terça-feira, 18 de setembro de 2007

AUTOMOBILISMO APANHADO DE SURPRESA COM A MORTE DE COLIN MCRAE




“ Sou um amante do desporto automóvel, ao qual estive ligado uns anitos enquanto jovem e enquanto fui tendo alguém que suportava, muitas vezes sem saber, as despesas que o desgaste deste desporto provoca nos carros. Também nunca foram muito grandes essas despesas, fruto de algum cuidado e lá fui conseguindo disfarçar esta minha paixão sem que lá por casa alguém soubesse da actividade.

Até ao dia em que, após o prólogo de um antigo Rali Tap de um ano que já não interessa, feito na pista de atletismo do já extinto Estádio José Alvalade, até ao dia dizia eu, em que um repórter da saudosa revista de automobilismo “ O Volante “, me tirou umas quantas fotos e mas enviou para casa. É escusado dizer-lhes que esta minha “ forte veia para os Ralis” acabou naquele dia.

Desde então tenho-me limitado a assistir a uns tantos que se vão desenrolando em território nacional. É neste contexto que tenho estado presente por terras alentejanas, de há uns anos a esta parte, para assistir ao Baja 500 de Portalegre. Costumo ficar ali por terras da Comenda, bem perto de Niza, onde me delicio desde o amanhecer até ao sol pôr com a imaginação e a adrenalina ao rubro.

São as motos, os quads, os carros e toda a envolvência que uma assistência entusiasmada vai empregando de cada vez que no horizonte, por entre as árvores, se vislumbra o pó que os concorrentes vão levantando do caminho à passagem das suas “máquinas”.

Lá vem um, gritam vozes, em correria para os locais mais propícios que lhes permita ver as “máquinas” o mais por dentro possível, por vezes com alguma falta de segurança. ( Esta rapaziada não tem emenda )

E o barulho? Que fabuloso é ouvir a aproximação daqueles “bombas” ... que sensações... que emoções...

Vem isto a propósito de uma recente noticia sobre um dos pilotos que mais admirava nestas lides, antigo campeão do mundo de Ralis, Colin McRae que faleceu recentemente, (sábado passado) num desastre com um helicóptero que ele próprio tripulava.

De novo este mundo louco em que vivemos, se viu privado de mais uma figura ímpar da actualidade”.

Colin McRae juntou-se assim a Luciano Pavarotti na partida antecipada que cada um deles fez do mundo dos vivos.


O britânico de 39 anos morreu junto com o filho de cinco anos, Johnny. O helicóptero em que voavam caiu numa floresta próxima da sua casa , creio que a menos de mil metros, em Lanark, na Escócia.

Um amigo do filho de McRae e outro homem também morreram no acidente, segundo informação policial.

"Ele era uma grande figura fora do carro e um piloto tremendo dentro", afirmou à BBC o ex-co-piloto de McRae, Nicky Grist. "Ele tinha muita dedicação e um grande talento."

Grist foi navegador de McRae quando ele se tornou no primeiro britânico campeão mundial de rali, em 1995, pela equipa Subaru. McRae também foi vice-campeão em 1996 e 1997 e por pouco perdeu o título pela Ford em 2001. Venceu 25 vezes no Campeonato Mundial de Rali em 146 largadas, além de ter tido 477 vitórias em etapas individuais.

"Fui privilegiado por ter Colin na nossa equipa, pilotando pela Ford, numa época em que ele estava no auge de sua força", disse o director da Ford Rally Team, Malcolm Wilson, em comunicado.

"Ele conquistou uma de suas maiores vitórias connosco, quando venceu o lendário Rali do Safari, no Quénia, em 1999, com um Focus WRC."

David Richards, à frente da equipa Subaru quando McRae conquistou o título em 1995, afirmou que o piloto era uma "lenda do desporto".

"Ele era competitivo e extremo em tudo o que fazia, mas também era muito divertido", disse Richards a repórteres no fim de semana.

O piloto britânico de Fórmula 1 David Coulthard declarou que McRae era "cegamente rápido" com um carro. O tricampeão escocês Jackie Stewart afirmou que a morte é "uma triste perda para a Escócia".

PEQUENO HISTORIAL DO PILOTO

Nascido a 5 de Agosto de 1968 em Lanark (Escócia), Colin McRae é filho do tetra-campeão nacional britânico de Ralis Jimmy McRae.
Cedo se notabilizou, tendo entrado no Mundial de Ralis em 1987, com um Sierra Cosworth, para completar dois Ralis. Em 1991, a Sierra Cosworth viu Colin juntar-se à Prodrive que estava equipada com motores Subaru para o campeonato britânico de Ralis. Em 1991 e 1992 McRae alcançou o título britânico de Ralis seguindo as pisadas do seu pai.
Em 1993 alcança o estatuto de piloto WRC da Prodrive, alcançando também nesse ano a sua primeira vitória no Mundial de Ralis, no Rally da Nova Zelândia desse mesmo ano! Ingressa finalmente na equipa principal da Subaru, na qual alcançou uma vitória épica no Mundial de 1995, no último Rally, quando viu de forma inacreditável o seu
colega de equipa Carlos Sainz abandonar o Rally da Grã-Bretenha e de consequentemente lhe ter entregue o título Mundial desse mesmo ano!
Após vários sucessos na Subaru, McRae resolve ingressar na Ford em 1999 para pilotar o Ford Focus WRC.
Em 2003, Colin ingressa na promissora Citroën, contudo McRae acabou por ter uma época frustrante acabando por não conseguir lugar no WRC em 2004.
No seu palmarés fica o título mundial de 1995, as 25 vitórias (3º piloto da história com mais vitórias), os 42 pódios, as 477 viórias em etapa , 626 pontos conquistados, uma participação no Lisboa-Dakar, uma participação nas 24 horas de Le Mans e uma vitória na Corrida dos Campeões (ROC) de 1998!
Recorde-se que foi a partir de Colin McRae que foi lançada a saga de videojogos com o seu nome, promovendo os Ralis nos videojogos!

AS VOLTAS QUE A VIDA DÁ

Um dia após o trágico acidente de Colin McRae, onde perderam a vida o piloto escocês, para além do seu filho mais novo, e mais duas pessoas, também pai e filho, eis que a tragédia esteve perto de suceder novamente. O helicóptero que transportava David Richards, antigo responsável da Subaru para quem Colin McRae correu, e a esposa despenhou-se perto de Stansted, Grã-Bretanha, embora desta feita, felizmente, sem quaisquer consequências para os ocupantes, já que a aeronave caiu de lado, e não se incendiou. Os ocupantes não ganharam para o susto, mas tudo acabou em bem, tendo inclusive após o acidente prestado tributo ao piloto escocês Colin McRea, falecido no sábado.

“Não acredito em bruxas, pero que las hay...”


6 comentários:

Vladimir disse...

uma grande perda para o desporto automóvel.

António Inglês disse...

Meu caro Vladimir

É como diz, mais uma grande perda para o desporto automóvel.
Tal como Senna, também McRae foi traído pela vida numa idade que ainda tinha muito para dar a todos nós que gostamos deste desporto.
Bem vindo a este espaço e desejo-lhe uma boa semana.
Um abraço
José Gonçalves

Elvira Carvalho disse...

Confesso que não sou grande fã do desporto automóvel. Mas claro sei quem era McRae. Mas se não soubesse o seu post, ter-me-ia dado todas as informações.
Acho que está muito bom, muito completo.
Fico sempre com pena quando morre alguém assim jovem, mas que fazer?
Resta-nos a memória.
Um abraço

António Inglês disse...

Elvira

A vida tem destas incoerências e muita gente se resigna defendendo sempre a máxima de que cada um de nós tem a sua hora marcada...
Poderá até ser, mas eu não aceito de ânimo leve tal máxima.
Há gente que, pelo seu valor, nunca deveria morrer, e não morrerá na nossa memória.
McRae, Pavarotti, Grace Kelly, Ayrton Senna e tantos outros que seria difícil enumerá-los, não mereciam o destino que tiveram. Isto falando de figuras públicas.
O que está verdadeiramente em causa é que a vida deveria cumprir um ciclo normal e ninguém deveria partir antes do tempo.
Raio de vida.
José Gonçalves

avelaneiraflorida disse...

Mais uma morte que nos deixa um vazio no mundo dos amam a competição automóvel!!!!
A somar a outros,não menos trágicos, mas não esquecidos: Villeneuve, Senna...

UM BOA NOITE!

António Inglês disse...

avelaneiraflorida

É verdade, mais uma morte trágica de um grande piloto e desportista.
Lamento também a morte de seu filho de cinco anos. O mundo está às avessas mesmo...
Uma boa noite também para si
José Gonçalves