quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

TRATADO PROÍBE BOMBAS DE FRAGMENTAÇÃO


Oslo - Cem países, incluindo Portugal, assinaram ontem, em Oslo, um tratado que proíbe as bombas de fragmentação, numa cerimónia que ficou marcada pela ausência dos maiores fabricantes dessas armas, os Estados Unidos, a Rússia e a China.


A Noruega foi a promotora do processo de proibição e foi a primeira a assinar o acordo alcançado em Dublin, em Maio passado, e que proíbe a produção, uso, armazenamento e comércio das bombas de fragmentação e que obriga os signatários a ajudar os países e as pessoas vítimas dessas bombas. Jens Stoltenberg, o primeiro-ministro norueguês afirmou que «o mundo não será o mesmo» depois da assinatura do tratado.



A ausência dos principais fabricantes destas armas limita o alcance do tratado tendo sido feito um apelo durante a cerimónia de assinatura do tratado para que mudem de opinião. Washington já respondeu ao pedido reiterando sua oposição à proibição argumentando que «uma proibição das bombas de fragmentação feita de um modo tão geral colocará em perigo as vidas dos nossos homens e mulheres e dos nossos aliados.»

O principal problema deste tipo de arma é o facto de não rebentarem por inteiro o que faz com que várias centenas de «bombas» menores se dispersem num perímetro alargado, convertendo-se assim, em minas antipessoais, proibidas pela Convenção de Ottawa de 1997.


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O que são bombas de fragmentação?

As bombas de fragmentação são armas largadas do ar que que quando caem soltam dezenas, ou mesmo centenas, de sub-bombas numa área extensa equivalente a vários campos de futebol.

As sub-bombas explodem ao entrar em contacto com qualquer alvo. Das questões mais polémicas no que toca a este tipo de arma é o que acontece quando as sub-bombas falham a detonação no impacto e se tornam numa espécie de minas anti-pessoais que afectam civis mesmo depois de terminados os conflitos, durante meses ou anos, como o que se tem passado no Sul do Líbano na sequência da guerra entre o Hezbollah e Israel. Por outro lado, muitas vezes, devido à sua capacidade de dispersão e fragmentação, espalham-se por áreas populosas.

Um terço dos afectados por bombas de fragmentação são crianças. Os explosivos impedem as populações de usar terrenos, de ter acesso a hospitais e escolas e podem permanecer uma ameaça durante décadas, sendo mais letais do que as minas.



As bombas de fragmentação foram utilizadas em muitos conflitos no mundo inteiro, depois da Segunda Guerra Mundial. Desde a guerra do Vietname, Líbano, Guerra do Golfo, Bósnia-Herzegovina, Afeganistão ao Iraque, entre outros.

De acordo com a Cluster Munition Coalition (CMC), rede de cerca de 200 organizações nacionais e internacionais da sociedade civil para a não-proliferação de armas de fragmentação, cerca de 31 países, sobretudo em vias de desenvolvimento, são ou foram afectados pelas bombas de fragmentação.

Segundo a CMC, 14 países usaram este tipo de arma, sendo eles os Estados Unidos, França, Israel, Rússia, Reino Unido, Holanda, Etiópia, Sudão, Nigéria, Eritreia, Arábia Saudita, Jugoslávia, Marrocos e Tajiquistão.

Cerca de 76 países têm milhões de sub-munições armazenadas. De acordo com dados oficiais, 34 estados do mundo produzem ou já produziram mais de 200 tipos de armas de fragmentação.

JPN- Jornal Digital

Fotos da Net

António Inglês

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