terça-feira, 9 de outubro de 2007

9 DE OUTUBRO DE 1261 NASCIA O 6º REI DE PORTUGAL – D. DINIS

D. DINIS – O Lavrador, O Rei-Agricultor, O Rei-Poeta e O Rei-Trovador

D. Dinis foi o sexto rei de Portugal. Filho de D. Afonso III e da infanta Beatriz de Castela, neto de Afonso X de Castela, foi aclamado em Lisboa em 1279.

Foi cognominado O Lavrador ou O Rei-Agricultor, pelo impulso que deu no reino àquela actividade, e ainda O Rei-Poeta ou O Rei-Trovador, pelas Cantigas de Amigo e de Amor que compôs, e pelo desenvolvimento da poesia trovadoresca a que se assistiu no seu reinado. Foi o primeiro rei português a assinar os seus documentos com o nome completo. Presume-se que tenha sido o primeiro rei português não analfabeto

ADMINISTRAÇÃO

Como herdeiro da coroa, D. Dinis desde cedo foi envolvido nos aspectos de governação pelo seu pai. À data da sua subida ao trono, o país encontrava-se em conflito com a Igreja Católica. D. Dinis procurou normalizar a situação assinando um tratado com o Papa Nicolau III, onde jurava proteger os interesses de Roma em Portugal. Salvou a Ordem dos Templários em Portugal através da criação da Ordem de Cristo, que lhe herdou os bens em no reino português depois da sua extinção e apoiou os cavaleiros da Ordem de Santiago ao separarem-se do seu mestre castelhano.

D. Dinis foi essencialmente um rei administrador e não guerreiro: envolvendo-se em guerra com Castela em 1295, desistiu dela em troca das vilas de Serpa e Moura. Pelo Tratado de Alcanises (1297) firmou a Paz com Castela, definindo-se nesse tratado as fronteiras actuais entre os dois países ibéricos. Por este tratado previa-se também uma paz de 40 anos, amizade e defesa mútuas.

A sua prioridade governativa foi essencialmente a organização do reino: continuando a vertente legisladora de seu pai D. Afonso III, a profusa acção legislativa está contida, hoje, no Livro da Leis e Posturas e nas Ordenações Afonsinas. Não são "códigos" legislativos tal como os entendemos hoje, mas sim compilações de leis e do direito consuetudinário municipal, alteradas e reformuladas pela Coroa.

Com efeito, a incidência de questões de carácter processual com igual peso ao carácter de direito positivo das suas leis, denuncia a crescente preocupação do rei em enquadrar o direito consuetudinário (ou costumeiro) no âmbito da Coroa, e em efectivar o seu poder no terreno. As determinações sobre a actuação de alvazis (oficiais concelhios), juízes, procuratores e advocati demonstram isto, já que um poder meramente nominal sobre todos os habitantes do Reino, como era típico na Idade Média, não se compatibiliza com este esforço em esmiuçar os trâmites jurídicos, ou em moralizar o exercício da justiça. A criação de corregedores denuncia claramente o início do processo de territorialização da jurisdição da Coroa, extravasando os domínio régios, a par da crescente importância da capitalidade de Lisboa.

O reinado de D. Dinis acentuou a predilecção por Lisboa como local de permanência da corte régia. Não existe uma capital, mas a localização de Lisboa, o seu desenvolvimento urbano, económico e mercantil vão fazendo da cidade o local mais viável para se afirmar como centro administrativo por excelência.

A articulação entre o norte e o sul do país - este sul que se torna alvo da maior atenção e permanência dos reis - fazem de Lisboa centro giratório para tornar Portugal viável. Entre o norte, onde a malha senhorial é mais densa e apertada, e o sul, onde o espaço vasto conquistado aos mouros implanta sobretudo os domínios régios e as ordens militares, assim como vastos espaços de res nullius e torna Portugal um reino onde duas realidades diferentes se complementam.

Preocupado com as infra-estruturas do país (ver discussão), D. Dinis ordenou a exploração de minas de cobre, prata, estanho e ferro. Fomentou as trocas com outros reinos, assinou o primeiro tratado comercial com o rei de Inglaterra em 1308 e criou o almirantado, atribuído como privilégio ao genovês Manuel Pessanha, e fundando as bases para uma verdadeira marinha portuguesa ao serviço da Coroa.

D. Dinis redistribuiu terras, promoveu a agricultura e fundou várias comunidades rurais, assim como mercados e feiras, criando as chamadas feiras francas ao conceder a várias povoações diversos privilégios e isenções. Um dos seus maiores legados foi a ordem de plantar o Pinhal de Leiria, que ainda se mantém, de forma a proteger as terras agrícolas do avanço das areias costeiras.

ÚLTIMOS ANOS E MORTE

Os últimos anos do seu reinado foram marcados por conflitos internos. O herdeiro, futuro D. Afonso IV, receoso que o favorecimento de D. Dinis ao seu filho bastardo, D. Afonso Sanches o espoliasse do trono, exigiu o poder e combateu o pai. Nesta luta teve intervenção apaziguadora a Rainha Santa Isabel que, em Alvalade se interpôs entre as hostes inimigas já postas em ordem de batalha.

D. Dinis morreu em Santarém a 7 de Janeiro de 1325, e foi sepultado no Mosteiro de São Dinis, em Odivelas. Tem como descendente também o Papa Bento XIII, que foi papa de 1724 a 1730.

Fotos e textos tirados da Net


20 comentários:

Maria disse...

O que a gente aprende (ou refresca memória) aqui....
Quantas vezes o que aprendemos na Escola é "empinado" sem percebermos o contexto que, esse sim, explica tudo....

Abraço

Elvira Carvalho disse...

É bom lembrarmos factos da nossa história, que tão maltratada anda por vezes. D. Dinis era um homem de larga visão. Não fora o pinhal de Leiria e com a actual erosão marítima onde andaria aquela zona.
Pena não se ter lembrado dum pinhal para a Costa da Caparica. Naquela altura ainda devia haver terra para o fazer. Hoje é o que se vê.
Um abraço

António Inglês disse...

Maria

Refresca a memória minha amiga, refresca...
Quem aprende e refresca sou eu porque na maioria das coisas que aqui deixo consulto vários documentos e ai sim, ai aprendo coisas que nem sequer conhecia.
Um exemplo foi este nosso Rei D. Dinis de quem poderia ter transcrito muito mais pormenores da vida do país e da sua própria.
Mesmo não o fazendo, o que postei já é bastante e eu sei que a maioria de nós nem gosta de perder muito tempo a ler.
Acho que essencialmente aquilo que as pessoas procuram nestes pequenos diálogos, é uma forma de se irem comunicando, sem grandes riscos, e escrevendo muitas vezes aquilo que lhes vai na alma.
Seja como for, eu vou satisfazendo a minha curiosidade e também gosto de sentir que alguém, que mesmo não me conhecendo pessoalmente, se lembre de mim de vez em quando e por aqui vem visitar-me. Também o faço aos seus espaços, embora muitas vezes não deixe nenhum comentário.
Um abraço
José Gonçalves

António Inglês disse...

Amiga Elvira

Quando busco estas recordações do passado, neste caso do "nosso" passado, transporto-me para os meus tempos de escola dos quais tenho muitas saudades.
Creio que há uns tempos lhe disse que fui desafiado a concluir um curso superior, que nem sequer acho essencial tirar na minha idade. Mas o desafio ficou a metralhar a minha consciência e se calhar um dia destes lá vou eu de regresso "às aulas".
Vivo como sabe numa região que tem paredes meias com o pinhal de Leiria e faço imensas vezes o percurso desde o Sítio da Nazaré até S. Pedro de Moel, passando por imensas praias e pelo pinhal. É como a "voltinha dos tristes" como lhe chamo, que fazemos nos fins de semana que nada temos para fazer, e são bastantes.
A Caparica mesmo assim ainda tem por lá umas matas, mas poderia ter tido uma área de pinhal mais vasta realmente. Se calhar D. Dinis já saberia que os "amigos do cimento" iriam inundá-la de prédios...
Para um homem tão elequente como ele era talvez já soubesse... ou adivinha-se
Um abraço
José Gonçalves

Jorge P. Guedes disse...

É bom ir-se relembrando as figuras importantes da nossa História.
D.Dinis foi, sem dúvida um dos monarcas mais empreendedores.

Um abraço.

Anónimo disse...

Amigo,

Gostei muito de ler este teu artigo. Já não me lembrava nem de metade...
Tenho uma predilecção especial por D.Dinis, pois considero que foi um homem com um valor incrivel.
Teve sempre muito bom senso, que é o que falta mais a todos os governantes!...
Muitos beijinhos

António Inglês disse...

j.g.

Agradeço-lhe a visita que oportunamente retribuirei. Já andei pelo seu espaço mas creio não deixei comentário???
D. Dinis foi dos monarcas portugueses aquele que mais me impressionou também.
Um abraço
José Gonçalves

António Inglês disse...

Aramis

Olá amiga. Estamos nas mesmas circunstâncias perante a História de Portugal pois também eu gosto particularmente de D. Dinis.
Nós, na região onde vivemos estamos bem perto de parte da obra que a ele se ficou a dever.
Um beijinho
José Gonçalves

Elvira Carvalho disse...

Ora cá estou eu outra vez. Falou-me num desafio mas eu não entendi que era estudar. Posso dar-lhe um conselho? Se tem hipótese de tirar o curso, não pense nisso. Quem pensa não age. Vá em frente. A nossa vcerdadeira riqueza é aqulio que aprendemos. Sabe que tenho o sonho de ir estudar, nem que seja daqui por dez anos? (se não morrer entretanto)
Um abraço.
Á margem vi-o um dia destes no sino da aldeia. E gostei de o ver por lá. Não calcula o que eu tenho aprendido com o Jorge.
Até amanhã

Vladimir disse...

Devido à visão dele começou-se a trilhar um caminho que viria a desembocar na Expansão...
Pena que ao leme do "nosso barco" só de quando em vez apareça alguém com visão..

avelaneiraflorida disse...

Amigo José Gonçalves,

se os meus "besouros" descobrem...passam a vir aqui fazer os trabalhos de casa!!!!

Estou a brincar!!!! "Brigados" por este contributo!!! è preciso manter viva a MEMÒRIA COLECTIVA!!!
Bjks

António Inglês disse...

Olá Elvira

Gosto de a ver por aqui e dos conselhos que me dá e que desde já agradeço.
Efectivamente lançaram-me esse desafio há uns tempos de concluir um curso, não aquele que sempre quis e meu pai teimou em não me deixar concluir, que era Direito, mas um outro curso mais fácil e mais relacionado com as minhas preferências profissionais.
Nesta altura do campeonato não sei se seria capaz. Tenho-me feito acompanhar por amigo "alemão" que não me larga de maneira nenhuma.
Por isso seria muito difícil, mas...
Quanto ao Sino da Aldeia do Jorge, eu nunca esqueço um bom conselho.
Mias cedo ou mais tarde dou-lhe seguimento.
Um abraço
José Gonçalves

António Inglês disse...

avelaneiraflorida

Os seus "besouros" são-lhe muito queridos pois já lhe vi aplicar o termo noutros comentários e ainda bem pois fico com a certeza de uma boa relação entre vós.
Nunca lhes dê a indicação deste meu espaço porque minha amiga, por aqui apenas vamos refrescando a memória.
Um beijinho
José Gonçalves

António Inglês disse...

vladimir

Obrigado pela sua visita que retribuirei em breve se mo permitir.
Sempre apareceu alguém com visão?
Onde?
Talvez há muito tempo e já não me lembro.
Um abraço
José Gonçalves

Izelda Maia disse...

Olá, caríssimo amigo!
Como poderia estar eu zangada com uma pessoa tão especial? Não, de forma alguma, só estive fora por por alguns dias. Coisas do dia-a-dia, isso acontece de vez enquando, infelizmente meu tempo na internet é inconstante. Por isso não estranhe se vez ou outra eu ficar um pouquinho sumidinha da globosfera. Mas, sempre que posso estou aqui para interagir com os amigos que, para mim é por demais importante.

Quero lhe agradecer pelas fotos, são lindíssimas, vou até mandar emoldurar, posso?
São verdadeiros cartões postais, LINDOS!!!!
Não deixe de visitar a minha casa, o córrego de areia fica mais belo com a sua presença.
Retribuo o abraço do lado de cá do Atlântico.
Um feliz fim de semana para ti e seus familiares.

Izelda Maia disse...

Gosto muito de vir aqui, você tem textos muito bons. Adorei saber um pouco mais sobre a história de Portugal.
Bem interessante a a vida desse rei, gostei.

Grande abraço, amigo.

Izelda Maia disse...

Ah!!!
Eu também sou de Escorpião, do dia três de novembro e você, qual dia faz aniversário?

António Inglês disse...

Izelda

Minha amiga, a vida nem sempre nos proporciona o tempo que gostaríamos de ter para nos dedicarmos a estas coisas da blogosfera. Não quis incomodá-la com a pergunta de forma alguma.
Foi uma forma de me meter consigo desde a minha Baía.
Ainda bem que gostou das fotos. Se quiser mais é só pedir.As fotos são suas, faça delas o que entender, por isso, depois de me dizer que quer emoldurar uma ou outra, fico ainda mais satisfeito.
Não deixarei de a visitar e agradeço-lhe as palavras simpáticas que me dedicou.
Um bom fim de semana para vocês aí também.
Um novo abraço que te mando.
Se os meus braços fossem enormes e chegassem aí, ia ver quanto o abraço que te mando é sincero.
José Gonçalves

António Inglês disse...

Izelda

D. Dinis foi um brilhante Rei de Portugal, que para além de muito instruído, tinha visão de futuro, coisa que vai rareando por aqui.
Um abraço português
José Gonçalves

António Inglês disse...

Izelda

Somos os dois do mesmo signo, o Escorpião e faço anos a 5 de Novembro portanto dois dias depois de si, minha amiga.
Prometo que não me vou esquecer...
Apenas com uma diferença, a partir de certa altura deixei de fazer anos, vou acumulando mais nada...
Um abraço bem grande
José Gonçalves