Celebrada à meia-noite, a missa do galo assinala o nascimento de Cristo, na noite de 24 para 25 de Dezembro. Terá começado a ser celebrada no século V, e reza a lenda que o seu nome se deve ao facto de ter sido nessa noite a única vez que um galo cantou à meia-noite. O galo era considerada uma ave sagrada no antigo Império Romano. O animal passou a simbolizar vigilância, fidelidade e testemunho cristão. O galo é o primeiro a ver os raios de sol e, portanto, ao reverenciar o sol nascente, o galo estaria louvando, primeiramente, a Jesus Cristo.
A partir do ano 330, a Igreja celebra, em Roma, o nascimento de Jesus a 25 de Dezembro. Porque é o dia do solstício do Inverno romano. Porque nesse dia do nascimento do sol, os pagãos festejavam o natal do Deus Sol – Natalis Invictus. Por isso, os romanos passaram a celebrar, nesse dia, a festa da posse do Deus Imperador. Por isso, o Imperador Constantino, cristão, substituiu as festas pagãs, com um sincretismo do culto ao Sol e ao Imperador. Instituiu a Festa de Natal do Sol da Justiça e da Luz do Mundo, Jesus Cristo.
Como preparavam a festa do Sol, com as festas pagãs de 17 a 24 de Dezembro, chamadas Saturnais, assim surgiu o Tempo do Advento, para preparar o Natal de Cristo.
No século IV, a comunidade cristã de Jerusalém ia em peregrinação a Belém, para celebrar a Missa do Natal na primeira vigília da noite dos judeus, na hora do primeiro canto do galo, mencionado por Jesus na traição de Pedro (Mt. 26,34 e Mc 14,68.72).
Por isso, a Missa da meia-noite no Natal, se chama Missa do Galo, do primeiro canto do galo. Essa missa do galo é celebrada, em Roma, desde o século V, na Basílica de Santa Maria Maior. Pois, o galo, também publica o nascer do sol. E o galo passou a simbolizar vigilância, fidelidade e testemunho cristão. Por isso, no século IX, o galo foi parar no campanário das igrejas.
Só a Missa do Galo e a Missa de Páscoa são celebradas à meia-noite, pois nelas há o sentido de procurar a luz no meio da noite.
Como o galo adquiriu a sua coroa vermelha:
Há muitos, muitos anos atrás, quando o mundo acabara de ser criado, a Terra vivia debaixo de seis sóis e não de apenas um. Uma Primavera, após os camponeses terem preparado os seus campos já semeados, a água das chuvas não veio e os seis sóis queimaram tudo. Então o povo dirigiu-se ao imperador Yao que reinava na China e pediu-lhe ajuda. Como fazer para resolver tal situação? questionou o imperador. Um seu conselheiro sugeriu-lhe que se tentasse acertar nos sóis e matá-los. O Imperador chamou então os seus melhores archeiros e determinou-lhes que apontassem para os sóis. Os archeiros lançaram as suas flechas em direcção aos sóis mas as suas flechas bem longe ficaram dos alvos.
Resolveu então solicitar ajuda do príncipe Ho Yi de uma tribo vizinha, dado que era famoso na sua mestria de archeiro. Ho Yi acedeu, apontou o arco, mas disse ao imperador: ‘Lamentavelmente, eles estão longe demais para os poder alcançar’. De repente, olhando o lago existente no palácio do Imperador e vendo os seis sóis nele reflectidos, exclamou: ‘Mas se os temos aqui tão perto porque não alvejá-los aqui? E um a um, certeiramente, foi alvejando os sóis e, um a um, foram desaparecendo. Porém, o sexto, prevenindo-se, fugiu para detrás da montanha mais próxima. Os camponeses rejubilaram e foram dormir descansados. No dia seguinte, porém, acordaram numa imensa escuridão pois o sexto sol, de tanto medo de ser morto, mantinha-se escondido. Tudo foi tentado pelos camponeses: primeiro, um tigre rugindo, rugindo para o fazer sair detrás da montanha para outro local; depois, a táctica inversa, uma vaca mugindo de forma apaziguadora e dócil para o calmar e mostrar-se. Mas o Sol recusava-se a aparecer. Estão um camponês trouxe um galo que cantou. E ouve-se a voz do Sol dizendo: Ó que maravilhosa voz! E espreitando sobre a montanha fez-se, de novo, luz.
O Sol, como prémio ao belo cantor, coroou-o com uma coroa vermelha. E desde aí o galo, orgulhoso da sua coroa, canta pela aurora acordando o Sol.
O Galo é também na tradição chinesa, por excelência, o espantador de demónios. É por esta razão que muitas vezes são colocadas figuras de um galo branco nos caixões para “limpar” de demónios o caminho que o defunto irá percorrer. O seu canto ao nascer do sol tem, também segundo a tradição chinesa, o efeito de afugentar os demónios que vivem mal com a luz do dia.
É também pela mesma razão que nos casamentos as noivas comem, durante a cerimónia, pedaços de açúcar branco em forma de galo para se prevenirem contra influências demoníacas.
3 comentários:
Comecei o dia a prender. Que bom!
Abraço António
Muito interessante a lenda. Confesso que me era totalmente desconhecida.
Um abraço e BOAS FESTAS
Como sempre nos tens habituado, excelente artigo!
Desconhecia a lenda por completo...
Um abração,
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