sexta-feira, 13 de julho de 2007

O FORCADO PORTUGUÊS

Introdução

Neste país tudo se comemora, tudo se homenageia, tudo se condecora e são várias as personagens e actividades que muito justamente, na maioria dos casos, são delas alvo. Os forcados, esses bravos e destemidos rapazes portugueses que época após época vão deixando nas praças de touros de todo o mundo o retrato da coragem e valentia de uma tradição genuinamente portuguesa, à custa de muitas mazelas que com muita bravura vão suportando, a troco de nada, apenas da sua vontade de estar em praça, no coração da festa brava, de citar o toiro e consumar a pega. A paga vem no fim, na volta à arena, nos aplausos e na alegria de ter cumprido e ... esperar pela próxima.

É hora de, a todos estes bravos rapazes prestarmos a homenagem que lhes devemos há muito tempo, pois nunca foi feita, nem avaliada a verdadeira dimensão do forcado.

Aqui fica a minha singela homenagem ao FORCADO PORTUGUÊS, tendo-me socorrido de algumas fotos e textos encontrados em vários artigos sobre a matéria, pois é preciso perguntar a quem sabe, e disso não me envergonho.

O Forcado e suas origens

Os forcados são grupos amadores de vários homens que numa corrida de touros pegam o touro. Quando se executa uma pega, oito homens entram na arena, o primeiro é o forcado da cara; os outros sete ajudam-no a imobilizar o touro, havendo um (o rabejador) que segura no rabo do touro, para provocar o seu desiquilibrio e para quando os seus companheiros o largarem este não invista sobre eles.

Em 1836, no reinado de D. Maria II, foi decretado a proibição da morte dos toiros na arena, para remate da lide dos cavaleiros, passou-se a pegar o toiro.

Foi assim que no século XIX teve formalmente origem a existência dos forcados como conhecemos nos dias de hoje.

Descendem directamente dos antigos Monteiros da Choca, grupo de moços que, com os seus bastões terminando em forquilha ou forcados, defendiam na arena o acesso à escadaria do camarote do Rei, que com o decreto de D. Maria II passaram a ser eles a pegar o toiro, evoluindo o nome de Monteiros da Choca, para Moços de Forcado ou simplesmente Forcados.

A pega já se praticava sem galardões de espectáculo e a sua técnica seguramente já era conhecida mas como tudo sofreu algumas alterações até aos dias de hoje.

Depois da reunião do primeiro elemento com o touro, cabe aos ajudas a tarefa de imobilizar o touro para que a pega se considere realizada.

O rabejador é o responsável por rematar a pega.

A Pega

A pega, como já vimos, tem reminiscências bem antigas mas só após a década de 30, neste nosso século, e com a imposição do toiro puro, adquire valor estético e artístico que, convenhamos, antes e com toiros corridos não era possível. Da revolução do toureio a cavalo nasce, também, uma outra concepção da pega e um outro valor para o forcado. Existiram três formas de pegar toiros entre nós: de caras, de costas (modalidade já desaparecida) e de cernelha. Consoante as características demonstradas pelo toiro durante a lide, o cabo decidirá qual o forcado que executará a pega e qual a forma de a efectuar: de largo, em curto, com ajudas carregadas ou não, ou de cernelha.

O forcado da cara saltará à arena seguido dos outros sete elementos do Grupo terminada a lide do cavaleiro e após toque de cornetim para a sorte. Citará de largo se vir que o toiro tem uma investida larga e franca, ou em curto se o toiro se tiver revelado difícil durante a lide. Quando o toiro investir, deverá carregar a sorte, recuando o suficiente para se fechar entre os cornos, amortecendo a investida, trazendo o toiro toureado. Consoante se abrace ao pescoço do toiro ou em torno dos cornos, dir-se-á que pegou à barbela ou à córnea. Consumada a pega, e a um grito combinado, apenas o rabejador se manterá agarrado ao rabo do touro, permitindo que os seus colegas saiam em segurança da cara do toiro.

A pega de cernelha é efectuada, normalmente, quando não se pode pegar, por circunstâncias diversas, de caras. Seja porque o toiro tem uma cornamenta que permite que o forcado se fixe, ou porque foi muito manso e sem investida, ou porque o cabo decide que o toiro pode dar uma pega espectacular de cernelha, é sempre uma pega de grande dificuldade de execução. Arroupado o toiro pelos cabrestos, cernelheiro e rabejador deverão aproximar-se rapidamente por forma a surpreender o toiro, o primeiro fixando-se na zona da cernelha e o segundo agarrado ao rabo do toiro, tentarão imobilizá-lo, após o que a pega será dada por concretizada.

Nos dias que correm, e atendendo ao facto de que a generalidade dos toiros lidados investe pronto e de largo, humilhando bem na reunião e nem sempre derrotando com violência, algumas das pegas de caras efectuadas são de grande valor e enorme beleza. Mas, também, quando os toiros investem de forma descomposta, defendendo-se, derrotando com violência mal sentem o Forcado na cara, e o grupo consegue manter um bom nível de entreajuda e de coesão, então a emoção sobe ao rubro quando a investida do nobre bruto é dominada pelo Homem.

Mas nem sempre se podem, ou devem, efectuar pegas de caras de largo, deixando o toiro investir, dando-lhe terreno e aguentando a meia praça a sua investida para recuar e fechar-se-lhe na cara. O Forcado deve analisar o comportamento do toiro durante a lide e em função desse comportamento deverá ser realizada a pega. A pega será efectuada em curto, ou seja, diminuindo as distâncias entre o toiro e o forcado da cara, sempre que o toiro seja tardo de investida ou tenha tendência a refugiar-se em tábuas, para se defender. Nesta situação o Grupo tenderá a concentrar mais a sua atenção ao movimento dos segundos-ajudas, conhecidos por pontas-de-bola, os quais deverão segurar o forcado da cara e o primeiro ajuda na cabeça do toiro, sustendo a investida agarrando-se aos cornos.

Outra das modalidades que se praticam quando os toiros se defendem muito e quase sempre após algumas tentativas frustradas, é a da pega a sesgo, aproveitando o facto de ser mais fácil ao toiro investir ao correr das tábuas do que para diante, para o centro da arena. Esta modalidade é de recurso e aplica-se em última análise a toiros muito complicados. Acontece, por vezes, e partindo do princípio de que o toiro vai ter uma investida muito franca e clara, de largo, com imensa nobreza, e que o forcado da cara é um forcado de reconhecidos méritos e em bom momento de forma física e psicológica, que apenas esse forcado da cara se coloque no centro da arena para desafiar a investida do morlaco. Mal se feche na cara do toiro, os restantes sete elementos saltarão a trincheira para consumarem as ajudas e dar por concluída a pega.

Os Forcados são considerados, muito justamente, os últimos românticos da Festa e também têm contribuido para a divulgação desta modalidade genuinamente portuguesa além-fronteiras, sendo presença assídua em Espanha e França e com algumas incursões no México. Santarém, Montemor, Lisboa, Vila Franca, Évora, Tomar, Alcochete, Coruche, Moita, Terceira, Cascais entre muitas outras cidades e vilas aficionadas têm nos seus Grupos de Forcados Amadores verdadeiros embaixadores.

quarta-feira, 11 de julho de 2007

GUITARRA PORTUGUESA



GUITARRA PORTUGUESA

A protecção e o estudo do nosso património cultural são uma manifestação essencial da nossa identidade

História da Guitarra Portuguesa

Na origem directa do nossa guitarra encontra-se um modelo de Cítara europeia conhecido em Portugal desde o século XVI, filiado na Cítola medieval e referido em várias fontes literárias e representações iconográficas.
Entre as mais conhecidas encontra-se a descrição de Garcia de Resende (cronista, cantor e músico), na “Hida da Princeza D.Beatriz para Sabóia,” relatando uma situação ocorrida em 1521, na qual uma cítara e três violas de arco são embarcadas no navio que transporta a princesa, a de Jorge Ferreira de Vasconcelos (1515-1585) , incluída no rifão popular: “palavras sem obras, cíthara sem cordas...” (Comédia Eufrosina, 1543) e a de Frei Phillipe de Caverel (cronista da embaixada papal que visitou o nosso país em 1582), texto no qual são sumáriamente descritos os instrumentos musicais conhecidos dos portugueses da época.
No século XVII, as referências mais interessantes ao uso da cítara entre nós dizem respeito à comunidade clerical, com a conhecida notícia sobre Frei João de S.José Queiroz, clérigo de Barcelos e grande tocador de cítara e com a magnífica escultura em barro polícromo do Retábulo da Morte de S.Bernardo do Mosteiro de Alcobaça (c.1680), a mais importante e detalhada fonte para o estudo da cítara barroca em Portugal.
Além destas fontes foram conhecidos em Portugal os tratados de Michael Praetorius (1619), de Marin Mersenne (1639) e de Athanasius Kircher (1650), todos com capítulos especialmente dedicados ao estudo da cítara europeia, descrevendo afinações, tecendo considerações de ordem técnica e musical e comentários sobre a cotação social do instrumento e dos seus utilizadores.
Em São Paulo, no Brasil, a cítara aparece referida no inventário de Francisco de Leão, realizado em 1632, no qual se indica também que o instrumento, importado de Portugal, custou 480 reis.
No Catálogo da Livraria Real de Música de D.João IV, publicado em 1649, encontramos alguns dos mais importantes livros estrangeiros de Cítara publicados na época, bem como um livro contendo “obras para Cíthara, escritas de mão”, presumivelmente português, infelizmente perdido no Terramoto de 1755.
No início do século XVIII (1712-1715), temos a indicação numa carta de Ribeiro Sanches (famoso cirurgião, cristão-novo e filósofo) de que “meu pai me mandou para a Guarda para aprender a tocar cítara”, facto que atesta a existência de cultores do instrumento também no interior do país. Também temos a notícia nos “Desagravos do Brasil”, (B.N.Ms. B16.23) sobre o Padre João de Lima que tocava na perfeição os instrumentos de corda, tais como: Viola, Cíthara, Theorba, Harpa, Bandurrinho e Rabeca.
O Diccionário de.Rafael Bluteau, reformado e acrescentado por Morais e SIlva e publicado em Lisboa em 1789, refere a cítara como “instrumento músico de braço mais longo que a viola, com cordas de arame, e trastos de latão.huns inteiros e outros té meia largura do braço”, mostrando que entre nós ainda se usava o modelo antigo, com distribuição irregular do trasteado.
Em 1795 é publicado o “Estudo de Guitarra” de António da Silva Leite e nele é mencionada a cítara, a par de outros instrumentos indicados pelo autor como sendo próprios para o acompanhamento musical do canto ou de solos instrumentais.
Este tratado é totalmente dedicado à “Guitarra Inglesa”, instrumento que tendo origem na cítara alemã (que os autores franceses designavam por “Guitare Allemande”) introduzida em Inglaterra no início do século XVIII , tem todavia características muito diferentes da cítara/guitarra portuguesa .
A leitura superficial desta obra tem conduzido alguns autores (com grande responsabilidade no meio musicológico português), a erros grosseiros na determinação das origens da guitarra portuguesa, assumindo estes, sem qualquer justificação organológica, a filiação da nossa guitarra num instrumento com número de cordas, afinação, técnica e estrutura interna totalmente diferente.
A partir do século XIX, apesar de continuarem a ser referidos em diccionários literários e musicais como dois instrumentos distintos (Diccionário de Fonseca e Roquete, 1848, Diccionário de Eduardo Faria, 1849, Diccionário de F.Fétis / José Ernesto d’Almeida, Porto, 1858) a cítara e a guitarra tendem a confundir-se sob mesma designação, vindo gradualmente a “guitarra portuguesa” a adoptar elementos acessórios de um e outro instrumento (p.ex. o cravelhal em chapa de leque).
A desqualificação social da cítara é um facto, referido desde o início do século XIX , (p.ex. em 1820, um tal Manuel Raimundo, mulato, foi preso na Calçada de Santana , em Lisboa , por estar “tocando em uma Cytara numa loja de louça que também vende aguardente” ) e esta situação tornou-a o instrumento ideal de acompanhamento do fado, canção então em voga em meios marginais dos bairros pobres da cidade de Lisboa.
No entanto e sob a nova designação de Guitarra Portuguesa, esta vai sendo gradualmente reabilitada até chegar novamente aos salões burgueses e aos palácios da aristocracia na segunda metade do século.
Na década de setenta já a Guitarra se apresentava em sessões de concerto (Casino Lisbonense, 1873), bem como era obrigatório o seu uso no acompanhamento do fado, entretanto popularizado de norte a sul do país, através dos tocadores e cantadores ambulantes que frequentavam as principais feiras e romarias.
No primeiro quartel do século XX, a guitarra portuguesa coexistia nas zonas interiores do país, no mundo rural, com a chamada “cítara campeira”, designação do tipo de guitarra de pinho com cravelhal em espátula e cravelhas de madeira que acompanhava os recitadores do fado de cordel tão abundante nas nossas feiras. Segundo testemunhos recentes recolhidos por mim na Beira Alta e em Trás-os-Montes, estes tipos mais arcaicos sobreviveram até aos anos 30, nas mãos de moleiros e de artesãos carpinteiros que, nas horas vagas e em dias de festa, reuniam à sua volta verdadeiras tertúlias de poetas-cantadores de fados e romances, improvisando também cantos ao desafio.
Com o incremento do fado e das guitarradas, promovido pelas companhias de discos e de gramofones na década 20/30 e a sua subsequente difusão por todo o país através da rádio (a partir de 1935), a Guitarra Portuguesa tornou-se um instrumento ainda mais presente nos conjuntos instrumentais próprios das funções de baile, nas rusgas do Minho, nas rondas da Beira Alta, em grupos do Douro e de Trás-os-Montes, reforçando o timbre estridente das violas de arame e apoiando o acompanhamento harmónico dos violões.
Mas é certamente nas grandes cidades que a Guitarra atinge a sua cotação mais elevada, com a associação ao fado amador dos estudantes de Coimbra e nas mãos dos mais talentosos guitarristas profissionais do fado de Lisboa.
Da década de 40 até hoje, pouco se fez para modificar os aspectos essenciais da construção da Guitarra, verificando-se no entanto uma gigantesca evolução nas técnicas de execução e no reportório, o qual passou das simples “guitarradas” acompanhadas à viola, para verdadeiros solos de concerto e peças orquestrais com a guitarra em posição solística de destaque.
Assistimos mesmo, a partir da década de 70, a verdadeiras incursões pela música erudita contemporânea, com utilização pontual de meios electro-acústicos e de manipulação electrónica dos sons da Guitarra Portuguesa.

Pedro Caldeira Cabral

O que é uma Guitarra Portuguesa?

A guitarra portuguesa distingue-se dos outros cordofones de mão pela forma e dimensões da sua caixa de ressonância, pelo cavalete móvel em osso, pelas suas 12 cordas metálicas, dispostas em seis pares (ordens ou parcelas), pelo peculiar sistema mecânico de afinação, com o cravelhal metálico em forma de leque, com sistema de tarrachas deslizantes e parafuso sem fim, pela sua afinação única (si; lá; mi; Si; Lá; Ré; ou lá; sol; ré; Lá; Sol; Dó; ) , pela técnica de execução tradicional, com o dedilho especial da mão direita com uso exclusivo das unhas dos dedos indicador e polegar, e, como resultante natural destes factores, possui uma qualidade sonora com características tímbricas e expressivas distintamente individualizadas.
A sua representação assume também frequentemente a dimensão de sinal e símbolo identitário, reconhecido pela comunidade de cultura portuguesa, sobretudo a mais familiarizada com a sua aplicação popular no acompanhamento do Fado.
A guitarra é, além disso, um excelente instrumento de concerto, com um vasto reportório solístico de autores antigos e contemporâneos.

Pedro Caldeira Cabral

Os compositores e guitarristas do século XX

Nascidos ainda no século XIX, os principais solistas a ser referenciados são: Luis Carlos da Silva “Petroline” (1859-1934), Reynaldo Varella (c.1860-1930), André Carmo Dias (c.1870-1935 Júlio Silva (c.1872-1967), Armando Freire (1891-1946) , todos do estilo de Lisboa e Anthero da Veiga (1866-1960) , Flávio Rodrigues da Silva (1902-1950), António Coelho Junior “Barbeirinho” e Artur Paredes (1899-1980), solistas do estilo de Coimbra.
Jaime Santos (1909-1982), Domingos Camarinha (1915-1989), José Nunes (1916-1979) Raul Nery (n.1921) e Fontes Rocha (n. 1926) todos executantes do estilo fadista de Lisboa.
Em grande destaque surge a figura de Carlos Paredes (1925-2004), compositor e intérprete cujo contributo para a promoção da Guitarra Portuguesa, enquanto instrumento solista de concerto, nunca será demais realçar.
Em Coimbra persiste ainda uma forte tradição de amadores, entre os quais destaco os nomes do Prof..Dr. António Brojo (1927-2000), o Dr. António Portugal (1931-1994), o Prof. Dr. Jorge Tuna (n.1937) e o Prof.Dr.Francisco Filipe Martins (n.1946).
Em Lisboa, desenvolvendo normalmente actividade profissional associada às casas de Fado, saliento os nomes de Jorge Fontes (n.1938), Carlos Gonçalves (n.1938), António Chainho (n. 1938) , ultimamente em destaque pela associação com intérpretes da canção ligeira portuguesa e brasileira, bem como os de Manuel Mendes (n.1943), Mário Pacheco (n, 1953) e Arménio de Melo (n.1953). intérpretes solistas com forte vínculo à tradição fadista.
Nascido em 1950 e com actividade solística desde 1970, há que referir o meu contributo pessoal para o estudo organológico da guitarra e a criação de um reportório de concerto, englobando peças da tradição escrita europeia desde a idade-média à música contemporânea. A minha obra escrita, a discografia e a minha actividade concertística, falam por si.
Na nova geração de solistas, surgem destacados os nomes de Paulo Soares (n.1967), notável pedagogo, herdeiro e continuador do estilo coimbrão e Ricardo Rocha (n.1974) compositor e intérprete do mais inovador reportório solístico contemporâneo.
Pedro Caldeira Cabral

Guitarristas

· António Chainho

· Armandinho

· Artur Paredes

· Carlos Paredes

· Edgar Nogueira

· Pedro Caldeira Cabral

· Luís Varatojo

· Carlos Gonçalves

· Domingos Camarinha

· Raul Nery

· José Fontes Rocha

· Francisco Carvalinho

· António Parreira... entre outros.


segunda-feira, 9 de julho de 2007

AS SETE MARAVILHAS DE SÃO MARTINHO DO PORTO




Como estamos numa de eleger as sete maravilhas de tudo e mais alguma coisa, lembrei-me de fazer a minha própria eleição das sete maravilhas de São Martinho do Porto.

Lembro que estas sete escolhas que faço são baseadas no conhecimento que tenho da nossa Vila, e portanto uma escolha pessoal.

Por isso aqui ficam ao vosso critério e sujeitas aos vossos votos e comentários


sábado, 7 de julho de 2007




ESTE SONHO ANDOU DURANTE MESES NOS CORAÇÕES DOS ALCOBACENSES

NO DIA 07 do 07 de 2007 TORNOU-SE REALIDADE

Independentemente do dinheiro gasto, creio que o peito dos Alcobacenses se encheu de orgulho ao ver a sua jóia da coroa eleita entre as sete maravilhas de Portugal tendo tido a honra de ser a primeira maravilha a ser chamada ao palco para a merecida homenagem perante milhões de espectadores de todo o Mundo
Parabéns ao executivo pelo esforço financeiro, parabéns aos Alcobacenses por terem a felicidade de poderem admirá-lo todos os dias, parabéns ao Dr. Rui Rasquilho pelo trabalho que tem desenvolvido no Mosteiro de ALCOBAÇA, parabéns Portugal por possuíres tão grandiosos monumentos.
Saibamos todos ser dignos da sua grandiosidade.

sexta-feira, 6 de julho de 2007

As canecas das Caldas no Chão da Parada


Do Oeste on-line retirei o artigo que transcrevo, certo de que a actividade merece ser realçada e a região do Oeste reavivada.

O CHÃO DA PARADA, pequeno lugar da freguesia da Tornada, faz parte do Concelho das Caldas da Rainha, e tem afinal a importância de ter no seu seio um artesão, Francisco Agostinho, que executa há 32 anos, uma das peças de artesanato mais emblemáticas do país e da cerâmica tradicional das Caldas da Rainha, os famosos “ falos das Caldas “.

Francisco Agostinho é conhecido pelos amigos como o Chico das Pichas. porque produz a loiça erótica das Caldas no seu atelier no Chão da Parada há 32 anos.

Embora não se incomode com isso, às vezes responde que “pichas agora já faço poucas”. Após todos estes anos dedicado aos falos e às canecas das Caldas continua a dizer que gosta do que faz. “Se começasse de novo, sabendo o passado que tenho, voltaria a fazer tudo. Eu tenho orgulho do que faço, embora nunca tenha ganho muito dinheiro

Apesar de não parar de trabalhar, o que produz diariamente não chega para as encomendas. “Nunca pára aqui nada em armazém. Vou fazendo e vendo logo tudo”. Francisco Agostinho orgulha-se também de ter clientela fiel que prefere esperar a ir comprar a outro lado.
Desde 1975 que se dedica à loiça erótica das Caldas. Tinha então 35 anos, era pedreiro de profissão e foi nessa qualidade que foi fazer um trabalho de construção civil às Faianças Rafael Bordalo Pinheiro. Como gostaram tanto do seu trabalho “e viram que eu era uma pessoa responsável”, conta, convidaram-no para lá ficar para trabalhar na cerâmica.

Esteve lá durante cinco anos, mas foi montando um pequeno atelier junto à sua casa onde tinha um forno a lenha. “Comecei a fazer uns bonecos e umas garrafinhas” com a ajuda da sua mulher. Só que a esposa começou a conseguir mais dinheiro do que aquele que ele recebia na fábrica. Por isso não hesitou e decidiu começar a fazer por conta própria os famosos falos das Caldas.
Naquela altura toda a gente fazia produtos destes. Das fábricas, se calhar, só mesmo a Secla, a Bordalo Pinheiro e a Subtil é que não faziam”, diz Francisco Agostinho.
Com os anos foi ele próprio fazendo algumas inovações, como as garrafas-falos envolvidos em fatos de noiva e outros adereços. Também as tradicionais canecas sofreram muitas alterações nas suas mãos. A caneca com a face do Mário Soares, criada por um ceramista do Cencal, foi das mais vendidas de sempre. “Só não vendi mais porque não tinha”, disse.
Francisco Agostinho também não sabe muito bem de onde veio a tradição da loiça erótica das Caldas. Reza a lenda que o rei D. Luís queria oferecer umas prendas diferentes aos amigos e nessa altura terá pedido a ajuda de Rafael Bordalo Pinheiro, tendo surgido o agora famoso falo. As Caldas tornou-se desde essa altura conhecida como terra dos falos, embora se utilize normalmente uma palavra mais brejeira.
Um futuro sem definição
Entretanto, com o declínio das vendas e com o fecho de algumas fábricas mais pequenas, Francisco Agostinho chegou a ser o único ceramista a fazer a loiça erótica das Caldas. Recentemente houve quem tivesse descoberto nisso uma oportunidade, mas é o próprio Francisco Agostinho quem diz que o negócio não é muito rentável. Principalmente se houver muita concorrência, apesar de não se queixar de falta de encomendas. “A outra louça deve ser mais rentável”, acha, justificando assim o abandono dos falos por parte das fábricas.
Nos dias de hoje o que faz mais são as famosas canecas com um pequeno falo no seu interior, mas ainda faz alguns bonecos e dos falos grandes. Quanto às canecas “não vendo mais porque não tenho”.
Por mês saem do seu pequeno atelier milhares de canecas das Caldas feitas por ele, tudo à mão. “Agora estou a trabalhar praticamente sozinho porque a minha mulher tem as netas para tomar conta”.
Chegou a vender muitas peças para o estrangeiro (Inglaterra, França, Alemanha, Estados Unidos e Espanha), mas agora trabalha apenas para o mercado nacional “e só para algumas lojas”.
Em tempos chegou a empregar muitas funcionárias e num ano produziam cerca de 50 mil bonecos com o também tradicional cordão que quando esticado revela um falo. Eram os “jogadores” do Benfica, do Sporting e do Porto os mais procurados, mas os clubes começaram a querer “royalties” pela utilização dos seus símbolos e isso também se perdeu. Chegaram a pedir-lhe 25 mil euros para poder utilizar o emblema do Benfica, “mas isso não irei eu ganhar o resto da vida a vender os bonecos das Caldas”.
Aos 67 anos Francisco Agostinho está preocupado com o futuro desta actividade porque os filhos não quiseram seguir a sua profissão e há pouca gente a interessar-se por esta tradição erótica das Caldas. O ceramista tem feito muito pela divulgação da tradição e apareceu em inúmeros programas de televisão. Às vezes puxando pelo humor, como no Herman Sic e no Cabaret da Coxa, mas também em programas mais generalistas. “Todas as televisões portuguesas já vieram aqui”, salienta.
O vídeo realizado para o Cabaret da Coxa, da SIC Radical, circula na Internet e faz rir milhares de portugueses. “O Rui Unas entrou para aqui e disse para eu falar o pior possível”, contou. A anedota mais recorrente é sempre aquela do “quando chega às cinco não faço nem mais um…” ao que responde sempre “a minha esposa é que diz: a partir de agora não mexo em mais nenhum”, deixando os interlocutores sem resposta.
A Câmara das Caldas chegou a convidá-lo para ir dar formação, mas depois o convite foi desfeito por não ter curso de formador. Muitas vezes foram autarcas ao seu atelier para dar entrevistas, mas Francisco Agostinho nunca teve, nem pediu, qualquer apoio ou foi tido em conta para promover a continuação da loiça erótica das Caldas.
Com certeza que os seus bonecos e as suas canecas fariam sucesso no salão erótico e o nome das Caldas poderia usufruir com isso. Basta haver quem invista nisso.

Tirado do Jornal Oeste OnLine

quarta-feira, 4 de julho de 2007

TERTÚLIA DE BEM DIZER SÃO MARTINHO DO PORTO

Tertúlia em São Martinho


CONVITE


Um grupo de amigos e residentes de São Martinho do Porto, entendeu constituir a “ TERTÚLIA DE BEM DIZER “ onde todos sem excepção poderão debater temas e ideias numa franca e amena cavaqueira, reavivando os saudáveis serões de café onde os amigos antigamente se reuniam à volta da “bica”, prática infelizmente em desuso nos nossos dias.
.
A primeira reunião da “Tertulia de Bem Dizer” terá lugar no próximo dia 20 de Julho de 2007 , pelas 21 horas, no café BOÉMIA na marginal de São Martinho do Porto.
.
Desta forma, todos estão convidados a participar nesta primeira sessão da Tertúlia.
.
.
TEMA DO 1º ENCONTRO
A juventude e seu futuro em São Martinho do Porto

Do blog São-Martinho-do-Porto do Dr. Ernesto Feliciano retirei este convite para todos aqueles que se interessam verdadeiramente por São Martinho do Porto


segunda-feira, 2 de julho de 2007

O Cavalo Lusitano







O Cavalo Lusitano

Montado há já cerca de 5000 anos, e considerado o mais antigo cavalo de sela do Mundo, este animal foi seleccionado como cavalo de guerra e deste núcleo foram levados animais para os exércitos de Cartágo , de Esparta, e para os hipódromos de Roma Cavalo de " sangue quente" como o Puro Sangue Inglês e o Puro Sangue Árabe, o Puro Sangue Lusitano é o produto de uma selecção de milhares de anos, o que lhe garante uma "empatia" com o cavaleiro, superior a qualquer raça moderna.Seleccionado como cavalo de raça e de combate ao longo dos séculos, é um cavalo versátil, cuja docilidade, agilidade e coragem. lhe permitem hoje competir em quase todas as modalidades do moderno desporto equestre, confrontando-se com os melhores especialistas.As corridas de touros podem ser consideradas como a versão moderna da equitação da "Gineta", que tanta fama e louros conseguiu para os exércitos que a utilizaram durante os tempos das guerras.

O Cavalo Ibérico, com a forma que tem actualmente, mantém-se semelhante aos seus ascendentes, como o demonstra, a aparência com as antigas estátuas, gravuras e descrições que chegaram aos nossos dias remontando à pré-história Ibérica, tendo passado pelos períodos dos Romanos, pela Idade Média e pela Renascença. As suas capacidades naturais tem como origem aquelas descritas e tão louvadas pelos historiadores, pretendendo os criadores que venham a ser melhoradas com a introdução de provas morfo-funcionais. ( Quase todas as raças modernas de cavalos de sela têm sangue do Cavalo Ibérico.)

Segundo vários autores, o factor que mais pesou na diferença que existe nos nossos dias entre o Cavalo Lusitano e o Andaluz, teve a sua origem no fato de, no princípio do século XVIII, ter aparecido na Espanha o toureiro a pé, como revolta popular pela proibição imposta pelo Rei Filipe V das corridas de touros. A partir daí, com a menor utilização do cavalo Andaluz para o toureio, passou a sua selecção a apontar no sentido de um cavalo de tiro ligeiro e de passeio, enquanto que em Portugal se manteve a criação no sentido de produzir bons cavalos de toureio.

Desde 1967, por acordo estabelecido entre os criadores Portugueses e Espanhóis, os Livros Genealógicos foram separados , levando os criadores dos dois países a seguirem trajectórias paralelas, com métodos de selecção e classificação próprios.

O Livro Genealógico da Raça Lusitana foi entregue à Associação Portuguesa de Criadores de Raças Selectas, passando em 1990 para a Associação Portuguesa de Criadores do Cavalo de Puro Sangue Lusitano nesse ano criada para se dedicar exclusivamente à divulgação e defesa do Cavalo Lusitano.

A institucionalização oficial do Stud-Book da Raça Lusitana, foi sem dúvida, um passo decisivo, no progresso da mesma, ao condicionar a admissão de reprodutores aos requisitos mínimos do respectivo padrão, dando origem a um generalizado e criterioso trabalho de selecção, facultando o conhecimento aprofundado das genealogias, permitindo perpetuar e tirar partido das linhas formadas a partir da insistência em determinar reprodutores (emparelhamento em linha). Aliás para um processo zootécnico eficaz e relativamente rápido há evidente vantagem em aspectos que interessam ao criador, nomeadamente na pureza e uniformidade da raça e na consequente prepotência dos reprodutores obtidos.

Só são inscritos "poldros" filhos de animais já aprovados como reprodutores e aos quais já tenha sido feito testes de confirmação da paternidade. A obrigatoriedade deste teste para inscrição dos "poldros", vem dar uma ainda maior credibilidade ao Stud-Book, pois torna completamente interdita a entrada de animais de sangue exterior à raça. Ao atingirem a idade adulta, os animais são submetidos a uma inspecção realizada por uma Comissão de Peritos da Raça, e caso atinjam os parâmetros mínimos estabelecidos, passarão ao Livro de Reprodutores, podendo assim os seus filhos ser inscritos no Livro. A este ciclo que rege o normal funcionamento do Livro Genealógico da Raça Lusitana, têm vindo a ser adicionadas provas funcionais.

No limiar do ano 2000 o Puro Sangue Lusitano volta a ser procurado como montada de desporto e lazer, e como reprodutor, pelas qualidades de carácter e antiguidade genética. A sua raridade resulta de um pequeníssimo efectivo de cerca de 2000 éguas produtoras. Em Portugal, berço da raça, estão apenas em produção cerca de 1000 éguas, no Brasil 600, em França 200, distribuindo-se as restantes pelo México, Inglaterra, Bélgica, Alemanha, Itália, Canadá e Estados Unidos da América.