O PRIMEIRO TRANSPLANTE DE CORAÇÃO
CHRISTIAAN NEETHLING BARNARD (1922-2001)
Especializou-se em Cirurgia Torácica e Cardiovascular nos EUA, na University of Minnesota. Fundou o Departamento de Cirurgia Cardíaca do Groote Schuur Hospital, na Cidade do Cabo, em 1958. Em 1959 realizou o primeiro transplante renal da África do Sul . Em 1961 tornou-se Chefe do Departamento de Cirurgia Torácica e Cardiovascular da University of Cape Town.
O primeiro transplante cardíaco do mundo ocorreu a 03 de Dezembro de 1967, numa operação que durou nove horas e envolveu uma equipa de trinta pessoas. O receptor, Louis Washkansky, de 55 anos, sobreviveu 18 dias.
Christiaan Barnard também foi pioneiro em técnicas bastante ousadas para a época, como transplantes duplos (1974), válvulas artificiais e o emprego de corações de animais para tratamentos de emergência (1977).
Barnard realizou 10 transplantes ortotópicos (1967-1973) e ele, ou sua equipa, efectuaram 48 transplantes heterotópicos (1975-1983).
Combateu intensamente o apartheid, a política de segregação racial então vigente na África do Sul, tendo provocado uma grande polémica em 1968 ao transplantar o coração de um homem mestiço num dentista de raça branca.
O primeiro transplante de coração
A 3 de Dezembro de 1967, o cirurgião sul-africano Christiaan Barnard faz o primeiro transplante de coração humano. O paciente só sobrevive 18 dias e morre de infecção, mas pouco depois o cardiologista alcança o primeiro sucesso mundial com uma operação do género.
O coração de uma pessoa morta palpitou, pela primeira vez, no peito de outro humano às 5h25 de 3 de Dezembro de 1967, na África do Sul. O primeiro transplante de coração foi bem sucedido, no hospital Grote-Schuur, na Cidade do Cabo. O chefe da equipe era o professor Christiaan Barnard, então com 44 anos de idade.
"Nós, na África do Sul, tivemos que decidir o que fazer. Todos os dias víamos pacientes que não podiam ser ajudados. A única possibilidade de ajudá-los era o transplante de coração", disse o cardiologista. Barnard, que, de repente, se tornara mundialmente famoso, morreu em Setembro de 2001, aos 78 anos de idade.
Morte prematura
Louis Waskansky, de 53 anos, foi o primeiro homem que recebeu o coração de um estranho. O órgão transplantado por Barnard e sua equipa, numa operação que durou 5 horas, era de uma jovem de 25 anos, que tinha morrido num acidente. Mas Waskansky faleceu 18 dias depois da cirurgia histórica, como consequência de uma infecção pulmonar. A luta dos médicos para combater a rejeição do organismo reduziu muito o sistema imunológico do paciente.
Um mês depois da operação espectacular, Barnard fez o segundo transplante de coração e, desta vez com grande sucesso: o dentista Philip Blaiberg viveu um ano e sete meses com o coração novo.
Enormes obstáculos morais
A notícia do transplante propagou-se como fogo. O acontecimento era até então inconcebível, revolucionário, embora há muito se transplantassem rins, córneas e os ossos do sistema auditivo. Mas havia uma grande diferença: os obstáculos morais levantados mundo fora contra o transplante de coração. Ainda dominava naquele tempo a crença de que não se tratava de um órgão como os demais, mas o lugar da alma, o núcleo humano, o centro da personalidade.
"A partir de um determinado momento, a gente é apenas um pesquisador e tem que se ater ao fato de que o coração tem apenas a função de bombear o sangue. Um transplante de coração não é mais do que um transplante de rins ou de fígado", justificou Barnard.
O grande problema na época era a rejeição. Um organismo defende-se contra todo e qualquer corpo estranho que lhe é implantado. O perigo da rejeição era e foi durante muito tempo o árbitro para o sucesso ou o fracasso de um transplante de coração.
Problema não era técnico
Na actualidade, a repulsa orgânica está bastante reduzida, graças ao efeito de medicamentos desenvolvidos especialmente com essa meta. A propósito, o cardiologista da Universidade de Colónia, Ernst Reiner de Vivie, afirma:
"O problema nunca foi técnico. No coração, tem-se apenas que ligar dois vasos entre si. O problema sempre foi a rejeição. Mas já estamos a dominar isso tão bem que a taxa de mortalidade situa-se abaixo dos 10% no primeiro ano depois do transplante e isso já é um grande êxito."
Várias equipas de cirurgiões seguíram o acto pioneiro do sul-africano Barnard. Em Nova York, por exemplo, o centro de transplantes Palo Alto e Stanford tentava há muito tempo transplantar corações.
"Não podemos esquecer que o professor Shamway e sua equipa, na Stanford University da Califórnia, são os verdadeiros pais do transplante de coração, pois eles fizeram a operação em animais durante anos. Christiaan Barnard tinha sido um membro dessa equipa, como hóspede da África do Sul, e aprendeu como se faziam transplantes", destacou o catedrático alemão de Vivie.
Apenas sete semanas depois do grande sucesso de Barnard, na África do Sul, o cardiologista americano Shumway fez o seu primeiro transplante de coração. Na ocasião, um colega perguntou-lhe como se sentia. Shumway respondeu: " Você lembra-se do segundo homem que alcançou o Pólo Norte?"
Maren Hellwege
Fotos da Net
António Inglês
2 comentários:
Este um artigo que li com muita atenção. Mais agora com a Tânia à espera do coração.
Deixo-lhe um grande abraço e o desejo de que a constipação tenha passado.
Estes sim,são profissionais que merecem bons salários, muito mais que, por exemplo, os jogadores de futebol dos grandes clubes.
Beijinhos.
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