Os hábitos vão-se perdendo, e o facto de este ano o Natal ser passado em casa dos filhos, prova que as tradições já não são o que eram. Isto porque sempre me habituei a que o Natal fosse passado em casa dos pais.
E tem sido sempre assim, a nossa casa substituiu de certa forma a casa de meus pais e foi aqui durante uns bons anos que a consoada se celebrou.
Mas os filhos crescem, ganham asas e voam. Deixam o ninho onde sempre se têm acolhido e procuram fazer o seu. É a lei da vida e ainda bem quando o conseguem porque é sinal de que também eles começaram a encontrar o seu próprio caminho.
Cada um faz-se a ela, e se muitos não conseguem, outros há que lá vão conseguindo encontrar forma de também eles irem criando as suas raízes para que um dia, as suas casas se tornem no cenário normal do Natal. Foi assim com os meus pais, tem sido assim comigo e será no futuro assim com eles.
E os costumes começaram este ano a inverter-se para nós. Passámos o testemunho e lá vamos agora de malas feitas passar a consoada em casa dos filhos.
Por esta razão, esta vai ser a última postagem feita uma hora antes de partir para Lagoa.
Durante um bom par de dias irei estar ausente deste espaço que me tem servido de companheiro nos últimos meses, um bom amigo que encontrou forma de me cativar e me trouxe a alegria de encontrar tão bons amigos. Parto já com saudades e nem sequer ainda pus as malas no carro. Um até breve vos deixo, na esperança de voltar a encontrar-vos mais ricos, e com tantas saudades como as que levo comigo.
Assim, não estarei por cá no dia 25 de Dezembro, e porque o Natal nos trás o nascimento de Jesus, a árvore de Natal, o Presépio, as prendas, os Reis Magos, a estrela que lhes iluminou o caminho, e tantas outras coisas, e porque falei em estrela, não posso deixar passar em claro uma outra, que enquanto esteve entre nós tanto brilhou e que hoje, não estando já no mundo dos vivos é prova de que as estrelas mudam de lugar e continuam brilhando.
25 de Dezembro de 1977 em Vevey na Suíça em consequência de um derrame cerebral,
morre Charles Chaplin com 88 anos de idade. Foi enterrado no Cemitério Corsier-Sur-Vevey em Corsier-Sur-Vevey, Vaud, Suíça. Três meses depois, em 3 de Março de 1978, ladrões invadiram o cemitério na calada da noite, violaram a sepultura e roubaram o corpo numa sórdida tentativa de extorquir dinheiro de sua família. O plano falhou, os ladrões foram capturados e condenados à morte, o corpo foi recuperado onze semanas depois, no Lago Léman, e novamente enterrado em Corsier-Sur-Vevey. Mas como medida de precaução, a família mandou construir dentro do túmulo, por sobre o compartimento do caixão, uma espécie de tampão de concreto espesso de 6 pés de largura pesando quase 400 quilos para evitar que o corpo pudesse ser novamente roubado. Há uma famosa estátua de Chaplin em Vevey.
Nasceu em Walworth, Londres e era filho de Charles e Hannah Harriette Hill, ambos animadores do Music Hall, que se separaram-se logo após seu nascimento, deixando-o aos cuidados de sua mãe cada vez mais instável emocionalmente. Em 1896, ela ficou desempregada e não conseguia encontrar outro emprego; Charlie e seu meio-irmão mais velho Sydney tinham de ser deixados em uma casa de trabalho em Lambeth, mudando-se após várias semanas para a Escola Hanwell para Crianças Órfãs e Destituídas. Seu pai faleceu com problemas de vício em bebida quando Charlie estava com 12 anos de idade, e sua mãe ficou com sérios problemas mentais e mais tarde foi admitida no Asilo Cane Hill próximo a Croydon. Ela faleceu em 1928.
Chaplin subiu ao palco pela primeira vez aos 5 anos, em 1894, quando representou no Music Hall diante de sua mãe, que lhe ensinou a cantar e representar. Ainda criança ele esteve de cama por duas semanas devido a uma séria doença quando, à noite, sua mãe sentava-se na janela e representava o que acontecia fora de casa. Em 1900, com 11 anos, ele conseguiu com a ajuda do irmão o papel cômico do gato em uma pantomima, Cinderela no "London Hippodrome".
O Grande Ditador (The Great Dictator, 1940) foi o seu primeiro filme com som. Foi, também, uma afronta a Adolf Hitler e ao fascismo que se reinava na época. Foi filmado e lançado nos Estados Unidos um ano antes da entrada do país na Guerra. O papel de Chaplin era duplo: o de Adenoid Hynkel, clara alusão ao nome de Hitler, e de um barbeiro judeu que é cruelmente perseguido pelos nazistas. Hitler era um grande fã de filmes, e sabe-se que ele tenha visto o filme duas vezes (segundo registros de seu cinema particular). Após o descobrimento do Holocausto, Charlie informou que não conseguiria brincar com o regime nazista como brincou no filme se soubesse da extensão do problema.
O posicionamento político de Chaplin sempre pendeu para a esquerda. Vários de seus filmes seguiram essa tendência, principalmente Tempos Modernos (Modern Times, 1936), que foi uma crítica à situação da classe operária e dos pobres em geral.
Por seu talento e alta inventividade além do domínio de todas as fases de confecção de filmes, Charlie Chaplin é reconhecido como um dos gênios da sua época.
José Gonçalves