quarta-feira, 26 de setembro de 2007

O Papa Paulo VI



Giovanni Battista Enrico António Maria Montini nasceu em 26 de Setembro de 1897 em Concesio (Lombardia) no seio de uma família de classe alta. Seu pai era advogado, mas não exercia a profissão, embora como editor fora um grande promotor da acção social. Giovanni era uma criança frágil, mas inteligente. Recebeu sua primeira educação dos jesuítas, numa escola em Brescia, próximo à sua casa. Entrou para o Seminário em 1916, mas teve que permanecer em casa por causa de sua saúde. Foi ordenado sacerdote

em 1920 e seguiu para Roma para estudar na Universidade Gregoriana, tendo sido transferido em 1922 para a Academia dei Nobili Ecclesiastici para estudar diplomacia, sem deixar de dar continuidade aos estudos de Direito Canónico na Gregoriana. Enviado em 1923 para Varsóvia teve de retornar em 1924 novamente para Roma, em razão dos efeitos que o severo inverno polaco causou sobre a sua saúde, assumindo o ofício de Secretário de Estado por 30 anos. Depois de leccionar na Academia dei Nobili Ecclesiastici foi nomeado Capelão da Federação dos Estudantes Católicos Italianos das Universidades que marcou profundamente sua relação com os fundadores do Partido Democrata Cristão.

Em 1937 foi nomeado pelo Cardeal Pacelli secretário para assuntos ordinários tendo-o acompanhado
a Budapeste em 1938 para O Congresso Eucarístico Internacional. Com a eleição do Cardeal Pacelli como Pius XII em 1939, Montini foi reconfirmado em seu ofício de Secretário de Estado. Durante a II Guerra Mundial organizou acções e refúgio político para os refugiados da guerra.

Em 1952 o Papa Pius XII anunciou que havia recomendado Montini e Domenico Tardini para o Colégio Sacro, mas ambos perguntaram se poderiam ser dispensados de aceitar. Em 5 de Janeiro de 1955 foi eleito Arcebispo de Milão, e tornou-se conhecido como 'Arcebispo dos trabalhadores'. Ele revitalizou inteiramente a diocese e suas actividades exerceram enorme impacto sobre a diocese. No Conclave de 1958 seu nome foi frequentemente sugerido. E na eleição do Papa João XXIII, em Dezembro daquele ano, ele foi um dos 23 prelados com o nome na lista cardinalícia. Respondeu imediatamente ao chamado para o Concílio, tendo sido um forte advogado do princípio do colegiado. Foi designado para ser o Presidente da Comissão Preparatória do Concílio Vaticano II e também membro da Comissão da Organização Técnica.

Com a morte do Papa João XXIII, Montini foi eleito Papa Paulo VI em 21 de Junho de 1963. Na sua primeira mensagem anunciou que daria continuidade ao trabalho de João XXIII, estabelecendo o Sínodo dos Bispos em 14 de Setembro de 1965.

Paulo VI foi um homem brilhante de profunda espiritualidade, de trato gentil e reservado e de uma infinita cortesia. Atrás somente do Papa João Paulo II, Paulo VI foi um dos que mais viajou tendo sido o primeiro Papa a visitar os cinco continentes. De fácil escrita e pena ágil, Paulo VI deixou-nos muitos ensinamentos. Contudo sua grande colaboração foi o encaminhamento do Concílio Vaticano II e a profunda reforma da Igreja e da Cúria Romana. Homem de seu tempo, demonstra com a sua encíclica Populorum progressio de 26 de Março de 1967 a sua preocupação com a questão do crescimento populacional no mundo e o modo de evitar desvios morais e doutrinais com relação ao modo como conter tal crescimento. Não menos importante é a sua Octogesima adveniens de 1971. Destaca-se a sua célebre encíclica Humanae Vitae de 25 de Julho de 1968, sobre a regulação da natalidade e a exortação apostólica Evangelii nuntiandi, de 8 de Dezembro de 1975, em que conclama a salvação para todos os povos.

Papa Paulo VI, o Papa peregrino, morreu em 6 de Agosto de 1978, na Festa da Transfiguração. Pediu somente que seu funeral fosse simples e que não se eregisse nada sobre seu túmulo.

Aquinate – Revista Electrónica de Estudos Tomistas

7 comentários:

Anónimo disse...

Querido amigo,
Como sempre, aprendi algumas coisas que não sabia sobre este Papa.
Tive ocasião de o conhecer em Roma, em audiencia privada quando acompanhada profissionalmente um grupo do chamado "Movimento dos Focolares". Já lá vão uns anitos bons...
Mas este foi o Homem do inicio da mudança: o Concilio Vaticano II, como mencionas no teu artigo.Foi uma lufada de ar fresco na Igreja Católica, mas as grandes mudanças levam tempo a fazer. Teve uma boa continuidade com o Papa João Paulo II, pelo menos ao nivel da "abertura" e do ecumenismo.A pouco e pouco penso que chegaremos lá...
Aproveito para te dizer que, em minha opinião, o nosso novo pároco me parece um inovador e um homem que não é "conformado". Prevê-se mudança... Veremos, pois da parte dos leigos tambem tem de haver muita colaboração.

Muitos beijinhos

António Inglês disse...

Amiga

Paulo VI foi efectivamente o obreiro da mudança que espero seja profunda.
A igreja precisa dela como do pão para a boca. João Paulo II, terá sido um continuador e porventura a grande mola que todos os católicos precisavam para se conciliarem coma a Igreja. A ver vamos o que o futuro nos reserva mas confesso-te que estou apreensivo nesse aspecto. O que João Paulo II fez, está perder-se a olhos vistos, não concordas?
Ainda bem que me fazes essa descrição do novo pároco de São Martinho. Não o conheço e pode trazer novos ventos a esta terra, ainda que isso possa parecer incómodo para o Padre Marques, de quem gosto e com quem tenho uma óptima relação.
Foi com ele que dei início às celebrações da Semana Santa em SMP, da forma como elas são celebradas agora como sabes, e independentemente de algumas divergências que tivemos, ele teve a clarividência e a humildade de reconhecer que eu tinha razão. E ainda bem. Hoje a Semana Santa em SMP é lindíssima.
Beijinhos minha amiga
José Gonçalves

António Inglês disse...

aramis

Claro que quando digo que dei inicio, quero dizer que fiz parte de uma comissão que deitou mãos à obra.
Ninguém vale nada sozinho.
Beijinhos
José Gonçalves

Elvira Carvalho disse...

Gostei mt. deste artigo. Como gostei do Paulo VI. E do João XXIII. Que me parece não estarem muito sossegados no túmulo por algumas atitudes deste seu sucessor.
Um abraço

António Inglês disse...

Boa noite Elvira

É mesmo como diz. Muitas voltas aqueles darão no túmulo perante a postura deste novo/velho Papa.
Um abraço
José Gonçalves

Anónimo disse...

Amigo José Gonçalves,

Tens toda a razão, pois sentimos que as coisas com o actual Papa, estão em "banho morno". Nunca entendi esta escolha, pois é um homem muito ligado à Opus Dei, o que o torna retrógado.
Esperemos melhores tempos...

O Pe. Marques não pode estar mais contente e continua a trabalhar (num outro ritmo) com o Pe. Joaquim.
Ele próprio dizia que já se sentia muito cansado. E a brincar a brincar, são duas Freguesias como sabes, com várias paróquias agregadas.A fazer bem, dá muito trabalho!

Muitos beijinhos

António Inglês disse...

aramis

Quanto ao novo Papa, acho que nem com a cara dele eu engracei, que queres que te faça???
Eu sabia que o Padre Marques iria continuar. É bom para ele que tem tempo de se ir retirando a pouco e pouco.
Beijinhos
José Gonçalves