quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

NÃO ME TOQUEM


Não me toquem, não me falem, não me

peçam para cantar,

não me peçam nada,

queimem o alecrim quando a noite cai

sobre as aldeias,

chamem os cães da montanha,

os cordeiros brancos da ressurreição,

levem-me desta cidade que destrói, ano

após ano,

a bondade que trouxe um dia,de uma

ilha amada,

dos seus canteiros alucinados,

das suas flores brutais,

do seu cais onde vi o Cruzeiro do Sul, o Arado,

o Leão,

José Agostinho Baptista ( 1948 )

Esta voz. É quase o vento

José Gonçalves

16 comentários:

Carminda Pinho disse...

Boa Noite!
Bonito poema de um autor que desconhecia.
Às vezes também me apetece "gritar" assim...

Beijos

Isamar disse...

Um sujeito poético triste, desiludido que quer partir. Um poema bonito embora perpassado de sentimentos menos positivos, semelhantes aos que percorrem um pouco todos nós em determinados momentos da vida.
Gosto muito de poesia embora não dispense a prosa, nomeadamente o romance.
Continua, Zé a deliciar-nos com as tuas escolhas.

Beijinhosssss

avelaneiraflorida disse...

Amigo José Gonçalves,

E quem escolheu esta poesia...SÒ PODE SABER SENTIR!!!!
Linda!!!!
"brigados" por esta partilha!!!!
Bjkas, amigo!!

Elvira Carvalho disse...

O meu amigo a pensar no "seu" Minho e a comungar da saudade do poeta, verdade?
Um abraço

António Inglês disse...

Bom dia Carminda

Ontem gritei eu, que as saudades apertam por aqui com muita frequência.
Um beijinho
José Gonçalves

António Inglês disse...

Olá sophiamar

Nem sempre estas palavras são de sentimentos menos positivos. Em alguns caso retratam uma imensa saudade e uma vontade muito grande de gritar: levem-me daqui, larguem-me, não me digam nada... deixem-me ir para onde quero e para onde pertenço de alma e coração.
Só isto e apenas isto.
Li o poema e revi-me nele pois o grito anda cá dentro do peito, sempre prontinho a saltar.
Um grande beijinho
José Gonçalves

António Inglês disse...

avelaneiraflorida

Sente e de que maneira....
Nem lhe passa pela cabeça como sente...
Mas isto um dia passa-me... ò lá que passa...
Um beijinho
José Gonçalves

António Inglês disse...

Elvira

Como a minha amiga "chega lá" tão rápido....
Realmente apanhei a boleia do poeta e ele deu-ma, por isso gritei com todas as forças do peito...
" Não me toquem, não me digam nada, deixem-me partir"
Não sei quando será, mas que hei-de lá chegar....
Um grande abraço
José Gonçalves

aramis disse...

Lindo poema meu amigo!
Por vezes também tenho vontade de dar o "grito do hipiranga!"...
Muitos beijinhos

António Inglês disse...

Aramis

Pois minha amiga, ando muito perto de o dar...
Já faltou mais...
Um grande beijinho para ti e para os teus pais.
José Goançalves

Isamar disse...

Vontade de gritar? tenho tanta!
Alimenta os teus sonhos com esperança. A hora chegará.

Beijinhossss

big river disse...

já em 1948 josé Agostinho falava do leão que me destrói ano após ano...UM abraço cá do Big River

Branca disse...

José,
Acho graça quando às vezes dizes que não percebes muito de poesia e depois tens esta sensibilidade para ela, quer quando fazes uma escolha, quer quando escreves como já vi bonitos versos e mesmo quando comentas a poesia dos outros...
Aproveito para agradecer a tua amizade e as palavras de carinho que tens deixado no meu espaço. As minhas meninas estão boas, felizmente.
Obrigada por tudo.
Beijinho

António Inglês disse...

Sophia

Por vezes grito mas não se ouve.
Sai em silêncio e só os mais atentos o sentem ou pressentem.
Vou continuar a fazê-lo até chegar aquele que quero dar mas de conforto e alegria.
Deus há-de um dia estar de olho em mim estou certo. Eu sei que somos muitos mas lá do alto ele tem uma panorâmica grande e há-de aperceber-se que alguém anda a gritar por estes lados.
Deixo-te um grande beijinho
José Gonçalves

António Inglês disse...

Big River

E mais recentemente um outro Leão se passeou por Rio Maior...
Nestes últimos tempos tens tido outro leão que provavelmente já deu o que tinha a dar, mas olha que estás sempre a tempo de arrepiar caminho...
Um abração ò cunhado!
Tóino de Floor of Parade

António Inglês disse...

Branca

Amiga, continuo a dizer-te que não sei o que escrevo e vejo-me da cor dos gatos para encontrar os assuntos que quero tratar.
Muitas das coisas que aqui aparecem, sonho-as de noite e não é a primeira vez nem a segunda que me levanto a meio para aqui vir escrever o que me veio à cabeça.
Fico satisfeito por saber que as tuas meninas estão bem.
Fica bem e com um beijinho de amizade.
José Gonçalves