2009 COMEÇA ASSIM
Fuga de Peniche foi há 49 anos
Foi no dia 3 de Janeiro de 1960, há precisamente 49 anos, que dez dirigentes comunistas, dando corpo a um plano que levou longos meses a elaborar, fugiram do forte de Peniche, uma das cadeias mais seguras do regime político de Salazar.
O êxito desta evasão, que se tornaria uma das mais conhecidas evasões das prisões fascistas e representou uma humilhante derrota para PIDE, deveu-se, como o de outras fugas colectivas e individuais de militantes comunistas, à firme disposição de regressar à luta pela liberdade e pela democracia, ao anseio dos que as levavam a cabo de se colocarem ao serviço do seu povo e do seu país.
Assim, a fuga de Peniche representou igualmente uma grande vitória para o PCP que, ao reaver um importante número de destacados dirigentes, criou melhores condições para dirigir e desenvolver a luta contra a ditadura fascista e as importantes lutas de massas que tiveram lugar em 1961-1962.
Depois de um longo trabalho para aliciar uma sentinela da GNR, José Alves, para a colaboração na fuga, de acertados todos os pormenores de fuga com elementos do PCP no exterior – entre os quais se encontrava o já desaparecido actor Rogério Paulo, a quem caberia a tarefa de dar o sinal de que tudo corria bem, passando de carro em frente do Forte com a tampa da mala levantada -, os onze dirigentes neutralizam com clorofórmio o guarda prisional, então de serviço, e, sob a capa de José Alves, passam, um a um, numa parte muito exposta do percurso. Do piso superior da fortaleza, descem então para o piso seguinte através de uma árvore e, daí, para uma guarita. Finalmente, também um a um, descem através de uma corda feita de lençóis para o fosso exterior do Forte, onde se dividem em três grupos.
Há, porém, ainda um muro a escalar até atingir a praça e as ruas das vilas onde os esperam três carros. Fazem-no com êxito e partem a alta velocidade para os locais previamente estabelecidos
Álvaro Cunhal passou a noite na casa de Pires Jorge,
Em Novembro de 1962, o destacado dirigente comunista já falecido, Octávio Pato, que do exterior do Forte ajudou a preparar a fuga, afirmava no seu julgamento: «Serei condenado por amar o meu povo e o meu país e por estar irmanado a todos os patriotas que anseiam libertar Portugal. Tenho, porém, a consciência de que a luta a que me devotei desde a minha juventude e que abrangeu a maior parte dos anos da minha vida não foi em vão».
«Avante!» Nº 1362 - 6.Janeiro.2000
Fotos da Net
António Inglês
...E FALTAM SÓ SETE DIAS...