sexta-feira, 3 de outubro de 2008

O PARADOXO DE NOSSO TEMPO


O paradoxo de nosso tempo na história é que temos edifícios mais altos, mas pavios mais curtos; auto-estradas mais largas, mas pontos de vista mais estreitos; gastamos mais, mas temos menos; nós compramos mais, mas desfrutamos menos.

Temos casas maiores e famílias menores; mais medicina, mas menos saúde. Temos maiores rendimentos, mas menor padrão moral.

Bebemos demais, fumamos demais, gastamos de forma irresponsável, rimos de menos, dirigimos rápido demais, nos irritamos muito facilmente, ficamos acordados até tarde, acordamos cansados demais, raramente paramos para ler
um livro, ficamos tempo demais diante da TV (e dos PC's) e raramente pensamos...



Multiplicamos nossas posses, mas reduzimos nossos valores. Falamos demais, amamos raramente e odiamos com muita frequência. Aprendemos como ganhar a vida, mas não vivemos essa vida.
Adicionamos anos à extensão de nossas vidas, mas não vida à extensão de nossos anos. Já fomos à Lua e dela voltamos, mas temos dificuldade em atravessar a rua e nos encontrarmos com nosso novo vizinho.

Conquistamos o espaço exterior, mas não nosso espaço interior. Fizemos coisas maiores, mas não coisas melhores. Limpamos o ar, mas poluímos a alma.

Estes são tempos de refeições rápidas e digestão lenta; de homens altos e carácter baixo; lucros expressivos, mas relacionamentos rasos. Estes são tempos em que se almeja paz mundial, mas perdura a guerra no lares; temos mais lazer, mas menos diversão; maior variedade de tipos de comida, mas menos nutrição.



São dias de duas fontes de renda, mas de mais divórcios; de residências mais belas, mas lares quebrados.

São dias de viagens rápidas, fraldas descartáveis, moralidade também descartável, ficadas de uma só noite, corpos acima do peso, e pílulas que fazem de tudo: alegrar, aquietar, matar.

É um tempo em que há muito na vitrine e nada na dispensa; um tempo em que a tecnologia pode levar-lhe estas palavras e você pode escolher entre fazer alguma diferença, ou simplesmente apertar a tecla Del

Autor desconhecido



Acrescento eu que vivemos num mundo de faz de conta, em que os valores morais se ficam pelas gavetas mais baixas da cómoda. O conceito de família deixou de ser o que era e a memória passou a ser muito curta. A violência passou a fazer parte do quotidiano e o romantismo é coisa rara. As famílias estão cada vez mais endividadas sem que se chame à responsabilidade quem disso foi culpado, e refiro-me a quem nos persegue hoje para cumprir-mos com as nossas obrigações. Foram eles que nos andaram anos a fio a “bombardear” com propostas de crédito, esquecendo que um dia o feitiço se podia virar contra o feiticeiro. Hoje é fácil, basta tão só atrasar-mo-nos num qualquer pagamento ao Estado e temos os bens na “praça”, o que não acontece no sentido inverso. É que o Estado é de entre todos o pior pagador, paga tarde e a mais horas e ninguém lhe pede satisfações. O povo está pobre, cada vez mais pobre porque os pobres aumentaram e os ricos cada vez mais ricos. E a coisa complica-se ainda mais porque a sociedade está doente, está a perder valores e agrava-se dia a dia sem que muitas vezes nos apercebamos que as dificuldades, para além das nossas casas andam de braço dado com os nossos vizinhos, alguns deles nunca pensaríamos que alguma vez pudessem senti-las. E este é um dos piores quadros da actual sociedade, a “pobreza envergonhada” que trás a angustia a milhões de portugueses.



Foram anos de vacas gordas que acabaram e durante os quais se foi “tirando onde fazia falta e pondo onde fazia vista”. O preço está aí mas quem o paga é o pobre que trabalha (quando tem emprego ) e não vejo jusiça social em parte nenhuma. É a população que paga e sustenta anos de má gestão, que não vê os seus vencimentos aumentarem na justa proporção da inflação, que paga os combustíveis mais caros da Europa e que nunca assistiu à contenção dos vencimentos dos deputados da nação, porque esses na altura própria veem a carteira a engoradar, sem que nessas alturas se pense em contenção de ordenados ou no estado da nação.



Nunca se viveu tanto da “cunha” e a corrupção é o pão nosso de cada dia. Os grandes senhores, administradores, banqueiros e autarcas vão dando provas da sua pouca qualificação para os cargos, alguns deles são mesmo acusados de ilegalidades e irregularidades, mas a vidinha vai-lhes sorrindo, e nós os “desgraçadinhos” do costume, ao mais pequeno atraso somos... suspeitos, arguidos, criminosos e... maus pagadores. E não defendo que quem erra não tem de pagar. Mas a justiça anda muito afastada do nosso convívio. Vá lá alguém perceber o mundo em que vivemos.

Numa reflexão final, vivemos a sofrer as consequências de muitos poderosos que do alto da sua “soberba” e “ganância” não olharam a meios para atingirem os fins e quem se lixou foi.... é o “mexilhão”.

Tenhamos fé em melhores dias porque se a perdermos será a última “machadada” no que nos resta...



Fotos da Net António Inglês


2 comentários:

Maria disse...

Não pode ser apenas uma questão de fé, é uma questão de "temos que agir".
É um tempo difícil, este, e não podemos, nem devemos, ficar parados "à espera que passe".
Não virão melhores dias se não lutarmos por eles...

Um beijo, António

Anónimo disse...

António
Quanto mais avança a tecnologia, mais regride a sanidade humana!

Quanto às frioleiras, não sei se foi lá ver a resposta, mas quem as faz e bem é a Amélia e não eu. Ela é um bocadinho menos nova do que eu.....
Abraço