sexta-feira, 28 de setembro de 2007

NAMOROS, NAMORICOS E CURTES...

imagem tirada da net

...Na sociedade ocidental o casamento implica expectativas de realização afectiva e um ideal de monogamia através do qual, teoricamente, o homem e a mulher se unem para a vida toda. O namoro assume então um papel importante: é a fase de procura e escolha do parceiro com o qual se deseja viver “até que a morte nos separe”...

...O namoro, além de ser encarado como a primeira fase do caminho que leva ao casamento, é para a maioria dos jovens, um passatempo importante. O rapaz deseja ser visto em público com uma garota que desperte a admiração por parte dos amigos. Ela, por sua vez, sabe que o interesse dos rapazes faz com que aumente seu prestígio na roda de amigos que frequenta. A pressão da “turma” é, às vezes, tão forte que muitos namoram somente para ficar “na onda”...

...Através do namoro, o rapaz e a moça passam a conhecer as incertezas e os problemas que afligem o sexo oposto, e começam a conhecer melhor a si mesmos. Através do convívio com o outro descobrem e definem a própria identidade...

...À medida que os “namoricos” e as “curtes” se vão sucedendo, há a transição para um namoro mais sério. Passada a fase da “turma”, rapaz e rapariga começam a seleccionar com mais objectividade os seus companheiros. Nessa ocasião pode aparecer um forte elemento romântico, a paixão. Segue-se, então, o namoro “firme”, que leva ao compromisso público, o noivado...

É por aqui que vou hoje começar, aligeirando um pouco o ambiente que nestes últimos tempos tem andado algo pesado por estas bandas. Por isso vou falar-vos de namoros, namoricos e curtes...

As diferenças que encontro entre o que a juventude do meu tempo dizia ser um namoro e aquilo que a juventude presente lhe chama, são algo acentuadas, ou talvez não...

Ora vejamos, os tempos são outros obviamente, com solicitações de toda a espécie. Há maior acesso aos meios audiovisuais, um novo e fácil acesso ao mundo da informática e uma agressiva oferta de informação escrita.

Esta facilidade e exposição que nos são oferecidas diariamente, não alimentam somente os jovens, também nós adultos e pais, ficamos mais por dentro de tudo. A comunicação entra-nos pela casa dentro sem pedir licença, ao alcance de um dedo, de um carregar do botão.

Não sou juiz de ninguém, muito menos farei juízos de valor sobre quem estará certo, se a juventude do meu tempo, se a juventude actual. As coisas mudam e viram as nossas vidas do avesso com a velocidade de um raio. É o progresso ou o que em nome dele se faz e diz.

Nos tempos que correm, já quase não existem “tábus” como antigamente. Ou melhor, ainda existirão alguns, mas poucos. Hoje tudo é mais fácil, mais simples, mais rápido, mais claro. Tudo parece normal e natural.

Passemos agora às diferenças que encontro. Na minha juventude, quando acreditávamos que gostávamos de uma garota, passávamos uns dias atrás dela, nem que fosse de longe, e aos poucos lá íamos conseguindo a tal conquista que tanto ansiávamos.

Depois dessa primeira vitória, vinha o pedido de namoro. Se corria bem óptimo, se não, era partir para outra.
Namoro começado, era feito às escondidas, e os beijos eram roubados sem que ninguém estivesse por perto, não por vergonha, mas porque era assim... foi assim ao longo dos anos...

De mãos dadas pelas ruas, saíamos meio envergonhados, de forma um pouco atrevida mas sempre temerosa de qualquer encontro menos apropriado. Um beijo dado mais às claras poderia significar umas horas na esquadra mais próxima, disso sou a prova viva.

Dos pais nem falar. Era coisa séria e só acontecia com o namoro muito avançado, porque alguns perduravam no tempo.

Conheço muitos casos, que os namoros de escola acabaram por dar em casamento, embora também seja verdade que muitos já deram em divórcio. Namoro prolongado nem sempre foi sinónimo de grande amor nem de felicidade eterna. Pelo contrário. As estatísticas comprovam-no e a voz do povo dá disso frequente testemunho.

Quando estes namoros eram fugazes ou pouco duradoiros, era de namoricos que se tratava. Vejamos agora os namoros e os namoricos actuais.

Numa primeira abordagem entre um rapaz e uma rapariga, verifica-se logo se existe “uma certa química” entre eles e a coisa começa ali se for preciso. Não é um namorico, nem tão pouco um namoro, chamam-lhe “uma curte”.

Questionei alguns jovens sobre o significado da palavra (entre eles o meu filho) e a resposta foi lapidar: “ Uma curte ” é um andar junto para ver o que vai dar". Boa explicação. Como é que no meu tempo nunca me lembrei disso?

Depois então sim, conforme o andar da “curte” em que os toques fortuitos e atrevidos deixaram de o ser, virá o namoro um pouco mais a sério ou o afastar puro e simples um do outro, sem grandes mágoas nem grandes feridas. No meu tempo isto não era assim. De cada vez que acabávamos um namoro, ficávamos uns tempos meio chateados com a história e a lamber as feridas, e normalmente as relações entre ambos não ficavam nada famosas...

Nada de novo no entanto, nada que não se ultrapassasse, mas não como agora. Agora cada um segue o seu caminho, paralelo que seja, sem ressentimentos.

Hoje namora-se em qualquer lado, sem complexos, à frente seja de quem for. Há demasiada liberdade na minha opinião. E nos tempos actuais todos os cuidados são poucos. O chamado amor livre que invadiu a Europa, vindo dos países nórdicos, foi banalizado de tal ordem que é preciso que os nossos jovens tenham consciência dos perigos que correm. Isso era coisa que no meu tempo não existia. Perigos sempre existiram é verdade, mas não como agora.
A SIDA é um flagelo actual muito perigoso, que todos temos de saber vencer, a começar por nós próprios.

Em resumo, as coisas boas e más sempre se fizeram. A juventude do meu tempo não deixou de as fazer, o que tivemos foi sempre a vantagem de as coisas demorarem sempre muito a saber-se. Mas davam muito mais trabalho...

Em jeito de balanço, e perante os factos, digo-vos o seguinte, sendo certo que é a minha, e só a minha opinião:

- talvez que a forma como a nossa juventude actual encara os namoros, os namoricos ou as curtes, como lhe quiserem chamar, tendo muito mais liberdade de acção e encarando a realidade de frente, quando as ligações amorosas passam a ser para valer, existam mais certezas. Quem sabe não se evitarão tantos divórcios. Uma coisa é certa: não me pareçam muito preocupados se isso tiver de acontecer. São os ventos...

O que não me parece é que haja hoje o romantismo de outrora, quando um beijo roubado era precedido de um: - dá-me um beijo, dás ? ( quando era ) E sendo pedido desta maneira, ou roubado à pressa, parecia que tinha mais sabor... Digam lá se não era lindo...

Pantominices de terceira idade, como diria minha avó materna...

José Gonçalves

8 comentários:

elvira disse...

Ora bem josé. Hoje deu-he para o romantismo...eheheh, já vejo um grupo de jovens a pensar... "O Cota tá noutra"
Falando sério. O namoro antigamente tinha outro encanto,os encontros de fugida, sempre a medo que alguém visse e fosse contar aos pais... era aquele sabor a fruto proíbido.
O primeiro beijo, deixáva-nos a tremer de emoção durante 24 horas.
Agora tornou-se banal. Não sei até que ponto tem algum valor especial para quem o dá ou o recebe.
Mas não se deixava de fazer o que se faz hoje. E a prova são os milhares de filhos de pais incógnitos que enchem os registos do século passado.
E que não se pense que porque não havia Sida, não havia perigo.
No século passado, morreu muita mulher com complicações da Sífilis, e da Gonorreia.
1º porque antes da descoberta da penicilina, era quase impossível a cura.
2º Mesmo depois da penicilina, quem era a mulher que antes do 25 de Abril procurava o médico por doenças desse tipo?
Meu sogro sempre chorou a morte da unica irmã que teve, e que morreu co 21 anos. Quando perguntei de que morreu, foi-me dito que casara com 19 anos e nunca mais fora a mesma. Morreu duma doença que o marido lhe pegou.
Está a ver?
Um abraço

António Inglês disse...

Elvira

Como a Elvira me compreende...
Tem mesmo a certeza de que não seremos irmãos?
Obrigado por ter acrescentado os seus preciosos considerandos que vieram acrescentar a mais valia que um simples pensamento em voz alta não tem.
É sempre agradável ver que alguém nos entende..
A Sífilis e a Gonorreia foram flagelos do século passado. No presente, a Sida não o é menos, antes pelo contrário. Esperemos que dentro em breve possamos falar dela como um flagelo deste século, mas felizmente com cura.
Um abraço
José Gonçalves

Anónimo disse...

Olá meu "namoradeiro"... faço ideia como foi!...

Eu sô uma romantica e acho que antigamente era mais bonito, os galanteios, as tentativas de aproximação, os "beijos roubados" de que falas, enfim...não era tão fácil!

Agora a nossa juventude vive tudo fora de tempo, muito mais cedo do que nós. E penso que tudo tem o seu tempo e a sua hora...
É virar banalidade, estar hoje com um, amanhã com outro. Falta o tal sentimento e a dificuldade em atingir o objectivo.

Que saudade que eu tenho de ouvir um assobio galanteador...

Mas ok, temos de nos conformar com a realidade que é outra completamente diferente. O mal é deles, pois perdem momentos que se viviam com muita intensidade.
Agora não se dá a mão, dá-se logo tudo!

Muitos beijinhos

António Inglês disse...

Olá aramis

Os tempos que correm estão muito insípidos para o meu gosto, mas a verdade, verdadinha é que nós nos roemos todos porque no nosso tempo queríamos todos o mesmo...
Só que quando o conseguíamos era muito mais saboroso e dava uma grnade "trabalhêra"...

Jinhos cá meus, ò minha...
Esta é à maneira deles, que a gente tem de se ir adaptando, nice?
Fica numa kool miúda...
José Gonçalves

Maria disse...

Qual terceira idade, qual quê!!!!
Então não era muito mais saboroso? O meu primeiro beijo foi dado tarde (no tempo), e andei na lua 3 ou 4 dias....
Eu nem me vou deter muito no teu texto, delicioso aliás, porque estou de acordo com ele. Mas fazes esta afirmação: "A SIDA é um flagelo actual muito perigoso, que todos temos de saber vencer, a começar por nós próprios"
Vencer? Quem me dera. Temos apenas de aconselhar os nossos jovens a "PROTEGEREM-SE". é só o que podemos fazer. Porque não a podemos vencer, ainda....
Pelo sim pelo não, o que eu faço às miúdas de 13 ou 14 anos é dar-lhes preservativos (às vezes às escondidas dos pais, outras vezes à frente deles), para que elas percebam que podem falar comigo sobre essas situações (ou outras mais complicadas, o que já aconteceu) e "botar-lhes discurso". Coisa que os pais não fazem.
Tenho a certeza de que nós, os "cotas", temos muito mais abertura para falar com os jovens de 15 ou 20 anos do que os pais deles....

Tem um bom fim-de-semana

Um abraço

António Inglês disse...

Olá Maria

Quando digo que temos que a vencer, é precisamente pensando na prevenção que todos têm de ter, nem só os jovens, seja lá de que maneira for. E se os cuidadosa ter forem salvaguardados já a estaremos a vencer.
O que era bom era que daqui a alguns anos fosse possível afirmar que a tínhamos derrotado.
Eu sou um "cota" sem dúvida, mas aos meus filhos sempre falei abertamente nesses e noutros problemas.
Minha amiga, um beijinho e um bom fim de semana.
José Gonçalves

avelaneiraflorida disse...

Percebe-se a diferença...com o tempo!!!
também estes jovens um dia falarão das suas "curtes" mais maduros com recordações ou pela sua ausência!!

No entanto, os sinais "externos" do mal são perdfeitamente identificãveis hoje como ontem!!!!
UM BOM FIM DE SEMANA!

António Inglês disse...

avelaneiraflorida


Sinais dos tempos minha amiga...
Isto foi a minha costela da saudade a falar...
Um beijinho e boa semana
José Gonçalves