teresa". A origem da escolha deste nome residiu no fato de ser em honra à monja francesa Teresa de Lisieux, padroeira das missionárias, canonizada em 1927 e conhecida como Santa Teresinha.

De Darjeeling passou para Calcutá, onde exerceu, durante os anos 30 e 40, a docência em Geografia no colégio bengalês de Sta Mary, também pertencente à congregação de Nossa Senhora do Loreto. Impressionada com os problemas sociais da Índia, que se reflectiam nas condições de vida das crianças, mulheres e velhos que viviam na rua e em absoluta miséria, fez a profissão perpétua a 24 de maio de 1937.

Com a partida do colégio, tirou um curso rápido de enfermagem, que veio a tornar-se um pilar fundamental da sua tarefa no mundo.

Em 1946, decidiu reformular a sua trajectória de vida. Dois anos depois, e após muita insistência, o Papa Pio XII permitiu que abandonasse as suas funções enquanto monja, para iniciar uma nova congregação de caridade, cujo objectivo era ensinar as crianças pobres a ler. Desta forma, nasceu a sua Ordem – As Missionárias da Caridade. Como hábito, escolheu o sári, nas cores — justificou ela — "branco, por significar pureza e azul, por ser a cor da Virgem Maria". Como princípios, adoptou o abandono de todos os bens materiais. O espólio de cada irmã resumia-se a um prato de esmalte, um jogo de roupa interior, um par de sandálias, um pedaço de sabão, uma almofada e um colchão, um par de lençóis, e um balde metálico com o respectivo número.

Começou a sua actividade reunindo algumas crianças, a quem começou a ensinar o alfabeto e as regras de higiene. A sua tarefa diária centrava-se na angariação de donativos e na difusão da palavra de alento e de confiança em Deus.

No dia 21 de dezembro de 1948, foi-lhe concedida a nacionalidade indiana. A partir de 1950 empenhou-se em auxiliar os doentes com lepra.

Em 1965, o Papa Paulo VI colocou sob controle do papado a sua congregação e deu autorização para a sua expansão a outros países. Centros de apoio a leprosos, velhos, cegos e doentes com HIV surgiram em várias cidades do mundo, bem como escolas, orfanatos e trabalhos de reabilitação com presidiários.

Um serviço ao mundo

Ao primeiro lar infantil ou "Sishi Bavan" (Casa da Esperança), fundada em 1952, juntou-se o "Lar dos Moribundos", em Kalighat.

Mais de uma década depois, em 1965, a Santa Sé aprovou a Congregação Missionárias da Caridade e, entre 1968 e 1989, estabeleceu a sua presença missionária em países como Albânia, Rússia, Cuba, Canadá, Palestina, Bangladesh, Austrália, Estados Unidos da América, Ceilão, Itália, antiga União Soviética, China, etc.

O reconhecimento do mundo pelo seu trabalho concretizou-se com o Templeton Prize, em 1973, e com o Nobel da Paz, no dia 17 de outubro de 1979.

Morreu em 1997, aos 87 anos, mas o seu trabalho missionário continua através da irmã Nirmala, eleita no dia 13 de março de 1997 como sua sucessora. Tratado como um funeral de Estado, vários foram os representantes do mundo que quiseram estar presentes para prestar a sua homenagem. As televisões do mundo inteiro transmitiram em directo durante uma semana, os milhões que queriam vê-la no estádio Netaji. No dia 19 de outubro de 2003, o Papa João Paulo II beatificou Madre Teresa.

Hoje a sua Congregação reúne 3.000 freiras e 400 irmãos, em 87 países, dando apoio aos mais necessitados em cerca de 160 cidades.

Um de seus pensamentos era este: “Não usemos bombas nem armas para conquistar o mundo. Usemos o amor e a compaixão. A paz começa com um sorriso”.

Controvérsias e Críticas

Críticos de Madre Teresa, nominalmente Christopher Hitchens, Aroup Chatterjee e Robin Fox, argumentam que sua organização fornecia ajuda abaixo dos padrões e esta primariamente interessada em converter pessoas à beira da morte para o Catolicismo, e usou doações para actividades missionárias em outros lugares, em vez de gastar na melhoria do padrão de ajuda médica. Esses críticos representam ainda uma pequena minoria mas colocaram objecções fortes às virtudes de Madre Teresa.

A Igreja Católica nega a maioria dessas críticas. Por exemplo, a ideia que missionários gastavam dinheiro em actividades missionárias parece óbvia e Madre Teresa nunca afirmou que suas actividades eram sobre ajuda médica. Christopher Hitchens escreveu que as próprias palavras de Madre Teresa sobre pobreza provam que "suas intenções não eram de ajudar as pessoas". Hitchens vai mais fundo afirmando que Madre Teresa mentiu a doadores sobre onde suas contribuições eram usadas.

Em 1994, Hitchens publicou um artigo no The Nation intitulado "O Demónio de Calcutá". Dr. Aroup Chatterjee, o autor de "Madre Teresa: O Veredicto Final" (2003), afirma que a imagem pública de Madre Teresa como ajuda dos pobres, dos doentes e dos à beira da morte é errada e exagerada; ele mantém que o número de pessoas que são servidas mesmo pela maior parte das casas não é perto do que os ocidentais são levados a acreditar.

Como o Vaticano aboliu o papel tradicional de Advogado do Diabo que servia um propósito similar, Hitchens foi a única testemunha chamada pelo Vaticano para dar evidência contra a beatificação e processo de canonização de Madre Teresa.

Agnosticismo

Em 2007 foram divulgadas cartas de autoria de madre Teresa, indicando uma ideologia agnóstica. Madre Teresa, em suas cartas, descreveu como sentia falta de respostas de Deus. Em 1956 escreveu: "Tão profunda ânsia por Deus - e ... repulsa - vazio - sem fé - sem amor - sem fervor. Almas não atrai - O céu não significa nada - reze por mim para que eu continue sorrindo para Ele apesar de tudo." Em 1959: "Se não houver Deus - não pode haver alma - se não houver alma então, Jesus - Você também não é real."

No entanto, o conteúdo de suas cartas não deve afectar a campanha por sua santificação, já que a igreja defende que outros santos também demonstraram dúvidas em relação a sua fé, como por exemplo São Tomé.

Fotos e texto tirados da Net.

6 comentários:

Elvira Carvalho disse...

Que teve alturas em que duvidou da sua fé? E da própria existência de Deus? E depois? Quem nunca duvidou perante tanta fome, tanta guerra, tanta injustiça? Ou simplesmente perante um problema de saúde mais grave? O próprio Cristo, quando grita"Pai porque me abandonaste?" não está a manifestar uma dúvida?
Eu admiro a Madre Teresa e mesmo que ela não seja santa, foi uma santa mulher para milhares de pessoas ao longo da sua vida.
Um abraço.

António Inglês disse...

Olá Elvira

Não fiz a postagem por causa das dúvidas de Madre Teresa, fiz apenas porque faz anos que lhe foi atribuído o Nobel da Paz.
Mesmo que tenha duvidado, foi sempre uma mulher de Deus, até nesses momentos.
A mim interessa-me mais o seu exemplo enquanto mulher e como solidária com os desfavorecidos.
Todos nós deveríamos parar um pouco e pensar como a vida pode ser diferente se a nossa atitude for... não digo igual... digo parecida com a de Madre Teresa. E nem é preciso que tenhamos de enveredar por uma vida celibatária, basta tão só estender a mão ao próximo, oferecer-lhe um pouco daquilo que muitos de nós temos em casa. Pode mesmo não ser materialmente... chega o apoio, o carinho, às vezes até um pequeno aperto de mão...
E quando podemos, porque não um pouco de pão?
Também não me preocupa que não lhe queiram chamar santa. Talvez não seja, ma sê-lo-à muito mais que os que a não querem santificar, pois esses vivem rodeados de riquezas e mordomias. Nunca os vi trilhar os mesmos caminhos que Madre Teresa, e de tantas outras...
Como o mundo estaria bem melhor...
Um abraço
José Gonçalves

Elvira Carvalho disse...

Eu entendi o post amigo: É qu últimamente em jornais e revistas s´o se fala das dúvidas da madre Teresa. E eu desabafei. O blog, Música Figos e Medronho, - está nos meus links - Fez em Setembro, um post sobre Madre Teresa. Não tem nada a ver com o seu mas se tiver curiosidade...
Um abraço

Anónimo disse...

Amigo José Gonçalves,

Um artigo sobre uma mulher que marcou a História, sobretudo pela sua simplicidade e pela sua força!
Tudo foi construido com muito amor e delicadeza...
Tão "humana" que partilhou com todos os momentos em que teve as suas duvidas de Fé, coisa que aconteçe a todos nós!
A sua Obra foi extraordinária e o seu testemunho de vida, algo em que devemos tirar o exemplo - perseverança...
Muitos beijinhos

Parabéns, estás quase a chegar às 2000 visitas... Boa!!!

António Inglês disse...

Amiga Elvira
Já visitei o blog que me aconselhou e li atentamente a postagem que lá foi feita sobre Madre Teresa.
Embora o artigo seja a opinião de quem o escreve (presumo que do autor do blog), não deixa de pretender ter a mesma reacção que pretendi com a postagem que fiz.
Sobretudo, porque o objectivo era provocar algumas reacções, o que me parece não consegui pois as visitas têm vindo a diminuir assustadoramente.
Mas cá está e agradeço-lhe a fidelidade que me tem dedicado.
Um abraço
José Gonçalves

António Inglês disse...

Aramis
Em vez de a criticarem, deveriam era louvá-la minha amiga...
Mas não, aqueles que vivem no meio da riqueza e da ostentação, mas que têm o poder na mão, levantam-lhe problemas...
A ver vamos se têm coragem de assumir as dúvidas até ao fim...
Um abraço
José Gonçalves