sábado, 1 de dezembro de 2007

«O HOMEM DAS BARBAS BRANCAS »


LENDA DO PAI NATAL

A Verdadeira história do Pai Natal


Segundo os relatos históricos, São Nicolau, também conhecido por Santa Claus, nome que deriva de Santus Nicolaus, terá sido Bispo de Mira, em Dembre, na actual Turquia. Nasceu em Lycia, no sudoeste da Ásia Menor, entre o século III e IV. Os relatos apontam os anos 270 (século III) ou 350 (século IV). A disparidade de datas é frequente quando falamos de relatos muito antigos referentes a pessoas célebres na sua época. Nicolau fez viagens para o Egipto e Palestina onde se formou bispo.
A data da sua morte também não é certa. Há relatos que apontam a sua morte para o ano 342 o que torna impossível o seu nascimento em 350. Nessa altura era um homem muito respeitado em todo o mundo cristão. Foi sepultado durante o século VI num santuário e no local surgiu uma nascente de água. Já no século XI, em 1087, os restos mortais e relíquias de Nicolau foram transladados para Bari na Itália e então passou a ser conhecido como São Nicolau de Bari. Rapidamente o local se transformou num centro de peregrinação e a ele se associaram muitos milagres relacionados com a oferta de presentes. A sua popularidade aumentou e o santo viu-se transformado em símbolo, estando directamente relacionado com o nascimento de Jesus Cristo, já que os princípios de dar sem pedir em troca são também máximas de Cristo.
Ficou também como um dos santos mais populares da história da cristandade, sendo o protector não só dos mais pequenos. Também marinheiros, escravos, pobres e presos se dizem protegidos pelo santo, isto porque São Nicolau esteve preso no reinado de Diocleciano, durante a perseguição aos cristãos, ficando encarcerado por muito tempo. Mas mais tarde Constantino, O Grande ordenou a libertação de vários presos religiosos entre os quais se encontrava Nicolau.


A sua fama vem-lhe da sua generosidade com os mais desfavorecidos, em particular crianças que protegia com toda a dedicação. As lendas e histórias que se associam à vida deste homem são muitas, mas todas se prendem com a sua bondade e protecção dos mais desprotegidos. Assim, há uma lenda que diz que Nicolau ressuscitou três crianças, convertendo-as em fiéis dedicados e seguidores. Outra ainda refere que o pai de Nicolau era senhor de grande fortuna, que lhe deixou em herança, na altura da sua morte. Assim o santo pode continuar a ajudar as pessoas. Conta a lenda que Nicolau ajudou uma família sua vizinha que vivia tempos de necessidade. Quando uma das filhas resolveu casar, o seu pai sem dinheiro chorava o dia inteiro pois não tinha meios para dar um casamento digno à sua filha. Assim São Nicolau encheu uma bolsa de moedas de ouro e, de noite, sem ser visto, depositou-a na janela do vizinho. A jovem casou com um belo dote e ficaram todos felizes. Um pouco mais tarde a história repetiu-se a com a segunda filha do vizinho. Mas, desconfiado, o vizinho de Nicolau, quando se preparava para casar a terceira filha, escondeu-se durante a noite, próximo da dita janela e descobriu o seu protector. Espalhou-se a notícia aos pobres e crianças.
Mas esta lenda apresenta outra versão que diz que São Nicolau salvou três jovens da prostituição, filhas de um homem pobre. Encheu uma bolsa de ouro e atirou-a pela janela da casa vizinha, acabando com os problemas económicos da família e dando a cada jovem a possibilidade de casar dignamente, com um dote apropriado.


Assim, com o passar dos anos e com as ajudas que dava a todos os que o rodeavam, principalmente crianças sem protecção e abandonadas, São Nicolau ficou para a história como um homem bom e generoso. Nuns locais dizia-se que se deslocava num trenó puxado por oito renas, noutros a figura do velhinho de longas barbas brancas aparecia num burrinho, trazendo um saco cheio de presentes. Mais tarde a lenda e as palavras do povo acreditavam que este santo homem descia pelas chaminés das casas, de noite, para deixar os seus presentes, nas meias e sapatinhos das crianças (principalmente na Suécia e Noruega). A sua figura viveu até aos nossos dias, por diversas razões, como o Pai Natal, símbolo de dádiva, amor e fraternidade, que também caracteriza o Natal Cristão.

Textos do regiaocentro.net
Fotos da Net.


José Gonçalves

8 comentários:

Branca disse...

É bonita a história deste bispo generoso, transformado em símbolo de Natal. Um mundo de ilusão para as crianças!Em minha casa sempre foi o Menino Jesus que descia pela chaminé e fazia muito barulho a deixar cair os presentes.Foi assim também para os meus filhos, mas mais recentemente os mesmos adultos que criaram essas magias na noite de Natal, também já se vestiram de São Nicolau.É a evolução dos tempos, a importação de costumes, a influência do comércio,tudo se transforma.
De qualquer forma a história de São Nicolau é um bonito exemplo de vida.
Bom Domingo
Abraço para ti.

Isamar disse...

O Édito de Milão (313 d.C.),também referenciado como Édito da Tolerância, declarava que o Império Romano seria neutro em relação ao credo religioso, acabando oficialmente com toda perseguição religiosa especialmente ao Cristianismo. O édito foi emitido por Constantino I, o grande, e Licínio, o tetrarca Oriental.
Mais tarde, o Imperador Teodósio, em 380, proclama oficialmente o Cristianismo a única religião do Império.Isto tudo para te dizer que é natural que Santa Claus seja efectivamente um bispo do Séc.IV mas para o caso pouco importa. Recuei no tempo devido ao início da história mas fiquei, mais uma vez, encantada com ela. A criança que reside dentro de nós até à morte, inquilina vitalícia deste frágil corpo , ainda vibra com esta doce figura do avô de outros tempos. Ligo-o, por muito que saiba que assim não é , ao meu bisavô, paivô, designação usada por todos lá na terra serrana onde nasci,para os pais dos nossos avós. Chegava à nossa casa, de burrinho e trazia , de facto, alguns presentes. Os pequeninos , como eu nessa altura, comiam chocolates que ele trazia no bornal para toda a sua criançada.Vinham também os produtos da terra, por ele cultivados, como as couves e as batatas. Passávamos parte da noite à lareira, que o sono teimava em vir, e,de manhã, recebíamos os presentes trazidos pelo Menino Jesus. Ninguém dormia nessa noite, quer no quarto das meninas quer no quarto dos meninos.De manhã, muito cedo, o avô Manuel, abria a porta da grande cozinha e nos sapatinhos colocados em volta da lareira ou na fornalha, lá estavam os presentinhos, pequeninos e em pequena quantidade. Mas éramos todos tão felizes! Um dia, coube-me uma linda boneca de trapos, feita pela minha mãe, mãos habilidosas as suas, e lá foi um dia com uma arca e livros quando a casa da cidade foi assaltada.
Vê só, Zé, o que tu me trazes à memória e o que eu escrevo depois de ler o que aqui nos deixas.
Actualmente,aí em casa, tens o estatuto de Pai Natal e eu espero que continues a ser teimoso para todo o sempre e a fazer feliz esses miúdos e graúdos que aí te rodeiam e que muito orgulhosos estão por seres um grande e terno folgazão.
Deixo-te beijinhos mil e desejo-vos um bom Domingo.
Por aqui tenho o sol, a Ria Formosa, lindíssima mesmo,à vista e é dia de saída, de fotografias e de almoço em família.
Um grande abraço!

António Inglês disse...

Bom dia Brancamar
O Natal é sempre o Natal, mesmo que os tempos mudem. Só que para nós, já adultos entradotes pelo tempo, ele perdeu muito do seu encanto.
Bem pelo menos falo por mim. Nos meus tempos de criança a magia estava em nossa casa nesta época. Provavelmente também os meus pais achariam que ele se tinha transformado numa época de comércio, mas a verdade é que conseguíam que nós acreditassemos piamente no Pai Natal. Também eu já me vesti de Pai Natal e mais recentemente a um dos meus genros coube-lhe esse papel.
Vamos tentando continuar a transmitir aos nossos filhos e aos netos que o Natal é sempre que um homem quiser.
Então a mãe ainda não foi ontem que voltou a casa? Espero que tudo se resolva em bem. Vai dando noticias.
Um bom domingo
Um abraço
José Gonçalves

António Inglês disse...

Bom dia boa amiga
Esta história de São Nicolau é aquela que frequentemente leio de cada vez que procuro a origem do Pai Natal.
Se a história for verídica, este bispo foi realmente um homem bom, solidário, amigo do seu amigo e um exemplo de vida.
Mas o Natal, por mais que eu queira passar-lhe ao lado, não consigo. Trás-me à lembrança tanta coisa boa.
Passada e presente. Como quem gostaria de, tal como tu, adormecer a 24 e acordar a 26, sou eu quem estará mal nisto tudo.
Só pode.
Nos meus tempos de criança, sempre vivi em Lisboa, e só nas férias íamos a casa dos meus avós, mais aos paternos que os maternos eram muito longe. Por isso as minhas recordações de Natal não têm essa mística da época passada na província. Os tempo eram difíceis para os meus pais, daí que o Natal o fosse sempre passado em nossa casa. No entanto, nenhum deles esquecia as suas origens e um pouco à sua maneira foram-nos transmitindo a tal magia que teriam tido na sua infância. Originários de regiões diferentes, com alguns costumes ligeiramente condicionados aos hábitos das suas origens, foram construindo em comum a forma de apresentarem aos filhos o mistério da época natalícia.
No dia 24 de Dezembro, durante o dia, minha mãe dedicava muito do seu tempo à cozinha e dizia-nos que tinha de fazer muitos bolos, os possíveis, e para nós um bolo feito por ela já era uma alegria, porque nessa noite o Pai Natal viria pela chaminé deixar os presentes e como viria cansado, coitado, sempre gostaria de comer uma fatia para depois continuar a distribuir as prendas aos outros meninos. Ao fim da tarde ela limpava o melhor possível a cozinha e particularmente a chaminé, uma pedra enorme a 50 cm do chão, tendo por baixo um pequeno armário de arrumos, em cima da qual estava o fogão a gás e por cima das nossas cabeças estava então o pano da chaminé. Eram assim as cozinhas da cidade. Semelhantes a todas mas tão diferentes das da província.
Perto da meia noite, a minha mãe chamava-nos para irmos pôr os sapatinhos na chaminé. Era sempre tarde esse chamamento, pois cada um de nós, "putos", assim que ela dava a limpeza por terminada, já à corrida lá tinha-mos ido colocar cada um o seu sapatinho no melhor lugar possível.
Lembro-me de algumas "guerrilhas" com as minhas irmãs pela disputa do melhor lugar da chaminé.
Depois muitas tentativas fazíamos para ficarmos até tarde acordados para ver se víamos o Pai Natal a descer pela chaminé. Em vão, eles não deixavam. A voz firme do timoneiro fazia-se sentir e lá íamos dormir a correr para no outro dia acordar e partir em busca dos nossos presentes. Já nessa altura eu era um grande malandro, o meu sapatinho era geralmente uma bota para levar mais coisas, dizia eu.
Foram assim passados anos a fio os nossos "Natais". Já crescidote, e conhecedor da realidade, ajudava a minha mãe na sua história linda na qual as minhas irmãs foram acreditando até bastante tarde, embora uma delas um belo dia tenha desmascarado a cena. Coisas do convívio escolar.
Não esqueço a magia de tantas e tantas noites na companhia de meus queridos pais e irmãs.
É difícil falar nisto sem que uma teimosa lágrima não me traga ainda mais as recordações daquelas duas personagens, pai e mãe, que tanta falta me fazem.
Tudo isto se perdeu um pouco nos dias de hoje. Já ninguém espera pela manhã do dia seguinte, e já poucos acreditam no Pai Natal. A ceia é dada pelas 22h30, por forma a que se tenha de esperar pouco pela meia noite para se abrirem as prendas.
O ano passado o meu genro vestiu-se de Papai Noel, mas a mais novinha, embora de olhos muito arregalados, acabou por não se deixar enganar. Não deixou de ser bonito na mesma.
Temos um costume cá em casa que eu fiz questão de implantar, pelo menos um para que algo de diferente emprestasse à noite alguma coisa de especial. Assim, cada um na sua vez vai-se sentando num sofá individual estrategicamente colocado e abre todas as suas prendas, que vão esvaziando a árvore de natal onde estão colocados. Uma a uma. Aproveito o momento para as fotos da praxe e até um filme ou outro. Depois é desfrutar de cada prenda, comer mais uma fatia de bolo e partir para vales dos lençóis.
Ora vê no que dão as palavras e as recordações, nunca mais me calo.
Um bom domingo em família, um bom almoço (como eu te invejo), e gostei de saber que estiveram todos aí em casa ontem. Como sei que depois vais até Silves, a única coisa que te posso dizer é que afinal passas-te a encarar essa nova relação com o filhote de maneira mais intensa de cada vez que estás com eles.
Um grande beijinho e desculpa tanto desabafo.
José Gonçalves

Isamar disse...

Cheguei a casa e vim um pouco à net, antes do jantar. Sentei-me a ler as nossas consoadas. Vivemos de recordações! E pensei: "estamos velhotes!" Isto já aconteceu há tanto tempo! Nada disso! Nós somos uns sonhadores, alimentámos as nossas vivências e temo-las intactas para contar aos nossos filhos e netos. Depois, há lá coisa mais gostosa do que ouvir os adultos a recordar a sua meninice com tanta ternura e as crianças de olhos arregalados para nós? De coração cheio, saio daqui com tanto quanto me/nos contaste. Valente, Zé! Tu és mesmmo um minhoto alegre e eu uma algarvia faladora, segundo manda a tradição. Pois que o sejamos !
Deixo-te beijinhos com uma lágrima gorda no canto do olho.
Teima em cair. Vá lá, corre, estas histórias de amizade são mesmo assim.

Elvira Carvalho disse...

Já conhecia parte deste post, mas não na totalidade.
Quando eu era criança,vivia revoltada com o Pai Natal, que dava lindos brinquedos aos filhos do Capitão da Seca e também á Nanda e à Jovi que eram as filhas do empregado de escritório, e a mim e a meus irmãos, era três ou quatro figos secos e dois ou três rebuçados. O barracão onde viviamos tinha ao fundo um fogão que eram 2 tijolos com uma grelha em cima e um forno feito de tijolo, onde a minha mãe cozia o pão. Foi o meu pai que fez, porque não havia dinheiro para comprar um fogão. E na noite de Natal, nós iamos lá deixar as tamanquitas de madeira, que eram os nossos sapatos. Uma noite jurei a mim mesma que havia de ter uma conversa com o Pai Natal. Queria saber porque os meninos que não precisavam tinham bons presente e nós que não tinhamos nada, ele também não nos dava nenhum brinquedo. Tarde da noite ouvi um ruído e pensando que era o Pai Natal, levantei-me de mansinho e vi a minha mãe com dois pacotinhos de cartão de onde tirava de um os figos e de outro os rebuçados. Fui-me deitar e no dia seguinte a minha avó que me viu muito triste, perguntou o que se passava e eu disse-lhe a chorar que não gostava do Pai Natal, que ele não visitava as crianças pobres, e que a mãezinha (ainda hoje os tratamos assim; mãezinha, paizinho) que tinha posto os rebuçados nos tamancos. E aí a minha avó contou-me a verdade e fiquei a saber que o Pai Natal não existia e que era natural os outros meninos terem bons presentes já que os pais eram ricos.
Um abraço e uma boa semana

António Inglês disse...

Sophiamar

Olha que nós estamos mesmo velhotes, queiramos ou não. Só os velhotes têm esta capacidade de recordar. Os jovens ainda têm poucas recordações para isso.
É engraçado que dei comigo ontem a reviver estes tempos em conversa com a minha mulher. Como foi reconfortante. Estes bocadinhos e estes pensamentos andam a fazer-me muito bem, a mim só não, a nós cá em casa.
Obrigado pela ajuda amiga.
José Gonçalves

António Inglês disse...

Elvira

Eu reconheço que o Natal tem significados diferentes para muitos de nós.
Gostaria que ele fosse igual para todos, mas não foi, não é e não será infelizmente.
Esse momento em que descobrimos que o nosso Pai Natal não passa dos nossos pais é complicado, sempre foi e sempre será, embora ache que cada vez mais essa imagem apenas povoa a mente dos jovens como uma figura da época que nos traz, reunião, amor, paz e família.
Se os seus brinquedos eram figos, olhe que os meus não eram muito melhores.
A vida era muito difícil e não vejo melhoras nenhumas.
Não fora os meus netos e passaria esta altura do ano como qualquer outra.
Deixo-lhe um grande abraço
José Gonçalves