segunda-feira, 12 de maio de 2008

MAIO DE 68

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Maio de 68 foi auge da década em que jovens "aceleraram" a história

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O mês de maio de 1968 representou o auge de um momento histórico de intensas transformações políticas, culturais e comportamentais que marcaram a segunda metade do século 20.

Em Maio de 68, a partir de manifestações estudantis ocorridas nas universidades francesas de Nanterre e Sorbonne, irromperam sucessivos movimentos de protestos em diversas universidades de países da Europa e das Américas, que ganharam uma dimensão ainda maior com a ampliação das revoltas para a classe trabalhadora.

Entretanto, o mês histórico não pode ser compreendido sem levar em conta os fatos que eclodiram no mundo nos anos 60, uma década de mudanças na história do ocidente.

Claude-Jean Bertrand, professor do instituto francês de imprensa, escreve no artigo "Um novo nascimento na França" que em seu país, como em outros do mundo, o ano de 1968 marcou o "início do fim" do mundo pós-guerra.

Com o fim da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), os Estados Unidos emergiram como potência mundial e, ajudando na reconstrução da devastada Europa, passaram a difundir as novidades e os valores da nova sociedade que surgia.

Após a próspera década de 1950, a partir de protestos estudantis, mudanças políticas e comportamentais, o Ocidente entra nos anos 60 em um momento de "aceleração da história".


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Educação e estudantes

O historiador Eric Hobsbawm afirma, no livro "Era dos Extremos", que "a Idade Média acabou de repente" em meados da década de 1950. Para ele, o crescimento repentino dos números da educação, especialmente do ensino superior, são um dos motivos que explica as mudanças da década.

"No fim da Segunda Guerra, havia menos de 100 mil estudantes na França. Em 1960 eram mais de 200 mil e, nos dez anos seguintes, esse número triplicou para 651 mil", escreve.

Para o historiador a consequência mais imediata foi uma "inevitável tensão entre essa massa de estudantes (...) despejadas nas universidades e instituições que não estavam" de nenhuma forma, "preparadas para tal influxo".

Frequentemente associa-se aos anos 60 termos como "subversão", "revolução continuada" e "sociedade do espectáculo", mas sobretudo com "rebeliões estudantis". "Não surpreende que a década de 60 tenha se tornado a década da agitação estudantil", escreve o historiador.

Curiosamente, não era uma época de escassez material, e talvez por isso mesmo os universitários acharam que tudo poderia ser diferente. Para Hobsbawm, eles "podiam pedir mais" da nova sociedade que tinham imaginado.

Embalados pelas novidades dos jovens, os trabalhadores aproveitaram o momento de mudanças para colocar em pauta suas reivindicações.

"O efeito mais imediato da rebelião estudantil foi uma onda de greves operárias por maiores salários e melhores condições de trabalho", diz o professor.


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Rebeliões pelo mundo

As rebeliões dos anos 60, embora pareçam um conjunto se olhadas em perspectiva, tiveram motivações diversas nos diversos países em que se manifestaram.

Na França, protestos eclodiram nas universidades em Maio de 68 contra a rigidez do sistema educacional. Na verdade, estes foram parte de uma expressão mais ampla de contra cultura dos anos 60, que contestou valores morais julgados "incompatíveis" com os novos tempos.

Entre os símbolos das transformações tecnológicas, sociais e comportamentais na França estavam o automóvel --pessoas eram atropeladas nas ruas por não conseguirem calcular a velocidade dos carros--; a mini-saia e a calça jeans --que representavam a emancipação feminina e a modernidade; a valorização das crianças --que até então "não existiam", pois não havia a compreensão da infância, e elas eram tratadas como "adultos em miniatura".

Nas artes, o cinema da nouvelle vague de François Truffaut e Jean-Luc Godard buscava expressar na tela as transformações, em filmes como "Acossado" e "Os Incompreendidos".


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Europa

As manifestações também foram intensas em outros países da Europa Ocidental, e também no Leste Europeu. Na Espanha, Alemanha Ocidental e Bélgica, universidades foram ocupadas e estudantes entraram em confronto com a polícia.

Em 1º de Março, na Itália, cerca de 3.000 estudantes tomam a sede em Milão do jornal "Corriere della Serra" e em 5 de Dezembro cerca de 1 milhão de trabalhadores entram em greve. No Reino Unido, 3 milhões de trabalhadores entram em greve em 15 de Março.

Na Tchecoslováquia, em 5 de Abril, é lançado no país o programa de reformas políticas conhecido como "Primavera de Praga", que pretendeu "humanizar" o Partido Comunista, o que desagradou a ex-União Soviética (URSS) do [ex-ditador] Josef Stálin. Em 6 de Novembro os estudantes queimam a bandeiras da ex-União Soviética nas ruas de Bratislava.

Na Polónia, em 8 de Março, estudantes protestam contra o regime socialista. Três dias depois a universidade de Varsóvia foi fechada.


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América Latina

Na América Latina, os confrontos também são motivados por questões ligadas à educação, e por conta das ditaduras militares.

No México, confrontos em universidades e nas ruas da cidade do México deixam 38 mortos. O governo, que se organizava para receber os Jogos Olímpicos em 12 de Outubro, ordenou que as autoridades disparassem contra os manifestantes na praça das Três Culturas (Tlatelolco), matando cerca de 200 a 300 pessoas.

Durante as Olimpíadas, dois atletas americanos negros levantam os punhos para reivindicar o poder para os negros, na primeira manifestação política durante os Jogos Olímpicos.

No Uruguai, violentos confrontos levam o governo a decretar estado de sítio. Na Argentina, Colômbia e Venezuela, estudantes ocupam universidades, decretam greves, e se envolvem em intensos confrontos com policiais e forças do Exército.


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E tudo começou...

Tudo começou quando um estudante franco-alemão - Daniel Cohn-Bendit - organizou um protesto na universidade em Nanterre, perto de Paris, contra a proibição de estudantes de ambos os sexos frequentarem o mesmo dormitório (a pílula anticoncepcional, esta sim, revolucionária, tinha sido liberada na França no ano anterior).

Cohn-Bendit e a turma dele queriam namorar e quase derrubaram o governo. Pensando bem, era uma boa causa.


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A verdade é que...

“Pode não ter mudado o mundo. Mas as movimentações ocorridas em Paris, durante Maio de 1968, mudou certamente a forma como olhamos e pensamos o mundo em que vivemos. Da política à filosofia, da educação à cultura, o tão atribulado século XX divide-se certamente entre o antes e o depois de Maio de 68”.

João Antunes

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Fontes: Texto Folha OnLine e Net
Fotos: Net.
António Inglês

6 comentários:

FERNANDINHA & POEMAS disse...

Olá meu querido Amigo António, Li e reli o teu texto e tal como as fotos tens aqui um magnífico trabalho... Concordo plenamente com o antes e depois de Maio 68...
Parabéns, por tão bom texto!
Beijinhos de carinho e amizade,
Fernandinha

Isamar disse...

Um momento muito importante do século XX que teve repercussões em todo o mundo. Como sabes, é um dos momentos da História que muito aprecio pelo que representou para mim, então uma jovem estudante liceal cujo pai lhe falava destas coisas. Foi um prazer reler este tema e vir ao teu blogue, grande António.
Isto é serviço público do melhor.

Beijinhos

Sady Folch disse...

Caro senhor Antônio, acesso vossa página por intermédio de um comentário seu no blog de Elvira. Achei belíssima esta sua postagem e convido-o a visitar o DESASSOSSEGO.
Se gostar, me daria a honra de poder postar o seu link naquelas paragens.
Suas postagens são interessantes e enriquecedoras.
Parabéns.
Sady Folch (Brasil)

António Inglês disse...

Fernandinha

Maio de 68 mudou o Mundo, queiramos ou não e isso foi importante para todos nós.
Beijinhos
António

António Inglês disse...

Isabel

As tuas palavras continuam a ser um bálsamo para mim.
Obrigado amiga.
Beijinhos
António

António Inglês disse...

Meu caro sady folgh

Obrigado pela sua visita e em breve passarei por sua casa. Agradeço-lhe igualmente as suas simpáticas palavras sobre o Porentremontesevales.
Um abraço
António