terça-feira, 31 de julho de 2007

CAMINHA NÃO PÁRA, ESTÁ EM CONSTANTE MOVIMENTO





CAMINHA NÃO PÁRA, ESTÁ EM CONSTANTE MOVIMENTO

FEIRA MEDIEVAL


No decurso da passada semana de 24 a 29 de Julho de 2007, a Vila de Caminha reviveu mais uma FEIRA MEDIEVAL, uma iniciativa da Câmara Municipal e integrada no programa de animação cultural de Verão de 2007 desta Vila banhada pelo Rio Minho e viradinha ao Monte de Santa Tecla em Espanha com quem acorda todos os dias de braço dado, ambas “protegidas” na foz do rio pelo Forte da Ìnsua que ali permanece imponente e seguro do seu papel parecendo que lhes vai guardando o sono, noite após noite.

Durante toda semana foi possível passear e petiscar na Feira Medieval, embora com muita dificuldade pela imensa multidão que invadiu Caminha, em especial no fim de semana e à noite.

Milhares e milhares de turistas, vaguearam pelas ruas e ruelas da Vila, e era frequente ouvir-se falar o galego dos “nuestros hermanos” que escolhem as muitas festas populares da região que é tão sua como dos minhotos, irmanados que estão por usos e costumes e onde o próprio dialecto já se mistura; o francês dos muitos emigrantes que nesta época do ano voltam às origens, e uma ou outra voz de outras paragens.

De realçar que o dia a dia destes vizinhos (portugueses e espanhóis) se faz com cada vez mais proximidade, pois que pelas ruas da Vila se vão encontrando a par e passo e não é raro o casamento entre uns e outros. São os tempos. Antigamente para se ir a Espanha ou vice-versa era preciso ir a Valença e passar pela fronteira. Hoje a sua abolição veio permitir esta realidade e ainda bem. Cada vez mais somos todos da mesma aldeia.

Também do resto do País, muitos portugueses ali se deslocam rendidos às iguarias, à hospitalidade destas gentes, ao bom vinho verde e ao verde abundante da paisagem da região.

Como não podia deixar de ser, eu lá estive mais uma vez, junto de familiares e amigos que não se cansam de me mimar com a sua imensa alegria e atenção.

À hora combinada lá nos encontrámos todos junto da tasquinha do Lar de Terceira Idade de Caminha, uma iniciativa própria do Lar para ajudar os cofres da Instituição. Verificámos de imediato que a hora marcada não era a mais indicada e foi difícil ali comer-mos pelo mar de gente que aguardava por vez.

Percorremos assim, as ruas de Caminha e entrámos na parte velha da Vila, a parte mais histórica e nobre da terra onde finalmente conseguimos, ainda que espalhados pelas muitas tasquinhas existentes, satisfazer um dos rituais a que nos submetemos ano após ano, jantar na Feira Medieval.

Curioso é verificar que os comerciantes e o comércio adere em força a esta feira, participando activamente, não só de porta aberta para a sua actividade seja ela qual for, mas também trajados à época o que dá um brilho ainda maior aos festejos medievais.

Para além do comércio local, as muitas bancas onde de tudo um pouco se encontra, mas sempre com as sua personagens trajadas à época e reforçando o que atrás afirmei sobre a proximidade do povo galego a esta região, muitas delas de origem espanhola.

Depois da barriguinha aconchegada, foi partir á descoberta da Feira e fazer prova dos inúmeros licores dados a provar aos passantes. Exposições e espectáculos de rua fizeram parte do percurso que efectuámos até nos sentir-mos exaustos e o regresso a casa era a única solução, não sem antes acabar-mos a provar um “champerreon” espectacular à mistura com umas deliciosas "pataniscas".

Ninguém diria, depois de por ali passar, que o país está em crise e que os portugueses andam preocupados, com dificuldades e acabrunhados. Naqueles momentos, tudo isso é posto para trás das costas e a alegria e a hospitalidade própria dos minhotos contagiam-nos e fazem-nos esquecer as realidades da vida por momentos.

Está de parabéns a Câmara Municipal de CAMINHA, pela aposta que tem vindo a fazer na animação cultural da sua terra e da sua região, seguramente com a parceria da Região de Turismo do Alto Minho que cada vez mais vem trazendo a todos nós a possibilidade de podermos ali dar asas á nossa imaginação e criando-nos o desejo muito vivo de voltar e mesmo de ali nos radicarmos.

Estando muito perto dos festejos anuais da Vila, as festas em honra de Santa Rita de Cássia (5,6,7 e 8/ Agosto), terá hoje dia 31 de Julho, a partir das 21 horas, lugar frente ao edifício da Câmara Municipal de Caminha um festival internacional de folclore com inúmeros grupos nacionais e internacionais. O folclore sempre presente, ou não estivesse Caminha no Alto Minho. A partir de 5 de Agosto o maestro Vitorino de Almeida começa um ciclo de concertos pelas freguesias do Concelho, mais uma iniciativa da Câmara Municipal. O povo e a cultura de mãos dadas sempre. Caminha não pára.

Mas o fim de semana, para mim, não se confinou à Feira Medieval, teve outros atractivos, e disso darei conta noutro artigo que em breve aqui deixarei.

José Gonçalves


10 comentários:

Ernesto Feliciano disse...

Amigo José,

Só as fotos já causam alguma vontade de ter lá estado também.

Tevo por ceto uma excelente estadia no seu Minho.

Um abraço.

António Inglês disse...

Olá Ernesto


Tive realmente uma óptima estadia no "meu" Minho e sobretudo porque pude tomar um banho de praia na minha praia de sempre AFIFE.
Ali estive com a minha mulher, a minha prima e as minhas netas e como me satisfiz com aquela manhã de segunda feira...
... e o resto, porque sempre que lá estou é tudo muito bom...
Um abraço
José Gonçalves

Anónimo disse...

Querido amigo,

Pela forma excelente como descreves, até dá vontade de lá ter estado!
Adoro Caminha, mas já não vou lá a algum tempo. Ficava sempre em Seixas do Minho, que tambem é lindo.
Sabe bem ver nalguns locais surgirem estas iniciativas das Autarquias e toca a ter animação cultural. A feira medieval, as tasquinhas, o folclore...
De notar o que falas sobre todo o comercio se juntar num só espirito, isto é extremamente importante.

Destes eventos surgem sempre mais valias!

Muitos beijinhos

António Inglês disse...

Amiga aramis

Apenas descrevi aquilo que vivi durante os poucos dias que estive em Caminha e a forma como toda a comunidade vive as suas manifestações.
Algumas destas realizações ficam a dever-se seguramente ao espírito fortemente comunitário das gentes minhotas que não é uma particularidade só desta região.
As regiões do interior, em especial aquelas mais a norte, disso são testemunho.
São lições de vida de cada vez que lá estou porque essa união não encontro infelizmente aqui pela nossa zona, lamento mas é o que sinto.
Mais que as palavras, só vivendo e passando por elas é que tomamos consciência da forma aguerrida, alegre e bairrista das gentes minhotas.
Um dia destes ainda te deixarei aqui umas fotos da "minha praia" para que possas deleitar-te com a vista (AFIFE), e tenho pena que o cheirinho do sargaço não possa acompanhá-las.
José Gonçalves

Maria Faia disse...

Mais uma grande iniciativa cultural em Caminha.
Gostei e, tenho pena de não ter possibilidades de me desmultiplicar...

Beijo amigo

António Inglês disse...

Querida amiga

Estou farto de a aconselhar a perder um pouquinho do seu tempo com os eventos minhotos...
Nunca mais vai querer outra coisa..
Aliás espero que cumpra o que prometeu... ir ás Festas da Senhora da Agonia em Viana do Castelo este ano.
Um beijinho
José Gonçalves

Anónimo disse...

Estimado amigo


Reconheço que as pessoas do minho têm vincadas as marcas de uma cultura muito própria e cativante. Reconheço que os arraiais do minho são de facto uma fabulosa imagem de marca. Naturalmente o Minho é sempre fascinante. Por isso o seu texto e as suas fotos, só servem para nos fazer roer de inveja.

Bem quanto às feiras medievais, meu caro, acredito que são espectaculares, mas estão a tornar-se muito corriqueiras em todo o lado. Reconheço a espectacularidade, mas são recriações do que se pressume ser o medieval. Ou melhor são um medieval do século XXI. Por vezes tem espectaculo,mas falta-lhes rigor histórico e podem ser algo ilusórias. São bonitas e isso já é um grande valor e cumprem o seu notável objectivo contribuir para a felicidade humana.

António Inglês disse...

Meu caro Joaquim Marques


Há muito tempo que não o via por estes lados e deixe-me agradecer-lhe em primeiro lugar a visita.
É verdade que o Minho e as suas tradições são uma imagem de marca.
Quanto à feira medieval, todos sabemos que elas apenas querem recriar aquilo que se penso ter sido uma feira medieval e normalmente são adaptadas à terra onde são feitas.
Não creio que quem as põem em programas de animação nas suas terras não tenha outro objectivo que não seja o de animar a população proporcionando-lhe momentos lúdicos e culturais.
E meu caro temos de ter alguma definição sobre o que queremos, sobre o que reclamamos e sobre o que protestamos.
É que quando nada se faz é porque nada se faz, quando se faz é porque não está bem feito. Em que ficamos?
A verdade é que pelo menos ainda existem terras que vão fazendo alguma coisa, boa ou má, mas fazem, enquanto outras não fazem... nem saem de cima...
Um grande abraço
José Gonçalves

Anónimo disse...

Cerveira 1, Valença 0, Monção…. (o elogio do Alto Minho!)

Como cerveirense sinto-me orgulhoso por dizerem isto da nossa terra!!!
Cada vez mais a capital cultural do Alto Minho!

António Inglês disse...

Meu caro João Silva

Obrigado pela visita.
Também eu sinto orgulho no Alto Minho
Um abraço
José Gonçalves