sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

DIA INTERNACIONAL DAS CRIANÇAS COM CANCER

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Crianças com cancro aumentam em Portugal



Cerca de 300 crianças portuguesas enfrentam, anualmente, um primeiro diagnóstico de cancro. A doença afecta, também, de acordo com um estudo realizado em 19 países europeus, cada vez mais adolescentes.



Intimidante, a investigação publicada recentemente na revista The Lancet, conclui que, desde 1970, os médicos diagnosticaram, de dez em dez anos, novos 11 casos de cancro por cada milhão de crianças e 23 casos adicionais de tumores na adolescência.



Apesar de não constar neste relatório, Portugal não está imune ao crescimento do número de tumores na infância, registando, anualmente, segundo dados avançados, ontem, pelo Diário de Notícias, cerca de 300 diagnósticos. Para justificar estas estatísticas não existem, para já, argumentos concretos. Embora, os especialistas não descartem as variáveis ligadas à poluição e à alimentação durante a gravidez.



Ao incremento dos diagnósticos de cancro, há também que relacionar, dizem os investigadores, uma melhoria significativa dos métodos de diagnóstico e de codificação dos tumores.


Voltando ao estudo, que envolveu 19 países da Europa numa amostra de 113 mil tumores em crianças e 18.243 em adolescentes, a revista The Lancet revela, ainda, que nas crianças o aumento inclui todos os tumores. Enquanto a população mais jovem é afectada, sobretudo, por carcinomas, linfomas e tumores das células germinativas.



Os especialistas acreditam que a incidência dos tumores está a aumentar a uma taxa de 1% por ano nos mais novos e de 1,5% até aos 19 anos.
Neste contexto, não deixa de ser relevante avaliar o quadro da mortalidade infantil no nosso país. Ainda que as causas possam não ser restringidas ao cancro, o certo é que os números têm vindo, conforme os dados divulgados ao nível nacional, tendencialmente a crescer.



Entre as regiões mais afectadas, destacava-se, entre 2001 e 2001, de acordo com informações veiculadas pela agência Lusa, Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo, Algarve e Açores, tendo este arquipélago ultrapassado ligeiramente a média nacional de cinco mortes em cada mil nascimentos.



Cancro do cólon mata mais

Um inquérito efectuado, no ano passado, em 21 países europeus revela que o tumor do cólon e do recto é a forma de cancro mais comum na Europa, chegando a matar mais pessoas do que o cancro do pulmão.
Da iniciativa da United European Gastroenterology Federation (UEGT), este estudo coloca Portugal numa posição cimeira face aos restantes países e mostra que os portugueses estão pouco sensibilizados para a prevenção.
Média de 10 casos por ano na Região: Médica Maria João Teixeira explica que a leucemia tem atingido mais as crianças



A Madeira confronta-se com uma média de 8 a 10 novos casos/ano de cancro infantil. Os dados fazem parte dos registos do Hospital Central do Funchal e foram facultados, ao DIÁRIO, por Maria João Teixeira, médica-pediatra, responsável pelo tratamento de crianças com doença oncológica.



A médica tem a convicção de que os números têm vindo a estabilizar na cerca de uma dezena de casos/ano, sendo que a neoplasia com maior incidência nas crianças é a leucemia, seguida dos tumores do sistema nervoso central. Neste momento, a principal origem do cancro pediátrico é a leucemia, com tratamentos que se prolongam pelos dois anos, em média, sendo necessário efectuar deslocações ao Instituto Português de Oncologia, em Lisboa.



Falando com aparente objectividade de um assunto ao qual se tem empenhado muitíssimo, algumas vezes deixando transparecer na conversa a comoção face à abordagem destas situações de melindre inquestionável, Maria João Teixeira explica que «o cancro infantil tem um grau de imprevisibilidade muito grande», contrariamente ao que, por vezes, acontece no adulto.



«Exceptuam-se as situações genéticas, isto é, alterações cromossómicas. As crianças com mongolismo ou Síndroma de Down têm mais propensão para a leucemia. Tivemos casos destes nos últimos cinco anos. O resto é imprevisível...» No adulto, o cancro está normalmente associado ao regime alimentar, a hábitos e estilos de vida, o que permite a prevenção.



Questionada sobre a incidência em termos de idades, esta pediatra diz que «o tumor pode afectar crianças desde o nascimento até aos 13 anos de idade, se bem que haja cancros em qualquer idade». A leucemia «tem uma maior incidência abaixo dos cinco anos. Abaixo dos 2 anos e acima dos 5 anos tem maior agressividade, o que exige a realização de estudos por forma a orientar o tratamento mais adequado ao caso».



As zonas populosas têm maior incidência, particularmente Machico e Câmara de Lobos, mas há casos um pouco por toda a Região.
"Acreditar" é aquela mão amiga que orienta pais e filhos: Associação à espera que o Governo Central aprove o pacote legislativo de apoio aos pais das crianças vítimas de cancro
Tratar a criança com cancro e não só o cancro na criança. As famílias são o suporte emocional da criança atingida pelo cancro. Estes são alguns dos slogans que o DIÁRIO registou, no Hospital Central do Funchal, da Associação de Pais e Amigos das Crianças com Cancro-Acreditar.



A médica Maria João Teixeira preside também à direcção do núcleo regional da Associação que não se quer sobrepor aos serviços oficiais, mas «ajudar a melhorar a qualidade de vida de crianças com cancro». Como é de calcular, esta instituição particular de solidariedade social procura «prestar apoio humano e lúdico às crianças em tratamento», bem como «auxiliar e orientar os pais nesta fase dolorosa das suas vidas».

É graças aos seus voluntários - embora sejam necessários muitos mais - que a Acreditar vem desempenhando a sua acção junto das crianças e dos pais, por forma a levá-los a encarar e a aceitar a doença.
Deduz-se pelas palavras de Maria João Teixeira que o papel dos voluntários - todos eles com formação adequada - é o de proporcionar às crianças em tratamento momentos de prazer, muitas vezes através de actividades lúdicas, que as façam esquecer os momentos de dor. Por exemplo, o «Hospital de Dia», onde são feitos os tratamentos, um espaço no 5.º andar cedido pela direcção hospitalar e equipado pela Acreditar tem ao dispor das crianças uma panóplia de jogos, televisão e cassestes-vídeo, computador e outras formas de diversão, o que o torna mais acolhedor.



Com o apoio da direcção nacional, por vezes a Acreditar proporciona a crianças com cancro a concretização de sonhos, como viajar até à Disneylandia ou ao Porto Santo, graças a apoios de diversas entidades. Tudo isto por um sorriso delas, num aproveitar ao máximo da vida.
A 15 de Fevereiro, comemora-se o Dia Internacional da Criança com Cancro. No fim de semana anterior, a Acreditar terá uma banca, no Madeira Shopping, para divulgação e venda de artigos, estes destinados à recolha de fundos.


Rosário Martins / Patrícia Gaspar


Fotos e Texto tirados da Net.

José Gonçalves

13 comentários:

Isamar disse...

Mais um post a que ninguém pode ficar indiferente.Este dia vem chamar a atenção para a dolorosa situação em que vivem cada vez mais crianças, de ano para ano. E quanto ínjusto é sofrer nestas idades em que somos tão frágeis e tão indefesos.
Obrigada, Zé, por nos trazeres um tema tão pertinente, tão actual ( infelizmemte), tão cruel.
Chamar a atenção para o próximo nunca é demais e, neste caso, é imprescindível que demos as mãos e sejamos solidários.
Mil beijinhos do fundo do coração.

Branca disse...

Muito bom este texto José!
É muito difícil aceitar esta doença em qualquer idade, mas "as crianças Senhor, porque lhe dás tanta dor? Porque padecem assim?" O pediatra dos meus filhos foi director de Pediatria do I.P.O. Porto muitos anos, creio que se aposentou há pouco e dizia que o consultório era o seu oásis ao fim de um dia de hospital e apesar de toda a experiência, ainda hoje lhe custava muito dar uma notícia destas aos pais.
José, não há palavras para comentar este tema, apenas que é bom estarmos informados e que devemos reflectir cada vez mais sobre este nosso mundo e tentar evitar o que fôr evitável.
Beijinhos

Elvira Carvalho disse...

Mais um texto, com a qualidade a que nos habituou. E focando um tema bem doloroso e que pode afectar qualquer família.
Porque o Cancer nunca afecta só o doente. Seja criança ou adulto. Quando fica doente toda a família sofre.
Acabei de saber que um amigo de longa data, quase um familiar, já que é irmão da mulher que casou com o irmão mais novo da minha mãe, e que eu não via há meses, está a morrer com cancer de bexiga.
Um abraço

Menina do Rio disse...

É assustador o numero de crianças com cancer. O mais absurdo disso tudo é que o cancer em cura. Cura que pode ser feita ainda no ventre.

Um beijo

Maria disse...

Desculpa José, é um post que eu nem consegui ler até ao fim, quanto mais comentar.......

Um abraço

António Inglês disse...

Sophiamar

Mais um dia que marca algo a que não podemos ficar indiferentes.
Estou e estarei solidário sempre com causas destas.
Não é justo que isto aconteça.
Um beijinho
José Gonçalves

António Inglês disse...

Branca

São temas sempre muito difíceis de abordar mas não podia deixar passar a data em claro.
Nestas idades, esta maldita sentença não tem razão de existir. Com a vida é cruel às vezes...
Vou tomar ar....
Um beijinho
José Gonçalves

António Inglês disse...

Elvira

Pois é como diz, estas doenças afectam toda a família e custa muito.
Estou sem palavras...
Um abraço
José Gonçalves

António Inglês disse...

Menina do Rio

A medicina tem avançado muito mas ainda lhe faltam alguns degraus.
Eu sei que pode ser combatido ainda no ventre da mãe, mas muitas mulheres existem que nem uma assistência condigna têm por falta de meios financeiros, pelo que em muitos casos é difícil detectar algo ainda na barriga da mãe.
Este mundo tem muito de injusto.
Um beijo
José Gonçalves

António Inglês disse...

Maria

É muito complicado falar sobre este tema eu sei e também a mim me custou, mas é preciso....
Um beijinho
José Gonçalves

avelaneiraflorida disse...

BRIGADOS AMIGO!!!!!!!!!!!

António Inglês disse...

AVELANEIRADLORIDA

Foi como que uma obrigação, não tem de agradecer.
Estes são problemas que não devemos esquecer nunca.
Um beijinho
José Gonçalves

Vitor Gomes disse...

É tão bom no mundo em que vive-mos ainda haver pessoas que se preocupam com os problemas do outros,sou pai de uma menina que teve leucemia e nem amigos nem familiares estiveram a altura de compreender o nosso desespero ao viver uma tragedia deste calibre ,a minha querida filha esta curada,gracas a deus e a uma equipe de profissionais do ,ipo de lisboa,que foram a nossa familia,o nosso ombro de apoio e os nossos melhores amigos dentro deste processo tao doloroso,um especial obrigado ao sr. dtor.mario chagas pela sua entrega nao so profissionalmente,como ser humano a quem vou ficar eternamente agradecido,um obrigado tambem muito especial a todas as enfermeiras que hoje sao como uma familia para nos.so e pena que os nossos governantes nao vejam o estado em que ficam estas familias,que como no meu caso nao consigo recuperar psicologicamente,como fiquei com a minha vida completamente destruida a nivel financeiro,pois nao recebi do estado nenhum apoio .mas o mais importante ,eu ,deus e uma equipe maravilhosa de profissionais conseguimos a vida da minha querida filha,um grande abraco a todos,e muita fe,desculpem o desabafo e obrigado.forca e saude