terça-feira, 4 de março de 2008

ELE HÁ COISAS DO ARCO DA VELHA !

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Quero hoje aproveitar o ensejo para vos falar sobre uma matéria que me é particularmente familiar pois foi assunto que tratei ao longo destes últimos anos de vida profissional.

Imobiliário e Construção.




Pois é meus amigos, ando com algumas atravessadas que tenho hoje de deixar expressas neste blog para que vos sirva de reflexão em casos futuros, se quiserem ter a maçada de ler esta minha curta (vou tentar) crónica sobre a Construção na generalidade. Por certo, todos nós, ou quase todos, nos últimos anos visitámos andares, apartamentos, moradias. Não quero pronunciar-me sobre moradias pois essas crescem à medida dos desejos do novo proprietário e do gosto do Arquitecto. Quero antes falar sobre apartamentos. Já repararam seguramente que hoje, a maioria dos construtores tentam vender-nos casas com quartos exíguos, muito pequeninos onde mal cabe uma mobília de quarto completa. Raro é aquele em que se pode ter cama de casal, cómoda, duas mesas de cabeceira e ... mais nada. Muitos, basta a cama e uma mesa de cabeceira porque a outra já não cabe e de cómoda nem falar, a menos que seja uma daquelas que se podem aplicar mas que as gavetas só dão para pôr meias, peúgas, cintos, cuecas dobradas em três e pouco mais. Pois é meus amigos, isto andava a fervilhar-me na cabeça. Sempre soube, cá no íntimo, das razões dessas medidas de quartos, mas recentemente vim a confirmar a minha suspeita. E é simples, num determinado piso, onde caberiam por exemplo seis T3, se forem reduzidas as áreas de quartos, salas, cozinhas e outras divisões dos apartamentos, poder-se-ão construir oito ou nove T2, claro. Depois é só fazer contas e verificar se para o construtor não fica mais atraente, financeiramente falando, este método de construção.
Claro que fica



Mas deixemos as dimensões dos apartamentos e falemos de estética. Quantos prédios estão construídos com padrões de qualidade estética, respeitando a traça da região, bem enquadrados no meio ambiente, não sendo agressivos à vista? Muitos são autênticos atentados ao bom gosto, pelo menos para mim e se calhar para muitos que conheço.
É vulgar, numa determinada localidade, constatar-mos uma diversidade de estilos, misturados quer em cores, quer em aspecto exterior, não respeitando o que tradicionalmente se vinha construindo ao longo dos anos. Não defendo que se construam prédios todos iguais, mas muitos, são tão diferentes e tão aberrantes que chegamos a pensar como é possível? E mesmo lado a lado o que é mais complexo ainda e incompreensível.
Vou particularizar com um exemplo, dos muitos que por aí andam espalhados por este nosso cantinho à beira – mar plantado.




Em S. Martinho do Porto, foi construído há pouco mais de um/dois anos um edifício, em zona bem central desta Vila, que embora não gostando da sua arquitectura, não tenho que a por em causa. Cada um é livre de gostar do que quer. E nada me faria falar nele se não me tivessem vindo alertar para um facto insólito que, reconheço, não sei se corresponde concretamente à realidade pois não consegui chegar à fala com nenhum dos proprietários do mesmo, que já foi vendido por andares. Mas partilho a curiosidade do insólito porque confirmei a existência de uma casota de chapa construída no exterior do prédio (ver fotos), que ao que me dizem, guardam as botijas de gás que abastecem o referido prédio, uma vez que não ficou previsto no projecto nenhum compartimento para albergar com segurança as tais botijas de gás.
A ser verdade, pergunto: Então não houve projecto? Nesse projecto não estava mesmo previsto nenhum compartimento para o Gás? Não existiram projectos de especialidade?
Passou o pormenor ao Arquitecto? Ao Engenheiro? À Câmara Municipal de Alcobaça? Ao construtor? Aos operários da obra? À vistoria? Como foi passada esta licença de habitabilidade? Baseada em quê?




Será tudo isto verdade ou não passará de mais uma grande mentira? A verdade é que a casota lá está, e esta versão é voz corrente pelas ruas da Vila. A não ser verdade, que fará ali aquela casota de chapa? Que guardará? E como este mesmo Edifício já chegou a chamar seu um parqueamento que era público, ficam no ar tantas perguntas sem resposta.
Haverá alguém que saiba responder? Ele há coisas do arco da velha, que só vistas pois contadas ninguém acredita.

José Gonçalves


NOTA FEITA EM CIMA DA HORA:


Acabei de constatar que afinal existem mais prédios nas mesmas condições em São Martinho do Porto, igualmente com os depósitos do gás construídos em chapa em cima dos respectivos passeios. Será que pegou moda? Fui informado também que esta situação já mereceu a visita do responsável dos Bombeiros de São Martinho do Porto e de técnico Camarário mas até ao momento nada foi feito. Estranha-se a vinda de um técnico da Câmara para este efeito, uma vez que julgo ser aquela entidade que aprova os projectos de construção. Lá vamos cantando e rindo, como se estivesse tudo às , mil maravilhas.

José Gonçalves

12 comentários:

Carminda Pinho disse...

Pois é amigo,
Vê-se por aqui em Oeiras também algumas construções que´são um atentado à arquitectura.
Moro num bairro relativamente novo tem uns 12 anos. Alguns dos prédios foram construídos em que a altura das varandas do r/c (porque aproveitam sempre para fazerem caves com janelas quase rente ao chão)que dão para o passeio não deixa passar quem tenha mais de 1,50m. Eu que tenho 1,56m quando passo por lá passo tenho que baixar a cabeça senão...abria a cabeça de certeza.
Eu acho que a culpa é principalmente das Câmaras Municipais, pois se ninguém pode construir sem autorização da Câmara e se durante a fase da construção e antes de passarem a licença de habitação é obrigatório virem fiscais verificar as casas, quem mais poderá ter culpa?
Ah! culpados são também aqueles que as compram nessas condições...

Beijinhos

Isamar disse...

Ele há coisas do arco da velha! A ser verdade, o projecto deveria conter em si o espaço adequado para as garrafas pois não se percebe que seja aproveitada a via pública para o fazer.Mas que há coisas inexplicáveis para o cidadão comum pagante de impostos, há mesmo.
Quanto ao resto também estou contigo.Questões de gosto, tão aberrante.
Por aqui voltarei ainda hoje.
Beijinhosssss

amigona avó e a neta princesa disse...

Ó Zé, só tu!!!! Eu explico: nós aqui deste lado com o coração tão apertadinho, sofrendo com a expectativa do que vai acontecer, passamos por aqui para ver se já há um véu a adivinhar qualquer coisa do que vai acontecer e tu - PIMBA! Não música mas dás-nos um post todo sério sobre construção, botijas de gás e sei lá o quê!!!!Ó Zé tem dó!!! Olha que ainda nos dá alguma coisa e tu ficas com remorsos!!! Vais para a estranja? Vais embora? Mas lá não há internet?
Vá diz lá alguma coisa para ficarmos sossegadas...gostamos muito de ti Zé, mas isso TU SABES! Beijos, amigo...

Rakel Macedo disse...

Ora que desconhecia tal facto. :) irei passar por lá da próxima vez que tiver por S. Martinho. Mas, isso a sim ser... Será seguro? Será que não é perigoso?

Como passou na vistoria dos Bombeiros? Na da CMA?

Meu Deus...

Anónimo disse...

Meu caro amigo,

em termos de estética de construção ainda lhe deve fazer mais confusão uma vez que está "mal habituado", no seu/nosso Minho há "casinhas" de nos fazer babar ;-)
Quanto ao gás acho muito estranho porque o meu irmão construiu uma vivenda na freguesia e os fiscais da CMA foram muito exigentes, tinha uma "casa do gás" debaixo das escadas exteriores e foi obrigado a fazer uma junto ao portão de entrada e inutilizar a primeira.

Um abraço
Paulo Fonseca

António Inglês disse...

Olá Carminda
É como diz realmente, e em muitos casos essas caves dos edifícios que inicialmente teriam sido aprovadas para parqueamentos, acabam por ser transformadas em lojas para serem vendidas, com alterações aos projectos originais, etc, etc, etc.
Conheço casos, e comigo passou-se exactamente isso, em que a compra do andar foi efectuada tendo-me sido dito que teria um lugar de parqueamento na cave e depois de parqueamento, apareceram lojas que foram vendidas a bom preço.
Tudo se faz e não tivemos direito a nada.
Provavelmente é o país que merecemos...
Um abraço
José Gonçalves

António Inglês disse...

Sophiamar

Se voltares a ler esta crónica que escrevi, verificarás que lhe acrescentei mais um pequeno comentário pois acabei de constatar que em São Martinho do Porto existem mais edifícios com o mesmo problema.
Na volta é moda nova....
Um beijinho
José Gonçalves

António Inglês disse...

Amigona

Tinha de falar uma última vez nesta linda terra onde vivo e que infelizmente tem sido tão mal tratada. Ainda por cima tem andado nas bocas do mundo pelas piores razões, o que não abona em nada as suas gentes.
Lamenta-se que assim seja.
Quanto ao resto minha amiga, tudo tem um fim e o prazo de duração do José Gonçalves esgotou. Creio mesmo que se prolongou por influências de muitos de vós.
Por isso, sei o quanto me vai custar mas tem de ser.
Um grande abraço e tudo de bom para vocês.
José Gonçalves

António Inglês disse...

Rakel

Querida amiga, infelizmente parece que é mesmo verdade e acabo de constatar que não é caso virgem em São Martinho do Porto. Hoje de tarde levaram-me a ver outros dois edifícios nas mesmas condições.
Não sei se é seguro ou não, o que sei é que não deve ser permitido por Lei esta anomalia.
Porque razão não são intimados os proprietários para rectificar o problema isso também não sei.
O que sei é que estas coisas acontecem.
Beijocas.
José Gonçalves

António Inglês disse...

Amigo Paulo Fonseca

Pois é, esses hábitos que criei obrigam-me a reparar ainda mais nas coisas, mas olhe que já se vão vendo alguns atentados ao bom gosto lá por cima, o que é uma pena. No entanto as Câmaras ainda obrigam a respeitar muitos os critérios de estética e de traça da região.
Sabia também desse caso da casa do seu irmão o que deixa ainda mais intrigado, e o que é mais grave é que em relação a esta particularidade da casota de gás feita em chapa e em cima do passeio existem em mais prédios cá da nossa terra.
É uma perfeita rebaldaria meu caro
Um abraço
José Gonçalves

Elvira Carvalho disse...

E quando eu pensava que já nada me surpreendia, eis que nos trás essa moda das barraquinhas nos passeios.
Um abraço

António Inglês disse...

Bom dia Elvira

Em São Martinho do Porto tudo se espera. Como é uma terra que está na moda, elas aparecem por cá... aos montes...
Um abraço
António Inglês