FAMÍLIAS TIRAM IDOSOS DOS LARES E FICAM COM REFORMA
Crise.
Misericórdia receia pelo bem-estar dos que saem dos lares
Já há famílias em Portugal que estão a ir buscar os seus idosos aos lares para contarem com as suas reformas como fonte de receita. O alerta foi dado ontem pelo Presidente do secretariado da União de Misericórdias Portuguesas (UMP), Manuel Lemos. "Há cada vez mais famílias a retirar idosos de lares das misericórdias para os levarem para casa e obterem, assim, mais uma fonte de rendimento", afirmou à Lusa aquele responsável. Uma situação que tende a agravar-se em virtude da crise e das dificuldades financeiras que as pessoas hoje atravessam , admitiu Manuel Lemos ao DN.
Porém, Manuel Lemos recusa-se a dar número de casos ou mesmo lares onde essas situações se tenham verificado. Apenas adianta que se trata sobretudo de idosos de lares localizadas na periferia dos grandes centros urbanos.
Contudo, o DN apurou junto de outra fonte da Misericórdia que já existem mais de 20 casos. Um deles aconteceu no Vimieiro há cerca de seis meses.
Sem competência para impedir que estas situações aconteçam - "porque a família é soberana" - , a Misericórdia limita-se a alertar para o facto e manifestar o seu receio pela forma como os idosos possam estar a ser tratados. "Porque segundo as informações de que dispomos não foram retirados do lar porque a família tivesse mais condições para os acolher mas sim por razões financeiros". Para já, Manuel Lemos promete que a instituição "vai estar atenta. E se nos próximos meses a situação se agravar teremos de falar com os Serviços da Segurança Social, para que estes intervenham".
No entanto, espera que até lá "haja uma reflexão sobre estes novos fenómenos", afirmou, defendendo que é nestas alturas de crise económica que o Estado deve estar mais atento às instituições da economia social, com mais problemas do que é normal. E alerta: "mais importante do que uma política de distribuição de dinheiro aos idosos é a de prestação de serviços à terceira idade. Porque hoje há pessoas que vêm para os lares não só porque estão numa situação de dependência física, mas pela solidão ou até por questões de segurança", sublinha Manuel Lemos. A Misericórdia continua a ter listas de espera para os seus lares.
A legislação em vigor prevê que as instituições de acolhimento possam reter até 85% do valor total da reforma da pessoa acolhida. A esta verba a segurança social acrescenta mais 388,51 euros por cada utente. Para o idoso fica 15% do valor da reforma, que algumas vezes é "guardada" pela família, revelam entretanto fontes da instituição.|
NATACHA CARDOSO -ARQUIVO DN
Fotos da Net
António Inglês
2 comentários:
Olá António!! Espero que esteja tudo bem contigo!
Pois esta situação é muito triste, pelos dois lados, um porque a crise leva as pessoas a cometerem imprudências, outra pela falta de consideração com os idosos, já que os mesmos estão sendo adotados, novamente, pelos familiares somente com segundas intenções, e, talvez, sem o mínimo de carinho e cuidado.
O Brasil começa a enfrentar um grande problema nesta questão, de país jovem passaremos a um país de idosos muito em breve. Temos uma previdência ridícula, um salário mínimo abaixo das necessidades básicas da população e há, ainda, a possibilidade da previdência vir a falir muito em breve, já que não ocorre uma reforma e os gastos públicos só aumentam.
Daí passamos para as famílias que não cuidam de seus idosos, desconsiderando o amor, os valores, enfim, desconsiderando seu próprio futuro.
É preciso olhar para adiante com outros pensamentos. E valorizar quem, antes de nós, nos deu amor, a educação, o alimento. Pelo sim ou pelo não, amanhã seremos todos nós.
Beijos e um ótimo fim de semana!!
Geo
Geo linda princesa
Os problemas com os idosos e a Segurança Social no Brasil são semelhantes aos de Portugal.
Neste caso particular fico sem palavras porque, embora compreenda que os lares de idosos têm mesmo de existir pois que a vida nos obriga a isso e os "nossos" idosos precisam de cuidados permanentes, gostaria que o nosso dia a dia nos permitisse cuidar deles, como eles cuidaram de nós.
Infelizmente, esta não é uma realidade e por cá os idosos chegam a ser deixados nas urgências dos hospitais como se de lixo se tratasse, é uma tristeza.
Já passei por situações complicadas com pais e sogros que infelizmente já partiram e sei o que nos custou os últimos tempos das suas vidas.
Agora a crise veio agravar ainda mais este panorama e estas situações começaram a notar-se.
Não sei onde iremos parar.
Desejo-te tudo de bom para ti e para os teus.
Beijinhos
António
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