quinta-feira, 4 de outubro de 2007

SALINAS DE RIO MAIOR – O SAL SEM MAR



As salinas naturais de Rio Maior, situadas a 3 km da sede de concelho constituem um dos principais referenciais da localidade e são um orgulho para Rio Maior, por serem as únicas do género em Portugal ainda em exploração. Estas salinas estão consideradas como Imóvel de Interesse Público, no contexto do património cultural português. é assim que, do antiquíssimo poço das Marinhas do Sal, brota água salgada que abastece os 400 talhos, ou compartimentos, e os 70 esgoteiros, que ocupam 21 865 m2.

A água desta nascente é sete vezes mais salgada que a água do mar, e era retirada com a ajuda de duas enormes Picotas ou "Cegonhas" há bem pouco tempo. Estes engenhos são um legado árabe com certeza, pois foram estes que os introduziram na Europa. Aliás, é de crer que os romanos, e depois os árabes, tenham explorado em grande escala estas salinas.

Aqui podem ser apreciadas as pirâmides de sal e todo o conjunto de casas típicas de madeira, que fazem das salinas naturais um museu vivo com mais de oitocentos anos. Recomenda-se a sua visita durante os meses de verão, pois só nessa altura é possível a formação dos cristais de sal.

Há referências ás salinas de Rio Maior desde 1177, em documentos escritos que são aliás os mais antigos sobre Rio Maior. Sabe-se também que D. Afonso V era proprietário de cinco talhos nas salinas de Rio Maior no século XV, e que recebia um quarto de toda a produção, tendo o monopólio da sua venda. A importância económica das salinas para a região, está bem vincada nas duas pirâmides de sal retratadas no Brasão da cidade de Rio Maior.

Estas salinas são únicas no país e são fruto de uma maravilha da natureza. A água salgada provém de uma extensa e profunda mina de sal-gema, que é atravessada por uma corrente subterrânea de água doce, que se torna depois salgada. Trata-se de sal puro (97,94% de cloreto de sódio), que é recolhido nos talhos pelos marinheiros (designação dada aos salineiros). O poço tem 9 metros de profundidade e 3,75 de diâmetro e a distribuição da água pelos talhos obedece a regras consuetudinárias de origem ancestral.

Em nome da tradição, a própria Cooperativa Agrícola dos Produtores de Sal de Rio Maior, criada em 1979, tem recusado sempre qualquer tipo de exploração industrial do salgado de Rio Maior. Por isso, o trabalho nas salinas é sazonal, ocorrendo apenas durante a época estival, altura em que os habitantes das redondezas descem a encosta da Serra dos Candeeiros, para a milenar labuta do “sal sem mar”.

As salinas estão divididas em compartimentos de diversos tamanhos, a que se chama talhos. Estes são feitos em cimento ou pedra e têm pouca profundidade. Actualmente a água salgada é retirada do poço por meio de um motor, sendo posteriormente distríbuida pelos talhos, através de regueiras. Os estreitos carreiros que separam os talhos, servem para os marinheiros circularem entre os compartimentos, e denominam-se baratas. Para além destes talhos existem os esgoteiros, onde é colocada a água salgada para mais tarde ser distribuída pelos talhos. Para o processo de secagem estar completo, o sal é colocado em eiras, sendo posteriormente transportado para as velhas casas de madeira, onde é conservado e vendido. No local, em algumas dessas típicas casas de madeira, há uma série de cafés, restaurantes e lojas de artesanato, que constituem o suporte turístico deste autêntico museu vivo.

"Se ainda não foi jantar a um dos restaurantes junto às salinas de Rio Maior, aconselho o tradicional "franguinho" que comido ali numa daquelas casinhas transformadas em restaurante, tem um sabor divinal. Vá cedo porque se assim não acontecer terá de esperar pela sua vez".

ALGUNS DADOS ECONÓMICOS E TURÍSTICOS

O processo de fabrico tem actualmente duas componentes, a artesanal e a industrial. Existe desde 1979 a Cooperativa Agrícola dos Produtores de Sal de Rio Maior que agrupa a maioria dos actuais proprietários, tendo como objectivo a comercialização de sal dos cooperantes e promover acções de apoio aos mesmos, na transformação da salmoura e seu aproveitamento. A concentração de sal em armazéns construídos para o efeito, veio permitir a sua recolha e armazenagem em melhores condições, disponibilizando as "casinhas" de madeira para a comercialização de artesanato.

CONCELHO DE RIO MAIOR

MONUMENTOS

§ Gruta em Nossa Srª da Luz - Fica na Quinta da Senhora da Luz, na estrada de Rio Maior para as Caldas da Rainha. (M.N.).

§ Igreja de Santa Maria Madalena, paroquial de Alcobertas, e megalito-capela adjacente - Templo de uma nave, com alpendre a anteceder a porta que é encimada por um nicho com imagem quatrocentista. É revestido de azulejos do tipo "padrão" do séc. XVII. Possui uma pia baptismal e outra de água benta, quinhentistas. O que singulariza esta igreja é o facto de uma das capelas laterais ter aproveitado e reutilizado uma Anta.
(I.I.P. - Freguesia de Alcobertas)

§ Pelourinho de Azambujeira - Assenta numa plataforma de três degraus. A coluna tem base paralelipípédica, em mármore lavrado, fuste liso e capitel lavrado. É rematado por corpo oval. (I.I.P. - Freguesia de Azambujeira).

§ Villa Romana - Ruínas descobertas em 1992. Presença de mosaicos de qualidade. O achado mais valioso até à data foi uma ninfa do séc. I. (Rio Maior).

§ Igreja da Misericórdia - Templo de fachada barroca, de nave única. Possui dois altares laterais e dois colaterais, estes últimos do séc. XVI.

INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA

Integrado numa zona apelidada de "Estremadura Ribatejana", o concelho de Rio Maior situa-se numa área de transição onde as influências do Ribatejo e do Litoral se mesclam, dando lugar a um espaço cheio de originalidade. Abrange uma área de 277,4 km2 com altitudes inferiores a 500m, salvo raras excepções. As várias linhas de água que percorrem o seu território constituem uma densa rede hidrográfica da qual se destaca o rio Maior que deu nome à localidade e concelho. O Norte do concelho, delimitado pela Serra dos Candeeiros, apresenta um variado número de grutas e algares naturais. Para Sul são mais evidentes as planuras e consequentemente, as influências ribatejanas.

Rio Maior situa-se no centro do país, a 80 km de Lisboa, 30 km de Santarém e 20 km de Caldas da Rainha. Pertence à Região de Turismo do Oeste e, administrativamente, é um dos concelhos do Distrito de Santarém.

Por se encontrar numa zona de transição, aí se percebem influências ribatejanas, a Sul, e estremadurenhas a Norte.
A zona Norte do concelho integra-se na área protegida do Parque Natural das Serras d´Aire e Candeeiros da qual também fazem parte as Salinas de Rio Maior.



LOCALIZAÇÃO

Coordenadas

39º20 Lat. N. e 8º 53´2 Long. W.

Continente

Europa

País

Portugal

Província

Ribatejo

Distrito

Santarém


LIMITES TERRITORIAIS

Norte

Alcobaça

Norte

Porto de Mós

Oeste

Caldas da Rainha

Oeste

Cadaval

Leste

Santarém

Sul

Azambuja

DISTÂNCIAS KILOMÉTRICAS

Lisboa

80 km

Porto

234 km

Leiria

50 km

Santarém

30 km

Caldas da Rainha

20 km


ADMINISTRAÇÃO

Diocese

Santarém

Região

Lisboa e Vale do Tejo

Sub-região

Lezíria do Tejo

Região de Turismo

Oeste

Freguesias

14

Textos e fotos retirados da net


12 comentários:

Isamar disse...

Mais um post interessantíssimo. Desconhecia completamente estas informações, que me vão ser muito úteis. Ainda há poucos dias andei por aí e só não fui a Rio Maior, ver as salinas com outros olhos porque não tinha esta informação.Quando puder, passarei por aí, agora com o conhecimento que me transmitiste.
Obrigada, Zé, pela excelente aula que aqui nos dás.
Beijinhos agradecidos. Tem um bom dia!

Isamar disse...

Se puderes, explica-me, por mail, como se faz um slide show como os que aqui nos mostras.
Obrigada. Beijinhos.

elvira disse...

Caramba josé, desta vez caprichou mesmo.Um texto excelente a que não falta nada. A merecer uma medalha do presidente da câmara.
O meu irmão já me falou deste sal sem mar em Rio Maior. Ele trabalha para esses lados em Santa Suzana. Um Verão há 3 ou 4 anos ele levou meus pais na caravana, para lhes mostrar.
A minha mãe ficou paraplégica, após o 3º AVC já á quase 25 anos e só viaja em caravana.
Eu conheço Rio Maior de passagem.
Há uns anos atrás fomos almoçar no dia de Ano Novo a um restaurante que há lá para a serra, (agora não recordo o nome) e fomos ver a localização da mina, mas sóa localização porque nos disseram que estava tudo fechado, que só de Verão.
Um abraço

António Inglês disse...

Olá Elvira

Bom dia. Efectivamente estes textos não são meus como imagina, e foram tirados de documentação que está disponível na Internet para toda a gente. Nada fiz de tão especial pois alguns desses documentos são da informação da Câmara Municipal de Rio Maior, cujo Presidente, Dr. Silvino Sequeira faz o favor de ser nosso amigo.
Não foi por causa disso que me lembrei desta postagem. Como penso que já lhe disse, meu pai era de uma pequena aldeia de nome Anteporta, que pertence ao Concelho. Daí o meu carinho especial por esta zona e onde vive uma irmã minha com a restante família.
Santa Suzana é uma localidade bem bonita e tinha uma festa famosissima na época de meus avós e de que eles falavam sempre pois a ela não faltavam, indo de carroça desde a sua aldeia que dista desta cerca de 15 kilómetros.
Confesso-lhe que nunca assisti a estas festas e desconheço se ainda continuarão. Como tudo neste país que cheira a tradição tem tendência a acabar aos poucos,não se continuam mesmo.Talvez.
No Alto da Serra, pois é assim que se chama a serra que está sobranceira às salinas, existem vários restaurantes e muito bons.
Provavelmente teria sido o de nome "O Cantinho da Serra" que é quiçá o mais famoso.
Digo-lhe apenas que vale a pena lá voltar pois tem cerca de 10/15 entradas, para além de bom prato e é gente simpática.
Mas dou-lhe outro conselho, experimente um dia que volte a Rio Maior a ir comer um franguinho num restaurante que está instalado numa das casinhas onde antigamente se guardava o sal e vai ver como vao gostar do ambiente e da comida que ali é excelente. Depois saia e vá em frente comer uma "filhós" e um café d'avó e depois diga-me se gostou...
Rio Maior, é das terras que mais progrediu nos últimos anos nesta região e essa é a homenagem que lhe faço. Os autarcas que a têm gerido, têm sabido fazê-lo e não é por acaso que esta cidade tem um pólo do Ensino Superior no Desporto e um parque desportivo sobejamente conhecido, onde têm estagiado várias equipas nacionais e estrangeiras. Esse facto já deu frutos e já existem atletas daqui oriundos que granjearam nome no atletismo, caso da Susana Feitor.
Lá estou eu a falar muito. Sou assim mesmo, desculpe.
Quanto à senhora sua mãe, embora esteja com problemas de saúde há muitos anos, espero que se conserve muitos mais junto dos seus.
Um grande abraço pelas palavras sempre encorajadoras que me dedica.
José Gonçalves

António Inglês disse...

sophiamar

Minha amiga, ainda bem que te fui útil, mas desde já te digo que também a mim me tem sido frutuoso ir até ao teu cantinho beber muita informação deste nosso Portugal que eu pensei conhecer e que chego à conclusão de que não conheço nada mesmo.
Santa ignorância a minha.
Rio Maior, é o Concelho de onde meu pai era natural, e onde ainda temos casa, e muitos amigos naturalmente.
Dispõem sempre que precisares.
Penso mesmo que esta nossa mania de andarmos por aqui a mostrar o verdadeiro País uns aos outros, mostrando a nossa região e aquelas que conhecemos é o melhor trabalho de divulgação que se podia fazer, para além das amizades que vamos cimentando mesmo sem nos conhecer-mos pessoalmente.
Por aquilo que tenho aprendido, também contigo, fico-te muito grato.
Um grande beijinho e obrigado pelas tuas palavras.
José Gonçalves

António Inglês disse...

Vou tentar, como me pedes dar-te algumas indicações de como faço os slides.
Foi um amigo que veio cá a casa ensinar-me e vou ver se serei capaz de o fazer. Vou tentar. Se não conseguir peço ajuda.
Breve o farei.
Um beijinho
José Gonçalves

Ernesto Feliciano disse...

Amigo José,

Temos de lá ir comer um franguinho.

Um abraço.

António Inglês disse...

Fica combinado.
Há uns tempos falhou por eles estarem fechados para férias mas agora vai.
Um abraço
José Gonçalves

São disse...

Fiquei mais informada...e lamentando ainda mais nunca ter estado nas salinas.
Se não for muito descaramento, gostaria de o ler no meu espaço...será possível?
Não é tão tecnológico, que eu ainda descobri a Net há dias...
Saudações1

António Inglês disse...

Olá São

Boa tarde.
O que encontrar por cá e que entenda que de alguma maneira gostaria de utilizar.... faça o favor.... sirva-se...
Um abraço
José Gonçalves

avelaneiraflorida disse...

MAIS UM VEZ...AS maravilhas deste nosso cantinho!!!

QUE BOM chegar aqui e aprender um pouco mais!!!!

UM BOM FIM DE SEMANA!!
Bjks

António Inglês disse...

Deste nosso cantinho diz muito bem...
Fico feliz mais pela vossa visita, mas se puder ser útil melhor.
Um abraço
José Gonçalves