terça-feira, 8 de janeiro de 2008

BREVE REFERÊNCIA A ALGUNS QUE NOS DEIXARAM EM 2007

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Morre escritor americano Norman Mailer, por falência renal

Norman Mailer, o romancista e jornalista que marcou a literatura americana na segunda metade do século 20, com livros repletos de violência, sexo e provocação, morreu no Hospital Monte Sinai em Nova York, aos 84 anos, por falência renal.

Considerado um dos maiores autores americanos, Mailer escreveu 39 livros, entre eles 11 romances, e actuou em todo tipo de género artístico, incluindo teatro, poesia, cinema e o "new journalism", em que misturou a experiência pessoal com factos, utilizando técnicas de narrativa de ficção.

As obras do escritor foram aclamadas devido à originalidade do texto, à crueza da linguagem e ao poder hipnótico dos personagens.

Ao mesmo tempo, feministas criticavam a representação da mulher nos textos e outros rejeitavam a posição política do autor, um esquerdista. Alguns críticos consideravam as obras do romancista simplesmente ruins.

Mailer começou a escrever cedo e aos nove anos finalizou "An Invasion of Mars", uma história de 250 páginas.

Nascido em 1923 em Nova Jersey, o escritor era filho de um contador judeu sul-africano e uma "mulher incansável" - como ele a descrevia. Mailer foi criado num bairro de classe trabalhadora, no Brooklyn.

Além de literatura, tinha um grande interesse por aviões e chegou a cursar engenharia aeronáutica na Universidade de Harvard. Mas abandonou para sempre as leis da dinâmica após lutar na Segunda Guerra Mundial, na frente do Pacífico.

Ao retornar, escreveu "The Naked and the Dead", um romance com o qual surgiu na cena literária americana em 1948, aos 25 anos. Numa entrevista em 1991, Mailer afirmou que ter feito sucesso tão cedo, lhe estava deixando um grande peso. "Era jovem e sabia pouco. Uma vez que escrevi esse livro, não tinha nada mais sobre o que escrever", disse.

Tentou a sorte como roteirista em Hollywood, mas foi recebido friamente. As duas obras lançadas em seguida, "Barbary Shore"(1951) e "The Deer Park" (1955), foram consideradas um fracasso.

O escritor ganhou duas vezes o Pulitzer e também um Prémio Nacional do Livro.

Mailer casou seis vezes, teve nove filhos e esfaqueou a segunda mulher, Adele Morales, durante uma festa. Ela não apresentou queixas contra o marido e recuperou totalmente, após ter ficado à beira da morte.

O romancista protestava, bebia, fumava maconha e percorria os casinos clandestinos de Nova York.

Em "Um Sonho Americano" (1965) reflectiu a vida que levava através das lentes de Stephen Rojack, um personagem semi-autobiográfico que mata a mulher. Para ele, o outro sonho americano, com casa nos subúrbios, filhos, cachorro e passando os domingos na igreja, não funcionava. Mailer escreveu esse livro por encomenda da revista "Esquire", deixou-se levar por Rojack para uma vida de álcool, sexo e violência.

"Não gosto de escrever um livro quando sei qual vai ser o final, porque quero que meus personagens assumam o controle", disse o autor. "É muito perigoso para mim saber aonde vai um livro, porque uma vez que sei, emociono-me tanto que conto a outras pessoas, saio e bebo para comemorar e depois não trabalho", afirmou.

Talvez por isso, nunca tenha escrito uma autobiografia de verdade. "Cada vez que alguém passa por uma experiência muito intensa, é formado um cristal na personalidade", que projecta reflexos para escrever muitas histórias, afirmou Mailer. " Numa autobiografia provavelmente, um escritor destrói todos os cristais", acrescentou.

Mailer também fez sucesso com seu estilo pessoal de jornalismo. Ganhou Pulitzers por "The Armies of the Night: History as a Novel, the Novel as History", em 1968, sobre uma manifestação pacifista no Pentágono no ano anterior, e por "A Canção do Carrasco" (1979), sobre a execução do assassino Gary Gilmore. Nessa época também dirigiu filmes experimentais que passaram despercebidos.

Mailer chegou a ser preso algumas vezes por protestar contra a Guerra do Vietname. Em 1969 concorreu às eleições primárias do partido democrata para a Prefeitura de Nova York. Ele propôs que a cidade se transformasse no 51º estado da União.

O último romance do escritor, "The Castle in the Forest" foi publicado em 1997.

EFE/ÚLTIMO SEGUNDO



O jornalista Homero Serpa faleceu na madrugada de 31 de Dezembro, vítima de doença prolongada.

Com uma carreira sempre ligada ao jornalismo desportivo e considerado uma referência na sua geração, Homero Serpa era pai do actual director de ‘A Bola’, Vítor Serpa.

Homero Serpa destacou-se no jornal ‘A Bola’, para onde entrou em 1955. Nessa publicação desportiva, assumiu inicialmente as funções de redactor, ascendendo depois a sub-chefe de redacção, chefe-adjunto e chefe de redacção. Dedicado ao mundo desportivo, mesmo após a reforma manteve uma crónica semanal naquela publicação.

Durante a sua carreira, Serpa colaborou com vários jornais como o ‘Diário de Lisboa’, ‘Diário Popular’ e ‘República’. O seu mérito foi reconhecido por diversas ocasiões, nomeadamente o ‘Prémio de Reportagem’ atribuído pelo Clube de Jornalistas do Porto, a ‘Medalha de Mérito Desportivo’, o diploma de sócio honorário do Belenenses e o prémio ‘O Pepe’ (Belenenses).

Natural de Lisboa, Homero Serpa nasceu na freguesia de Belém em 1927. Ligado desde muito cedo ao Belenenses, chegou a ser treinador daquele clube desportivo entre 1970 e 1971, para o qual ajudou a fundar um jornal.

Textos e Fotos tirados da Net e da CS.


Estas duas personagens encerram as referências que me propus fazer neste espaço sobre aqueles que nos deixaram neste último ano de 2007. Muitos mais partiram e sobre eles poderia transcrever também as notícias que recolhi, mas foram estes os que me pareceram mais notáveis.

José Gonçalves

4 comentários:

Branca disse...

José,
Quantas coisas aprendi contigo estes dias! Se alguns dos que partiram eram já notáveis para mim, outros não. Ainda bem que no-los deste a conhecer.
Volto amanhã para pôr a leitura em dia,o post dos reis e o poema da Fernandinha que já li no espaço dela agora mesmo, é lindo.
Parabéns.
Beijinho

Elvira Carvalho disse...

Li como sempre com atenção tentando aprender alguma coisa. Não conhecia nenhum dos dois.
Um abraço

António Inglês disse...

Branca

Esta minha resposta vem tarde demais mas mesmo assim quero deixar-te um obrigado.
José Gonçalves

António Inglês disse...

Olá Elvira

Confesso que alguns dos que falei só conhecia de nome, de resto com a busca que fiz fiquei mais informado.
Um abraço
José Gonçalves