terça-feira, 29 de janeiro de 2008

VEM, VENTO, VARRE

*

A José Rodrigues Miguéis

Vem, vento, varre
sonhos e mortos.
Vem, vento, varre
medos e culpas.
Quer seja dia,
quer faça treva,
varre sem pena,
leva adiante
paz e sossego,
leva contigo
nocturnas preces,
presságios fúnebres,
pávidos rostos
só cobardia.

Que fique apenas
erecto e duro
o tronco estreme
de raiz funda.

Leva a doçura,
se for preciso:
ao canto fundo
basta o que basta.

Vem, vento, varre!

Adolfo Casais Monteiro

José Gonçalves

8 comentários:

  1. Já cá tinha vindo, mas não consegui comentar.
    Gostei do poema.



    Terça de gala no Sexta-feira. Por favor passe por lá a recolher o seu prémio.
    Um abraço

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  2. Que o vento venha e varra talvez seja bom mas não varra os sonhos, não varra a fantasia que a vida contém, não varra a magia, nem a amizade, nem o amor.
    Que o vento leve desilusões, tristezas, malefícios, injustiças... sim. Pode e deve levar. Nós agradecemos.
    A poesia faz parte do oxigénio que alimenta o meu viver e sem ela não serei a mesma pessoa.
    Gosto que postes um poema de quando em vez.
    Deixo-te beijinhosssss e um abraço apertado.

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  3. Excelênte!!
    Este poema é soberbo!

    Deixo um beijo ...sorrindo!

    (*)

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  4. Ainda bem que gostou.
    Eu também gostei. Tanto que entendi partilhá-lo
    Um abraço
    José Gonçalves

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  5. Boa noite Sophiamar

    O vento quando vem, ajuda a limpar, só que por vezes também puxa a borrasca. É uma característica do vento.
    É uma questão de agarrar-mos as coisas boas bem firmes para que não voem. As más bem que podem ir.
    Deixo-te um beijinho
    José Gonçalves

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  6. Obrigado Um momento.
    Um beijinho
    José Gonçalves

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  7. José,
    Ao contrário do que costumas dizer tens uma grande sensibilidade para a poesia.
    Esta escolha foi óptima.
    Muito bonito este poema, "...ao canto fundo/basta o que basta".
    Beijinho

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  8. Amigo,
    e tanta coisa há por aí que merecia ser varrida...

    Este poema é lindíssimo.

    Beijos

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