ARMADILHAS CONJUGAIS
“De há uns tempos a esta parte, uma pessoa que me é particularmente querida atravessa uma fase bem conturbada da sua vida. Por mais conselhos que já lhe tenha dado, e têm sido muitos, penso que nunca consegui encontrar a forma de lhe fazer chegar nenhuma mensagem que a tenha ajudado, quiçá por não ser um bom conselheiro matrimonial, mas também porque a pessoa em questão sempre foi teimosa e de feitio difícil. Porque encontrei sem querer este texto de alguém que saberá seguramente do que fala, e me pareceu, depois de o ler, que vinha mesmo a calhar. Porque sei que a referida pessoa o lerá, aqui lho deixo, acreditando que ao lê-lo lhe possa trazer alguma luz e com ela a paz e a tranquilidade que tanta falta lhe tem feito na sua relação conjugal de mais de vinte anos.” “Para “ti”, rapariga, não te digo pára, escuta e olha, digo-te antes: pára, lê e medita bem porque quem te aconselha só te quer bem, e quer ver a tua família mais próxima, feliz e em harmonia.”
Os erros que nunca deverá cometer e as estratégias para uma relação à prova de conflito
Diz quem sabe que uma relação entre duas pessoas se faz de amor, de respeito, de desejo e também de uma pitada de ciúmes. Na medida certa, os ciúmes condimentam a vida conjugal e avivam sentimentos.
Mas atenção, não ultrapasse os limites do razoável. E, então, se a um excesso de ciúmes juntar uma comunicação deficiente, discussões constantes e dificuldade em partilhar erros e glórias então tem reunidas as condições ideais para armadilhar letalmente a sua relação.
Esta é uma hipótese que você nem quer colocar, pois não?
Comunicação
Sabe, certamente, que um dos castigos mais cruéis da humanidade consiste em condenar um indivíduo ao isolamento.
Ora se esta situação lhe fizer lembrar a sua relação amorosa, tem um problema. O uso deficiente da comunicação é um dos erros cada vez mais frequentemente cometidos pelos casais. Duas pessoas em conflito não são, seguramente, bons comunicadores.
A verdade é que os dois podem até falar muito, mas sem transmitir nada de importante ou, pior ainda, utilizando as palavras para se agredirem mutuamente. Lembre-se que a comunicação é-nos inata e, portanto, surge com alguma naturalidade.
Mas, isso não significa que deixe de estar atenta à forma como comunica com o seu parceiro.
Luz verde
Comunicar bem não significa ser muito faladora, mas sim saber criar um canal através do qual se passam as mensagens necessárias para a outra pessoa. Significa também ter a capacidade de captar exactamente o que o seu companheiro pensa e utilizar esse intercâmbio comunicativo como um instrumento positivo.
A manifestação amorosa ocorre sempre de duas formas: através do que se faz e do que se diz. A comunicação é uma excelente forma de demonstrar o amor que se sente em relação ao outro.
Na verdade, a atitude de um provoca um efeito semelhante no outro, logo, opte por uma comunicação mais próxima, mais afectiva, e receberá do outro lado semelhante tratamento.
Ciúme
O seu companheiro chega a casa. Espera que ele entre no banho e, então, corre para o quarto e revista toda a sua roupa. Não sabe bem o que procura, sente-se culpada por desconfiar, mas não encontra nada que suporte essa desconfiança. Ainda assim não consegue parar.
A isto chama-se ciúme... exacerbado. Um sentimento que rói por dentro como uma voz interior que nos diz «não acredites nele». Os ciúmes exagerados alteram por completo o bem estar, desequilibram e cegam.
Quando começam a ser exagerados, quando se tem um sentimento de posse total sobre a pessoa amada, podem levar mesmo à prática de actos negativos, destrutivos, por vezes, no limite, até fatais.
Neste caso, falamos de ciúmes patológicos que não são mais do que uma obsessão em que se confunde amor com a posse. A pessoa ciumenta sente uma dupla ameaça: a sua relação está em perigo e a sua auto-estima também.
Luz verde
Os ciúmes são experimentados pelo ser humano desde a infância e, quando bem geridos, podem ser encarados como algo natural e até (quem diria!) útil. Em última análise, o ciúme alerta para o perigo de se perder a pessoa amada, levando-nos a tomar medidas para alterar algo que possa estar mal na relação.
Uma pessoa que se sente querida pelo companheiro, raramente vivencia ciúmes doentios porque, em última análise, é alguém que se sente bem consigo mesma. Quando este cenário muda e a pessoa começa a duvidar da sua capacidade de ser amada e de ser alvo de interesse do outro, entra num ciclo perigoso.
Regras-base
· Ninguém ganha no jogo das comparações.
· Os pormenores, no dia-a-dia, têm muita importância.
· É essencial valorizar a amizade num relacionamento.
· A vida a dois não é fácil, ainda que pareça.
· Devemos evitar as discussões quando estamos irritados.
· A igualdade é um dos pilares das relações saudáveis.
· Ser capaz de partilhar o elogio e de aceitar parte da culpa é fulcral.
· Temos de impor limites a nós próprios em relação ao ciúme.
Discussão
Ontem discutiram por causa da desarrumação na casa de banho. No fim-de-semana, a discussão teve a ver com o atraso na chegada ao jantar de aniversário de um amigo. Hoje discutem por causa de um problema que trouxeram do trabalho. As discussões já fazem parte do quotidiano do casal, mesmo que nenhum dos dois se aperceba disso. E a relação vai-se deteriorando.
São muitos os casais que dizem que se dão bem até irromper uma discussão entre eles. A verdade é que a relação pode correr sobre rodas, mas quando existem desacordos profundos então a situação tende a sair fora de controlo.
Luz verde
Para evitar uma escalada no tom das discussões, deve aprender a ouvir o outro mas também a saber transmitir as suas ideias. Desde logo, é importante que fale dos assuntos mais complicados apenas quando se sentir próxima do seu companheiro e nunca quando se sentir irritada. Desta forma, evita que ele adopte uma postura defensiva e garante uma resposta mais satisfatória da parte dele.
Habitue-se também a falar sobre coisas que lhe agradam e não apenas sobre as que a incomodam. Inclua um comentário sobre as qualidades do seu companheiro quando lhe chama a atenção para algo. A troca de ideias não deverá durar mais de 15 a 20 minutos, aproveitando ainda para não fugir à questão principal e não abrir feridas antigas.
Esta é, provavelmente, uma das ideias mais difíceis de seguir mas também das mais importantes. Quase todos nós quando começamos a falar sobre algo que nos incomoda, temos tendência a relacioná-lo com o passado, mas isso acaba por enfraquecer o poder e a eficácia do que se está a dizer.
Finalmente, aprenda a escutar o seu companheiro e tenha muito cuidado com o que diz: as palavras que magoam já não podem ser retiradas.
Identidade pessoal
Se acredita que o facto de se anular é determinante para agradar ao seu parceiro, que a sua existência deve girar em torno da vida dele ou que deve deixar de ser quem é para tornar o seu companheiro mais feliz, então está a seguir um caminho errado. Um relacionamento amoroso de sucesso exige igualdade entre os dois elementos do casal.
Se assim não for, a longo prazo, a relação acaba por ceder graças ao peso do desequilíbrio.
Luz verde
Nenhum dos elementos do casal pode ser mais importante do que o outro, nenhum deve estar mais envolvido ou ser mais dedicado. Os relacionamentos fortes e saudáveis constroem-se sobre noções de equidade, pelo que o respeito pela personalidade e pelos direitos de cada membro do casal é extremamente relevante.
Os sonhos individuais de cada parceiro devem ser apoiados mesmo que sejam totalmente diferentes e não apenas os desejos e ambições de um dos elementos da relação em detrimento dos do outro. Manter o seu sentido de autonomia individual, de independência e de igualdade constitui um factor determinante para o sucesso da sua relação a dois.
Partilha
Intencionalmente (ou nem por isso), todos temos tendência a atribuir a nós próprios os louros quando algo corre bem e a culpar os outros quando algo corre mal. Temos três vezes mais tendência a enfatizar o nome do parceiro quando uma situação é negativa e o nosso quando estão em causa acontecimentos positivos.
Resultado? Acrescentamos à lista de discussões mais um motivo de conf lito e perdemos uma boa oportunidade de mostrarmos ao nosso parceiro o quanto gostamos dele.
Luz verde
Se divide a sua vida com alguém, saiba que é importante aprender a partilhar o elogio e a aceitar parte da culpa. Desta forma, estará a contribuir para uma relação mais feliz. Torna-se indispensável que assuma plenamente o seu papel nessa relação, aceitando o seu lado bom e mau, mas também aprendendo a elogiar o seu companheiro, a dizer o quanto gosta dele e a sublinhar a falta que ele lhe faz.
Na verdade, não há altura mais importante para demonstrar carinho, apoio e dizer que valorizamos o outro como quando as dificuldades surgem. Não caia na armadilha de pensar que ele já sabe que o ama.
Repita-lhe essa frase muitas vezes.
Sexualidade feliz
Muito do êxito da sua relação depende de um bom relacionamento sexual. É essencial que as necessidades de cada um sejam tidas em conta. O facto de um dos elementos do casal estar profundamente infeliz com esta área da vida conjugal, acabará por ter um impacto negativo na relação.
Esta situação é também passível de conduzir o outro parceiro a pensar que já não é amado, chegando a sentir-se zangado. Neste caso, a postura defensiva é a pior estratégia que se pode adoptar. A solução passa por enfrentar o problema.
Caso o casal perceba que não está a conseguir ultrapassar a situação, deve recorrer a ajuda especializada, o mais rapidamente possível.
Texto de Claudia Marina Fotos da Net António Inglês
6 comentários:
Muito interessante este teu post. Para quem for aplicável, é mesmo de pensar sobre o que expões.
Mas do que eu gostei mesmo mais foi das portas... há por ali uma que pode bem ser de Caldas da Rainha (da rua das Montras), mas a outra de Chaouen trouxe-me saudades de uma viagem a Marrocos...
Um beijinho, António
Olá vim retribuir a sua visita ao meu Ares.
Infelizmente, hoje em dia a maioria dos casais quase nem sequer passa por estas etapas, porque se juntam ou casam no auge da paixão e tudo se desmorona facilmente, porque quando surgem os problemas, nada está consolidado. Não houve sequer tempo para se colocarem pequenos alicerces.
Olá doce amigo!
Agora percebi porque fala da minha ausência. O link que gentilmente criou para o meu blog, está anexado a um dos meus primeiros posts e, por isso, o meu querido António, quando visita o meu blog, vai sempre parar à mesma página... de Março de 2008... Ups!
Mas cá tenho andado, sempre iluminando tudo e todos.
Deixo-lhe aqui um link para o meu blog (sem anexos a posts expecíficos):
http://keep-your-mind-wide-open.blogspot.com/
Ficarei muito feliz de o ver por lá, de sentir a sua energia tão carinhosa.
Ah e de Março 2008 até hoje, já publiquei várias coisas... tem muita leitura para colocar em dia...hihihi (estou a brincar). Não se sinta obrigado a nada. Respito tudo e todos.
Até lá deixo-lhe luzinhas verdes e rosas para alegrar o seu lindo coração.
Beijinhos de Amor, Paz e Luz!
Estou como a Maria: apesar de o texto ser muito sensato, o que mais me fascinou foram as imagens das portas.
Beijinhos.
Olá António! Li todas as postagens e escolhi esta para lhe dizer que todas estão lindas!! Cheias de palavras sábias de motivação, reflexões e até uma chamada para esta corrupção, que as vezes acho ser mais de valores do que de dinheiro...enfim...quero lhe agradecer as felicitações de aniversário, todo o carinho e os elogios...quero lhe dizer que sou muito feliz em tê-lo como amigo. Havia até comentado com a Elvira que me surpreendi ao encontrar na blogosfera amizades tão sinceras e fortes...esse é o maior presente que uma pessoa pode querer, e me sinto privilegiada por isso...me desculpe essas ausências, mas não me esqueço de meus amigos e certamente sempre venho a sua casa e estava também a sentir falta de suas visitas a minha, mas sei que o tempo as vezes é curto para tantos afazeres...
Deixo meu Beijo de grantidão por todo o carinho que me dispensa!!
Aqui do Brasil vai um beijo e abraço apertado!!
Geo
Muito interessante mas não é niovidade para quem já viveu tanto quanto eu. Penso que mais ou menos tenho cumprido as regras, ou não estaria casada e feliz há quarenta anos.
Apesar de tudo para mim o mais interessante do post são as portas.
Uma maravilha.
Um abraço
Enviar um comentário