sábado, 28 de julho de 2007

O clima está a alterar-se gradualmente




Anticiclone dos Açores baralha o tempo na Europa

O clima tem vindo a alterar-se gradualmente e as estações do ano já não são o que eram. Razões de vária ordem têm influenciado estas mudanças e o homem para elas tem contribuído fortemente sem que faça seja o que for para alterar o rumo dos acontecimentos. Consciente do que representa para todos nós esta modificação ambiental, ao passar os olhos por uma noticia sobre as recentes inundações da Grã-Bretanha, resolvi transcrever o artigo de autoria de Isabel Gorjão Santos.


Na Hungria, morreram 500 pessoas por causa do calor. No Reino Unido, 350 mil britânicos ficaram sem água corrente devido às cheias. Na Grécia, os incêndios devastaram 9000 hectares de área protegida. O tempo na Europa está em mau estado. E um dos culpados é o anticiclone dos Açores.

Um anticiclone é geralmente sinónimo de bom tempo: céu limpo, calor ameno, nada de chuva. Desta vez, o anticiclone dos Açores esteve a sudoeste daquela que é a sua localização habitual. Deixou de estar sobre os Açores e afastou-se para mais ao largo no Atlântico. A mudança causou alterações meteorológicas que podem relacionar-se, sobretudo, com as cheias no Reino Unido.

Agora o anticiclone já se desloca em direcção ao continente, o que fará o mercúrio dos termómetros subir um pouco na Península Ibérica. No Reino Unido, as cheias parecem diminuir e, no Sudeste europeu, a temperatura já desceu alguns graus Celsius após a vaga de calor dos últimos dias.

No período em que as cheias no Reino Unido foram mais intensas, o anticiclone esteve a sudoeste da sua posição habitual e isso permitiu a passagem de sistemas frontais na região britânica e também no Norte da Península Ibérica. Os sistemas frontais são compostos por várias frentes, ou superfícies frontais, que constituem o ponto de contacto entre massas de ar diferentes - podem ser quentes ou frias, mais ou menos densas.

"Se o anticiclone se afasta, temos sistemas frontais a passar em regiões onde, normalmente, não passariam", explica Nuno Moreira, técnico do Instituto de Meteorologia, em Lisboa. E com os sistemas frontais também é normal haver precipitação. Foi isso que aconteceu.

A relação entre a posição do anticiclone dos Açores e as cheias no Reino Unido é clara para os meteorologistas, mas o mesmo já não acontece com a sua influência na vaga de calor que afectou o Sudeste europeu. "Nesse caso, já não podemos estabelecer uma relação tão directa. Há influências que ainda não compreendemos completamente", diz o meteorologista.

Nem em todos os países europeus com temperaturas elevadas ocorreu uma verdadeira onda de calor. Esta acontece quando, durante mais de cinco dias seguidos, a temperatura está, pelo menos, cinco graus Celsius acima daquela que é a média das temperaturas máximas para cada dia.

Em Atenas, por exemplo, a temperatura não tinha ultrapassado os 35 graus Celsius até ao dia 16 de Julho, mas depois disso oscilou entre os 36 graus, no dia 22, e os 41, logo no dia 23. Isto na capital grega, porque em outros locais do país algumas estações meteorológicas registaram temperaturas ainda mais elevadas, bastante acima da média para Atenas em Julho, que é de 33,5 graus.

A situação não foi muito diferente na Hungria, onde as previsões meteorológicas apontam hoje para os 33 graus, em Budapeste, quando a média máxima de Julho é 26,5. Ou na Roménia, onde hoje se prevêem 36 graus, em Bucareste, quando a média máxima de Julho é 28,8.

Nuno Moreira explica que as temperaturas elevadas no Sudeste europeu se deveram a três factores. Existe uma massa de ar quente numa região de altas pressões, "o que significa que, nessa zona, o peso da atmosfera sobre a superfície é maior do que nas regiões vizinhas". Depois, dá-se o caso de essa região de altas pressões se ter mantido estacionária durante algum tempo. A situação de alta pressão não mudou nem se deslocou para outra região e o aquecimento manteve-se. Finalmente, existem zonas montanhosas que reforçam o aquecimento.

"Em Portugal, isso também aconteceu, em 2003. Tivemos uma massa de ar quente com altas pressões que se manteve na mesma região", recorda Nuno Moreira. Essa onda de calor em Portugal durou de 29 de Julho a 15 de Agosto de 2003. Foi o segundo Verão mais quente desde 1931 e na vila alentejana de Amareleja chegaram a estar 47,3 graus Celsius, no dia 1 de Agosto. Foi a temperatura mais elevada registada, desde sempre, em Portugal.

Artigo de Isabel Gorjão Santos

In Público PT


8 comentários:

Maria Faia disse...

Amigo José Gonçalves,

Muda o tempo e, esparemos que mudem os comportamentos e mentalidades nefasta para o meio ambiente, produzidas pelos humanos.
Preservar é preciso pois, todos nós temos a nossa quota de responsabilidade.

Um beijo amigo

*Um Momento* disse...

É... este mundo anda mesmo ás avessas..
Noite serena :)
(*)

António Inglês disse...

Amiga Maria Faia

Cá de cima do Norte de Portugal,bem encostinho ao monte de Santa Tecla em Espanha, respondo-lhe ao comentário que faz sobre as alterações do clima.
A verdade é que quando aqui estou não dou pelas imensas alterações que o planeta sofre.
Aqui tudo é tão diferente, tão belo que não dá para parar e pensar no que nos rodeia para lá do nosso horizonte visual.
Porém, reconheço que as mentalidades e os comportamentos têm de mudar. Esperemos que assim seja, antes que seja tarde.
Beijinhos minhotos
José Gonçalves

António Inglês disse...

Um momento


Agradeço-lhe a visita que me fez e espero retribui-la o mais breve possivel.

Estou no Norte de Portugal e por aqui as minhas noites são sempre serenas, mas agradeço-lhe os votos.

Esperemos que este mundo em que vivemos não dê voltas demais.
José Gonçalves

Anónimo disse...

Amigo José Gonçalves,

Realmente está tudo a mudar e de que maneira...
De ontem para hoje dizem que a temperatura baixou cerca de 15 graus, não é normal...
Além de não ser bom para o fisico, dizem que tambem agita a "caixa dos pirolitos"! Daí se calhar tanta loucura!

Desejo uma boa estadia pelo nosso Minho ( que maravilha!)e boa viagem de regresso.

Muitos beijinhos

António Inglês disse...

Aramis


O que é bom acaba depressa e por isso já cá estou com muita pena minha.
O planeta está a sofrer alterações muito significativas e se calhar como dizes deve ser por isso que muitas vezes parece-mos todos um pouco "malucos" e as nossas atitudes não são as mais normais.
Um abraço
José Gonçalves

Anónimo disse...

Naturalmente há muita coisa a fazer para preservar o ambiente.

Seguramente a terra há uns séculos era bem menos poluída do que hoje. Mas a sociedade evoluiu, mudou, transformou-se. Tudo é mudança.
Quem me dera eu ter hoje a força dos meus 15 ou 20 anos que já passaram, mas quem me dera que aos 15 ou 20 anos, pudesse ter os conhecimentos e a maturidade que tenho hoje. As coisas mudaram em mim. Seguramente a vida na terra também foi evoluindo. Hoje terá coisas boas que há séculos não existiam, tem coisas más como a poluição que há séculos não existiam. A vida evoluiu … mas seguramente temos que deixar o planeta em transformação aos vindouros. Por isso temos que ter o cuidado de não estragar o ambiente. Mas sejamos razoáveis e nada de fundamentalismos.
Antigamente a vida era suja e havia lama, mas tudo era saudável, hoje temos tudo muito limpo, mas o mundo tem manchas de poluição.
O clima apresenta modificações! Claro que apresenta. Serão fruto do acaso ou da intervenção maléfica dos homens, quanto a mim é difícil decifrar. Se as alterações climáticas são fruto do evoluir do mundo ou das consequências dos estragos dos humanos é algo indecifrável.
Teria havido outra forma de o mundo ter evoluído?
Será que ainda deveríamos andar de carroça e a caçar com setas e a pedrada?
Mas não acredito que seja possível regressar ao passado. Já não sabemos viver sem automóveis, sem aviões, sem fábricas, sem electricidade, sem detergentes, sem um sem número de coisas. É verdade que quando vou ao wc nem lembro se á agua com sabão vai ser tratada ou enfiada num qualquer rio.
Por isso exige-se tudo aos poderes públicos e políticos. Etars e outras coisas. E o que damos??????
Sinceramente sei que há muito a fazer pela protecção e preservação do ambiente, mas confesso que por vezes sinto muita agressividade nos ambientalistas. Exigem tudo, mas não sei bem o que dão …. Acusam os outros de não protegerem o ambiente, mas não sei bem que atitudes tomam para defender o ambiente. Não querem que se ande de carro, mas não os vejo andar a pé … não querem isto e aquilo, mas acabam por fazer o mesmo que os outros. Enfim fica-me a sensação de que querem defender o ambiente, mas os outros que façam … eles sabem bem é falar, falar, ….
Que o ambiente seja preservado sem fundamentalismos.

António Inglês disse...

Meu caro Joaquim Marques

Fico satisfeito por vê-lo por entre as minhas visitas. Repare, disse: visitas não disse amigos. Amigo já eu sei que o é há muito tempo e ainda bem porque o sentimento é mútuo como sabe.
Agora, como visita já não estava habituado a vê-lo por aqui. Ainda bem que veio. Os seus comentários vieram enriquecer este paupérrimo espaço que apenas transmite o meu sentir das coisas, a minha forma de estar na vida. Vêm eles acrescentar ainda mais aos que normalmente me visitam e a quem devo a amizade e a atenção de se lembrarem de mim de vez em quando e postarem por cá os seus muito especiais comentários, conferindo, eles sim pelo conteúdo das suas prosas de opinião, o verdadeiro valor do Porentremontesevales.
Esta aventura, excelente, tem vindo a permitir-me utilizá-la como terapia para os momentos de algum isolamento e por isso vou continuando na busca de temas que me são agradáveis e dos quais gosto ou me preocupam.
O ambiente, é um deles e muito preocupante. Por tudo o que o envolve e que pode influenciar a nossa vida, mas também pelas muitas lutas dos tais super defensores do ambiente que também a mim me deixam muitas vezes com as franjas em pé.
Creio que utilizam em muitas das suas posições públicas a teoria de S. Tomás, ou seja, olhemos para o que eles dizem e não para o que eles fazem.
A evolução dos tempos veio fatalmente a alterar o comportamento dos elementos ambientais, por todas as razões que o meu amigo descreveu de forma brilhante, mas é preciso que o homem tome consciência de que tem de emendar muitas das suas atitudes e procure que o ambiente seja o menos mal tratado possível.
A acção dos ambientalistas é importante reconheço, mas como o meu amigo diz e muito bem, tem de ser o mais racional possível e não desenfreada e cega que nos obriga muitas vezes a não os aceitar tão bem.
Um grande abraço
José Gonçalves