sábado, 29 de setembro de 2007

POLÉMICA SOBRE A FALTA DE CONDIÇÕES NAS ESCOLAS PORTUGUESAS




Da revista Proteste com o nº 284 de Outubro de 2007, retirei o Editorial que partilho convosco pela importância que representa ou devia representar para todos, em especial para os governos que sucessivamente têm vindo a passar ao lado da grande maioria dos problemas em torno das condições nas escolas portuguesas.


ESTUDAR COM CONFORTO É UMA MIRAGEM

Escolas antigas e novas sofrem do mesmo mal: má manutenção, humidade e frio. “Muitas escolas são provisórias e depois passam a definitivas. Não são construídas tendo em conta a região onde se inserem”, critica uma professora em Sintra, zona fria e húmida.

“Os alunos queixam-se mesmo muito no Inverno”. Revela ainda que “os pavilhões são ligados por corredores ao ar livre com cobertura de telhas”. Algo desadequado num clima chuvoso e de baixas temperaturas. Mas é o local escolhido por muitos alunos, pois espaços como a sala de convívio ou o bar, ficam lotados. Por fora, o edíficio está pintado, mas, por dentro, a humidade escurece as paredes. Foram os pais que as pintaram, nas férias.

A história não acaba aqui. Os vidros são simples, e a caixilharia da janela pouco resistente. As persianas de plástico degradadas, já não entram na calha. Outras ficam fechadas durante meses, pois a manutenção tarda em chegar.

No Alentejo, uma docente aposentada, mas atenta ao que se passa, alerta que #reumático, problemas de garganta e alergias”, são consequências ou sintomas que se agravam.

Sem aquecimento, a escola torna-se desconfortável ao ponto de professores investirem em pequenos aquecedores para suportarem o frio mais rigoroso.

Os sinais são visíveis em notícias, blogues e conversas. A educação é paixão declarada de outros tempos. Percorrido o País, a maioria das 20 escolas que visitámos testemunha a falta de investimento dos responsáveis camarários ou governamentais. E algumas, mais confortáveis ao nível térmico, são ajudadas pelo clima no Algarve. Noutras, excepcionalmente,as salas são aquecidas de forma adequada.

Agora que o ano escolar começou, é tempo de perguntar: em que ponto da lista de prioridades do Governo ficam as boas condições térmicas e de qualidade do ar nas salas de aula? Um ambiente propicio à aprendizagem é fundamental. Não reclamamos luxo. Exigimos direitos básicos.

Em causa está o futuro do País. Bibliotecas bem equipadas, computadores e ecrãs interactivos estão de parabéns. Mas falta o resto.

MAIS À FRENTE CONTINUA A REVISTA PROTESTE

Em pleno séc. XXI, há professores e alunos a tremer de frio em salas de aulas.

Compete ao Ministério da Educação mudar a situação nas escolas do 2º e 3º ciclos e à câmaras municipais das do 1º ciclo. É preciso uma fiscalização mais atenta.

Quero aqui fazer uma nota sobre a Escola do 1º ciclo de São Martinho do Porto, salientando que a Câmara Municipal de Alcobaça mandou recentemente efectuar obras que há muito eram reclamadas naquela escola. Não ficarão todas as necessárias para que os problemas que aquela escola tinha fiquem resolvidos, mas sobretudo no exterior, nos recintos de lazer dos alunos, as melhorias foram acentuadas, ficando a escola apetrechada com um recinto acimentado e devidamente vedado e apetrechado para a prática das aulas de ginástica e não só.

Também na Escola C+S da mesma localidade a Câmara executou obras de recuperação do Gimno-desportivo que bem necessitado estava, muito embora as mesmas não se encontrem terminadas, ao que julgamos saber por divergências de pagamentos entre a Câmara e o Empreiteiro.

Saliente-se que nesta Escola C+S de SMP, são reclamadas obras de manutenção na mesma, com a agravante de ter passado a ser Agrupamento de Escolas, cerca de 9 escolas fazem parte deste agrupamento, e o espaço físico existente não comportar esta situação. Como a entidade responsável pelas referidas obras é a DREL, o que acontece é que este organismo, ou responde que não tem verba para as executar ou nem sequer responde às solicitações.

DE NOVO A REVISTA PROTESTE

A nova lei obriga a que os pedidos de licenciamento de novos edifícios, feitos após 1 de Julho de 2007, cumpram requisitos para evitar os problemas diagnosticados. Estabelecimentos com mais de 1000m2 serão submetidos a auditorias energéticas todos os 6 (seis) anos. As instalações de aquecimento central serão inspeccionadas (manutenção periódica de 3 em 3 anos).

Os valores de referência relativos à iluminação não estão a ser cumpridos, originando cansaço extra nos alunos e professores. É preciso que os responsáveis das escolas verifiquem se os níveis de iluminação são os adequados.

Se queremos ver pautas escolares recheadas de boas notas, não podemos ficar parados.

Pese embora o Governo ter vindo a terreiro, declarar que este estudo efectuado pela DECO – PROTESTE, não espelhar o universo de 2 mil e tal escolas do País, pois apenas foram feitos em 20 escolas, a verdade é que esta situação se verifica em muitas das escolas portuguesas, e é matéria séria demais para ficarmos indiferentes.

Saibamos merecer os nossos jovens, que o futuro é deles. Como foi comentado numa postagem anterior deste blog, sobre o Comboio a Alta Velocidade, a verba elevada que nele se vai gastar sem grandes proveitos económicos para o País, poderia reverter para colocar as nossas escolas ao nível das melhores da Europa. Seguramente que todos ganharíamos com isso, e os nossos filhos melhor preparados ficariam.

8 comentários:

Maria Faia disse...

Olá Amigo,

Infelizmente é assim, como este artigo transmite, a realidade de muitas das nossas escolas.
Espero que a reorganização que está a ser feita do parque escolar produza resultados positivos e os novos centros educativos venham oferecer condições condignas aos nossos filhos que, como diz, e bem, serão os homens de amanhã.
Fechar escolas somente por razões económicas não serve, é muito pouco...

Beijinhos
Maria Faia

António Inglês disse...

Olá Maria Faia

Era altura de os nossos Governantes pousarem os olhos sobre a realidade do País e de uma vez por todas, assumirem uma política séria de renovação do nosso parque escolar.
Como diz e muito bem, fechar escolas não chega.
E a propósito de escolas fechadas...
Era bom também que o Estado, ou as Câmaras, soubessem o que fazer com muitas das escolas que têm sido encerradas.
Algumas têm sido entregues de forma duvidosa a algumas Associações que não as preservam e estão num completo abandono.
Querem exemplos? Venham até cá a SMP e nós mostramos...
Um beijinho
José Gonçalves

Ernesto Feliciano disse...

Amigo José,

Mais um artigo extremamente interessante com que nos brinda.

Continue com esta dinâmica.

Bom fim-de-semana.

António Inglês disse...

Ernesto, meu amigo

Dinâmica é o que não me falta, preciso é de encontrar paciência, porque isto às vezes torna-se "chato" e monótono.
Um abraço e um bom fim de semana
José Gonçalves

Anónimo disse...

Querido amigo,

Muito boa esta tua chamada de atenção!
As nossas crianças e jovens estão a ser muito maltratados a nivel do seu espaço escolar e dar-se computadores não é realmente a solução...
Era tão bom que os governantes tivessem mais discernimento e começassem a tratar os assuntos pela base!
Beijinhos e bom fim de semana!

Elvira Carvalho disse...

Como sou assinante da revista, já tinha lido o texto. Agora eu não tenho filhos na escola não sei como é, mas há 2 anos atrás, uma escola aqui de Santo André, foram os pais dos alunos que foram nos fins de semana substituir vidros e telhas.
Este ano segundo li no jornal do Barreiro, uma das escolas do conselho abriu num dia e fechou no dia seguinte para obras.
Um abraço e bom domingo

António Inglês disse...

aramis

É como dizes amiga.
Esperemos que os governantes tenham a coragem de assumir a responsabilidade de dar às escolas deste país a dignidade que as nossas crianças merecem.
Beijocas
Bom domingo
José Gonçalves

António Inglês disse...

Olá Elvira

Ainda existem escolas neste país onde os pais se interessam e colaboram na sua manutenção, coisa que não acontece em muitas.
Pertenci à Associação de Pais da escola de São Martinho durante dois anos, deixei este ano porque o meu filho mais novo mudou para as Caldas da Rainha, por essa razão tenho conhecimento de perto de muitos problemas com que as nossas escolas se debatem.
No entanto, queria chamar a atenção para muitos pais que fazem das escolas verdadeiros depósitos dos filhos. Vão lá pô-los de manhã e vão buscá-los à tarde, quando vão.
Depois, reclamam muito se alguma coisa corre mal com os seus filhos, mas durante o ano não põem os pés na escola. Esta interligação entre a comunidade escolar e os pais tem de ser encarada com coragem e infelizmente isso não acontece em muitos casos.
Um abraço
Bom domingo
José Gonçalves