terça-feira, 19 de agosto de 2008

RECORDANDO UMA GRANDE SENHORA – ELVIRA SALES VELEZ PEREIRA

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“Não me perguntam porquê que eu não saberia responder-vos. São situações que me acontecem muitas vezes. Assim sem mais nem menos. De repente vêm-me à memória algumas figuras que fizeram parte do meu álbum de recordações.

Consigo ser mais velho que a televisão em Portugal e habituei-me a ver através dela, teatro, filmes portugueses, telejornais e alguns outros programas que me ajudaram a passar muitos serões.

Das figuras que me marcaram então, uma houve de quem pouco ouço falar, e como sempre a achei uma excelente actriz, resolvi prestar-lhe uma simples e singela homenagem. Aproveito e sinto-me mais perto desses tempos e das minhas recordações. Aliás inicio hoje algumas postagens sobre essas figuras de quem me recordo com muita saudade. Acho que me irá fazer bem. Veremos do que serei capaz de pesquisar pela Net.

Começo assim com Elvira Sales Velez Pereira, mais conhecida por Elvira Velez”.



Elvira Sales Velez Pereira nasceu a 19 de Novembro de 1892 em Lisboa. Alfacinha de gema, foi assim descrita por Igrejas Caeiro, seu genro e homem do teatro também:
“Pode mesmo admitir-se que Elvira Velez, tendo por infância as gentes da beira-rio e os palácios locais, onde brilhava a alta nobreza, procurando a proximidade com os altos dignitários da monarquia, caldeou a sua vincada personalidade, permitindo-lhe ser igualmente, com a mais perfeita convicção, a popular lavadeira de Aldeia da Roupa Branca, ou a espantosa Titi da Relíquia, com que encerrou no Teatro Maria Matos a sua notável afirmação de grande actriz.” *



Elvira Velez foi uma actriz de teatro, cinema e rádio. Começou por se apresentar em teatros amadores e o seu crescente gosto pela arte de representar, depressa causou grandes preocupações à família, que não achou graça nenhuma à ideia de ter uma “cómica” na família. O pai forçou-a a tirar o diploma de professora primária, na tentativa de a afastar dos palcos. Em vão…



A rapariga esperou até atingir a maioridade e, deitando com os preconceitos às urtigas, foi pedir trabalho ao Teatro Moderno, na avenida que tem hoje o nome de Almirante Reis. Foi aí a sua estreia, em 1913, com 21 anos na revista Os Grotescos.


A partir daí a sua carreira consolidou-se, estando no ano a seguir a trabalhar no Teatro S. Luís ao lado dos grandes nomes do teatro português da época como Chaby Pinheiro e mais tarde com Adelina Abranches, António Silva, Aura Abranches, Maria Matos, Vasco Santana ou Brunilde Júdice. Em 1921 foi convidada para integrar a companhia de Palmira Bastos.



Em todo o seu percurso como actriz passou por muitíssimas companhias, como a Companhia Berta de Bivar, Teatro Variedades, Companhia Teatral Portuguesa, Maria Matos, Mirita-Vasco entre outras.
Elvira Velez experimentou com sucesso todos os géneros, do drama à comédia, da tragédia à opereta, revista ou farsa. No entanto, o género em que é mais recordada é a comédia, muito graças ao cinema, que nos trouxe algumas das suas interpretações.



Participou em filmes como o conhecido Aldeia da Roupa Branca (1938), Agora é Que São Elas (1954), As Pupilas do Senhor Reitor (1960) ou Encontro com a Vida (1960).
Foi também em 1970 que Elvira Velez ganhou o prémio Lucília Simões pelo seu papel no espectáculo Relíquia e é também condecorada com a Ordem de Santiago de Espada, recebendo ainda prémios da Caritas e da Cruz Vermelha.
Elvira Velez foi mãe da actriz Irene Velez, casada também com um homem da rádio e da política, Igrejas Caeiro, já mencionado.



Elvira Velez morreu em 1981 no Alto do Lagoal, em Caxias, com 89 anos de idade. Quem a conheceu recorda que era muito boa pessoa e Vasco Santana chamava-lhe “aquela santa” no memorável programa de rádio A Lelé e o Zéquinha em que, no papel antes criado por Maria Matos, fazia de sogra daquele actor.



*A Bruxa não viu a peça mas, lembrando-se perfeitamente de Elvira Velez, pensa que Eça de Queirós teria ficado felicíssimo por alguém ter tido a brilhante ideia de confiar a sua Titi a esta actriz.



Elvira Velez nasceu a 19 de Novembro de 1892 e faleceu a 8 de Abril de 1981, 89 anos de muito talento e dedicação à nobre arte de representar. Figurará sempre no “quadro de honra” dos artistas inesquecíveis deste nosso Portugal.



Parte do texto tirado da Net, da autoria da Maria João do blog, http://pap-na-eptc.blogspot.com/ a quem peço desde já desculpa pelo atrevimento.

Fotos também da Net.
António Inglês

2 comentários:

Elvira Carvalho disse...

Uma bela lembrança amigo. Elvira Velez era uma actriz excepcional. Gostei de ler este post. Não é que seja uma descoberta para mim, mas foi um despoletar de recordações.
Um abraço e tudo de bom

António Inglês disse...

Elvira

Pois também ela tinha o seu nome e pelos vistos as Elviras que conheço são grandes mulheres.
A minha prima de Moledo também se chama Elvira e também ela é uma mulher de "ganas".
Elvira Velez foi uma das actrizes que mais marcaram na minha juventude e não só.
Um abraço
António