sexta-feira, 6 de junho de 2008
BOM FIM DE SEMANA E... FORÇA PORTUGAL!
Aos verdadeiros amigos deixo este momento de reflexão e desejo-lhes um excelente fim de semana.
Aos conhecidos... apenas um bom fim de semana!
António Inglês
A LENDA DO MILAGRE DA NAZARÉ
Destes, uns passeavam despreocupadamente pelos campos em redor de Porto de Mós e os outros descansavam na Alcáçova. Nem uns nem outros deram pela chegada dos cristãos, e, apesar de serem muito mais numerosos do que a hoste de D. Fuas, foram derrotados e chacinados, quase sem terem tido oportunidade de se defender.
Em seguida, D, Fuas Roupinho dirigiu-se a Lisboa incumbido pelo Rei de organizar, juntamente com os homens-bons da cidade, uma armada que fizesse frente aos mouros que na costa faziam corso e impediam a pesca e o tráfego comercial. Já bem intenso nessa época.
Lentamente, embrenharam-se nos caminhos da mata, olhando à volta com atenção para descortinarem entre o arvoredo as hastes de um veado ou rastos de lebres e javalis. Estava um nevoeiro espesso e D. Fuas acabou por perder-se dos companheiros.
No fundo do precipício, nas rochas frente ao mar, o veado estatelou-se e desfez-se em fumo negro: era o Diabo a tentar o cavaleiro.
Em agradecimento deste miraculoso salvamento, D. Fuas mandou construir a capela da Memória, ali, junto à lapa onde fora encontrada a imagem da Senhora da Nazaré, no mesmo sítio onde o seu cavalo estacara.
Dois anos mais tarde, D. Fuas morreu, não em perseguição de demónios com corpo de veado, mas dando luta aos mouros com a sua armada de vinte e dois navios, nas costas de Ceuta.
A lenda termina aqui, mas não posso acabar esta postagem sem vos deixar algumas fotos da Nazaré e das suas gentes que são já uma imagem de marca de toda a Região.
Esta terra marcou toda a minha vida, desde logo porque parte das minhas férias de miúdo aqui foram passadas com meus pais e irmãs.
Ao fim de algumas horas, (segundo rezam as crónicas de família que ficaram desta aventura) acabei sendo encontrado por meus pais, que choravam não sei se de tristeza se de alegria.
Foi nesta terra também que passei uma lua de mel fabulosa, que meteu insolação e tudo, e hoje bem perto dela vivo e lá gosto de ir comer o meu crepe numa das esplanadas do largo principal da Nazaré.
António Inglês
quarta-feira, 4 de junho de 2008
LENDA DE NOSSA SENHORA DA NAZARÉ
A Lenda de Nossa Senhora da Nazaré e a História do Milagre a Dom Fuas Roupinho estão, desde há muito, presentes no imaginário colectivo do povo português. Para a sua divulgação em muito contribuiu a obra do cisterciense Frei Bernardo de Brito, que na sua Monarquia Lusitânia associa o culto medieval à Senhora da Nazaré com o milagre ao cavaleiro D. Fuas Roupinho.
Assim, e segundo a narrativa do monge cisterciense que rapidamente se instalou na memória de todos, a Imagem da Virgem é proveniente de Nazaré da Galileia, esculpida em madeira pelo próprio São José e pintada por São Lucas.
No século IV a Imagem encontrava-se na posse do monge grego Ciríaco que a colocou sob a protecção de São Jerónimo, sendo posteriormente aconselhado por este a levá-la para África, para a entregar a Santo Agostinho, bispo de Hipona.
Foi Santo Agostinho quem trouxe a Venerável Imagem para a Península Ibérica oferecendo-a ao Mosteiro de Cauliniana, situado na região de Mérida, Espanha, realizando aí muitos milagres. A Virgem de Nazaré permaneceu no dito Mosteiro até ao século VIII, aquando da conquista da Península pelos Mouros.
Após a derrota dos exércitos cristãos na Batalha de Guadalete, o último rei dos Godos, Dom Rodrigo refugiou-se no Mosteiro de Cauliniana, fugindo depois, conjuntamente com o Frei Romano às invasões árabes, levando com eles a Sagrada Imagem de Nossa Senhora da Nazaré e um cofre com as relíquias de São Brás e São Bartolomeu.
Dirigindo-se sempre para Ocidente, os dois fugitivos chegaram finalmente, no dia 22 de Novembro, ao local que é hoje a Pederneira. Daí avistaram uma ermida abandonada no monte de São Brás, para onde se encaminharam em seguida. Quando lá chegaram El-Rei Dom Rodrigo manifestou vontade de ali permanecer sozinho, pelo que se dirigiu então Frei Romano para o Sítio, levando consigo a Imagem da Virgem e o cofre com as relíquias. Ao chegar ao promontório colocou a Imagem e o cofre numa reentrância da rocha.
Quando se separaram os dois companheiros combinaram que apenas quebrariam o seu isolamento ao acenderem, cada qual em seu monte e no fim de todas as tardes, uma fogueira, dando sinal um ao outro de que estavam vivos. Isto aconteceu até ao dia em que Dom Rodrigo não avistou o sinal de Frei Romano. Dom Rodrigo dirigiu-se então ao Sitio onde encontrou o seu amigo já morto. O Rei deu então sepultura ao corpo junto à gruta onde estava a Imagem da Senhora da Nazaré e partiu…
A Imagem permaneceu naquele local até ser encontrada, já no tempo do Rei Dom Afonso Henriques, pelo Capitão de Porto de Mós, Dom Fuas Roupinho, quando este se encontrava no local durante uma caçada. Passando posteriormente a venerar a Imagem da Virgem sempre que andava por aquelas bandas.
No dia 14 de Setembro de 1182, num dia de nevoeiro, durante mais uma caçada, Dom Fuas arremessou o seu cavalo na direcção de um veado. Cego pela névoa, perseguiu o veado até à última ponta do penedo, só então se apercebendo que o animal tinha caído no abismo, e que ele próprio estava no extremo da rocha. É neste momento que o cavaleiro se lembra da Imagem de Nossa Senhora escondida ali perto, invocando o seu auxílio para se salvar. De imediato o cavalo para, ficando apenas com as patas traseiras apoiadas no rochedo, permitindo assim que Dom Fuas se salva-se da morte certa.
Texto e Fotos da Net
António Inglês
A PADEIRA DE ALJUBARROTA
Desde miúda, Brite revelou-se corpulenta e viva. Era ossuda e muito feia, com os seus cabelos crespos, o nariz adunco e uma boca excessivamente rasgada. Os pais exultaram com o seu nascimento, porque o aspecto forte da criança os levou a crer que tinham ali uma rapariga de trabalho, tanto mais que trazia seis dedos em cada mão.
Teria uns vinte e seis anos quando ficou órfã. Isso não a ralou grande coisa, porque lhe deu a possibilidade de ser senhora absoluta de si, sem recriminações. Vendeu, então, os parcos bens que lhe tinham ficado dos pais, que incluíam uma casita em Loulé, comprou gado e partiu. Andou de vila em vila, de feira em feira.
De tudo isto resultou uma larga fama de valentaça. Apesar disso, certo soldado alentejano, atraído pela fama de Brites, que corria já todo o Sul do País, procurou-a e propôs-lhe casamento. Ela porém, que não estava nada interessada em perder a sua adorada independência e que não era lá muito inclinada a sentimentalismos, tanto ouviu que acabou por anuir com uma condição: lutarem antes do casamento!
Dirigiu-se a Faro e daí embarcou para Espanha. Não chegou contudo, ao reino vizinho, porque o barco em que seguia foi abordado por piratas mouros, que a levaram para a Mauritânia, onde foi vendida como escrava.
Adquiriu-a um senhor que já tinha dois outros escravos portugueses e Brites não descansou enquanto não achou meio de fugir. Para isso combinaram todos três matar o seu senhor e, na primeira oportunidade, cravaram-lhe uma adaga no peito e fugiram.
Derrotados os castelhanos, voltou para casa cansada, coberta de farrapos manchados, mais desgrenhada que nunca mas com uma intensa sensação de leveza. Mal entrou pressentiu que qualquer coisa de anormal se passava e logo desconfiou ter-se ali escondido algum fugitivo castelhano. Intrigou-a a porta do forno fechada e correu a abri-la.
Durante anos, a pá, que a tradição conta ser ainda a mesma, foi religiosamente guardada como bandeira de Aljubarrota. Quando sob o domínio espanhol dos Filipes, foi escondida dentro de uma parede, donde só foi retirada depois da aclamação de D. João IV, em 1640.
Durante séculos, no dia 14 de Agosto, nas comemorações da batalha, aquela pá era levada em procissão e nunca passou nenhuma personalidade nacional em Aljubarrota que lhe não fosse mostrado aquele famigerado instrumento.
Texto e Fotos da Net
António Inglês