quinta-feira, 4 de setembro de 2008

JÁ ESTOU MORRENDO DE SAUDADES!

Desta vez este "cavalheiro" portou-se bem...

De coração apertadinho, num corropio desenfreado, malas alinhadas à porta, a família corre que corre nos últimos preparos antes de mais uma viagem que dará inicio às férias deste ano.

Invariavelmente, de há muitos anos para cá, as nossas férias são passadas pelo Minho, ora em Moledo, ora em Vila Praia de Âncora, ora em Afife.

Não dispensamos uns dias no Algarve e este ano até falhámos, mas o Norte Litoral é sempre o local que nos chama e nos dá alento e coragem para que o resto do ano passe... bem depressa...



Indo ou... vindo da Ilha dos Amores no Rio Minho

Um novo mas sempre bem recebido... baptismo...

Atentos aos mais velhos...

São 9h 30minutos de um dia qualquer do mês de Agosto de 2008. Todo o mundo se levanta e enfia na mala do carro e num repente mesas, cadeiras, geleiras e tudo o mais que o já célebre pic-nic na Ilha dos Amores, no meio do rio Minho, nos exige.

A travessia de barco é uma aventura deliciosa e o convívio com os amigos faz-nos esquecer tudo o resto, parecendo que nada mais existe para além dos limites daquela ilha. São momentos inesquecíveis que se vão repetindo e dos quais não abdicamos.


Esperando a Procissão do Mar nas margens do Lima...


A Procissão vai passando...


A Senhora d'Agonia segue por entre centenas de embarcações...

Sem perceber-mos muito bem porquê, demos de caras com as Festas de Santa Rita de Cássia, em Caminha que este ano tiveram lugar no mês do Verão por excelência, Agosto. São sempre bonitas mas confesso que apenas presenciámos alguns Concertos junto da Câmara Municipal e o fogo de artifício.

E começou a grande festa d’Agonia, verdadeiro motivo que nos faz o coração bater mais depressa.

Sem pressas desta vez, as bancadas junto ao rio Lima, serviram de poiso para assistirmos à Procissão do Mar, acompanhados de milhares e milhares de pessoas que se amontoavam pelas margens para ver tão belo passeio da Senhora d’Agonia lançando-nos do seu barco a sua bênção.

Centenas de embarcações a acompanham, fazendo ouvir as suas sirenes, para que a Senhora saiba que todos eles estão presentes e a seguem.

São momentos misteriosos que só pode sentir quem assiste de perto à Procissão.

À noite, a primeira sessão de fogo de artifício.


A beleza da mulher minhota diz tudo...


... ou não diz...???


Ao meio-dia soam os Bombos e os Zés Pereiras na Praça da República...


Sexta-feira, 22 de Agosto, as Mordomas, as verdadeiras Rainhas da Festa, solteironas (serão?), apresentam-se oficialmente aos Vianenses. Seguem para a Câmara Municipal onde serão recebidas pela Governador Civil, pelo Presidente da Câmara e pelo Bispo da Diocese, a quem se apresentam. São acompanhadas pelos bombos e por inúmeros tocadores que fazem do desfile uma festa constante. Milhares de pessoas estão presentes pelas ruas da cidade por onde elas passam. Nós lá estivemos como não podia deixar de ser.

Ao meio-dia, mais uma correria até á Praça da República para presenciar-mos mais um encontro de Bombos e Gigantones. A festa está ao rubro.

De tarde, nova procissão e à noite novo desfile pela Avenida até ao Jardim, de Zés Pereiras, Bandas de Música e Ranchos Folclóricos. Novo banho de multidão que no fim do desfile o acompanha, dançando, cantando ou simplesmente... andando calmamente, mas onde até o silêncio se ouve porque a alegria anda no ar.

Noite dentro nova sessão de fogo preso na Marina de Viana. Tantas emoções.



Esperando calmamente o inicio do cortejo...


Os Zés Pereiras são uma constante das festas...


As freguesias desfilaram dando começo ao cortejo...


Um carro alegórico que, segundo consta, não saía ao desfile há anos...


Antigo carro de transporte e venda do vinho...


A juventude sempre presente no cortejo das Festas...


Sábado chegou e de novo o encontro marcado para a Praça da República com renovada animação dos Bombos e Zés Pereiras. É assim quase todos os dias da festa. Repete-se mas nós vamos lá todos os dias.

Na vépera já tinhamos deixado as cadeiras que marcaram os nossos lugares no local do costume para assistir-mos ao ansiado e grande momento do Cortejo Etnográfico.

Começa normalmente pelas 16 horas mas nós, entre as 14 e as 15h já lá estamos sentadinhos, esperando à torreira do sol pelo Cortejo. Que importa o sol, a causa é boa e quem corre por gosto não cansa. Este ano, comemorando cem anos de “paradas” reviveram-se momentos fascinantes e deslumbrantes. Quadros alegóricos evocando os muitos desfiles ao longo dos anos, milhares de figurantes e muita alegria deram corpo e alma a um espectáculo como já não presenciáva-mos há muito.

A cada ano que passa, a vontade de voltar renova-se e isso aconteceu mais uma vez. Já contamos os dias para a nova Festa.

À noite o Fogo do Meio ou da Santa, brilhante como sempre.



Cantando ao desafio pelas ruas da cidade...


As cantorias continuam e vão mudando de local, sempre com o povo atrás...


Os tocadores são inúmeros e ninguém fica indiferente...


Uma pausa no meio de tantas emoções, alguns com ar meio "apardalado"...


O domingo foi mais calmo, mas lá estivemos por entre os Bombos e Zés Pereiras na Praça da República ao meio-dia. Não me perguntem porquê, vamos sem disso dar-mos conta. Costumamos ir á Tourada mas desta vez o tempo foi escasso.

Pelos Jardins e ruas de Viana, muitos grupos de tocadores de concertina fazem-se acompanhar por cantadores e cantadeiras que ao desafio vão oferecendo a quem passa o seu “desafio cantado”, verdadeiros momentos inesquecíveis. O apimentado das quadras populares, tão a gosto do nosso povo, salpicam os ares de Viana deixando o doce aroma das gentes minhotas bem vincado em cada uma.

Por fim, a maravilhosa Serenata no Rio Lima. A cachoeira na Ponte velha de Viana e um estrondoso fogo do ar, encerraram as Festas d’Agonia. Ficou a saudade e a nostalgia porque tudo foi tão rápido.

“Calou-se o último foguete. Morreu o último clarão luminoso e colorido do festejo; emudeceram as filarmónicas e as gaitas de foles, e foram mudar de fato os músicos escarlates da aldeia. Tudo emudeceu. Tudo é silêncio. A luz do rio, o aço do céu, espalham somente a quietidão esplendorosa dos montes em redor e o lindo casario da cidade.”

“Começa a saudade”

(excerto do Roteiro de Ribeira Lima, 1929).



Parque de campismo de Baiona, escolhido este ano pela nossa rapaziada...


Na hora do lanche, em dia de aniversário...


O discurso do aniversariante...


As festas são passadas e a vida e as férias continuaram. O nosso rapazola e o seu grupo de amigos de Âncora resolveu, à semelhança do que tem feito nos últimos anos, fazer um acampamento por forma a cimentarem entre si a grande amizade e companheirismo que os une.

Baiona foi o Parque escolhido e lá os fomos pôr. Excelente escolha desta rapaziada que pelos vistos tem bom gosto e sabe como ninguém como se devem comportar os jovens.

Ficámos fãs do Parque pois as cabanas que por lá se alugam deixaram-nos água na boca.

É assim a vida, também com eles aprendemos muita coisa. Eles vão-nos demonstrando que os exemplos que lhes damos ao longo da vida não foram nem são em vão.



O "Corte Inglês" minhoto, local obrigatório...


Os feirantes fazem semanalmente pela vida...


E a feira de Cerveira continua sem deixar os créditos por mãos alheias...


Férias no Minho sem uma visita ao “Corte Inglês” da região não são férias. Assim lá fomos cumprir com essa tradição que nos ajuda um pouco a gastar alguns “cobres”, que as coisas ali compradas ainda são acessíveis. Refiro-me claro, à feira de Cerveira bem entendido, que os “tios” e as “tias” da zona teimam em assim lhe chamar. A não perder.



Passeando por Ponte de Lima...


A vida tem de se pegar pelos cornos, tal como este toiro. Valeu que estava ali só para o retrato...


Já as gaivotas adivinhavam que as férias estavam a acabar...


E meus amigos, depois destes dias de tanta emoção, correria e satisfação o regresso deu-se num silêncio de morte, que a saudade já começou e não vemos chegada a hora de uma nova aventura tão igual mas tão diferente.

Para o ano cá estarei, se Deus quiser, para vos contar novas aventuras de férias.



Uma mordoma pouco comum e muito tremida...


Um último olhar já tão cheio de saudades...


Apagaram-se as iluminações, a vida voltou à normalidade mas ficou a saudade. Até para o ano...


Texto e fotos cá do rapaz... desta vez...

Já não era sem tempo!

António Inglês


14 comentários:

amigona avó e a neta princesa disse...

Hoje quero um abraço teu...quando estou feliz gosto dos amigos ao lado...Beijos...

amigona avó e a neta princesa disse...

Hoje quero um abraço teu...quando estou feliz gosto dos amigos ao lado...Beijos...

amigona avó e a neta princesa disse...

Gostei muito de "ler" o teu post,mas foi mesmo a correr...voltarei...

Maria disse...

É verdade que já tinha saudades de te ler assim...
Excelentes fotografias, e que boas devem ter sido as férias....
... percebo as saudades, já...

Beijinho, António

Anónimo disse...

Meu caro amigo,

confirmo, era mesmo um olhar já de saudade. Mas posso sempre vir re-ler este belo texto para matar as saudades.
Para o ano tenho de arranjar forma de assistir às festas de Viana.
Como sabe ainda fui até Ponte da Barca, é impressionante como o Alto Minho consegue viver o mês de Agosto com festa quase permante em todas as freguesias.

Um abraço
Paulo Fonseca

São disse...

Reportagem interessante , completa e muito rica!
Adorei a tremida mordoma, rrrss...
E embora estivesse passado uns dias em Vila Nova de Cerveira, fui até Santa Tecla no sábado, pelo que ~só agora fiquei com uma ideia. que te agradeço.
Sê feliz, Tonico, muito feliz.

Anónimo disse...

António mas que excelente reportagem!!!!
O António e a Patti, esmeraram-se a falar das férias! E em Viana!

Também já tenho saudades.....
Um abraço!

Branca disse...

Olá António,

Como eu te compreendo! O Minho mesmo que por mil vezes revisitado deixa sempre saudades e sempre se encontra um pormenor novo.
Gostei muito da tua "pinta" de pegador,eheheh!
E gostei sobretudo de te ver(ler) por cá.
Beijinhos
Branca

Geo Schumacher disse...

Olá António!! Voltei, até para saber sobre seu diário de viagens que sempre é recheado de informações e situações...gostei muito, muito mesmo, as fotos também...passou bem os momentos que descreveu...agora a que mais gostei foi a que pegou o touro pelos chifres (cornos, como falam)...adorei!! Foi um prazer partilhar destes momentos e conhecer um pouco mais de sua terra...a foto de volta para casa dá um ar de saudade e tristeza...bem típico de quando aproveitamos tanto estar no local que gostaríamos que não tivesse acabado...rsrs...Beijos!!

Elvira Carvalho disse...

Que bom amigo que foram umas férias tão bem passadas e tão felizes. Graças a Deus que deixou nos cornos do touro a tristeza que levou.
Adorei a mordoma. Estranha e espantada. Aquele olhar...kkkkkkkk
Só você mesmo.
Um ano ainda hei-de ir às festas de Viana.
Um abraço e bom fim de semana

aramis disse...

Meu querido amigo, mas que excelente reportagem!!! Deu mesmo para "passear" um pouco convosco...
Fico bem feliz por as vossas férias terem sido boas e com oportunidade de assistir a coisas tão bonitas.
Já tinha saudades vossas...
Olha que as fotos estão muito boas, continua, pois isso que é treino! Ai o meu Pedro está lindo... nem faço ideia do rodopio que as meninas fazem!
Muitos, muitos beijinhos e tudo de bom para o meu "trio maravilha",

Isamar disse...

Não há bem que não acabe... mas para o ano há mais e o prazer do reencontro ainda é mais saboroso. Minho dos teus encantos, dos encantos de quem ama Portugal.

Beijinhos

Bem hajas!

Uma excelente reportagem.

Filoxera disse...

As saudades que eu tenho daquela paisagem junto à Ilha dos Amores...
Beijinhos.

Isamar disse...

E pergunto: haverá quem não goste desta folia e não sinta um nó no peito ao ter de deixar um lugar onde se sente tão feliz? Olha que as imagens e o texto ilustram tão bem as tuas férias e o divertimento em que andaste que também me apetece dizer: quero ir.
E irei mesmo! Muito em breve que este ano não tive férias.

Beijinhos

Sabel